quinta-feira, 27 de dezembro de 2007

SATURNO


Saturno tem um dia que dura 10 horas e 39 minutos, e demora cerca de 29 anos e meio para dar a volta ao Sol, ficando cerca de 2 anos e meio em cada signo. O regente de Capricórnio tem seu exílio em Câncer, exaltação em Libra, queda em Áries e uma fama muito especial em Astrologia. Ouvi falar de um astrólogo que desconsidera todo o restante do mapa e só interpreta o posicionamento saturnino. Morin de Villefranche (1583-1656), último astrólogo dos reis da França, deixou-nos sua biografia “Minha Vida Perante os Astros”, onde explica várias vezes como os problemas que teve durante a vida foram causados por Saturno, e não pelas ações de moral bem duvidosa dele. Os teosofistas chamavam esse planeta de Senhor do Karma e na Idade Média ele era identificado como Rex Mundi, Senhor do Mundo, vulgarmente conhecido como Diabo. Todos os problemas ou tragédias que poderiam acontecer na vida eram por causa de Saturno, quando se tratava de astrologia. Isso era lei antes de descobrirmos os transaturninos - planetas que vêm depois de Saturno -, Urano, Netuno e Plutão, mas ainda hoje esse é um deus que assusta a maioria das pessoas.
Na mitologia greco-romana Crono-Saturno castra seu pai Urano como um favor à sua mãe Gaia, e, depois de assumir o poder, devora todos os filhos que tem com Reia, sua esposa, por conta de uma profecia que havia dito que ele seria destronado por um deles. Quando Zeus-Júpiter nasce, Reia dá uma pedra enrolada em um pano para Crono engolir e esconde Zeus em um “antro profundo e inacessível”, onde é alimentado pela cabra Amaltéia - a mesma que alimentará Hércules e que está representada na constelação de Capricórnio. O velho Crono fica com indigestão, começa a vomitar tudo, e Zeus aproveita esse momento de vulnerabilidade do pai para liderar uma rebelião com seus irmãos vomitados, atacando, vencendo e banindo Crono para o mundo subterrâneo do Tártaro - que fica abaixo do Hades - e se tornando rei.
Muitas das dificuldades que encontramos com Saturno estão ligadas exatamente ao medo que temos de perder o controle. O velho rei que não larga mão do trono é o princípio patriarcal negativo, ligado no plano psicológico ao tirano interior, que governa por meio das opiniões críticas que tem a respeito da pessoa. Esse tirano decide pela pessoa o que ela deve ser, que tipo de vida deve ter, o que deve pensar, como uma voz rígida, dogmática e crítica que sabe muito melhor que ela mesma qual o tipo de pessoa ela deveria se transformar. Essa voz é poderosa principalmente por que parece ter todas as respostas à vida e fica sempre nos lembrando que não estamos à altura de suas expectativas. Pode ser um verdadeiro inferno a vida sob esse jugo. Medo e ambição são as duas armas poderosas que esse Saturno-Tirano costuma usar para conseguir seu objetivo, que não é atrapalhar sua vida, eu posso garantir, apesar de que isso pode muito bem fazer parte do processo.
Saturno está relacionado com limite e estruturação. Na Astrologia Médica está ligado aos ossos. Muitos dos processos saturninos são experimentados como dor, restrição e disciplina, mas o que realmente está em jogo aqui é como se pode aumentar a consciência e nosso desempenho no mundo através dessas experiências dolorosas. A psicologia junguiana diz que no interior da psique existe um impulso em direção à unidade e à integridade, cujo estado final de unidade é chamado de arquétipo do Eu (que é o Deus Interior, ou Eu Superior, ou o nome de sua preferência), que está por trás de todos os simbolismos religiosos e mitológicos de todos os tempos. Esse arquétipo não se liga à perfeição que elimina os aspectos “maus” da natureza humana, ficando só com os “bons”, mas sugere uma integridade onde todos os aspectos da vida tem seu lugar e está contido no todo harmoniosamente. O processo psíquico que Saturno simboliza tem a ver com a realização dessa experiência interior de integração psíquica do indivíduo, pois ele está relacionado com o valor educativo da dor e com a diferenciação entre valores exteriores - aqueles que adquirimos dos outros - e os interiores - que trabalhamos para descobrir dentro de nós mesmos.
Pelo signo e casa que ocupa, Saturno indica aquela área da vida na qual é provável que nos sintamos frustrados em nossa auto-expressão, onde provavelmente sofremos decepções e enfrentamos dificuldades, e geralmente temos a impressão de que essas circunstâncias dolorosas nada têm a ver com qualquer fraqueza ou imperfeição nossa, pois elas simplesmente “acontecem”. É por isso que esse planeta acabou recebendo o título de “Senhor do Karma”, governando a área onde fizemos alguma bobagem na outra vida e agora estamos aqui pagando por isso. Ensinamentos mais antigos, porém, o colocam como “Habitante do Umbral”, o guardião das chaves do portão, e que somente através dele é que poderemos alcançar a libertação gerada pela auto compreensão. Não importa se usamos terminologias psicológicas ou esotéricas, o fato básico continua o mesmo: os seres humanos só conquistam o livre-arbítrio através do autoconhecimento e só procuram o autoconhecimento quando as coisas se tornam tão dolorosas a ponto de não haver outra escolha. Todos já experimentaram os repetidos obstáculos, desapontamentos e temores que coincidem com alguma influência saturnina; todavia, além da costumeira recomendação de paciência e autocontrole, não há respostas simples quando se pergunta qual o significado dessas experiências e como elas podem ser usadas como oportunidade de crescimento. Nietzsche, em um dos aforismos de Além do Bem e do Mal, diz: “Se ele por tanto tempo, mal ousou perguntar: ‘por que tão à parte? Tão só? Renunciando a tudo o que eu venerava? Renunciando à própria veneração? Por que essa dureza, essa premonição, esse ódio a minhas próprias virtudes?’ - agora ele ousa e pergunta em voz alta e já ouve também algo como resposta. ‘Deveis tornar-te senhor sobre ti, senhor também sobre tuas virtudes. Antes eram elas teus senhores; mas só podem ser teus instrumentos ao lado de outros instrumentos. Devias obter poder sobre teus prós e contras e aprender a entendê-los”. Esse é o melhor resumo do processo de Saturno que já encontrei.
Com Saturno descobrimos que cada obstáculo, desapontamento e temor pode ser utilizado como meio para que, através dessas experiências pessoais, aprendamos a perceber o significado de nossas próprias vidas. Esse planeta nos mostra que simplesmente desejar transformar um problema ou apenas compreendê-lo superficialmente não fará o problema desaparecer, principalmente se não for um problema, mas uma tentativa da psique interior de estabelecer o equilíbrio ou integrar alguma parte negada pela consciência. A verdadeira dor começa quando as idéias conscientes a respeito do que é correto ou apropriado, que criaram uma imagem idealizada que gera segurança, entram em conflito com o caminho seguido inconscientemente, pois isso constitui a torturante dor interior de um sentimento de futilidade e de ausência de propósito. Muitas pessoas em luta consigo mesmas no último momento continuam a destruir os sonhos antes que eles floresçam, a despeito de tudo que acreditam querer da vida. Se olhada mais de perto, essa destrutividade associa-se freqüentemente com culpa e medo, que são duas emoções bem saturninas. Geralmente, por trás desses sentimentos, existe um caminho mais sábio, responsável e significativo do que o escolhido conscientemente, mas tudo que se pode ver é a destrutividade. Nesse sentido Saturno pode se tornar um amigo, desde que você consiga perceber que o que ele está querendo é que seu caminho seja mais verdadeiro e responsável, e não existe nenhum método rápido e fácil para isso. A alquimia, sob muitos aspectos, se dedicava a essa finalidade; o material básico da alquimia, o chumbo que seria transformado e no qual jazia a possibilidade de se criar ouro, era chamado Saturno, e era considerado o próprio alquimista. Parece que, se formos perseverantes, será possível extrair ouro de tudo isso, e um ouro especial, único como cada um que o encontra.

terça-feira, 25 de dezembro de 2007

Construindo um Mito para Capricórnio


Havia um príncipe que aprendera de seu pai que no mundo não havia nem ilhas, nem princesas nem magos. Um dia, viajando no barco real, chegou até uma porção de terra cercada de água por todos os lados. Curioso, desembarcou na praia e viu um grupo de mulheres ricamente vestidas brincando com as ondas. Intrigado, o príncipe perguntou a um homem que passava, vestido com um estranho manto de estrelas, que terra era aquela e o homem lhe disse que aquilo era uma ilha. Disfarçando seu espanto, príncipe perguntou, então, quem eram aquelas mulheres, e o estranho respondeu que eram princesas. Depois de um silêncio incômodo, o príncipe perguntou quem era o estranho homem, e ele se apresentou como um mago. Se sentindo enganado pelo pai, o príncipe voltou para casa e, raivoso, contou ao rei sua viagem e o acusou de mentiroso. O rei, entretanto, lhe diz que aquela viagem havia sido um sonho, e que quem havia mentido, na verdade, era aquele homem estranho, que não era um mago e sim um criador de ilusões. Confuso, o príncipe embarca novamente e sai navegando para tentar espairecer a cabeça, mas acaba chegando novamente à ilha. Ao ver o homem vestido com o manto de estrelas andando pela praia, grita-lhe que aquilo era um sonho e que iria prendê-lo como mentiroso e criador de ilusões. O mago, muito sério, diz ao príncipe que quem mentira fora o rei, que não queria que o príncipe soubesse a verdade. Completamente perdido, o príncipe desembarca na ilha e manda o barco real de volta. Sozinho e angustiado, o príncipe passa a explorar a ilha e a conversar com as princesas. Depois de muitos anos, quando teve certeza da existência real da Ilha, se casou e teve filhos com uma princesa. Foi, então, conversar com o mago e se tornou um iniciado dos poderes da magia. Aí voltou para o reino para desmentir seu pai, mas quando chegou em frente do trono, o rei se revelou como o mago da ilha.

Os capricornianos têm uma relação muito especial com o Pai, que não é só o marido da mãe, mas também o iniciador da vida adulta. Quando conseguimos olhar dentro de um Capricórnio, encontramos profundas cicatrizes, feitas desde os primeiros anos de vida por uma relação difícil com o pai ou com a figura de autoridade que o criou. Às vezes isso é decorrência da perda prematura dessa figura, que fez o capricorniano(a) assumir esse papel muito cedo; ou então o pai é muito severo e respeitado na família, mas se mantêm distante da estrutura familiar; ou ainda o pai é fraco e instável, fazendo com que a mãe se torne toda poderosa por ter as decisões importantes em suas mãos. Seja qual for a história pessoal de cada um, a criança de Capricórnio sente o pai como alguém com quem não se pode nem confiar nem competir ou cujo amor é impossível de obter, e assim essa figura se transforma num mistério, num desafio e num problema central, difícil de resolver. Na verdade, o Capricórnio se sente traído pelo Pai, e por isso os primeiros trinta anos desse signo são tão difíceis, pois ele passa o tempo todo buscando as qualidades de força, autocontrole, vontade, capacidade de proteção e estabilidade nas outras pessoas, num emprego ou numa hierarquia reconfortante de grande empresa, para a qual se sente atraído inicialmente, em uma mistura de rebeldia e tentativa de corresponder àquilo que ele acha que o Pai espera dele, como se ele ficasse viajando do reino à ilha várias vezes em busca da verdade do mundo. Moralidade e culpa, lei e desrespeito às leis, parecem ser polaridades que compõe Capricórnio.

Joseph Campbell nos ensina que quando a criança deixa o paraíso idílico materno - onde berramos e somos atendidos - e encara o mundo externo adulto, ela entra espiritualmente na esfera paterna. O Pai é o pastor iniciático através do qual se entra num mundo mais amplo. Capricórnio anseia desesperadamente por essa iniciação, que geralmente lhe é negado pelo pai real, e, então ele terá que vivenciar o pai através da exigência de obediência às regras e condições que lhe são impostas pelo mundo, para então descobrir o pai misericordioso e imortal que carrega dentro de si. Essa tarefa de autotransformação exigirá um profundo mergulho dentro de si mesmo. Capricórnio e Saturno estão intimamente ligados a esse processo. A mitologia greco-romana nos conta que Cronos/Saturno, depois de ter sido abatido e derrotado por seu filho Zeus/Júpiter, é aprisionado no Tártaro, região subterrânea muito abaixo do reino de Hades. Depois que Júpiter consolida seu poder ele liberta o pai e o envia para a Ilha dos Bem Aventurados, onde Saturno passa a reinar sobre os grandes heróis que nunca morreriam. A Era de Saturno é conhecida como a Idade de Ouro, onde a terra é farta e abundante e não há guerra nem discórdia, ensinando aos homens como viver com paz, justiça, fraternidade e liberdade através da delegação responsável de poderes dentro da comunidade. Por isso Capricórnio e Saturno têm profunda ligação com limitação, solidão e isolamento, ao mesmo tempo em que é símbolo do ouro alquímico, obtido com a purificação do chumbo. Assim como a semente precisa ficar sob a terra para desenvolver sua fecundidade, Capricórnio precisa incorporar em si a fecundidade do Pai, para então sacrificar esse Pai em nome do seu próprio desenvolvimento, e então frutificar. Aí esse signo descobre que Pai e Filho são um só ser, e se transformam em verdadeiros Bodhisattva, que são almas que encontraram a iluminação como Buda, mas em vez de ficarem em estado místico de união com Deus, voltam ao mundo por compaixão pelo resto da humanidade, aprisionada e sofredora que labuta nas trevas. Esse simbolismo é muito profundo e representa o verdadeiro destino dos capricornianos. Seja qual for o cimo da montanha a que aspira escalar - material, espiritual ou ambos -, ele não pode ficar lá no alto e tem que descer de novo ao mundo, mesmo não tendo mais obrigações com o trabalho ou o empreendimento, pois sua competência ainda pode ser útil. Capricórnio tem em sua raiz a semente dessa figura, que escolhe, por sua própria vontade, permanecer nas restrições e frustrações de uma vida comum e assumir responsabilidades, para mudar, mesmo que só um pouquinho, as coisas, deixando-as, quem sabe, um pouco mais brilhantes e melhores.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Capricórnio e o Solstício de Verão

" Vim para dizer uma palavra e devo dizê-la agora. Mas se a morte me impedir, ela será dita pelo amanhã, porque o amanhã nunca deixa segredos no livro da Eternidade. Vim para viver na glória do Amor e na luz da Beleza, que são reflexos de Deus. Estou aqui, vivendo, e não me podem extrair o usufruto da vida porque, através da minha palavra atuante, sobreviverei mesmo após a morte. Vim aqui para ser por todos e com todos, e o que faço hoje na minha solidão ecoará amanhã entre todos os homens. O que digo hoje com apenas meu coração será dito amanhã por milhares de corações." - Gibran Kahlil Gibran, escritor capricorniano

Hoje iniciamos o Verão, com a entrada do Sol em Capricórnio e a noite mais curta do ano. A imagem sisuda conhecida de Capricórnio se parece muito mais com o solstício de Inverno, do Hemisfério Norte, do que com a pouca roupa, praia e a cerveja do Verão abaixo do Equador. Vivendo em uma ilha turística, porém, é exatamente nessa época que as pessoas mais trabalham, e, como as formigas da fábula, tentam garantir sua sobrevivência no árduo inverno. Mas então vamos tentar desvendar um pouco esse signo tão complexo, representado por um ser meio cabra, meio peixe, regido por Saturno, onde Marte encontra sua exaltação e tão marcado pela idéia de esforço.
A vida para Capricórnio é realmente uma coisa muito séria, pois ele sabe que você tem que ser mestre se quiser sobreviver. Isso quer dizer que o mundo nem sempre é um lugar amigável e onde nunca se pode dar nada como certo. Desconfiança é uma tendência natural desse signo. Quando acompanhamos a vida de um Capricórnio vemos que, por volta dos três anos, ele se sentiu traído por quem mais confiava e acabou ganhando alguma marca que o tornou desconfiado com relação à vida e às pessoas. Essa marca lhe dará prudência, realismo e poder de negociação, o que é muito bom e pode garantir a conquista de muitas coisas em sua vida. Desde muito cedo Capricórnio vai estudar o mundo, a sociedade e o que distingue uma pessoa da outra, e começará a fazer suas opções de vida para direcioná-la ao sucesso, seja qual for a forma como ele traduza isso. Já que ele não vê o mundo como o lugar mais agradável que existe, o que lhe dará sentido na vida serão suas metas. Atingir objetivos, sendo da modalidade Cardinal, é a maior prioridade de Capricórnio, e a falta deles com certeza é o seu maior motivo para depressões. A realização de um projeto capricorniano pode levar sua vida inteira, e o mais comum é que tenha a forma de uma respeitosa posição social e uma confortável situação financeira.
Uma característica que costuma desconcertar pessoas que convivem com Capricórnio intimamente é a sua capacidade de ser super social e divertido em um momento e no instante seguinte chegar em casa com um mau humor de fechar o tempo. Isso parece fazer parte da construção social capricorniana. Como vivemos em uma sociedade que associou o “estar bem” com extroversão, Capricórnio muitas vezes vai expressar uma vivacidade social que o desgasta profundamente, e ele irá descontar isso em seus vínculos afetivos mais íntimos. Na verdade, Capricórnio tem uma alma imensamente introvertida, mas sabe que nunca vai conseguir ser um sábio nos mistérios que tanto ama antes de ter aprendido a viver no mundo. Capricórnio não é místico e seus ideais são sempre realizáveis. Isso, aliado à sua idéia de que tem que fazer tudo sozinho - detesta delegar responsabilidade - o faz um construtor com enorme competência e força de vontade. Não foi à toa que escolheram o dia de nascimento de Jesus Cristo para quando o Sol estava nesse signo. Esse, porém, não é um signo adaptável e é muito difícil que ele mude seu ponto de vista apenas com palavra ou intuições tiradas do nada. Na verdade o que está na mente de Capricórnio quando ele representa o seu papel social é a idéia de Poder, que exerce grande atrativo e pode fazê-lo chegar a ser impiedoso, não só com os outros, mas também consigo mesmo. Não estamos falando aqui da impiedade fruto da maldade ou da crueldade, mas como algo necessário, no sentido ético dado por Maquiavel, onde se faz àquilo que “tem” que ser feito, independente das conseqüências emocionais e afetivas. Essa é a maior dificuldade dos relacionamentos com Capricórnio - e com Saturno de modo geral -, tanto na vida social quanto na particular. É imensamente difícil para eles renunciar à autoridade: querem sempre ter as rédeas na mão e ficam com medo quanto ao que poderia acontecer se perdessem o domínio - da situação ou de si mesmos.
Muito da autoridade que emana de Capricórnio vêm de sua facilidade para assumir responsabilidades, principalmente para coisas mundanas. Apesar disso poder se degenerar em controle apenas, o mais comum, porém, é que ele realmente assuma aquilo que tem que ser feito naturalmente. Claro que há pessoas que abusam e acabam abrindo mão da própria responsabilidade e colocando o peso nas costas de Capricórnio, que mesmo com tanta perspicácia para coisas do mundo, pode se deixar abusar sem perceber. O mais comum é que o Capricórnio acabe com dores de coluna e a “vítima” que abriu mão da própria responsabilidade o acuse de autoritário. Esse tipo de parceria parece que faz parte da vida capricorniana e geralmente acaba de maneira bem danosa para ambas as partes. Por trás disso há a crença de que se ele cuidar da responsabilidade mundana não terá que se responsabilizar pelos vínculos afetivos, e isso será a parte que a parceria tem que assumir mesmo sem ser avisada disso. Como um pai muito antigo, que acreditava que a sua única obrigação era trazer dinheiro para casa.
No fundo Capricórnio sabe que não tem como fazer esse tipo de pacto, e mais cedo ou mais tarde terá que assumir a responsabilidade por seu mundo interno também. O que vemos é que isso está acontecendo cada vez mais cedo. Na verdade, esse signo sabe que tratando a Terra com seriedade e considerando-a como algo mais que matéria suja e sem espírito, ela retribui mostrando seu lado bom e recompensa o tempo que lhe foi dispensado. Por isso é comum encontrarmos capricornianos, após terem alcançado sucesso e terem sua competência reconhecida, se acalmando e desenvolvendo um lado mais profundo de sua natureza. Leva-se algum tempo para conhecê-lo, mas sob sua aparência excessivamente convencional há alguém que já viu muito da vida, que sabe como funcionam as estruturas existentes, portanto alguém capaz de mudar, segura e significativamente, as coisas à sua volta.

terça-feira, 18 de dezembro de 2007

Como Funciona a Astrologia: Elementos e Modalidades


Aproveitando os últimos graus do Sol em Sagitário e a super conjunção que está acontecendo alí com Plutão e Júpiter, vou falar aqui um pouco da teoria astrológica, mostrando como os Elementos - Água, Fogo, Terra e Ar - trazem as características básicas e as modalidades fazem os signos vibrar.

Embora a Astrologia possa ser descrita em termos de simbolismo, carma, sincronicidade, funções psicológicas, raios planetários, etc., seu alicerce básico pode ser descrito em termos de energia. Astrólogos como Stephen Arroyo dizem que a razão pela qual o horóscopo natal é traçado para o momento da primeira respiração é por que esse é o momento em que o organismo humano recém-nascido começa a trocar energia com o universo sem ser intermediado pela mãe, iniciando, assim, seu próprio ritmo de vida e seu próprio destino. Assim, o signo ascendente será a energia básica que será desenvolvida no encontro com a vida, enquanto o signo do sol se desenvolverá no encontro consigo e o signo da lua com as origens. Esses três pontos do mapa compõe aquilo que se costuma chamar de caráter, por isso são as nossas energias mais conscientes.

Os quatro elementos astrológicos - Fogo, Terra, Ar e Água - são blocos básicos para a construção de todas as estruturas do mapa e, a partir da idéia da física moderna que diz que energia é matéria, podemos dizer que os elementos são energias que se entrelaçam e combinam para formar um indivíduo. Todos temos os quatro elementos no mapa, embora cada um esteja conscientemente mais afinada com uns do que outras. Cada um dos elementos se manifesta em três modalidades vibratórias: Cardeal, Fixa e Mutável. Quando combinamos os quatro elementos com as três modalidades encontramos os doze patrões básicos de energia, os doze signos zodiacais. Começaremos compreendendo as modalidades, que se apresentam em eixos complementares e é na relação entre eles que entenderemos os contatos desafiadores de oposição (ângulo de 180°) e quadratura (90°).

Os signos Cardeais - Áries/Libra e Câncer/Capricórnio - representam a força centrífuga radiante, e estão relacionadas com o princípio da ação em uma direção definida. Cardeal, do latim cardinale, quer dizer principal, fundamental (como os Pontos Cardeais, por exemplo) , e, por isso, esses signos estão ligados a impulsos norteadores. A entrada do sol nesses signos marca os equinócios de outono e primavera (Áries/Libra) e os solstícios de inverno e verão (Câncer/Capricórnio). A diferença entre esses dois eixos é que Aries e Libra estão voltados para uma ação direta no presente baseado em considerações futuras (por isso a importância que esses dois signos dão para seus projetos), enquanto Câncer e Capricórnio têm suas ações diretas baseadas no passado (por isso a preocupação que Câncer tem com as raízes e Capricórnio com as tradições e a história).

A modalidade Fixa inclui os eixos dos signos Touro/Escorpião e Leão/Aquário, e representa a energia centrípeta, direcionada para um centro, mostrando uma ação voltada para dentro de si. Esses signos são conhecidos pela perseverança e pela busca do controle dessa grande concentração de energia, o que os ligou às doutrinas esotéricas da Renascença Européia, podendo ser vistos juntos em igrejas da época como representantes dos Evangelistas (o touro, o leão, a águia ou a serpente - antigas representação de Escorpião - e o homem ou um anjo - representando aquário). São essas figuras que aparecem no Apocalipse de São João dizendo: “Santo é o Senhor Deus, o Dominador”. O eixo Touro/Escorpião tem sua ação concentrada baseada em suas sensações pessoais, enquanto Leão/Aquário em suas concepções de mundo.

Já os signos Mutáveis (Gêmeos/Sagitário e Virgem/Peixes podem ser concebidos como padrões espiralados de energia e mostram uma ação em busca de transformação. Assim sendo, o eixo Virgem/Peixes está ligado à transformação do passado (por isso o interesse virginiado pelas crises do passado que construíram a personalidade atual e pisciana pelas vidas passadas que construíram sua vida atual), e o eixo Gêmeos/Sagitário às transformações que levam ao futuro (o que dá origem às eternas especulações de Gêmeos e os ensinamentos em tom profético de Sagitário).

Partindo das vibrações dadas pela modalidade, o elemento dos signos mostrarão um tipo específico de consciência e o método de percepção mais imediata com as quais o indivíduo está sintonizado.

Os signos de Ar (Gêmeos. Libra e Aquário) estão relacionados com a percepção e expressão mental que dão forma ao pensamento, sendo o único conjunto que não possui simbolismo animal. O elemento ar é a energia vital que tem sido associada com a respiração e que os iogues chamam de “prana”. Os domínios de Ar são as linhas geométricas de força que funcionam através da mente, as energias que modelam o padrão das coisas. Desse modo, os signos de ar mostram o seu potencial dentro de um ideal das relações, com Gêmeos se baseando na troca de informação, Libra nas associações pessoais, e Aquário nas associações coletivas. A ênfase dada sobre a teoria e sobre conceitos, leva-as à descoberta de um modo de expressão mais compatível nas palavras e no pensamento abstrato, e, por isso, são capazes de um ponto de vista imparcial a respeito da experiência imediata da vida cotidiana. Esse elemento possui uma objetividade e uma perspectiva racional em tudo que faz. Na verdade, os signos de Ar são os mais sociáveis de todos os signos, pois podem apreciar objetivamente os pensamentos das outras pessoas, mesmo que não concordem com elas. Esse “desapaixonamento”, que os habilita a trabalhar com todos os tipos de pessoas, freqüentemente dificulta a compreensão de emoções profundas e de limitações do corpo físico, que são coisas difíceis de se conceber apenas dentro das construções do pensamento, sem os devidos testes sentimentais e práticos da vida, e que muitas vezes podem apresentar resultados contraditórios e desconcertantes para a mente abstrata e lógica.

Já nos signos de Água (Câncer, Escorpião e Peixes), ocorre exatamente o contrário, sendo que todos os símbolos desse elemento são animais: o caranguejo, o escorpião e os peixes. Isso está ligado às reações emocionais instintivas que esses signos demonstram. Aqueles que têm o elemento Água fortemente ativado em seus mapas, percebem desde seu nascimento, que vários fatores intangíveis desempenham um papel na vida muito maior do que aquele que geralmente é exposto. O reino das emoções profundas e das reações sentimentais do elemento Água dá a seus signos desde paixões compulsivas e temores irresistíveis até uma aceitação e um amor que abrange toda a humanidade, ou seja, emoções impossíveis de serem explicadas. Em Câncer esse reino está ligado principalmente à sua origem e seus relacionamentos próximos, em Escorpião aos seus relacionamentos afetivos e em Peixes à sua condição humana. Uma vez que, por sua própria natureza, os sentimentos são parcialmente inconscientes, os signos de Água têm percepção do poder desse reino oculto, mas muita dificuldade em distinguir conscientemente aquilo que os motiva. Essa grande sensibilidade psíquica leva a uma reação empática aos sentimentos de seus semelhantes e a uma fluidez de forma que se molda ao ambiente: por isso eles ficam tão felizes quando sua fluidez é moldada por ambientes sólidos, bem estruturados, e sentem aversão por aqueles que são muito turbulentos ou agressivos. A vulnerabilidade maior dos signos de água, com certeza, é a sua sensibilidade à mágoa, e a grande lição que esse elemento é obrigado a aprender é a controlar e canalizar suas reações emocionais, sob o risco de viver em eterno estado de instabilidade emocional. Por isso o elemento Água tem correspondência com o processo de ganhar consciência através de uma lenta, porém segura, percepção dos anseios da alma.

O elemento Terra revela em seus signos (Touro, Virgem e Capricórnio) a afinação com o mundo das formas básicas e a habilidade prática para utilizar o mundo concreto. Isso significa que, para os indivíduos marcados pelo elemento Terra, os sentidos físicos e a realidade do aqui-agora do mundo material são muito importantes. A compreensão inata a respeito de como o mundo da forma funciona é feito a partir daquilo que lhes é mostrado pelos seus sentidos e mentes práticas. Por isso Touro sabe tão bem como ganhar a vida, Virgem entende tanto de como suprir as necessidades básicas e Capricórnio conhece a persistência que se deve ter até que o objetivo seja alcançado. Essa resistência e persistência naturais de Terra tornam esses signos muito capazes de cuidarem de si mesmos, e os fazem defender de forma bem direta seus negócios e as estruturas que garantem sua segurança material. Os signos de Terra tendem a reagir de forma reservada e cautelosa tanto nos negócios quanto nas relações com outras pessoas. Premeditados e geralmente convencionais, uma das maiores qualidade desse elemento é sua invulgar fidedignidade. Essa afinação e envolvimento com o prático e o mundano os ligam àquilo que as coisas aparentam ser, criando apego à rotina e à ordem sem grandes preocupações com especulações abstratas ou conotações emocionais. As pessoas fortemente “terráqueas” tendem a ficar a vontade em seus corpos e a se definirem por eles, sem nenhuma essência interna que necessite de especulações diferentes e distantes daquilo que é palpável. Isso faz com que não reprimam ou desprezem as necessidades do corpo, o que é ótimo, mas cria uma tendência a simplificar demais a vida, e o custo disso geralmente, é a desvalorização e repressão de aspectos mais amplos que ameaçam essa aparente segurança dada pelo mundo material, levando-os a uma busca compulsiva de ordem.

Os signos de Fogo (Áries, Leão e Sagitário) possuem a intuição e a energia vital necessária para que se veja além da rotina do dia-a-dia. Podemos dizer que esse elemento se refere à força universal irradiante, excitável e entusiástica que, através de sua luz, dá colorido ao mundo. De maneira inspirada e automotivada, a pessoa com predominância de fogo costuma buscar experiências centradas em sua identidade pessoal, necessitando sempre de liberdade para desenvolver sua irresistível fé em si mesmo e sua honestidade direta. Muitas vezes essa liberdade é conquistada por meio de uma incansável insistência no próprio ponto de vista. Essa vontade de se expressar livremente pode parecer até um pouco infantil, mas, talvez por isso mesmo, sempre acaba cativando as outras pessoas. Claro que essa ânsia de ação e expressão acaba dando ao Fogo uma fama de impaciente e irresponsável, principalmente quando se deparam com pessoas mais sensíveis e gentis (“mais lerdas”, diria um amigo de fogo) que acham difícil compreender o comportamento dramático desse elemento frente à vida e aos relacionamentos. A ênfase na ação e na auto expressão faz os arianos audaciosos, os leoninos personalidades impactantes e os sagitarianos grandes aventureiros. O Fogo vê na vida um infinito leque de possibilidades, fazendo com que, cada um dos signos à sua maneira, busque oportunidades para explorar um futuro em formação, onde tudo é possível de acontecer. Como sua maior arma na vida é a intuição e sua maior habilidade é a de conceber criativamente as possibilidades fortuitas, geralmente é muito difícil para o Fogo explicar ou teorizar suas ações, pois ele “cheira” o que deve fazer, não construindo nenhum tipo de razão para as ações que ele sabe que deve fazer.

A teoria dos corpos sutis dão uma boa idéia de como funciona a combinação dos elementos. A Água está relacionada com o corpo emocional ou astral, que é a consciência dominada por anseios intensos, reações sentimentais e desejos imperiosos; o elemento Ar se liga ao corpo mental ou “causal”, representante dos padrões de pensamento abstrato que nos une a uma “mente universal”; o corpo físico é a realização da vida em uma forma material, e está vinculado ao elemento Terra; o elemento Fogo está relacionado ao chamado corpo etérico ou vital, que atua como transformador e vitalizador. Nesse sentido, o Fogo transforma o Ar e a Água a fim de sustentar a Terra. Os astros e as casas astrológicas irão ganhar a vibração energética do signo em que se encontram. Os planetas mostrarão a dimensão de um tipo de experiência conforme o colorido dado pela qualidade do signo em que se encontra. As casas, por sua vez, mostrarão, através do signo encontrado na cúspide de cada uma, o ambiente sentido pelo indivíduo em cada área de sua vida.

Resumindo, podemos dizer que o horóscopo é o mapa da psique de um indivíduo, como um modelo de energias e comportamentos que formam o caráter de uma pessoa, onde os planetas mostram o que está acontecendo, os signos como está acontecendo e as casas onde está acontecendo.

sexta-feira, 14 de dezembro de 2007

Viagem no Tempo com Plutão III - A Saga Continua


Plutão em Sagitário - cerca de 13 anos – de 1752 a 1765 e de 1995 a 2008

Estamos vivendo o fim desse trânsito, e a passagem de Plutão pelo signo dos conhecimentos mais elevados e da busca pela verdade da existência está, sem dúvida, deixando suas marcas em nossa visão de mundo. Nos últimos 13 anos Plutão trouxe várias faces de sistemas religiosos e filosóficos em que baseamos nossa sociedade, além de várias experiências novas nessa área. Isso nem sempre foi confortável. Ou ao menos não deveria ser. Há duas formas de se lidar com esse planeta: ou se atirando de cabeça, lutando com as implicações mais profundas e buscando as transformações necessárias para se sair de lá, ou tentando preservar-se, por medo do que possa acontecer, trancando a porta para as manifestações plutonianas, ignorando a habilidade que esse deus tem de arrebentar fechaduras. Esse segundo caminho costuma ser mais difícil. Na mitologia Hades-Plutão só abandona seus reinos em duas ocasiões: quando fica doente e quando se apaixona por Core-Perséfone, e em sua passagem por Sagitário tanto as doenças quanto as paixões vieram em busca de uma resposta filosófica e espiritual. No seu caminhar Plutão vai despertando os guardiões do Inconsciente Coletivo e nos obriga a enfrentá-los. Duas patologias que se tornaram “comuns” foram a Síndrome de Pânico e o Complexo Bi-polar. Em compensação, também nunca houve tantas formas novas de tratamento emocional e espiritual como agora, onde muitas vezes os insites conseguem trazer resoluções mais eficazes do que anos de terapia.
Uma coisa interessante que aconteceu na passagem anterior de Plutão por Sagitário foi a mudança do calendário Juliano para o calendário Gregoriano, em setembro de 1752. Podemos comparar isso com a difusão do Calendário Maia, que veio aumentando na última década. Apesar de saber muito pouco sobre esse calendário, é realmente impressionante a precisão astronômica que se revela em seus dados, e que só agora a nossa “civilização” consegue atingir, com a tecnologia desenvolvida nos super telescópios e com os dados enviados do espaço por máquinas viajantes como a Voyager. Mas falar do calendário Maia parece que está diretamente ligado a falar de Profecias Maias, e aí a coisa fica mais complicada. Como meu conhecimento a respeito chega a ser ridículo de tão superficial, não estou apta a comentar a respeito das profecias em si, mas pelas leituras que fiz me lembraram muito a Nostradamus, astrólogo e profeta renascentista que nasceu exatamente no início de um trânsito de Plutão por Sagitário, em 1503. Também não sou especialista em Nostradamus – aliás, me interesso muito pouco por profecias e previsões de futuro – mas tanto em um como no outro vamos encontrar a idéia de um fim de mundo próximo, onde os “bons” serão levados desse vale de lágrimas e os “maus” purgarão seus pecados.
Apesar de aparentemente estarmos conseguindo realmente dar um salto na nossa compreensão da existência humana em muitos sentidos - que aparece na popularização de conceitos e entendimentos da Física Quântica e da Neurobiologia, por exemplo -, parece também que ainda estamos presos à espera de salvadores, seja sob a forma da Segunda Vinda de Cristo ou de Discos Voadores.
Que o fim está próximo não há nenhuma dúvida. Ecologistas que gritam a mais de 40 anos sobre a maneira destrutiva com que consumimos o Planeta, hoje em dia são apoiados não só por entidades da Paz e do Amor, mas por economistas e cientistas “realistas” que também não têm dúvidas a respeito do fim próximo dos recursos da Terra e das catástrofes naturais que estamos gerando. O que aparece no nosso horizonte próximo é que se não mudarmos rapidamente nossa consciência planetária, o planeta vai dar um jeito de se livrar de nós. Para se informar mais a respeito, seria muito bom que se assistisse o documentário de Al Gore, “Verdade Incômoda”. Mas o que está acontecendo é que as pessoas se interessam muito mais em assistir “O Segredo” (“The Secret”), que ensina como disciplinar a mente e controlar a emocionalidade para obter sua mansão, seu casamento feliz, uns dois herdeiros, uma Ferrari na garagem e uma gorda conta bancária, e assim se tornarem um modelo de sucesso norte americano. Nada contra nenhum desses desejos em si, mas parece que estão querendo substituir a Ética Protestante pela Ética Espiritualista para manter o Espírito do Capitalismo. E se levarmos em conta a dificuldade para que os EUA assinem o Tratado de Kioto ou qualquer outro acordo que vise o reequilíbrio do Planeta em que vivemos todos, como as divergências que estão impedindo de que se faça um acordo hoje em Bali, podemos ver para onde vai nos levar esses “objetivos espirituais”. As idéias que foram distorcidas nesse tipo de “pregação” é a de que o Universo é abundante e de que somos co-criadores da nossa realidade. Essas idéias “secretas” são difundidas de maneira muito mais profunda e responsável há alguns milênios pelo Budismo. Aliás, foi só no Budismo que encontrei algum tipo de diálogo inteligente com as instituições e realidades que vivemos na tentativa de encontrar novas formas de se estar no mundo, através de Sua Santidade Dalai Lama, mas também de vários outros sábios e discípulos budistas. Por isso que essa me parece a forma mais interessante para estarmos olhando o que está acontecendo.
Como se tratando de Budismo também minha ignorância é muito maior que o meu saber, peço permissão às Dakinis protetoras do Dharma para apresentar reflexões que vêm de pessoas muito mais sábias que eu. Me baseio principalmente nos livros Portões da Prática Budista - Ensinamentos Essenciais de Um Lama Tibetano - Chagdud Tulku Rinpoche - Edição Ampliada - Tradução de Manoel Vidal - Edições Chagdud Gompa - 2003, e As Trinta e Sete Práticas do Bodisatva - Gyaltse Tokme - Tradução de Susanne Fairclough - Makara - 2006. Também os 17 Cds das palestras de Dzongsar Khyentse Rinpoche no Gompa de Três Coroas (RS), O Caminho do Bodsatva, que são comentários desse Rinpoche aos capítulos do Bodhicharyãvatãra, de Shãntideva, e os DVDs Budismo e Ciência e Budismo e o Mundo Contemporâneo, com palestras do Lama Padma Samten, foram fontes para as reflexões que trago a seguir. É bom esclarecer que todos esses mestres são do Budismo Mahaiana.
Cada vez é mais claro que aquilo que chamamos de Realidade é dependente dos pressupostos e paradigmas que usamos para olhar o mundo, sendo uma questão muito mais cognitiva que material. Assim sendo, mudar a realidade é mudar a maneira de experimentar o que está diante de si. Os budistas vão falar disso dizendo que as coisas são vazias em si mesmas, e que é compreendendo a vacuidade do que vivemos que iremos superar o sofrimento. A questão que se coloca, então, é se temos a liberdade para abandonar o nosso ponto de vista e dar o salto quântico que permita olhar o mundo de outra maneira. Foucault falava da possibilidade de se sair dos “pensamentos possíveis”, que parece ser bem semelhante. Mesmo que nossos paradigmas sobre o Universo tenham conseguido se modificar espantosamente - não podemos esquecer que a Terra já foi plana com todo o Universo girando ao seu redor -, parece que conseguir ver uma vacuidade original das coisas, capaz de gerar uma liberdade original assustadora para o nosso atual referencial, é algo mais complicado, pois ainda precisamos de certo determinismo para entender nossa existência e nossa identidade, por mais iluminados que nos sintamos. Mas se somos todos budas - ou feitos de luz ou divindades ou o nome que se dê - porque as coisas estão como estão? O budismo vai falar de 4 caminhos percorridos pelas 5 famílias humanas: uma não avança e tem seu potencial cortado, 2 têm avanço lento, 1 tem avanço lento e rápido de tempos em tempos, e 1 tem avanço rápido. A primeira família, que tem seu potencial cortado e não consegue avançar, olha para o mundo e não conseguem ver nada além do sofrimento nele contido. Assim acham que não há o que fazer e se conformam com isso, ou até percebem que algo deveria ser feito, mas é tudo muito grande e se sentem igualmente impotentes. E claro que há aqueles que vêem o mundo, acham que é a única maneira de se existir e - “farinha pouca, meu pirão primeiro” -, fazem o possível para aproveitar aquilo que conseguirem nesse mundo mesmo. As duas famílias que avançam lentamente olham para o mundo e acham que o problema está no mundo, então se afastam em busca de isolamento para a auto purificação. Pelo que dizem os budistas, parece que esse caminho, ao se cortar a negatividade e cultivar uma vida virtuosa, gera um avanço em direção à iluminação pessoal, mas é um caminho muito desgastante e lento. O terceiro caminho, que oscila entre o avanço lento e rápido, é quando a pessoa flutua conforme o ambiente em que está, avançando rapidamente quando em um ambiente virtuoso mas que se corrompe quando em contato com a negatividade de ambientes não tão propícios. E finalmente o caminho do Bodsathiva, que corre rapidamente para a Iluminação e arrasta junto todos os seres à sua volta. O bodisativa é capaz de criar virtude no ambiente do Sansara, da ilusão cotidiana que nos cerca, por conta da Compaixão que sente por todos os seres e que o motiva a se iluminar para melhor poder ajudar no caminho dos outros. Lama Padma Samten dá um exemplo bem significativo ao ensinar esse ponto. É como se estivéssemos todos recebendo aulas sobre como curar alguém mordido por uma cobra. Os membros das varias famílias não conseguem se concentrar nas explicações porque pensam que vivem em um ambiente protegido e nunca terão esse problema, enquanto o bodsathva ouve as explicações como uma mãe que tem nos braços um filho picado por uma cobra. Não é preciso muito tempo de reflexão para saber a qual família ainda pertencemos.
A sombra de Sagitário está numa visão equivocada de que todos os seus ideais e caminhos são divinos, deixando de ver o filho picado por cobras que tem no colo. Mas o impulso de expansão sagitariano, cheio de entusiasmo e amor pela vida, realmente tem suas raízes em Deus, ou o que quer que seja que carregamos e que impulsiona o crescimento da nossa consciência. Só o tempo poderá dizer quais dessas sementes todas que surgiram durante o tempo que Plutão esteve em Sagitário, realmente brotarão e darão frutos.
Para ilustrar o que quero dizer, aqui vai uma história budista tirada do livro Portões da Prática Budista, op. cit. pag. 3:
“Conta-se muito a história de um homem de uma região no norte do Tibet que decidiu fazer uma peregrinação com seus amigos até o Palácio Potala, a residência do Dalai Lama, em Lhasa, um lugar muito sagrado. Era uma viagem que marcava uma pessoa por uma vida inteira. (...). Quando esse grupo de peregrinos finalmente chegou em Lhasa, o homem do norte ficou assombrado com o Palácio Potala e seus múltiplos andares, suas muitas janelas e a vista espetacular da cidade que se descortinava do interior. Ele enfiou a cabeça por uma abertura bem estreita que servia de janela para ter uma visão melhor, girando a cabeça para a direita e para a esquerda, enquanto olhava a vista ali embaixo. Quando seus amigos o chamaram para ir embora, ele puxou a cabeça para trás com um solavanco forte, mas não conseguiu tirá-la da janela. Ficou muito nervoso, puxando de um lado para outro.
Por fim concluiu que estava realmente entalado. Então, disse a seus amigos, “Podem ir para casa sem mim. Digam a minha família que a notícia ruim é que morri, mas a notícia boa é que morri no Palácio Potala. Haveria lugar melhor para alguém morrer?” Os amigos eram também gente muito simples, de modo que, sem muito refletir, concordaram e foram embora. Algum tempo depois, o zelador do templo apareceu e perguntou, “Mendigo, o que está fazendo aí?”
“Estou morrendo”, ele respondeu.
“Porque você acha que está morrendo?”
“Porque minha cabeça está entalada.”
“E como você a pôs aí?”
“Eu a enfiei fazendo assim.”
O zelador respondeu, “Então, tire-a da mesma maneira que entrou!”
O homem fez o que o zelador sugeriu, e se soltou.
Como esse homem, se conseguirmos enxergar onde é que estamos presos, podemos quebrar nossas amarras e ajudar os outros a fazer o mesmo. Mas, primeiro, precisamos entender como viemos parar onde estamos.”

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Astrologia de Boteco II - Tenha Fé e Descubra seu Júpiter


Mapa na mão, está na hora de você saber mais sobre a natureza da sua fé e da sua filosofia de vida através do posicionamento do seu Júpiter. Depois que ler sobre o seu signo jupiteriano, dê uma olhada também no signo correspondente à casa em que ele está (se no Ascendente leia Áries; se na 2ª casa, Touro; se na 3ª, Gêmeos, etc.), que é possivel ver mais um pouco sobre o assunto. Boa sorte!!!


Júpiter em Áries
A alegria jupiteriana por novidades e expansão em Áries chega a ser desnorteante. A agilidade mental típica do carneiro de fogo é expandida e a capacidade de auto-expressão ganha grande entusiasmo. As últimas tendências musicais e culturais que acontecem em torno do globo, os esportes mais malucos, a moda mais extravagante, o Júpiter ariano tem grande prazer em mostrar como ele é único e afirmar isso com alegria. Esse deus é capaz de inspirar e semear vida nova ao seu redor, e tem grande interesse por encontrar respostas novas às grandes questões da existência. Como paciência não é uma virtude nem de Júpiter nem de Áries, os problemas aqui vão aparecer quando se precisa esperar o tempo de maturação para que as grandes e inspiradas sementes brotem e cresçam. A tendência desse Júpiter é atropelar suas plantinhas recém nascidas porque já vislumbrou a frente um novo campo para explorar e fecundar.


Júpiter em Touro
O Júpiter taurino tem o toque de Midas, mas não vai pensar duas vezes antes de gastar tudo que ganhou em 5 minutos. A expansão através da matéria, proporcionado por esse deus taurino, dá grande habilidade para se levantar recursos mesmo quando parece que eles estão escassos. Há grande motivação para a aquisição de coisas preciosas e um verdadeiro prazer em encontrá-las. A busca filosófica aqui está em descobrir e divulgar o valor material da vida, mostrando que a matéria é algo tão sagrado quanto a alma. O contato com a natureza e todos os seus recursos e o prazer de se estar vivo nesse corpo material é o que dará um sentido religioso para a existência. Com tanto entusiasmo pelas coisas boas da vida, há sempre o risco de se exceder e passar dos limites, principalmente nos prazeres de cama e mesa. É sempre bom estar de olho para ver se não se está acumulando demais e buscar formas de se distribuir o que é mais que o bastante.


Júpiter em Gêmeos
O Júpiter geminiano vai buscar expansão através da mente, que será cheia de energia e inspiração na hora de se comunicar com os outros. A abundância de pensamentos sobre QUALQUER assunto desse deus confere um horizonte infinito a ser explorado, e geralmente a pessoa se torna um eterno estudante. A troca de conhecimentos é a grande alegria do Júpiter em Gêmeos, que vai querer trocar receita de bolo com a senhora analfabeta que encontrou no meio do semi-arido nordestino com o mesmo prazer que troca impressões sobre Kant com o professor doutor vindo da Alemanha. Esse deus também tem grande facilidade para aprender línguas e costuma ter curiosidade por todas as formas de se transformar experiências em linguagem humana. Como em qualquer lugar que Júpiter se coloca existe o problema do excesso, quando ele se instala em Gêmeos se corre o risco de que tantas idéias e informações se percam e confundam por não haver com quem dividir, ou então achar que todas as idéias que se tem são divinas e construir uma psicopatia grave. Esse Júpiter se beneficia muito escrevendo e encontrando grupos onde possa passar tantas informações recolhidas pelo caminho.


Júpiter em Câncer
O exaltado Júpiter canceriano vai transformar todos que encontrar pelo caminho em família. Na mitologia, a maioria dos heróis - de Atena a Dionísio, de Hercules a Perseu, de Minos às Musas - são filhos de Zeus-Júpiter e protegidos do deus em suas aventuras. O sentimental Câncer tem suas emoções expandidas por Júpiter de modo a abranger tudo à sua volta. A família nuclear de origem costuma ser vista como a base filosófica para se explorar o mundo, e a busca por um lar espiritual é a maneira de ampliar seus horizontes. O Júpiter lunar tem uma fé inata na vida e nos vínculos afetivos. Quando maduro, esse posicionamento de Júpiter proporciona vínculos duradouros mesmo que a distancia e o tempo afastem fisicamente as pessoas, pois há uma união de caminhos que dá a certeza do reencontro em algum nível. O exagero dessa visão tão abrangente de vínculo pode fazer com que se relaxe demais nos cuidados necessários para que os relacionamentos criem consistência e profundidade, o que não trará nem satisfação real nem envolvimento emocional com os outros, que é o que realmente fará com que os horizontes se ampliem e criem a ligação com o todo.


Júpiter em Leão
Willian Blake escreveu que “a estrada do excesso leva ao palácio da sabedoria”, e para quem tem esse posicionamento de Júpiter nada é melhor do que o mais que bastante. Esse deus adora um palco, e quando em Leão sua entrada é precedida de fogos de artifício. Esse é um posicionamento que confere muita audácia e é comum o gosto por esportes radicais, aventuras e jogos, onde cada desafio tem que ser maior que o outro. Esse deus tem a certeza que seu próprio ponto de vista é o mais interessante e iluminado, sendo comum que mesmo quando recebe uma boa idéia de algum amigo, ele conseguirá amplia-la e elabora-la até que se torne sua. Claro que Júpiter, no romântico signo de Leão, será um grande conquistador, e a vida amorosa pode ser um verdadeiro parque de diversões. Os exageros aqui são comuns e é preciso de muito cuidado para não desenvolver a tendência a procurar saídas fáceis através dos relacionamentos e casos amorosos, ou justificar a falta de sensibilidade através da enorme necessidade criativa. Isso muitas vezes faz com que o Júpiter leonino perca as perspectivas filosóficas e religiosas que podem acompanhar toda a criação desse posicionamento, o que é uma pena.


Júpiter em Virgem
O Júpiter virginiano tem grande facilidade para compreender o significado simbólico de tudo que vive e adora montar quebra-cabeças. A autopurificação, a separação do que é veneno do que é saudável e o aprimoramento das habilidades práticas, trazem muito prazer e conhecimento a esse deus. Na mitologia Zeus-Jupiter foi pai da única filha de Demeter, a deusa que representa Virgem, e essa combinação tem um enorme potencial para criar curadores e mestres, que associam suas capacidades de compreensão ao prazer de ajudar os outros. O trabalho também é visto como uma forma de ampliar os horizontes, e não se terá muita paciência para aceitar lugares e pessoas limitadas na exploração da própria energia na busca profissional. Aqui o perigo de exageros está em se dedicar – e divertir – demasiado à exploração da vida profissional como escape da vida pessoal, podendo criar alguma doença para mostrar que é hora de parar. Como, porém, esse é um Júpiter que consegue compreender com facilidade as mensagens do corpo e o significado simbólico das doenças, o mais comum é que ele consiga fazer as mudanças necessárias na própria vida e aproveita-la de outras maneiras.


Júpiter em Libra
Sendo Libra o signo do relacionamento, Júpiter aqui vai poder usar os seus mais variados truques para capturar os parceiros escolhidos. A dinâmica do casamento de Zeus e Hera pode dar uma boa idéia de como costuma funcionar o Júpiter libriano. Zeus, para conquistar a esposa, aparece-lhe como um cuco durante o inverno, e ela, para agasalhá-lo, coloca-o no colo. Ele toma sua forma divina, mas Hera só cede depois que ele promete desposá-la. Júpiter em Libra também se diverte usando vários disfarces nos jogos de sedução. Esse casamento não é lá muito calmo devido aos arroubos apaixonados de Zeus e ao apaixonado ciúme de Hera, e é comum encontrarmos essa dinâmica com esse posicionamento, pois, como sempre ao se tratar desse astro, o exagero pode criar um antagonismo onde a necessidade de liberdade entra em oposição à necessidade de aprofundamento na relação. Tendo as associações como campo de exploração, esse Júpiter precisa de trocas filosóficas com os parceiros do caminho e acaba se decepcionando quando percebe que o Outro não é um deus capaz de dar toda a felicidade do mundo. O melhor desse deus libriano é sua capacidade de ver o outro como amigo e companheiro de aventuras, trazendo muita alegria para o encontro. Além disso, há uma certeza interna de que mesmo quando o relacionamento acaba outro melhor está esperando logo mais adiante.


Júpiter em Escorpião
O Júpiter escorpiniano procura expansão e maior significado na vida partilhando e trocando o que tem, o que acredita e o que dá valor com os outros. A intimidade é percebida em sua forma simbólica de união para algo maior do que cada unidade individual. É comum também dificuldades por causa de muita expectativa nos relacionamentos, pois nem sempre será possível ouvir sinos tocando ou ver fogos de artifício cada vez que se faz amor, e isso é sentido como decepcionante. Escorpião tem uma hipersensibilidade ao que é oculto e Júpiter sempre conseguirá ver sentido nos mistérios da vida. Períodos de crise e de transição são melhor suportadas e geralmente trazem à tona uma confiança e um otimismo inatos que a pessoa não sabia possuir. Esse é um Júpiter que sabe que pode confiar na própria sensibilidade tanto para transações no mercado financeiro quanto a respeito da direção que as coisas vão tomar em sua vida, e tem audácia suficiente para explorar isso.


Júpiter em Sagitário
Quando em seu próprio domicílio, Júpiter pode ser de arrasar... Literalmente. A separação entre os centauros dominados pelo delírio dionisíaco, com toda a sua brutalidade, e a consciência da dupla natureza de Quiron, fará toda a diferença aqui. Antes de Hera, Júpiter namorou Métis, a antiga representação da sabedoria. Quando ela ficou grávida, Júpiter recebeu a advertência de um oráculo de que seria destronado por qualquer filho que tivesse com Métis, e por isso devorou a deusa e a criança que ela concebia. Assim Zeus passou a personificar a suprema sabedoria em si mesmo. Mais tarde, depois de uma terrível dor de cabeça, ele dá à luz Atená, que se torna não só sua filha preferida como também ganha o título de nova deusa da sabedoria. Essa história tem muito a ver com o Júpiter sagitariano, pois nos mostra que a sabedoria não pode ter filhos quando apenas seduzida, pois torna-se ameaçadora. Ela deve ser digerida, pensada e repensada, para poder nascer num espaço que permite o amor e a existência. Um conhecimento limitado, que não se integra à personalidade como um todo, pode ser perigoso, e esse posicionamento pode gerar uma tendência a pensar que se sabe tudo, pois é facil esquecer as limitações da natureza humana. Mas quando o Júpiter sagitariano consegue ter o cuidado de manter sua consciência na ferida feita pelo encontro do divino com o humano em sua alma, suas idéias e inspirações cheias de luz podem realmente iluminar o caminho de todos.


Júpiter em Capricórnio
Ao contrário do que muita gente pensa, quando um planeta está em seu signo de queda é muito mais fácil aproveitá-lo, exatamente porque ele tem que ser trabalhado de maneira mais consciente. O Júpiter capricorniano costuma ter a virtude que mais falta em seus irmãos de outros signos, que é a paciência. Esse deus adora o papel de autoridade, que consegue assumir sem ser super protetor nem exigente demais com seus subordinados. As figuras de autoridade também são vistas de maneira positiva, e com isso se acaba atraindo ajuda das hierarquias superiores. Há uma grande facilidade para assumir as responsabilidades da própria vida e uma visão abrangente que gera um senso de discernimento apurado, além de uma boa capacidade de organizar os outros. Como qualquer Júpiter, ele não vai querer passar despercebido, e, apesar de mais comedido, será difícil não notar todos os símbolos de status que giram ao seu redor. O Júpiter capricorniano precisa de espaço e autoridade para poder fazer todas as suas manobras, e esse é um deus que consegue o reconhecimento necessário para isso.

Júpiter em Aquário
Clubes, organizações e associações que promovem o crescimento de todos é a praia desse Júpiter. De clube de línguas a ONGs para salvar a Amazônia, esse é um deus que quer cada vez mais amigos, e de preferência de culturas e nacionalidades diversificadas. A vida social de um Júpiter aquariano costuma ser bem agitada. Aquário é um signo que está voltado para o futuro e o Júpiter aqui costuma ter muitas metas e ideologias a alcançar. Há grande prazer também com todas as maquininhas modernas que aparecem no mercado. O mais difícil para esse Júpiter é selecionar quais idéias geniais valem realmente a pena seguir, pois muitas coisas boas podem simplesmente se dissolver por ele não saber em qual atirar primeiro. Como a fé jupiteriana é imbatível, existe também a certeza de que se irá realizar aquilo que se quer, já que se está querendo o que é melhor para todos. Nem sempre essa expectativa se mostra realista, mas isso não é motivo para o Júpiter aquariano se sentir desencorajado.


Júpiter em Peixes
A busca de expansão jupiteriana combinada com o mundo sem fronteiras de Peixes é algo que só se pode chamar de espiritual. Justamente quando as coisas parecem mais negras e sem esperança, o Júpiter pisciano aparece, não se sabe de onde, e salva a situação. Isso não tem a ver com sorte ou fadas madrinhas - apesar de muitas vezes tomar essas formas - mas com a fé na benevolência e no significado da vida que essa posição de Júpiter proporciona, tornando a pessoa aberta e disposta a receber qualquer coisa que lhe é trazido. O significado que Júpiter busca na vida é encontrado em Peixes através de eventos externos que correspondem aos estados internos, o que faz com que experiências negativas mostrem seu lado positivo e obstáculos se transformem em bênçãos. O Júpiter pisciano costuma ser um canal através da qual passam a inspiração e o dom da cura, por isso tem muito a oferecer aos doentes, aos prisioneiros e aos viciados, pois a visão ampliada que surge nos tempos de dificuldades traz esperança e inspiração não só para si, mas também pode guiar outros através de seus obstáculos.

domingo, 2 de dezembro de 2007

JÚPITER


Regente de Sagitário e com exílio em Gêmeos, exaltado quando em Câncer e em queda quando em Capricórnio, o planeta Júpiter é ligado ao crescimento e à expansão. Astronomicamente ele é considerado um gigante: todos os planetas do sistema solar caberiam dentro dele, que é 1300 vezes maior que a Terra. Além disso, ele não é como os outros planetas, pois emite 9 vezes mais radiação do que a que recebe do Sol. Seu ciclo é de 11 anos e 315 dias, ficando mais ou menos 1 ano em cada signo.

Na astrologia ele se associa à benevolência dos deuses e à expansão. Júpiter-Zeus da mitologia olha a vida na Terra de uma alta perspectiva olímpica, distribuindo o bem e o mal, sendo evocado para afastar catástrofes e pragas. Um dos maiores prazeres desse deus, apesar dos cerceamentos de sua esposa Hera, está em correr atrás de mulheres, belos rapazes e deusas, nem sempre com sucesso, mas sempre sendo criativo, se transformando num cisne hoje e em chuva de ouro amanhã, como um ator nato, que adora assumir os mais estranhos papéis. O resultado disso é uma infinidade de filhos, que ele sempre confiava a outros para criar. Na astrologia médica Júpiter está associado ao fígado, nosso maior órgão, que sabe quando recebemos alimentos e bebidas em excesso e regula isso: um fígado com bom funcionamento sabe quantificar excessos, armazenando o que precisamos e destruindo o que é a mais, enquanto um fígado doente luta deficientemente contra o excesso e não consegue eliminar as toxinas adequadamente. Júpiter é crescimento e dilatação e o fígado também se dilata quando comemos e bebemos em excesso para promover o equilíbrio, e, depois de anos de abuso, acaba doente por esgotar seus recursos e não conseguir mais voltar a seu estado normal. Em A Doença Como Caminho (Dethlefsen, Thorwald e Dahlke, Rüdiger – Ed. Cultrix – 1992 - SP), o fígado é descrito através de suas 4 funções: armazenador e gerador de energia, desintoxicador e metabolizador de albumina. Através dessas funções, podemos entender muito das representações de Júpiter. Energia, para o corpo biológico, quer dizer gordura, que em excesso cria a obesidade. Uma das dificuldades que temos com a idade é a de transformar gordura em energia, exatamente porque paramos de crescer e a expansão deixa de ser na vertical e começa a ser horizontal. A percepção de que as necessidades de crescimento estão se modificando – por causa da idade, da mudança da maneira de encarar o mundo, das novas conquistas, dos novos aprendizados, ou o que seja – é a diferença entre a expansão e o exagero: se aos 20 anos você consegue passar a noite bebendo e no dia seguinte ir trabalhar e ir para a aula de noite, aos 35 isso vai causar muitas dores de cabeça e aos 55 é a garantia de uma péssima semana. Assim é com relação ao nosso Júpiter astral também: se não aprendemos a utilizá-lo de maneira sábia, será essa a área de nossa vida em que teremos problemas ao extrapolar nossos limites. Mas o fígado, assim como Júpiter, também é um desintoxicador, e muitas vezes é olhando para a área regida por Júpiter no mapa que podemos encontrar a saída da negatividade que está nos paralisando, pois é ali que teremos um pouco mais de energia para sair para dançar, encontrar os amigos ou ir para aquele grupo de estudos que nos faz bem quando os problemas parecem irresolúveis e estamos desesperançados. E aí, quando voltamos, estamos melhores e os problemas não nos parecem assim tão grandes ou ao menos estamos com mais disposição para enfrentá-los e podemos olhá-los por outros ângulos. Outra das funções importantes do fígado é a transformação de proteína animal e vegetal em proteína humana - levando a uma “evolução” da proteína. O processo de síntese de proteína humana realizada pelo fígado, como descrito no livro “Doença como Caminho”, fala da função “filosófica” ou “religiosa” desse nosso grande órgão. Na síntese de proteína, o fígado quebra as proteínas animais e vegetais em seus elementos básicos - os aminoácidos - e depois reorganiza esse material de modo a construir uma estrutura humana, mudando a qualidade do resultado, apesar da quantidade de aminoácidos continuarem o mesmo. Religião é, literalmente, “ligação retrospectiva”, “ligar de novo”, e é nesse sentido que Júpiter é religioso, pois ele nos possibilita perceber que existe uma união com o todo, e que a diversidade que nos separa da Unidade Primordial é uma ilusão, fruto do jogo divino dos vários padrões básicos da mesma essência comum. É através da percepção e da brincadeira com o todo e as partes, e da tensão entre essas duas percepções, que Júpiter cria expansão para nos fazer evoluir de animais e vegetais para nosso destino humano. A área que Júpiter monta seu altar no mapa astral será onde podemos contar com a benevolência dos deuses e por isso será onde conseguimos compreender mais facilmente como transformar as coisas vividas em lições que nos levam mais além. Quando usamos nosso Júpiter com consciência aprendemos a nos divertir enquanto aprendemos e evoluímos, e também conseguimos ver o que nos faz mal e fazer as mudanças necessárias para viver com maior sabedoria. A casa e o signo do mapa astral em que encontramos Júpiter é uma área onde temos muita necessidade de espaço para preencher e explorar, onde não estamos contentes com rotina e monotonia e queremos experimentar a vida da maneira mais ampla e completa possível. É interessante notar que o Júpiter não é infeliz com o que tem, apenas quer mais, pois sempre há mais um passo a dar: ele não reclama do que tem por estar mais interessado naquilo que irá encontrar mais adiante. Os problemas da casa em que temos Júpiter estarão ligados aos excessos, pois é onde nunca sabemos o que é o bastante até que conheçamos o que é mais que o bastante. Onde somos otimistas ou entusiastas demais acabamos passando por cima dos detalhes, e corremos o risco de superestimar alguma possibilidade e depois não dar conta da concretizaração. É também na nossa esfera jupiteriana que corremos o risco de certa promiscuidade, onde semeamos o que há de mais criativo, mas não temos paciência para ver crescer. Júpiter era invocado como o Grande Preservador da vida e, embora ele possa distorcer nossa clareza e racionalidade, os negócios da casa onde ele se encontra nos oferecem a crença em algo maior, a esperança em algo melhor e o sentido de que a vida não é uma coleção de meros acontecimentos, mas tem um sentido cheio de propósito e significado. Quando nossa fé na vida começa a falhar, é olhando para os domínios de Júpiter que podemos renovar nossa inspiração para continuar.

terça-feira, 27 de novembro de 2007

Sagitário, O Mito


Na mitologia greco-romana existem dois tipos de centauros: os seguidores de Baco-Dionísio, ligados aos apetites do instinto, ao êxtase e ao entusiasmo divinos, e o filho de Crono-Saturno, Quiron, sábio mestre dos heróis e médico ferido. Os dois tipos nos falam da realidade vivida por Sagitário, e estão relacionados à história de Hércules (Héracles grego). Durante a busca do Javali de Erimanto, no seu terceiro trabalho, Hércules é atraído por Dionísio à casa do centauro Folo para ser iniciado nos mistérios desse deus. O centauro recebe muito bem ao herói e, quando esse lhe pede vinho, Folo abre a jarra dada a ele pelo deus. O cheiro do licor dionisíaco atiça os centauros da região que, armados de rochedos, árvores e troncos, avançam contra Folo e seu hóspede. Hércules contra atacou, matando dez centauros com suas flechas envenenadas com o sangue da Hidra de Lerna. Quando se ocupava em enterrar os companheiros mortos, Folo, ao retirar uma flecha do corpo de um dos centauros, deixou-a cair em seu pé, morrendo com a ferida. Hércules, desolado, rendeu-lhe as homenagens fúnebres e enterrou-o no monte que recebeu o nome de seu amigo. Nesse mesmo confronto, Hércules persegue o centauro Élato, que havia se refugiado junto a Quiron, e acaba ferindo também o mestre dos heróis. O filho de Saturno-Crono fica, então, com uma ferida incurável, já que a imortalidade dada por seu pai impedia o veneno de acabar com sua vida. Cheio de dor, Quiron pede a Júpiter para morrer. Prometeu, que nascera mortal, cede-lhe seu direito à morte, e Quiron pode descansar, subindo aos céus sob a forma da constelação de Sagitário, que tem como hieróglifo a flecha (sagitta em latim), que o feriu.
A primeira coisa que os centauros nos falam de Sagitários é sobre os perigos dessa embriagues que brutaliza, mostrada na tendência do signo de passar por cima de tudo e de todos na busca apaixonada para se sentir mais próximo da fonte que atrai ao mundo da consciência a gama de sensações da vida. Esse ímpeto pode ferir e até matar aquilo que deveria servi-lhe de guia em uma iniciação progressiva e gustativa, e não na brutalidade da embriagues. Em Quiron encontraremos o que há por baixo dessa correria desenfreada, o significado mais profundo de Sagitário. Filho do deus Crono-Saturno, aquele que limita e objetiva a vida humana, o centauro Quiron era amigo dos homens. Sábio, ensinava para seus discípulos e futuros heróis, música, artes da guerra e da caça, moral, e, sobre tudo, medicina. Como o deus Crono-Saturno havia fecundado sua mãe, Fílira, sob a forma de um cavalo, Quiron nascera com essa dupla natureza, recebendo o conhecimento tanto do instinto animal quanto da essência espiritual. A consciência dessa dupla natureza o fazia um filósofo e um professor, porém era a dor de se saber um ser estranho, diferente, que lhe dava a capacidade de ser o grande médico que era, pois o fazia compreender a dor dos outros. Esse é o significado retomado pela ferida feita por Hércules: Quiron, aquele que cura, tem uma ferida incurável. Sagitário também tem uma ferida incurável, que se situa entre seu lado mortal e seu lado divino. Esse signo, com sua intuição e visão apurada, entra em contato com muitos mistérios que lhe dão uma percepção profunda, muitas vezes inexprimível, de que a vida tem um sentido verdadeiro, o homem é divino, tudo tem um propósito, ensina uma lição e proporciona um engrandecimento. Mas a realidade do tangível, a vida física e sempre imperfeita, cheia de limites, é uma flecha envenenada que mostra a distância que existe entre sua busca luminosa e as demarcações do ser humano. Essa é a verdadeira ferida de Sagitário, que ele pode até tentar ignorar, lançando-se em uma corrida infindável de uma sensação à outra, evitando parar para não dar tempo e espaço à dor. Centauros andam em bando e se divertem juntos, mas a mitologia mostra que apenas aqueles que encontram uma caverna e conseguem passar um tempo na solidão adquirem a verdadeira sabedoria e podem ensiná-la aos outros. O comportamento agitado de Sagitário busca soterrar a ferida - do corpo e da alma - através de uma atividade incessante que visa divertir-se e divertir aos outros, tentando provar a si e às pessoas sua incrível felicidade. Mas aquele que tem coragem para enfrentar suas visões e a realidade da vida será o verdadeiro médico e mestre, pois aprenderá a ter compaixão - uma qualidade que falta ao mais ingênuo e cego desse signo. Só assim se terá acesso a um dos mais profundos segredos da vida e dos seres humanos: a dualidade deus/animal que está dentro de todos e de cada um de nós.
Trigueirinho, médium brasileiro, no livro Hora de Crescer Interiormente – O Mito de Hércules Hoje (Ed. Pensamento, 1988, SP) atribui uma das tarefas de Hércules a cada signo. A tarefa hercúlea dada a Sagitário é a de acabar com as Aves do Lago de Estifalo. Numa espessa e escura floresta da Arcádia, às margens do lago de Estifalo, viviam centenas de aves de porte gigantesco, que devoravam os frutos da terra e, segundo algumas versões, eram antropófagas e liquidavam os passantes com suas penas de aço, que serviam como dardos mortíferos. Haviam muitas dificuldades para acabar com esses pássaros, e o primeiro deles era fazer com que saíssem de seus escuros abrigos na floresta. Hefesto, o grande artesão olímpico, fabrica para o herói, a pedido de Atena, umas castanholas de bronze. Héracles tampa com cera seus ouvidos e começa a tocar as castanholas, que emitem um som ensurdecedor. Com o barulho, as aves levantam vôo e são mortas uma a uma com flechas envenenadas pela Hidra de Lerna, as mesmas que mataram os centauros. Com suas flechas certeiras, símbolo da espiritualização, Héracles liquida as Aves que viviam no Lago Estifalo. O lago é símbolo do portal do inconsciente, de onde os seres subterrâneos podem chegar aos homens e leva-los para seu mundo, e as aves que dele levantam vôo simbolizam o impulso de desejos múltiplos e perversos não trabalhados pela consciência. Saídos do inconsciente, onde se haviam estagnado, põem-se a esvoaçar e sua afetividade perversa acaba por ofuscar o espírito. Como sempre, a tarefa se realiza à partir da consciência do signo oposto, que, no caso, é Gêmeos. Sagitário costuma ter o hábito de falar e agir de maneira irrefletida e descontrolada, e na maioria das vezes faz isso dispersando energias e destruindo o que tem em volta. É preciso aprender a controlar essa compulsividade em falar e dar conselhos sobre o que é melhor para os outros e passar a ouvir mais e refletir sobre o que escuta – dentro e fora – antes de se pronunciar. Por isso Hércules tem que tapar seus ouvidos com cera, fechando a entrada para o barulho externo que ele mesmo cria. A tagarelice inconsciente, o falar continuamente de si próprio e a revelação de saberes de forma leviana, sem se preocupar com a possibilidade de compreensão do outro, pode levar Sagitário a cometer erros banais, que o impedem de percorrer seu caminho de maneira consciente. Sagitário precisa aprender que seu saber é sagrado e incluir nisso a possibilidade de compartilhar com o outro apenas aquilo que o outro tem capacidade de saber também. Só assim ele poderá entrar em contato com sua verdadeira fonte de sabedoria e compreender as dores e dificuldades humanas que ele mesmo carrega. Isso irá clarear o seu caminho heróico, fazendo com que pare de cavalgar às cegas, em círculos que só poderão levá-lo ao mesmo lugar.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A Aventura de Sagitário


“Sem paz, sem amor, sem teto,
Caminho pela vida afora.
Tudo aquilo em que ponho afeto
Fica mais rico e me devora”


Rainer Maria Rilke – poeta sagitariano traduzido por Augusto de Campos



Depois do mergulho iniciático às profundezas de Escorpião, o Sol agora busca os amplos horizontes de Sagitário, signo representado pela figura mitológica do centauro, cuja parte inferior do corpo é um cavalo e a parte superior é um homem que impunha um arco envergado e uma flecha pronta a ser lançada. Sagitário é uma força que gera o movimento ascendente a partir de um centro, porém retido por um peso que a liga à Terra. Sagitário e Capricórnio são as duas únicas figuras fantásticas e puramente míticas do Zodíaco; estamos entrando nas últimas constelações, onde as questões pessoais ganham cores coletivas. O Centauro é a união ou síntese da natureza animal e divina do homem, onde corpo e alma, baixo e alto, matéria e espírito, possessão terrestre e aspiração divina, inconsciente e supraconsciente se unem em busca da evolução humana. Seguindo a tríade de Fogo, vemos que o Fogo Cardinal, Áries, representa a chama original em toda sua força animal e instintiva, ao mesmo tempo criadora e destruidora, anárquica e indomável, o Fogo Fixo de Leão é a chama dominada e domesticada que se orienta em prol do eu divino, e o Fogo Mutável sagitariano será aquele que transforma os sacrifícios em oferendas aos deuses, purificando e redimindo a humanidade. Essa é a fonte tanto do otimismo quanto da fé sagitariana, pois ele sabe que toda dor, toda renuncia, toda ferida oferecida pela vida são parte do aprendizado, e a própria vida, em sua abundante generosidade, mostrará a cura, o consolo e a redenção se você continuar andando e acreditando na benevolência dos deuses que te protegem. Mesmo que se chame isso de “sorte”, a verdade é que a vida sempre mostra a Sagitário que ele está certo.
A atitude fundamental e inata em Sagitário é de se comportar na vida como se ela fosse uma aventura, uma viagem, uma busca, e o verdadeiro jogo da vida é fazer com que essa viagem seja o mais interessante, variada, expansiva e informativa possível. A chegada, a meta em si, não é importante. Na verdade ela é relativamente insignificante. A mitificação da vida e de si mesmo, formadores dos signos de Fogo, é um pouco mais complexa no último signo dessa tríade. Enquanto Áries e Leão se vêem como heróis, Sagitário tende a se enxergar como um dos deuses. Se os heróis são sempre bons - ou ao menos estão em busca dessa excelência - os deuses muitas vezes consideram essa referência demasiadamente humana, e, portanto, não precisam se preocupar muito com isso. Sagitário vai mostrar-se muitas vezes como uma figura imponente, nobre, digno e majestoso, mostrando sua face divina respeitosa, principalmente quando há uma boa audiência. Porém, quando a corte se dispersa, ele se transforma no grande libertino do Zodíaco, com toda a sua natureza animal, sempre correndo atrás de algo - geralmente amores -, não por causa de alguma paixão insaciável, e sim pela possibilidade de algo novo e excitante, a aventura, o mistério inexplorável, o inalcançável. Sagitário parece ter essa propensão de achar que está perdendo algo, seja uma paixão, um projeto, uma idéia, um livro, um filme, ou qualquer outra coisa realmente nova que ainda não foi explorada. Os mais extrovertidos serão encontrados nos bares recém fundados, nos restaurantes que estão abrindo, nos filmes de arte exóticos ou num grupo de estudos de qualquer espécie. Muitas vezes Sagitário irá ditar moda por que chega nos lugares primeiro, dando sua aprovação em alto e bom som, e os outros, sabendo que se não fosse bom ele não estaria lá, juntam-se a ele. Os mais introvertidos já terão lido o novo romance, entendido a nova filosofia ou o novo fenômeno cultural, pois o mesmo dom intuitivo que o tipo extrovertido usa para encontrar novos lugares, é usado aqui para encontrar novas idéias. Com tanta extravagância e impetuosidade, os sagitarianos possuem grande facilidade para criar problemas também. Sagitário muitas vezes vai parecer absolutamente insensível e indelicado, pois vai dizer na lata que você está horroroso com essa cara de choro e olheiras profundas, sem se preocupar em saber da história triste que há por baixo dessa aparência realmente terrível. E você não vai conseguir se sentir ofendido, pois essa honestidade sagitariana acaba te mostrando uma verdade que é só se olhar no espelho para comprovar. Como ficar com raiva de alguém que tem coragem de te falar aquilo que todos estão pensando? Nessa aparente brutalidade sagitariana existe uma profunda fé de que você também consiga superar o sofrimento em vez de cultivá-lo. Aquela idéia mundana que diz que os objetivos são atingidos com esforço e disciplina não interessa a esse signo. Mesmo por que, quando ele chega lá e ganha o tal prêmio, irá gastá-lo em cinco minutos.
Outra característica sagitariana é a de estar sempre mudando sua imagem. Assim como seu regente Júpiter se tornava touro, cisne e até chuva de ouro para seduzir suas mulheres na mitologia, o Fogo Mutável adora interpretar papéis, e quanto mais teatral, melhor. Nas estatísticas de Gauquelin, o planeta Júpiter era encontrado com destaque no horóscopo dos 500 deputados da Câmara francesa, dos 676 chefes militares (sic) e dos 500 atores que pesquisou. Sagitário adora grandes cenas, apesar de ter horror à cenas patéticas e muito melosas. Novas roupagens, novas poses, novas técnicas, novas maneiras de alcançar sua meta, Sagitário está sempre procurando estímulo mental para aumentar seu horizonte. Esse signo inflama seu coração para explorar a vida, e, nesse sentido, ele é profundamente religioso, pois desta forma busca se re-ligar ao divino que o originou. Nessa peregrinação, a vida é algo curioso e interessante, onde se deve brincar, explorar, apreciar, penetrar, para, finalmente, compreender e ensinar ao mundo como viver melhor e mais próximo da vida.

sábado, 24 de novembro de 2007

Viagem no Tempo com Plutão II – A Missão


Nem sempre o tempo e a vida andam no mesmo ritmo: o Sol já está em Sagitário e eu não consegui passear com Plutão por todo o zodíaco. Mas não poderia continuar sem falar da passagem de Plutão por Câncer, onde ele foi descoberto pelos astrônomos, honrando assim seu aprendizado. Então aí vai:

Plutão em Câncer cerca de 25 anos – de 1914 a 1939
Câncer nos remete aos símbolos da família, dos vínculos de passado e afetividade que criam nosso clã. Sua sombra aparece quando não se leva em conta as macro associações sociais que vão além daquelas que protegem a “minha gente”, representado por Capricórnio. Aqui começamos a ver as conseqüências de nossas emoções primitivas mal trabalhadas.

Só a História da Igreja Católica Apostólica Romana nesse período já daria subsídios suficientes para se fazer o roteiro de Plutão em Câncer, com o início das aparições marianas, os vários santos que nascem e vivem nessa época e a posturas e inciclicas dos dois papados desse período. Ainda não será dessa vez que vou fazer isso, mas é bom levar em conta que muitos dos acontecimentos marcados aqui tem a força religiosa do catolicismo. Podemos dividir esse período em três partes: a primeira de 14 à 19, marcada pela I Guerra Mundial, a segunda compreendendo os anos 20, e a terceira à partir do crash de Nova York em 29 até o fim do trânsito, em junho de 1939.

Nesse primeiro período muitos dos heróis da II Guerra estavam nascendo, a Teoria da Relatividade foi apresentada na Prússia, rompendo com a Física Clássica, e Carl Gustav Jung publica “Die Psychologie der unbewussten Prozesse”, seu primeiro livro depois do rompimento com Freud. É na finalização da I Guerra e na Revolução Russa em 1917, porém, que podemos ver a marca de Câncer/Plutão mais clara. A Mãe Rússia perde cerca de 4 milhões de filhos durante a I Guerra Mundial, sendo esse o estopim para a prisão do Czar Nicolau II e sua família (assassinados em 16/07/1918), e a tomada do poder pelos bolcheviques. A Russia se retira da Guerra e assina o Tratado de Brest-Litovski com as Potências Centrais (Império Alemão, Império Austro-Húngaro, Bulgária e Império Otomano) em 3 de março de 1918, reconhecendo a derrota russa. Isso significou a perda dos territórios da Finlândia, dos países balticos (Estônia, Letônia e Lituânia), da Polônia, da Bielorrusia, da Ucrânia e dos distritos turcos e georgianos, onde estavam um terço da população russa, metade da sua industria e a quase totalidade de suas minas de carvão. A maior parte desses territórios vão se tornar parte do Império Alemão e, após a derrota da Alemanha na Guerra, a Finlândia, os países balticos e a Polonia se tornam independentes. A Bielorussia e a Ucrânia acabam se envolvendo na Guerra Civil Russa, voltando a ser anexadas e criando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
Com a derrota eminente do Império Alemão na Guerra, os lideres militares alemães, conservadores e autocráticos, obrigam o Imperador Wilhelm II a abdicar e deixam para os democratas as negociações da derrota. O Tratado de Versalhes, que encerra a I Guerra Mundial, cria a Liga das Nações e impõe severas penas à Alemanha. A República de Weimar foi então instaurada, tendo como sistema de governo o modelo parlamentarista democrático: o presidente da república nomeava um chanceler, que seria responsável pelo poder Executivo, enquanto o poder Legislativo era constituído por um parlamento. Segundo alguns historiadores, nunca antes na história tantas mentes brilhantes se reuniram para construir um Estado. Um dos principais focos da Republica de Weimar foi a educação, que deveria ser gratuita e de boa qualidade para que se formasse um povo não apenas culto, mas principalmente capaz de pensar por si mesmo. A história do começo da Escola Waldorf, de Rudolf Steiner, é bem significativa nesse sentido. Em 1919, em Stuttgart, na Alemanha, Rudolf Steiner - filósofo, cientista e artista austríaco - foi convidado por Emil Molt, o proprietário da Fábrica de cigarros Waldorf-Astoria, para uma série de palestras para os trabalhadores de sua fábrica. Como resultado, os trabalhadores pediram a Steiner que fundasse e dirigisse uma Escola para seus filhos. Emil Molt não só apóia seus funcionários como se propõe a financiar a concretização da idéia. Steiner concordou, mas colocou 4 condições: a Escola seria aberta indistintamente para todas as crianças; seria co-educacional; teria um currículo unificado de 12 anos e, os professores da Escola seriam também os dirigentes e administradores da mesma. Queria que a Escola Waldorf tivesse o mínimo de interferência governamental e não tivesse a preocupação com objetivos lucrativos. Emil Molt concordou e em 7 de setembro de 1919, foi aberta a Die Freie Waldorfschule (A Escola Waldorf Livre).

Esses dois exemplos de nações “derrotadas” na I Guerra que buscam um caminho que abrigue seu povo, onde o poder patriarcal como o do Czar ou do Imperador é arrancado em nome do sofrimento que geraram, têm um caráter bem canceriano. Os acordos de paz que concretizam, porém, cria mais sofrimento por conta da desconsideração das necessidades práticas e econômicas que envolvem uma nação em reconstrução. Esse será o solo fértil para o nascimento tanto da Ditadura de Stalin quanto do Nazismo de Hitler, que irão crescer até se mostrar completamente durante a II Guerra. Em 1919 o mundo está caminhando para uma zona sombria e cheia de tensão: Benito Mussolini deixa o Partido Socialista e funda o partido fascista na Itália (Fasci di Combattimento) enquanto Adolf Hitler filia-se ao Partido Trabalhista Alemão (futuro Partido Nazista); estudantes chineses protestam contra o Tratado de Versalhes, em um manifesto que gera o Partido Comunista Chinês, e Rosa Luxemburgo é assassinada sendo que seu corpo é encontrado 3 dias depois; a Primeira Conferência Comunista do Brasil é realizada ao mesmo tempo em que a Organização Internacional do Trabalho se espalha pelo mundo; o Governo dos Estados Unidos proíbe que soldados afro-americanos desfilem em Paris e distúrbios raciais acontecem em Washington.

Os anos 20 ficaram para a história como uma época de grande efervescência cultural e comportamental entre duas Guerras Mundiais. Todos vão a Paris, onde é aberto Cabaré Lido. Isadora Duncan se apresenta na Cidade Luz, as melindrosas escandalizam dançando jazz com seus cabelos curtos e Chanel lança o seu perfume nº. 5. É feita a primeira coroação da Miss América nos Estados Unidos e em Genebra se realiza a I Convenção para a Repressão do Tráfico de Mulheres e Crianças e a Primeira Conferência Internacional Feminista. Temos a publicação de Psicologia Pedagógica de Lev Vygotsky, e de A Função do Orgasmo (Die Funktion des Orgasmus) de Wilhelm Reich junto com a nomeação de Jean Piaget como diretor do Departamento Internacional de Educação na França. O dirigível Zeppelin dá a volta ao mundo enquanto Diego Rivera se casa com Frida Kahlo e Scott Fitzgerald publica The Great Gatsby. André Breton se encontra com Freud e publica o Manifesto Surrealista. No Brasil temos a Semana de Arte Moderna de 22, o início da publicação semanal da Revista de Antropofagia e Tarsila do Amaral criando o ABAPORU para presentear o marido Oswald de Andrade. São fundadas as primeiras Escolas de Samba do Rio e os primeiros Clubes de Futebol Brasileiros enquanto Carmem Miranda monta seus balangandãs para mostrar ao mundo o que que a baiana tem. Chico Xavier participa de suas primeiras reuniões espíritas e Freud escreve a Durval Marcondes agradecendo a primeira tradução brasileira de seu trabalho. O Ser Humano perde seu pedestal de superioridade racional e os artistas caem de cabeça nas águas do inconsciente em busca de inspiração e expressão para essa nova face. Eu poderia preencher varias páginas com uma listagem infinita de coisas que estavam acontecendo nesses loucos anos 20, mas espero que seja o suficiente para entender o espírito reinante na cultura mundial.

A política mundial, porém, mostra os conflitos desse inconsciente emergente: Gandhi lança a campanha anticolonialista na Índia, a Irlanda é dividida em duas partes, Vladimir Lenin sofre um derrame e morre dois anos depois, pouco antes do início da Guerra entre Rússia e Polônia. Stalin sobe ao poder e condena Leon Trotski à deportação enquanto o México nacionaliza os bens eclesiásticos. Mussolini reivindica o poder em Nápoles ameaçando marchar sobre Roma, sendo então convidado para ocupar o cargo de primeiro-ministro. Os Fascistas marcham sobre Roma mesmo assim, e Benito Mussolini incorpora a milícia fascista ao exército italiano. Adolf Hitler tenta um golpe em Munique que fracassa. Ele é aprisionado ficando detido por 9 meses, quando escreve o livro Minha Luta (Mein Kampf), publicado no ano seguinte. No Brasil Getúlio Vargas toma posse no governo do Rio Grande do Sul e revoltosos tomam São Paulo destituindo seu presidente, Dr. Carlos de Campos. Lampião vence as tropas da polícia, Prestes caminha com sua Coluna e Olga Benário vem ao Brasil, se casa com Prestes, é presa e deportada estando grávida.

Nos anos 20, os Estados Unidos vivem um momento de afirmação do seu poder econômico frente ao mundo. Para se ter uma idéia, em julho de 1923 o dólar passa a valer 1 milhão de marcos alemães e no mês seguinte 3 milhões de marcos. Surge em Nova York a primeira emissora de rádio comercial e é feita a primeira demonstração pública da televisão colorida. Esse também é o período do auge de Al Capone e do primeiro congresso nacional da Ku Klux Klan, que anuncia ter 4 milhões de militantes. John Scopes é julgado por ter ensinado a Teoria da Evolução na escola e é concedido o direito de cidadania a todos indígenas americanos (SIC), enquanto Walt Disney recebe o registro da marca Mickey Mouse. Então, em outubro de 1929, temos a quebra da bolsa de Nova York e as coisas se precipitam para cair na II Guerra Mundial.

Começamos então esse último período de Plutão em Câncer, quando temos no Brasil a Revolução de 30, que coloca Getulio Vargas, o pai dos pobres, no poder até 1954 - com várias revoltas e reviravoltas -, a Guerra entre Paraguai e Bolívia e a Guerra entre China e Japão, a “Longa Marcha” de Mao Tse-Tung que percorre a China com 90.000 soldados, a invasão da Etiópia pela Itália, as lutas de Gandhi pela libertação da Índia, e uma série de outras brigas, articulações e curiosidades que precisariam de muitas páginas para ser enumeradas. Lembrando que essa é a época em que toda a estrutura nazista e fascista está sendo montada, vamos dar uma averiguada na Guerra Civil Espanhola para exemplificar o significado desses últimos tempos de Plutão em Câncer.

A crise econômica pós-queda da bolsa de NY abala o sistema tradicional espanhol, representado pelo ditador monarquista Primo de Rivera, e em 1931 é proclamada a Segunda Republica Espanhola sob o governo de Niceto Alcalá Zamora, pondo fim a uma longa história monarquista apoiada no poder da Igreja Católica, do Latifúndio e do Exército. A Esquerda Espanhola que sobe ao poder é formada por um saco de gatos que reúne socialistas, comunistas stalinistas, trotsquistas, anarquistas, sindicalistas e autonomistas catalãs, galegos e bascos. A Direita, por sua vez, reunia os latifundiários, monarquistas, tradicionalistas e os fascistas da Falange Espanhola. A tensa convivência entre os dois lados estava, na minha humilde opinião, coberta pela inocência racional da esquerda, exemplificada na Constituição do Partido de Esquerda Republicana, onde Manuel Azaña escreve: “Me espanta que a Espanha possa ser um país convulsionado. Isso é um fracasso político. Mas será assim. Querem nos varrer da face da política espanhola. Que vamos invocar frente a essa idéia? Simplesmente a necessidade que se fundamenta na paz, na liberdade, na justiça e na ordem, o que não vem das mãos do carrasco, mas do respeito ao regime de igualdade”. Ler isso depois da própria Guerra Civil Espanhola, da II Guerra Mundial, com as atrocidades nazistas, e mesmo dos horrores dos EUA no Oriente, soa como uma grande utopia futurista, comparada apenas às imagens espirituais da Nova Era que há de vir. É interessante notar que a peça “Bodas de Sangue”, de Federico Garcia Lorca, estréia exatamente na época da proclamação da República, mostrando como a sensibilidade artística já era capaz de prever toda a dor irracional, sofrimento e paixão que estavam prontos para explodir no inconsciente. Falangistas e anarquistas passam a se atacar passionalmente, como só os espanhóis são capazes, e o clima de turbulência cresce agravado pelos problemas econômicos mundiais. Então surge o “Generalíssimo” Franco colocando o exército contra o governo republicano e as milícias anarquistas e comunistas para combatê-lo. Começa a Guerra Civil Espanhola com uma matança generalizada, onde religiosos e donos de terra eram fuzilados do lado republicano e professores e sindicalistas do lado militar nacionalista. A Espanha é dividida em dois e o mundo também: fascistas e nazistas de Portugal, Itália e Alemanha irão apoiar militarmente Franco, e Stalin coloca a Rússia ao lado dos Republicanos. França e Inglaterra se colocam suiçamente neutros. Nas áreas republicanas as terras foram coletivizadas, as fábricas dominadas pelos sindicatos, assim como os meios de comunicação. Em algumas localidades, os anarquistas chegaram até a abolir o dinheiro. Milhares de voluntários esquerdistas e comunistas vieram de todas as partes (53 nacionalidades) para formar as Brigadas Internacionais, com 38 mil homens, para lutar pela defesa da República. A Guerra Civil Espanhola se torna a catalisadora de toda a tensão que paira no mundo, com a disputa entre o nazi-fascismo e o comunismo que buscam se afirmar como os caminhos “corretos” para a Humanidade. Stalin, porém, se assusta – para usar um termo educado - com a radicalização dos anarquistas e trotsquistas, e orienta o PC espanhol a suprimir essa parte da milícia. Esquerda dividida, a superioridade militar dos nacionalistas vence a Guerra, e em 1º de abril de 1939 a Guerra Civil Espanhola termina e o General Franco se torna ditador na Espanha. Plutão então vai para Leão e se inicia a II Guerra Mundial.

Câncer, o signo mais sensível do sensível elemento água, mostrou sua face mais sangrenta e criativa durante o trânsito de Plutão. A Humanidade perdeu a inocência de achar que bons sentimentos são suficientes para criar novas realidades. Perdemos nossa inocência infantil para adquirir responsabilidade sobre nossos sonhos. Em 2008 Plutão entrará em Capricórnio, o signo oposto de Câncer e o mais realista dos realistas signos de Terra. Com certeza estaremos presenciando a verdade escondida atrás das realidades que construímos para nos proteger. Quem viver, verá.