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quarta-feira, 14 de maio de 2014
Por Hoje ser Lua Cheia
E em Escorpião, em conjunção com Saturno
"E não podemos admitir que se impeça o livre desenvolvimento de um delírio, tão legítimo e lógico como qualquer outra serie de idéias e atos humanos" carta aos diretores de asilo de loucos. Antonin Artaud
quarta-feira, 29 de agosto de 2012
Lilith, a Lua Negra

Gênese 1
– 26.31
E enquanto Deus descansava de seu grande trabalho de criar o
mundo, Adão só queria fazer sexo papai/mamãe e a primeira mulher se revoltou
com essa falta de criatividade. Segundo o Alfabeto de Ben-Sira (600 – 1000
d.C.), que encontrei na Wikipédia, Adão e Lilith começaram a brigar e Lilith
disse: "’Por que devo deitar-me embaixo de ti? Por que devo abrir-me sob
teu corpo? Por que ser dominada por ti? Contudo, eu também fui feita de pó e
por isso sou tua igual.’ Quando reclamou de sua condição a Deus, Adão retrucou:
’Eu não vou me deitar abaixo de você, apenas por cima. Pois você está apta
apenas para estar na posição inferior, enquanto eu sou um ser superior.’ Lilith respondeu: ‘Nós somos iguais um ao
outro, considerando que ambos fomos criados a partir da terra’. Mas eles não
deram ouvido um ao outro. Quando Lilith percebeu isso, ela pronunciou o Nome
Inefável (que é o nome de Deus) e voou para o ar. Adão permaneceu em oração
diante do seu Criador: ‘Soberano do universo! A mulher que você me deu fugiu!’.
Ao mesmo tempo Deus enviou três anjos para trazê-la de volta.”
A lenda continua dizendo que quando os anjos a encontram,
Lilith se nega a voltar para Adão, e então esses seres sensíveis como um bando
de rinocerontes sem Rivotril a ameaçam de afogamento se ela não obedecer. A Lei
Maria da Penha ainda não tinha sido aprovada no tribunal divino, pelo jeito.
Ainda por cima rogam a praga de que ela irá perder cem filhos por dia, o que a transforma em uma ameaça para recém-nascidos. Aí ela se alia aos
anjos caídos e se transforma em demônio. Pois comecei a pensar em escrever
sobre a Lilith enquanto acompanhava as várias “Marchas das Vadias” e “Marchas
pela Humanização do Parto” pelo Brasil e sempre me vinha imagem de um monte de
Liliths dizendo “eu também fui feita de pó e por isso sou tua igual”.
Vamos olhar algumas imagens que peguei nas páginas do Facebook
da Marcha das Vadias de Brasília e da Marcha do Parto em Casa antes de falarmos
da Lua Negra e sua equipe de
demônios:
E aqui algumas campanhas desses dois grupos
Lilith é aquele aspecto humano (sim, de homens e mulheres), que
não pode obedecer aos mandatos da
cultura vigente que signifiquem injustiça ou opressão, mesmo que esses mandatos
venham com rótulos de virtude ou civilidade. Na
Cabala, (Patai 81: 455f) ela é referida como a serpente que levou Eva a comer o
fruto proibido e alguns filósofos, a partir do Romantismo, utilizaram a
metáfora de Adão e Eva comendo do fruto da Árvore do Bem e do Mal para falar do
inicio da vida consciente do Ser Humano. Nesse sentido é que a Lilith em nosso
mapa nos obriga a uma maior consciência sobre o Bem e o Mal, pois é um ponto
onde não podemos nos acomodar ao status quo, onde um instinto mais forte de
vida tem lugar, onde existe a crença de que acomodar-se é igual a se deixar
afogar, e a única maneira de se lidar com isso é através da consciência do que
é marginalizado em nós.
O encontro desse ponto orbital demorou muito tempo, assim como
a nova consciência que Lilith nos traz demorou em ser aceita nas nossas psiques. Os primeiros registros astronômicos que falam
de Lilith apareceram na mesma época em que Netuno foi avistado, em 1846, e
compartilha com ele, além de muita confusão, esse lugar misterioso e cheio de
ilusões. Frederic
Petit, diretor do observatório de Toulouse, na França, anuncia nesse ano a
descoberta de uma segunda lua da Terra, podendo inclusive calcular sua órbita. Muitos
profissionais e amadores passaram a olhar para o céu em busca desse segundo
satélite da Terra. Os relatos dessa segunda lua falavam de um corpo nebuloso ou
nuvem de poeira, difícil de identificar, somente podendo ser observada nas
noites de Lua Nova e em posição diretamente oposta ao Sol. Em 1898, o Doutor
George Waltemath, de Hamburgo, comunicou ter descoberto um sistema de pequenas
luas da Terra, fornecendo elementos orbitais de uma delas, predizendo que
passaria em frente ao Sol em fevereiro de 1898. Em 1918, Sepharial, um
astrólogo de renome, começa a fazer investigações a respeito dessa lua de Waltemath,
chamando esse satélite hipotético de Lua Negra ou Lilith, interpretando-a
como um satélite escuro, obstrutivo e fatal, abrindo um novo campo de pesquisa
para os astrólogos. Com os elementos orbitais de Waltermath, calculou suas
efemérides para uso astrológico. Quando os primeiros satélites artificiais foram lançados em 1957 e 1958, porém, se
verificou que aquilo que se consideravam luas terrestres, na verdade, eram meteoroides
que tocam a atmosfera superior e perdem velocidade, fazendo com que alguns
deles entrem em órbita, com um número de revoluções entre uma e cem, por um
máximo de tempo de 150 horas. É possível que aquilo que Petit e Waltermath avistaram se referisse a um desses satélites
efêmeros (obrigada Dani Rossi).
Mas antes mesmo dos satélites artificiais acabarem com a
ilusão de outra lua orbitando nosso planeta, os astrólogos começaram a
pesquisar a Lua Negra através do apogeu lunar, conforme proposto por Don Néroman, fundador do Collège Astrologique
de France em 1933 - mesma época em que Plutão
foi descoberto -, e que usamos até hoje.
Vamos entender o que é esse apogeu lunar, então: a Lua descreve
uma trajetória elíptica ao redor da Terra, assim como os planetas ao redor do
Sol. Como a elipse possui dois pontos focais, a órbita lunar é uma elipse que
tem um dos focos no centro da Terra; e o foco vazio, que coincide com o apogeu lunar verdadeiro, é a Lua Negra
ou Lilith, conforme esse conceito de Néroman. A projeção do apogeu da Lua no
zodíaco (Lilith) desloca-se 6 minutos e 30 segundos por dia, 40 graus ao ano,
percorrendo um signo zodiacal a cada 9
meses e levando 3.232 dias para dar uma volta completa no zodíaco, aproximadamente, 9 anos.
Como Plutão e Lilith foram descobertos na mesma época, alguns
astrólogos acham que a Lua Negra é a contraparte
feminina de Plutão, mas a Lua Negra parece trazer para nós a distorção das
forças de todos os astros: egocentrismo (Sol), mágoas (Lua),
dissimulação (Mercúrio), luxúria (Vênus), agressividade (Marte), exagero
(Júpiter), rigidez (Saturno), rebeldia (Urano), ilusão (Netuno), sede de poder
(Plutão). Um verdadeiro instrumentum
diaboli essa menina, não? Na prática o que observamos é que todas as
distorções que não conseguimos aceitar e elaborar conscientemente nas áreas em
que atuam os outros astros irão se manifestar no ponto onde encontramos nossa
Lilith, principalmente do regente do signo em que ela está. Isso pode ser tão
perturbador quanto um sonho erótico para um celibatário, pois obriga a um
questionamento a respeito de quão dignos somos de nossas escolhas conscientes.
A Lua visível e a Lua Negra estão diretamente conectadas,
assim como Lilith e Eva. A Lua precisa do princípio masculino representado pelo
Sol para ser vista, assim como Eva precisou da costela de Adão para vir ao
mundo. A Lua em nosso mapa representa exatamente a nossa importantíssima
capacidade de adaptação ao mundo, de criar vínculos afetivos e a possibilidade
de segurança emocional nessa vida. Nosso satélite se associa à imagem da Mãe
exatamente porque representa a parte receptiva do processo criativo, que precisa
desenvolver cuidado e confiança na Vida para que o novo possa amadurecer e vir
ao mundo. Mas quando nossa receptividade lunar, que se entrega ao princípio
ativo com confiança e alegria, se distorce em medo, paralisia, estagnação,
vício e dependência, teremos problemas sérios. É então que precisamos
reverenciar nossa Lilith, mesmo que nos pareça um impulso demasiado primitivo e
incivilizado. Não para tornarmo-nos histéricos malucos que saem matando e
vampirizando, além de comer criancinhas, como falam algumas lendas que
demonizam Lilith, mas porque, como nos ensina o Guia do Pathwork, “todos
precisam fazer contato com a sua crueldade, brutalidade, sadismo, sede de
vingança e malícia oculta para aprender realmente a superar essas emoções
destrutivas, vendo-as, entendendo-as e aceitando-as. Só então podem
convencer-se genuinamente de que não há necessidade da destrutividade. Enquanto
a destrutividade não é encarada, fica faltando essa convicção e ela é contida
principalmente por se temer a retribuição e outras consequências. Somente
quando se tem a coragem e honestidade de ver e aceitar totalmente as emoções e
desejos danosos do interior, apenas quando estes são completamente
compreendidos e avaliados é que se pode ver, sem sombra de dúvida, que eles são
supérfluos como defesas e que não servem a nenhum outro propósito.” (PW 169). Esse é o
caminho para integração de Lilith.
Quando analisamos a Lilith astrológica olhamos para um ponto
totalmente insensível a vitimismo, imaturidade emocional ou sentimentalismos de
novela. Aqui temos o foco vazio da órbita lunar, e por isso associado a
sentimentos de falta, de perda, de ausência, de frustração, de coisas
insatisfatórias que precisam ser bem compreendidas para que haja realmente
integração. Quem pode nos orientar de maneira muito boa nesse caminho é Carl
Gustav Jung, que possuía uma forte Lilith sagitariana em conjunção com o Meio
do Céu e em oposição a Plutão. Jung diz que um dos primeiros passos rumo à
individuação – processo de nos tornarmos quem somos interiormente –, de maneira
geral, é o confronto com nossa Sombra, pois ao abordarmos o inconsciente a
partir de nossas próprias raízes psíquicas, não vamos nos deparar com nenhuma
“luz interior”, mas com uma espessa camada de conteúdos pessoais reprimidos. Isso
representa, ao menos para nós criados em uma cultura ocidental, um conflito
moral doloroso. Como ele mesmo relata em suas “Memórias, Sonhos e Reflexões”:
“nada pode nos poupar o tormento da decisão ética. Não obstante, por mais duro
que possa soar, devemos ter, em algumas circunstâncias, a liberdade de evitar o
bem moral conhecido e de fazer o que é considerado mal se nossa decisão ética
assim exigir.” Para isso é necessário muito autoconhecimento, que revela à
pessoa o que há nela de luz e de trevas. Isso é precisamente o que as pessoas
desejam evitar, pois parece melhor projetar o mal em outra pessoa, nação,
religião, classe, etc. Onde temos Lilith, essa projeção traz sofrimento e exige
responsabilidade, ou, como diz Marie-Louise von Franz (C. G. Jung, Seu Mito em
Nossa Época): “o malfeito, pretendido ou pensado, se vingará em nossa alma: o
ladrão rouba a si mesmo, o assassino mata a si próprio.”
Existem duas maneira de se representar a Lilith no mapa. O
mais comum nos programas de computador é um circulo com uma lua minguante
dentro, mas o mais significativo é esse:
Que mostra uma ligação muito interessante com este, de Saturno:
Tanto Lilith quanto Saturno compartilham a fama de malignos e
de criadores de frustração. Para mim, Lilith tem significado muito mais como lado
feminino de Saturno do que de Plutão. Para apaziguar Lilith é preciso dos
mesmos recursos usados para Saturno: seriedade, responsabilidade e paciência.
Assim como Saturno quando trabalhado e integrado nos traz estrutura e
autoridade internas que nos permite enfrentar com maturidade as aventuras da
vida, a integração de Lilith nos traz a possibilidade de experimentar por
inteiro a aventura de ser vivo, de
se entregar à vida com maturidade e consciência.
Desde muuuuuito tempo o prazer feminino tem sido associado a
algo ruim e não civilizado, inclusive relatos médicos da Idade Média pregavam
que o orgasmo feminino prejudicava a concepção de filhos. O rótulo adotado para
as pessoas com doenças psicossomáticas em geral e descontroladas em particular
como histéricas – do grego hysterikós, relativo ao útero – já fala o
suficiente sobre isso. Lilith traz a humanização do feminino. Durante os
últimos nove meses, com a passagem de Lilith pelo signo de Touro, milhares de
mulheres, com o maravilhoso apoio de muitos homens, foram às ruas mostrando
peitos, barrigas e pernas para exigir respeito, cuidado e responsabilidade.
Essa postagem é minha pequena homenagem a elas e também uma homenagem à minha
Lilith, que, assim como Saturno, tem me mostrado um caminho de integridade.
Salve Lilith! Salve Nanã, Yemanjá, Oxum e Yansã (salve Lucia
Cordeiro!)! Salve Eva, Maria e Madalena! Porque Deus contemplou toda a sua obra,
e viu que tudo era muito bom.
quarta-feira, 1 de agosto de 2012
Parte da Fortuna II - A Missão
“O Reino dos céus é também semelhante a um tesouro
escondido num campo. Um homem o encontra, mas o esconde de novo. E cheio de
alegria, vai, vende tudo o que tem para comprar aquele campo.”
Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus – 13.44
A primeira coisa para a qual temos que
olhar quando se quer entender a nossa Fortuna, é para a fase de lunação em que
nascemos, ou seja, se era Lua Nova, Cheia, Minguante ou Crescente quando
chegamos. Lembrando: Lua Nova é conjunção de Sol e Lua, Lua Cheia é oposição
dos Luminares, Minguante é a quadratura (distancia de 90°) que acontece antes
da conjunção e a Crescente a quadratura que acontece depois.
Se você nasceu durante uma Lua Nova,
quando colocar o Sol no Ascendente, a Lua irá junto, e dependendo da exatidão
da conjunção, a Roda estará em conjunção mais ou menos exata com o Ascendente,
às vezes na casa 12 às vezes na casa 1. Como o Ascendente mostra a forma como
chegamos ao mundo e como buscamos nossa maneira mais pessoal e subjetiva de
expressão, esse Lot traz exatamente a possibilidade de se encontrar a alegria
de ser quem se é. Quanto mais compreender a si mesmo e quanto mais desenvolver
sua visão única do mundo, mais alegria e satisfação com a vida. Isso é
resultado de uma utilização positiva da união entre Sol e Lua, onde as memórias
e vínculos lunares servem para enraizar e alimentar esse Sol, que por sua vez
aquece e ilumina essa Lua de modo que ela possa deixar no passado aquilo que
não interessa mais no processo de desenvolvimento da pessoa. Isso significa
aprender a olhar para si em vez de ficar se identificando o tempo todo de
maneira subjetiva com o mundo externo, que muitas vezes é absolutamente
impessoal, mas a pessoa vira e mexe reage emocionalmente como se aquilo
dissesse respeito a si, como se o mundo estivesse olhando para tudo que está
acontecendo dentro de sua vida. Isso pode se tornar um obstáculo para a criação
de uma identidade pessoal, e geralmente é preciso um bom tanto de maturidade
para começar a aproveitar esse Lot de Fortuna.
Se você nasceu durante uma Lua Cheia, o
Lot da Fortuna irá fazer conjunção com a casa 7 - mesmo estando no final da
casa 6 -, criando um conflito aqui com o Ascendente que reflete o conflito
entre os Luminares. As personalidades desenvolvidas através de uma Lua Cheia,
em geral, sentem que têm um pé no passado e precisam corresponder àquilo que
acham que as pessoas esperam delas, e um pé nas realizações presentes, naquilo
que realmente querem ser e fazer da própria vida. A Parte da Fortuna na casa
das associações faz com que as parcerias (afetivas, de negócios, etc.)
habilitem a pessoa a resolver esse conflito interno aprendendo a dar e receber
de maneira justa, pois se percebe muito claramente que o excesso de um ou do
outro em qualquer parceria é destrutivo quando se busca completude. Essa parece
ser a base mais importante para se ter um casamento feliz, em qualquer nível,
já que o Outro não é alguém para salvar ou para ser salvo, mas alguém que
realmente pode te acompanhar pelo Caminho em igualdade de condições.
Quando se nasce durante uma Lua
Minguante ou Crescente, o Lot normalmente estará no Meio do Céu ou no Fundo do
Céu, fazendo conjunção com a cúspide da casa 10 ou da casa 4. Mas dependendo do
processo de dominação (divisão de casas) que você utiliza, pode ser que ela
esteja na casa 9 ou na casa 3, como acontece algumas vezes para quem usa o
método de Placidus, que é o mais popular. De qualquer maneira, a Roda estará
enquadrando com o Ascendente mesmo que o MC e o FC não o façam, e assim
retomando esse conflito entre os Luminares. Personalidades “minguantes” e
“crescentes” normalmente acreditam que para se relacionar afetivamente têm que
abrir mão de serem quem são, ou então que têm que abrir mão de seu passado, de
suas origens e mesmo de vínculos afetivos muito fortes para se desenvolverem
como indivíduos. A quadratura traz um impulso muito poderoso de auto superação,
e isso é possível quando a pessoa entende que seus esforços têm que ser
direcionados para seu desenvolvimento e não para a tentativa de provar que se é
merecedor de atenção e/ou aceitação. Quando a Parte da Fortuna aparece na casa
4, as inadequações sentidas quando se é pequeno precisam ser aceitas e usadas
como força para se ser aquilo que se é, e consequentemente se encontra a
aceitação da Vida como um todo exatamente como ela é. Quando a Fortuna está no
MC, a autoridade que parece barrar o desenvolvimento pessoal tem que ser
encarada como mestre que encaminha a pessoa obrigatoriamente para a realização
dos seus potenciais únicos para se libertar. Nesse trabalho de buscar o próprio
potencial apesar das tempestades que parecem impedi-lo, a Roda da Fortuna
começa a girar de modo a criar na vida pessoal a abundância e satisfação por
ser quem se é e realizar algo significativo com sua vida.
E já que estamos falando de
relacionamentos entre Sol e Lua, não vamos nos esquecer do Trígono, (distância
de 120°) entre os Luminares, que fará a Roda da Fortuna estar nas casas 5 ou 9,
que são as duas casas além do Ascendente que falam da construção da nossa
personalidade. Essa relação traz também um Trígono entre o Lot da Fortuna e o
Ascendente que reforça a nossa maneira de ser no mundo. A facilidade de
expressão representada pelo Trígono fazem com que a Roda da Fortuna na casa 5
traga mais força para a vontade de criar e na casa 9 mais benefícios para a
personalidade através de inspirações e propósito de vida. Esse posicionamento
da Parte da Fortuna geralmente se associa a golpes de sorte na vida, pois o
Trígono nos mostra circunstâncias que muitas vezes estão em um nível
inconsciente, mas que a pessoa aceita e colabora, pois não tem necessidade de
controle e confia na vida. Fica mais fácil mesmo quando conseguimos ver um propósito para nossa vontade e inspiração de modo a sustentar nossa
vida e alimentar nossa personalidade. Esse Lot traz alegria e satisfação para o
desenvolvimento de nossa vontade interior e para aprender as lições que a vida
traz.
Agora vamos abrir o Boteco e dar uma passada na Parte da Fortuna
através dos Signos. Lembrando que aqui vão apenas algumas imagens e dicas
básicas para você pensar sobre o Lot que a Fortuna te reserva, ok? Para entender
a casa onde está sua Fortuna, vale buscar a analogia entre signo e casa, ou
seja, se seu Lot está na casa 2, dê uma lida em Touro, se na 3 em Gêmeos, etc.,
que sempre trazem algumas luzes para compreender a área de atuação desse ponto
do mapa.
Lot em Áries
Esse é um Lot
cheio de energia vital, e quando se conecta a ele, a pessoa é capaz de
enfrentar e vencer os obstáculos que aparecem na sua frente se divertindo no
processo. O problema aqui é conseguir focar sua energia em metas pessoais e ter
independência com relação à opinião e às dificuldades dos outros. É comum a
pessoa ter empatia com relação àqueles que não conseguem tomar decisões e agir,
além de perceber com clareza quando os outros estão sendo insinceros por medo,
e querer ajudar, o que só o desvia do caminho. Quando a pessoa consegue
acreditar no valor dos próprios desejos de realização, é possível se libertar
da influência das vidas das pessoas que lhe são próximas, criando uma unidade
entre sua mente e sua vontade. Quanto mais fluir em direção a essa meta, mais
satisfação com a vida pode trazer essa Parte da Fortuna.
Lot em Touro
A Fortuna taurina
é baseada na habilidade em sustentar e desenvolver a substância da vida em algo
sólido e duradouro seja em suas conquistas materiais seja nas afetivas. Para
isso é preciso usar a consciência de que a vida em si tem uma
imprevisibilidade e instabilidade inerente, e que há coisas que devem morrer
para serem transformadas. Só assim é possível perceber o que é eterno de verdade e
construir algo que realmente sustente sua existência de maneira profunda e
feliz. Essa possibilidade de conquistar a alegria de estar vivo em um corpo
físico em um mundo material dada pela Roda da Fortuna em Touro precisa, em primeiro
lugar, aprender a deixar de lado a possível insatisfação que as pessoas ao seu
redor sentem com a própria vida, para então poder aceitar e se entregar à
possibilidade de vida bela, amorosa e pacífica que deseja e que pode conquistar.
Lot em Gêmeos
A alegria de
poder se comunicar com tudo o que o cerca, juntando novas compreensões de tudo
que encontra, percebendo as múltiplas facetas da vida que frequentemente se
contradizem, que possibilita a pessoa agir e reagir rapidamente às mudanças que
ocorrem na própria vida, é a felicidade prometida por essa Parte da Fortuna
geminiana. Para isso é necessário um trabalho consciente em não julgar aos
outros, de não se identificar com a autoridade de um juiz que o afasta de uma
relação de camaradagem com o mundo ao seu redor, possibilitando o desenvolvimento
dessa habilidade em lidar com a realidade imediata, com o aqui/agora, com todas
as suas limitações e circunstâncias temporárias. O prazer e a alegria de se
viver em um mundo em eterna mudança e saber aproveitar essa liberdade são as
delícias desse Lot.
Lot em Câncer
A alegria de dar
nascimento ao novo, seja qual for a sua manifestação, é a grande possibilidade
de satisfação dada por essa Roda da Fortuna. A promessa de entrada no Reino dos
Céus para aqueles que voltarem a ser crianças, pode ser alcançada por esse Lot
se a pessoa conseguir se distanciar da demanda por concretização “correta” que
percebe ao seu redor. O cuidado com aquilo que está nascendo ou crescendo não
depende daquilo que surgirá quando chegar à maturidade, por isso quando somos
pequenos podemos ser professor e astronauta ao mesmo tempo, casar e ter 12
filhos e ir dançar todas as noites com o príncipe encantado. O respeito amoroso
para com esse potencial nascente é determinante para o resultado da sua
maturação. A proximidade com a natureza pode ajudar nisso, pois é fácil
observar a maneira integradora com que o cuidado dos pequenos gera a fortaleza
dos grandes. Poder existir de uma maneira simples e vigorosa como uma criança,
mas com a consciência da alegria e prazer de se poder alimentar generosamente
tudo aquilo que o cerca – inclusive a si mesmo – é a Parte da Fortuna canceriana.
Lot em Leão
O prazer de criar
a si mesmo, dando ao mundo o seu melhor, é a promessa de satisfação do Lot
leonino. Para isso é preciso abrir mão da sensibilidade a respeito do que o
resto da Humanidade pensa a seu respeito e se focar mais no próprio ideal
daquilo que se quer ser. Então toda dificuldade externa de expressão virá
acompanhada com maior força para afirmar internamente a própria vontade,
alimentando o valor de quem se é, possibilitando que a pessoa desenvolva a
sensibilidade para ver que sua generosidade, suas ambições pessoais e suas
metas o estão levando pelo caminho correto. Honra, dignidade, prestígio e
respeito são presentes derivados dessa Roda, cuja verdadeira satisfação vem da
auto realização, de criar em si os valores nobres que acredita mais
profundamente seu Ser, independente do que se vive exteriormente.
Lot em Virgem
A possibilidade
de dar uma finalidade útil para tudo que existe em sua vida é a deliciosa
promessa desse Lot virginiano, seja através de habilidades manuais, mentais
e/ou emocionais. Sobras de comida da geladeira que se transformam em banquetes,
latas velhas que se transformam em esculturas, ideais ultrapassados que ganham
atualidade, sonhos desfeitos que se transformam em novas esperanças são
possibilidades inerentes a essa Roda, que consegue juntar coisas aparentemente
desconectas de maneira a lhe dar sentido, eliminando fatores externos
desnecessários através da experiência de simplicidade de um pensamento claro.
Para isso é preciso que a pessoa pare de se preocupar com as confusões mentais
e emocionais que a cercam e aprenda a desfrutar da capacidade de perceber a
vida e o mundo de uma maneira prática e presente, atuando no mundo concreto e
trazendo para a matéria novas possibilidades de organização para a Vida.
Lot em Libra
O Lot libriano
traz a imensa alegria de dividir a existência humana com outro ser de maneira
equilibrada e harmônica. Para isso é necessário entender que toda ação gera uma
reação, que toda associação significa o equilíbrio entre duas individualidades
com vontades próprias. A Roda da Fortuna aqui significa a satisfação em poder
observar de maneira impessoal as relações que são estabelecidas de maneira a
entender como essa associação pode se realizar de maneira harmônica e prazerosa.
Então o senso de Justiça libriano pode atuar através do Lot da Fortuna,
equilibrando os sentimentos e as experiências de modo a encontrar paz nas relações,
fluindo na vida junto com as pessoas às quais se associa de modo a dar e
receber com igualdade.
Lot em Escorpião
A força de
Escorpião vem da sua capacidade de ir além das belas aparências e encontrar as
verdades escondidas, e essa Parte da Fortuna traz o prazer de enxergar o que
precisa ser derrubado para que a verdade seja trazida à superfície, juntamente com
a alegria de fazer picadinho daquilo que estava lá só para se ficar bem no
filme. É fácil perceber que essa não é das Fortunas mais populares. Atire a
primeira pedra quem não convive com pequenas mentiras que garantem alguma falsa
segurança confortável ou uma harmonia aparente pela vida. Para que essa Roda
possa girar a pessoa tem que aprender que aquilo que é real não pode ser
destruído, e então aprender a fluir através dessa realidade mais profunda e
intensa. Isso significa ter confiança em forças muitas vezes desconhecidas e
invisíveis que podem inclusive contradizer aquilo que mostra a aparência. Essa
Parte da Fortuna traz a possibilidade de se trabalhar ativamente na construção
de uma vida verdadeiramente mais segura e pacífica, e, portanto mais íntima,
pois confiável, já que não se tem medo de enfrentar aquilo que pareça feio, mau,
incorreto ou desagradável. É muito mais fácil a existência sem ficar acumulando
fantasmas no armário.
Lot em Sagitário
O Lot sagitariano
faz com que novas experiências, paisagens e conhecimentos tragam mais alegria e
satisfação para a própria vida. Quanto mais a pessoa entende que a vida pode
ser abundante e feliz, mais naturalmente isso passa a ser experimentado. Para
isso é preciso parar de se preocupar tanto com aquilo que as outras pessoas pensam
e experimentam em suas vidas particulares, e perceber que muitas vezes o que
vivemos em nossa existência não é compartilhável com aqueles que convivemos. Se
conseguir superar a frustração de não ver a si mesma através dos olhos dos
outros, a Fortuna poderá mostrar à pessoa que não há um objetivo na vida, que
todas as direções tomadas levam ao centro, que qualquer lugar onde se pendure o
chapéu (essa expressão é antiga, hem?) é seu lar, qualquer maneira que se ganhe
a vida é boa, que quem estiver em sua companhia é seu amigo, e assim se vive em
contínua expansão, quase a despeito de si mesmo. E assim, a vida vai se
tornando cada vez mais ampla e significativa. Felicidade não é algo que
possamos transferir para outra pessoa, mas isso não pode impedir quem tem essa
Parte da Fortuna de acreditar na sua própria.
Lot em
Capricórnio
Tudo que envolve
Capricórnio precisa de tempo para se realizar, pois envolve uma estruturação
que vai além do indivíduo. Para que essa Roda comece a girar é preciso
desenvolver paciência, principalmente para consigo mesmo. O prazer de um Lot
capricorniano está em construir sua vida com as próprias mãos, e isso significa
trabalhar duro para superar as limitações impostas pela origem familiar e criar
um projeto pessoal de existência. Para isso é preciso desenvolver habilidade e
força através de suas experiências de vida, de modo a se capacitar a liderar a
si próprio, independente das situações e circunstâncias externas. Com a
maturidade a pessoa pode perceber que tudo em sua vida o levou para um objetivo
que se torna cada vez mais claro, que nada em sua vida foi para distraí-lo ou
desviá-lo, que tudo pode ser encaixado em um plano maior. Esse plano só pode se
revelar depois de entender que o envolvimento com a negatividade emocional
daqueles que o cerca só o deixa confuso e enfraquece seu autorrespeito, já que
não há como salvar outras pessoas de seus próprios sentimentos, de suas próprias vidas. Apesar dessa
Parte da Fortuna geralmente demorar bastante para se manifestar conscientemente,
o desenvolvimento interior que ela permite não depende de sorte ou de ajuda externa, e
por isso pode trazer uma satisfação duradoura e poderosa.
Lot em Aquário
A alegria do Lot
aquariano vem de compreender a enorme benção que é poder compartilhar essa vida
humana preciosa, como dizem os budistas. Para isso a pessoa precisa começar a
perceber que mesmo que cada individualidade – inclusive a sua – tenha vontade
própria, não é preciso se envolver com os princípios pessoais dos outros para
se viver a própria vida, o que leva à quebra dos preconceitos e do julgamento a
respeito de como os outros devem levar a própria vida. Isso abre o horizonte
pessoal permitindo que novas ideias e modos de ver o mundo estimulem seu
espírito inventivo e a originalidade de perspectivas ao direcionar a própria vida.
A existência passa a ser algo incrivelmente interessante, onde se quer saber de
tudo a respeito do Homem, do Mundo, do Universo, em um incessante prazer por
estar vivo e desenvolver a própria humanidade. Uma incrível liberdade pode
fazer parte da vida da pessoa com essa Roda girando, e quase nada pode abalar
essa vida onde há espaço para aceitar qualquer acontecimento como válido. Isso
leva à alegria de conscientizar-se de tudo que pareça diferente em si mesmo,
qualificando todos os seus desejos e ideias únicos, entendendo que assim como a
Humanidade, a pessoa também se encaminha para uma maior consciência da vida e
do universo.
Lot em Peixes
Com um Lot
pisciano temos a promessa divina de se sentir em unidade com tudo o que o
cerca, de viver em sintonia com toda a Vida por baixo de qualquer manifestação
material. Claro que isso implica em conseguir se desligar das cobranças
externas de que se deve planejar e objetivar a própria vida, o que não é
simples nem fácil na sociedade em que vivemos, principalmente quando se é muito
jovem. Acreditar nos próprios sonhos e desejos, por mais quiméricos que pareçam
para os outros, é que permite essa Roda começar a girar, até que a pessoa
perceba que tudo aquilo que ela imagina acaba se tornando realidade, e assim
criar confiança no fluir suave através das experiências da vida. A Parte da
Fortuna em Peixes significa a vantagem de saber que a vida, as ideias e todas
as limitações humanas são apenas aparentes, e que é possível existir nesse
mundo através da alegria e do amor de uma verdade maior e mais profunda. Essa
parece ser a maior alegria e felicidade que um ser humano pode alcançar.
domingo, 27 de maio de 2012
Parte da Fortuna
“Desistam de viver superficialmente no sentido de satisfazer o mundo em vez de corresponder às suas próprias expectativas. Não vivam para manter as aparências em nenhuma área da sua vida. Vivam de acordo com a verdade e a realidade. Enfrentem todos os problemas na sua totalidade”
Palestra Pathwork 095
Esse é um dos elementos que herdamos das chamadas Partes Árabes, que eram muito usados na Antiguidade para entender o destino humano. Na verdade ficamos conhecendo esses elementos através dos gregos, sendo que os escritos mais antigos a respeito vêm do lendário Hermes Trimegistus. Aliás, a maioria das coisas que herdamos anteriores à Idade Média são creditadas a esse sábio mitológico. O Lot da Fortuna, como era chamado, muitas vezes se confunde com a Roda da Fortuna, apesar desse nome estar muito mais próximo ao Arcano 10 do Tarot, que fala dos altos e baixos do destino - geralmente significando mais os baixos que os altos - e que tem uma conotação de movimento negativo e brusco - mas necessário -, que pode trazer instabilidade e inércia. Como diz Renata Freitas: “(...) a Roda é uma influência fatídica e irreversível, que nada ou ninguém pode deter e seu curso não poderá ser conhecido com antecedência”. Ui, durma-se com uma carta dessa na cabeça! Isso tem muito a ver com a Deusa da Fortuna (Tique para os gregos) que trazia a boa e má sorte aos homens e que foi cultuada principalmente em épocas de bastante turbulência, violência e sofrimento, como nos anos de disputas pelo poder dos herdeiros de Alexandre, o grande, ou durante a decadência de Roma, no processo que transforma o cristianismo em religião oficial do Estado. Não é a toa que os poetas gregos se referiam a essa senhora como uma “meretriz inconstante”, cheia de poder e caprichos. Mas gregos e romanos nunca foram muito bons para entender o feminino...
A Parte da Fortuna astrológica não é isso, apesar de conter algumas qualidades de sua irmã do Tarô. A Parte da qual falamos aqui é aquilo que ganhamos com a realização de nossas vidas, a “parte que te cabe desse latifúndio”, para usar uma frase joãocabraldemelodiana. A idéia de Fortuna desse elemento astrológico está muito mais próxima do que entendemos atualmente quando nos referindo àquilo que mundanamente podemos desejar, como sucesso, posses, prestígio. Essa posição do mapa astral está diretamente conectado com os desejos lunares de realização, e com os quais sonhamos em ter num paraíso se fizermos tudo direitinho, só que recebendo aqui na Terra mesmo. Bacana, né? Agora que consegui sua atenção e você foi ver onde está sua Parte da Fortuna, vamos ver o que temos aqui de verdade.
Encontramos a Parte da Fortuna através de cálculos bem simples. Primeiro você localiza seu Sol, sua Lua e seu Ascendente e calcula a distância em graus entre seu Sol e sua Lua. Então você coloca o Sol em conjunto com seu ascendente e verifica onde estaria a Lua, respeitando a distância entre esses astros no mapa natal. Esse é o lugar da Parte da Fortuna. Exemplo: um Ascendente a 27° de Aquário, um Sol a 19° de Câncer e uma Lua a 17° de Gêmeos. A distância entre esse Sol e essa Lua é de 28° para frente (lembrando que cada signo tem 30°), então se colocarmos o Sol a 27° de Aquário, que corresponde ao Ascendente, a Lua estaria a 25° de Peixes. A Parte da Fortuna seria esse ponto lunar, em 25° de Peixes. Se você se confunde com números, é só ir no desenho do seu mapa e ver onde está este símbolo:

A Lua é quem nos ensina a criar vínculos com esse mundo desde que nascemos. Através dela é que aprendemos a sobreviver e a nos relacionar afetivamente com a vida, onde descobrimos a possibilidade de sermos receptivos, onde recebemos nosso alimento físico, emocional e mental para crescermos nessa existência. Assim como o Ascendente nos mostra o melhor caminho para expressar o Sol, a Parte da Fortuna nos mostra os instrumentos para construir um abrigo seguro para a Lua. Por isso muitas vezes vemos explicações sobre o Lot da Fortuna dizendo que ele é o Ascendente lunar. O nosso Ascendente natal é o ponto que deve expressar quem somos, e nesse sentido tem que ser a porta de todos os elementos do nosso mapa. Mas ele é encontrado a partir dos movimentos solares, e isso significa que nosso Sol deveria ter prioridade na hora de manifestar nosso Ascendente, pois é esse Luminar que traz nossa consciência de sermos únicos e encara o difícil processo de individuação que precisamos realizar. Mas não é bem isso que acontece na prática. A Lua, exatamente por ter essa força de nos mostrar a melhor maneira de sobreviver nesse nosso planetinha azul, muitas vezes acaba dominando o Ascendente em detrimento da expressão solar, principalmente quando temos dificuldades em lidar com situações externas. Resultado: o Ascendente se transforma em uma fachada voltada para aquilo que os outros esperam de nós, preocupado em amenizar nossos sentimentos e tornando nosso caminho muito frágil. Ao colocarmos o Sol em conjunção com o Ascendente estamos reforçando sua importância, colocando a essência da pessoa - com todo seu poder e vitalidade - na frente da personalidade. O ponto que se encontra a Lua nessa nova configuração irá mostrar exatamente onde a Lua poderá atuar de maneira a utilizar seus dons para auxiliar o caminho solar em vez de abafá-lo. Assim sendo, a Parte da Fortuna representa onde a pessoa terá grandes benefícios por ter equilibrado Sol, Lua e Ascendente. É nesse sentido que se diz que o Lot da Fortuna representa o lugar onde iremos encontrar Abundância, Sucesso e Riquezas.
Na verdade a Parte da Fortuna possui muitos dos nossos segredos pessoais mais íntimos. Nesse ponto temos nosso conceito único e pessoal de sucesso, aquelas coisas que intimamente gostaríamos de ser e de ter, e que temos necessidade de maneira bem forte e ideal. É a realização desses desejos mais íntimos que nos promete o Lot da Fortuna.
Apesar de podermos contar com a Sorte na posição da nossa Parte da Fortuna, o que percebemos é que na prática ela depende muito do nosso esforço em harmonizar quem somos. Isso é coisa de gente grande, e depende bastante do nosso auto conhecimento e da nossa honestidade conosco mesmos. Assim, se você se mostra como um homem que ostenta símbolos de sucesso financeiro, que acumula vários casamentos e divórcios, do tipo garanhão que não se envolve emocionalmente mas tem sempre uma gata a tira colo nas festas mais badaladas, mas possui uma amorosa Parte da Fortuna de casa 4 ou em Câncer, por exemplo, vai precisar primeiro reconhecer esse desejo antes de conseguir ver as coisas boas que esse Lot te presenteia durante a vida. Mesmo que seus amigos te digam muitas vezes que sua vida é o máximo, esse desejo íntimo de algo muito diferente não vai ficar quieto enquanto não for ouvido. Essa não é uma tarefa fácil. Na Lua temos nossas lembranças de infâncias, nossos hábitos e valores herdados, nossos traumas e alegrias, nossos vínculos amorosos e nossas perdas emocionais. É a Lua que nos leva à terapia ou ao astrólogo, ao SPA, ao grupo de meditação ou ao AA. O ideal é que nossa Lua seja um ponto fluido do nosso mapa, onde somos receptivos ao mundo ao nosso redor, metabolizando o que nos acontece de maneira a ampliar nossos valores e habilidades, harmonizando nossos relacionamentos, nos vinculando à vida que há para além de nossa mãe e assim aprendendo a nos alimentar mais e melhor em todos os sentidos. Se você conseguir encontrar alguém que pode dar esse SIM pleno à Vida, que consegue estar de acordo e buscar o melhor de tudo que acontece na própria vida, você encontrará também alguém que desfruta plenamente de toda a Fortuna que essa Parte é capaz de fornecer para a existência de um ser. Mas o mais comum é que a Lua se transforme muitas e muitas vezes em um depósito de mágoas, com valores fixados em pedra para a vida toda, em justificativas para nossas defesas emocionais e busca por tentar controlar a vida em vez de ser receptiva a ela. A Lua tem uma importância muito grande na resolução dos nossos problemas, pois nossas atitudes são baseadas principalmente aos nossos valores lunares, e elas determinam nossas perspectivas de vida.
Quando entendemos mais profundamente nossa Parte da Fortuna conseguimos focar as nossas dores emocionais de maneira a ir em busca de sua cura, pois deslumbramos a possibilidade de ser muiiiiiiiiito feliz, e não meio feliz, ou conformado com aquilo que se tem. Um bom uso de nosso Lot da Fortuna é como cenoura em frente ao nosso lado mais resistente à vida, que empaca quando as coisas não são como achávamos que deveria ser. Aos poucos, trabalhando nossas carências lunares, vamos realmente podendo usufruir de tudo isso que simboliza esse ponto sensitivo e bacana do nosso mapa. As promessas e recompensas da nossa Parte da Fortuna não são vazias ou feitas de ilusões, mas sim possibilidades reais de plena felicidade íntima.
Pra variar essa postagem também está ficando enorme e eu ainda nem comecei... Na próxima falarei mais especificamente das localidades do Lot da Fortuna no mapa, ok? E prometo não levar 9 meses para parir a continuação...
terça-feira, 23 de março de 2010
Sinastria 2 - Comparando Sol e Lua

Um Curso em Milagres
A sinastria geralmente é buscada porque encontramos um Outro que queremos que faça um Nós conosco. Sócrates ensina isso a Fedro quando lhe diz que o Amor é a capacidade que temos de reconhecer nos olhos do Outro o deus que habita nossa alma. Nenhum relacionamento está fadado ao sucesso ou ao fracasso de antemão, pois sempre há dificuldades, mesmo em relações entre pessoas de mapas com muitas relações harmônicas, e onde há conflitos entre pontos do mapa existe também grandes oportunidades de crescimento e ampliação de horizontes. Então, é importante pensar no que se busca através de um relacionamento. Muitas vezes encontrar a tal “cara metade” vai significar que você não estará inteiro na relação, e isso vai causar problemas.
Então, depois de olhar para os ascendentes seu e da sua parceria e ver como eles se relacionam, começamos a olhar para o Sol e para a Lua, que são os dois luminares da nossa personalidade.
Como já falei na última postagem, quando os sóis estão no mesmo signo ou em signos do mesmo elemento há grande facilidade na compreensão dos processos de desenvolvimento individual dos envolvidos. Sóis em sextil – distância de 60° entre astros, ou seja, dois signos antes ou depois – também trazem facilidade para respeitar e compartilhar naturalmente as experiências de vida. Apesar de poder existir algum grau de competição entre as pessoas aqui, há também uma facilidade em criar um mesmo estilo de vida e um reforço na autoconfiança um do outro. Assim, é fácil assumir os elementos solares, reforçando nossa vitalidade e posicionamento individual. O problema é que se pode criar uma identificação tão forte que nos “esquecemos” da sombra, e evitamos olhar para as facetas mais problemáticas do Outro porque elas espelham nossas próprias zonas sombrias. Para manter essa imagem “perfeita” é preciso abrir mão do aprofundamento e do crescimento que os relacionamentos precisam para evoluir. Além disso, há o risco de se evitar as coisas mais difíceis de nossa própria personalidade que estão em conflito com nosso Sol, criando problemas em nossos processos de autoconhecimento. Apesar desses perigos, sempre haverá figurinhas a serem trocas, pois as informações que um recolhe em seu caminho poderá ser útil no caminho do outro.
Quando os Sóis se encontram em conflito, geralmente sentimos forte atração ou repulsa pelo outro, principalmente se eles se encontram em oposição. O Outro vai representar algo fascinante, mas perigoso, pois tem um potencial com motivações diferentes da nossa. Sóis em conflito significam caminhos diferentes no processo de individuação, portanto respeito e tolerância são elementos fundamentais para relacionamentos desse tipo. É preciso consciência de que outros caminhos de vida são possíveis e necessários. Quando os sóis estão em oposição, o Outro poderá mostrar muito daquilo que deixamos oculto ou obscuro em nossa personalidade, mas, se temos algum grau de consciência de nossas limitações, é fácil entender que o Outro representa uma complementação importante para nossa visão de mundo, o que pode ser fascinante. Já quando em quadratura – distância de 90° entre os signos – a sensação de que o Outro traz limites e frustração à nossa expressão livre costuma gerar muita tensão. Se não há um cultivo de flexibilidade e um bom grau de comunicação entre as partes, isso pode se tornar uma verdadeira “quebra de braços”, onde um cede e se sente desvitalizado, pois tem que abandonar a si mesmo para “facilitar” a convivência, e depois se “vinga”, pressionando o outro para que faça o mesmo. Essa brincadeira pode ser muito dolorida. Relacionamentos do tipo vítima/carrasco são bem comuns, e se você se pegar reclamando por que o Outro não te entende, pare tudo e lembre-se: o Outro não tem obrigação nenhuma de te entender, e isso significa que você tem que saber o que é importante e se posicionar de maneira clara, além de criar espaço para que o outro faça a mesmo. Um exemplo simples e cotidiano a respeito: um casal onde um precisa de muito tempo para acordar e o outro levanta da cama imediatamente, cheio de energia. O ser energético terá que aprender a gastar sua vitalidade com o cachorro pelas manhãs, e o que tem um processo mais demorado para despertar terá que entender que não haverá alguém para se aninhar de manhã e se contentar com o travesseiro. Haverá dias inspirados em que um poderá acompanhar o outro, mas isso não pode ser colocado como regra.
A Lua, por sua vez, representa nossos processos mais passivos e adaptáveis. É onde inconscientemente nos sentimos bem e buscamos conforto. Relações harmônicas entre Luas costumam ser mais comuns do que entre Sóis, principalmente se estamos falando de relacionamento amoroso. Isso porque um reconhece imediatamente o estado de espírito do outro, as emoções comuns são facilmente partilhadas, e se lida com os sentimentos de maneira similar, o que cria uma sensação de segurança e afinidade íntima que favorece o fluxo emocional criativo e confortável. Como a Lua também guarda os registros de nosso corpo, a compatibilidade lunar oferece facilidades no contato físico. As dificuldades aparecem quando o casal se encontra em situações emocionais negativas, pois também serão partilhadas, o que pode dificultar bastante as coisas para se mudar o estado de espírito para algo mais positivo. Há também o risco de contaminação, e a tristeza de um leva à depressão do outro. A Lua é reativa, não ativa, e isso significa também que, se temos consciência do que está acontecendo, é possível buscar motivação no outro para sair desse lugar negativo.
Quando as Luas se encontram em conflito, tudo fica mais difícil, e se não houverem outros aspectos mais harmônicos é realmente complicado conseguir uma relação de cumplicidade. Existem casos onde nos sentimos atraídos por Luas que conflitam com a nossa, e um sentimento de excitação é comum nesses casos. Mas quando a excitação se encaminha para um relacionamento, o mais comum é que um ou ambos se sintam isolados, pois não há fluxo emocional entre as partes. Quando o Outro tem motivações emocionais muito diferentes da nossa, uma barreira costuma se impor. Diferente do Sol, onde é possível uma ação consciente, a Lua reage inconscientemente ao ambiente vivido, e isso pode gerar jogos inconscientes bem doloridos e brincadeiras de gato e rato, onde um nega ao outro a segurança necessária para aprofundar a intimidade. Insegurança emocional gera defesas inconscientes, e se os parceiros ficam se defendendo, não há como criar intimidade. Se não conseguimos satisfação emocional em um relacionamento amoroso, não há como nutrir a parceria. A menos que existam outros pontos de contato entre os mapas, onde haja uma possibilidade de compreensão mutua, provavelmente nem mesmo os parceiros saberão o porquê da relação ser tão frustrante.
Vamos continuar a falar de sinastrias nas próximas postagens. Desculpem a falta de tempo para estar escrevendo com mais constância. Mas pouco a pouco vamos desvendando essa ferramenta.
segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009
Lunação nas Casas do Mapa Natal: Reabrindo o Boteco

A Astrologia divide a vida da pessoa em 12 áreas, que chamamos casas. Pretendo escrever com mais detalhes a respeito, mas aqui vai um esquema geral de cada uma e de como elas se organizam através dos eixos opostos, para podermos falar com um pouco de propriedade das Lunações. Para quem precisa de legenda, Asc = Ascendente (casa I); Desc = Descendente (casa VII); FC = Fundo do Céu (casa IV); MC = Meio do Céu (casa X).
Casa I (Asc) - Como sou - analogia com Áries
Casa II - O que tenho - analogia com Touro
Casa III - Como me comunico - analogia com Gêmeos
Casa IV (FC) - De onde venho - analogia com Câncer
Casa V - O que quero- analogia com Leão
Casa VI - Como sirvo - analogia com Virgem
Casa VII - Com quem me relaciono- analogia com Libra
Casa VIII - Trocas íntimas e transformadoras - analogia com Escorpião
Casa IX - Minha busca por compreensão - analogia com Sagitário
Casa X (MC) - Minhas ambições (para onde vou) - analogia com Capricórnio
Casa XI - Meu grupo- analogia com Aquário
Casa XII - Meu universo espiritual- analogia com Peixes
Eixos
Asc (Eu) - Desc (Tu) – forças que criam
II (Recurso Pessoal) - VIII (Recursos do outro) - matéria criada
III (Conhecimento Imediato) - IX (Conhecimento Superior) – lei da evolução
FC (Reino da Mãe) - MC (Reino do Pai) - missão ancestral
V (Criação Pessoal) - XI (Criação Social) – o amor
VI (Purificação/Trabalho) - XII (Contaminação/Transcendência) – sabedoria universal
Alguns lembretes são importantes. As Lunações, em geral, estarão mobilizando um eixo do mapa, mas pode acontecer também da Lua Nova ocorrer em uma casa e a Lua Cheia estar plena na casa seguinte da oposta por eixo. Isso significa que o eixo mobilizado naquele mês pode ter seus resultados vistos em outra área de vida também. É bem interessante acompanhar como isso acontece. É bom prestar atenção também na Lunação que acontece no seu mês de aniversário, pois ela irá mobilizar sua natureza solar, onde está sua fonte de energia e amor vital. O mês em que o Sol está no seu signo lunar trará a mobilização do seu centro emocional, e é uma época boa para ver como suas emoções e seus vínculos afetivos estão sendo trabalhados.
Lunações no Ascendente/Descendente
Essa lunação costuma ser a mais intensa do ano, pois mostra muito da necessidade de se agir no mundo de modo individualizado e da busca por companheiros de vida, que são dois aspectos muito mobilizadores da personalidade. Quando a Lua Nova ocorre no Ascendente temos energia para agir e ir atrás daquilo que somos de verdade. Esse é um bom momento para se começar coisas novas e para mudar comportamentos que percebemos que atrapalham nosso caminho. Nos dois dias que antecedem essa conjunção de Sol e Lua e nos dois dias posteriores, é bom avaliar o que é preciso ser feito e assumir a responsabilidade por aquilo em vez de esperar que o Outro, ou o Mundo, faça isso por você. Nessa Lua Cheia teremos o Sol no Asc. e a Lua no Desc. e aquilo que plantamos com nossas ações vão refletir nas nossas parcerias. Lembrando que na Lua Cheia temos uma oposição de luminares, aqui você vai perceber os desequilíbrios entre a sua ação individual e os ajustes necessários para a convivência com o Outro. Essa é a Lua Cheia boa para namorar e encontrar com @(s) parceir@(s), pois nosso satélite iluminado estará trazendo os frutos das iniciativas tomadas em favor da própria individualidade e permitindo que estejamos mais inteiros no contato com o Outro. Se nossas dissociações são muito intensas nessas áreas, porém, as discussões com nossos parceiros ou as dificuldade de se encontrar uma boa parceria trazem muita confusão e brigas.
No mês “contrário”, quando a Lua Nova acontece no Desc. e a Lua Cheia está no Asc, é o momento de ficar atento para aquilo que precisamos fazer em nossos relacionamentos pessoais para que eles sejam verdadeiros e bons para ambas as partes, tomando a iniciativa de alimentar nossas boas parcerias ou irmos atrás delas. Acredito que não exista nada na vida que mostre tanto de nós mesmos como nossos relacionamentos pessoais, sejam eles amorosos, de trabalho, de viagem ou do que seja. Nessa Lua Cheia nosso satélite estará iluminando nossa porta de entrada, digamos assim, e isso irá refletir muito dos nossos desejos de ação. Se você começar a brigar muito com seus parceiros nesse período, veja internamente se não está criando a expectativa de que o Outro faça por você coisas que você tem preguiça ou medo de desenvolver, ou se o relacionamento está exigindo limites demais de sua individualidade e você está se perdendo. Essas dissociações estarão sublinhadas nessa lunação, e, se não estamos muito inconscientes delas, pode ser exatamente o momento em que nossos parceiros reconhecem o valor da nossa individualidade e podemos fazer os reajustes necessários.
Lunações nas casas II e VIII
Nesse eixo nossos luminares vão trazer luz para a maneira como lidamos com nossos valores conscientes e de que modo interagimos com os valores inconscientes, que podem ser explorados na intimidade com o Outro. Isso muitas vezes se traduz através do dinheiro que recebemos por nosso trabalho, pois vivemos em um mundo capitalista que criou esse parâmetro de valor. Se subestimamos nosso valor, cobramos menos do que merecemos, e se nos sobreestimamos culpamos os Outros por não recebermos o que acreditamos que merecemos. Tanto em um como no outro caso, ficamos insatisfeitos com os recursos que temos disponíveis. Quando a Lua Nova acontece em nossa casa II temos energia para ir atrás daquilo que é nosso e modificar as coisas que nos impedem de reconhecer nosso verdadeiro valor. É um bom momento para olhar para nossa vida material e ver o que falta, tomando a iniciativa para conseguir isso. Se há algum dinheiro sobrando, veja se ele pode comprar aquilo que você está desejando e compre, ou avalie se o que você quer mesmo vale mais, e aplique esse dinheiro para que ele se multiplique e você possa ter aquilo que quer em vez de aceitar algo de menor valor e que não trará a mesma satisfação. Na Lua Cheia estaremos colhendo os frutos de nossas aplicações pessoais através daquilo que recebemos do Outro. Quando prestamos atenção nessa Lunação vemos o quão verdadeira é a Lei que diz que recebemos aquilo que damos. Quando a Lua Cheia ilumina nossa casa VIII temos um reflexo daquilo que plantamos na nossa auto valoração e percebemos todas as coisas que precisamos nos desfazer para abrir espaço para que novos recursos possam surgir. Quando a Lua Cheia mostra os valores inconscientes abrigados na casa VIII, é possível ver o quanto nossos valores pessoais estão distorcidos ou não, pois iremos colher no campo do Outro aquilo que plantamos no nosso quintal. Se plantamos nos sobreestimamos ou subestimando na Lua Nova, vamos querer que o Outro nos dê seus recursos para taparmos nossos buracos, mas se conseguirmos avaliar com clareza nosso valor, poderemos fazer uma troca equilibrada com o Outro de modo a nos desapegar daquilo que não nos serve mais e recebendo o que precisamos, não só no nível material mas também - ou talvez, principalmente - no nível emocional e transpessoal. Na Lua Nova contrária teremos essa energia concentrada ativando nossas trocas íntimas com o Outro, e é exatamente quando temos luz disponível para entrar no nosso porão para avaliar o que nos serve e o que está na hora de jogar fora. É o melhor momento para arrumar armários e olhar o que se guarda em casa, jogando fora o que não tem mais utilidade e passando para frente o que não usamos a muito tempo e provavelmente nunca mais vamos usar. Nesse sentido é também um bom momento para olharmos nosso porão emocional, e avaliar as mágoas que permanecem mais por orgulho do que por dor real, as vinganças que acalentamos no inconsciente e não têm mais sentido, as invejas e ciúmes que não temos coragem de admitir conscientemente. Se conseguimos separar esse lixo psíquico que guardamos no inconsciente, podemos abrir espaço para novas energias, alem de poder usá-lo como adubo para plantar coisas novas. Os frutos disso podem ser vistos na Lua Cheia que iluminará a casa II, pois quanto menos lixo carregamos, mais claros se tornam nossos valores pessoais, e podemos utilizar nossos recursos para adquirir aquilo que precisamos e queremos em vez de gastar compulsivamente aquilo que temos para alimentar as obsessões e cegueiras que travamos no inconsciente. Essa lunação serve para entendermos na pele que na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.
Lunação nas Casas III e IX
Esse eixo fala muito a respeito da nossa capacidade intelectual, e durante essa lunação teremos energia para avaliar nossas formas de comunicação e de busca por novos conhecimentos. Esse é o eixo em que percebemos como nos transformamos através do saber. Quando a Lua Nova ativa nossa casa III temos uma concentração de forças para nos comunicarmos e negociarmos aquilo que sabemos. Todas as atividades de troca são potencializadas, e se temos consciência de onde estão nossos problemas de comunicação com o entorno, podemos aproveitar para melhorar essa área de nossa vida. Desde aquele workshop de oratória ou aquela conversa que queríamos ter com o vizinho, até o bazar que queríamos organizar para vender o que não usamos mais ou a feira que sempre pensamos em ir para encontrar o que queremos por um preço mais baixo, são atividades propiciadas por essa conjunção de Sol e Lua. Esse também é um bom momento para retomar a comunicação conosco mesmo, voltando a escrever aquele diário no fim do dia ou a anotar os sonhos pela manhã. Na Lua Cheia que ilumina nossa casa IX vamos perceber como nosso horizonte se expandiu através das trocas pessoais, pois quanto mais e melhor conseguimos trocar informações com as pessoas - e conosco mesmos, claro! - mais facilidades teremos na hora de planejar uma viagem, buscar uma especialização ou mesmo transmitir e exercitar nossa filosofia de vida. Os problemas de dissociação dessas áreas em nós podem trazer muita confusão nessa Lua Cheia, e ninguém entende o que falamos, nosso orientador diz que nossa tese é um equívoco e lemos o mapa ao contrário, indo parar no lado oposto de onde queríamos ir naquela viagem. O que quero dizer é que a Lua Cheia na casa IX vai mostrar o quanto os nossos Grandes Conhecimentos (que vemos assim, com letras maiúsculas), são resultado também de nossa comunicação cotidiana, e por isso não pode estar dissociada dela. Já durante a Lua Nova em nossa casa IX temos energia para retomar aquele estudo ou grupo de estudos, começar um curso superior ou planejar aquela viagem para o exterior, e nos arriscarmos a expor aquilo que sabemos e acreditamos ser importante. Nossa necessidade de novos horizontes é energizado por essa conjunção de luminares, e podemos aproveitar essa força para iniciar nossos desejos nesse sentido. Os resultados do que foi plantado aqui poderão ser colhidos na nossa vida cotidiana durante a Lua Cheia que iluminará a casa III. O aumento de nossos conhecimentos faz com que tenhamos mais figurinhas para trocar com mais tipos de pessoas, se conseguimos sincronizar essas duas áreas de nossa vida. Mas se essas áreas estão dissociadas, você pode ficar bem irritados por estar cercado de pessoas que querem discutir a novela das 8 enquanto você está interessado mesmo é na República de Platão - ou vice-versa -, o que acaba provocando isolamento e/ou críticas destrutivas. Assim, aprendemos que não compramos flores no açougue ou carne no florista, e isso não é culpa nem do açougueiro nem do florista. Se conseguimos perceber isso, essa Lua Cheia pode trazer muito prazer de se sentar no bar e beber sem se preocupar com a profundidade relativa da conversação. Muitas vezes é através do comentário bobo feito sobre uma cena da novela que temos um grande insigh a respeito daquela parte da tese de doutorado que parecia sem saída.
Lunação no Fundo do Céu e no Meio do Céu
Essa também é uma lunação bem importante no nosso ano, pois energiza as nossa origem familiar e aquilo que queremos objetivar e construir na nossa vida social. Se colocarmos a imagem de uma árvore nesse eixo, essa Lunação mostrará o quanto a beleza da floração no alto da copa de nossa árvore está diretamente ligada à saúde das nossas raízes, assim como a força das raízes tem muito da sua vitalidade através da energia solar recolhida pela copa. Quando a Lua Nova energiza nossa casa IV temos oportunidade de, olhando para nossos vínculos familiares, perceber melhor como nos sentimos na intimidade com aqueles que partilhamos nossa casa - a família que construímos - e também aquilo que trazemos de nossa família de origem. É interessante estar percebendo como você se sente com a idéia de família, o que ela abrange em sua vida, e como ela te traz segurança emocional ou não. Esse é um bom momento para finalmente cumprir a promessa de ir ao Parque com as crianças ou de ir ver os pais no domingo. Se você puder visitar aquela tia avó velhinha e cheia de histórias a respeito dos seus avós e de seus pais adolescentes, isso pode te dar um monte de insights que melhorem os vínculos com os seus. E mesmo que você more em uma comunidade de amigos, esse pode ser um bom dia para fazer um churrasco e perceber o quanto há nos seus amigos traços de sua família de origem. A Lua Cheia trará os resultados da maneira como tratamos nossas raízes, e claro que os problemas que temos com nossos pais acabarão aparecendo em nossos chefes e também na maneira como nos vêem nossos subordinados. Quando a Lua Cheia está ativando o ponto mais alto de nosso mapa podemos ver as influências emocionais inconscientes atuando na estrutura que estamos construindo no mundo. É por isso que, se nos nutrimos de maneira saudável através de nossos vínculos familiares, poderemos colher nessa Lua Cheia uma maior tranqüilidade na hora de expressar nossa autoridade e, muitas vezes, é nesse momento que vamos ser reconhecidos pelo trabalho duro e consciente que fizemos para alcançar aquilo que queremos no mundo. Do mesmo modo, se estamos muito dissociados por essas duas áreas de nossa vida e temos a fantasia que podemos escapar dos problemas de nossa vida familiar através da autoridade que conquistamos no mundo, essa Lua Cheia pode ser particularmente difícil, já que os resultados dessa dissociação costumam trazer confusões emocionais e brigas no trabalho capazes de derrubar muitas das coisas que estávamos construindo em nossa escalada social. Já na Lua Nova que energiza nosso Meio do Céu, o Sol e a Lua estarão potencializando nossos objetivos mais altos, portanto é o momento para iniciar os projetos mais ambiciosos e plantar aquilo que queremos ver reconhecido pela sociedade que fazemos parte. Isso pode significar desde se sentir capaz de aceitar mais responsabilidade no trabalho ou enviar o paper para o Congresso que se quer participar, até mandar para um editor o manuscrito daquele livro escrito e arquivado na gaveta que você encontrou sem querer essa semana. Quando a Lua Cheia brilhar na sua casa IV, e mostrar os reflexos inconscientes do que você plantou no mundo, você poderá curtir sua família com a consciência de estar fazendo a sua parte na construção da sociedade, trazendo momentos muito gostosos e nutridores com aqueles que você ama. Caso contrário, se você estava plantando a fuga do seus vínculos afetivos, as Eríneas, protetoras da honra do clã, irão reclamar seu quinhão, e você se verá sem lugar para descansar da labuta no mundo. As lunações que envolvem nosso FC e nosso MC ensinam que a alegria de conquistar o mundo é proporcional à alegria de ter um lugar para descansar depois da vitória.
Lunação nas Casas V e XI
Nesse eixo vemos tanto a nossa necessidade de nos sentirmos únicos e criativos, nos divertindo com aquilo que gostamos independentes do que os outros gostam ou querem, e como participamos dos nossos grupos de amigos e de interesses comuns, onde temos que pensar no bem coletivo mesmo que isso não concorde com nossos gostos pessoais. Um bom exemplo para entender essa dinâmica é se imaginar jogando bola: se você está jogando com a parede, pode ficar o tempo todo com a posse de bola, mas se jogar uma pelada com os amigos na praia e ficar segurando a bola, vai acabar prejudicando o jogo e perdendo os amigos, por mais criativas que sejam as suas jogadas. Quando a Lua Nova traz força para nossa casa V, nossa energia criativa pode ser aproveitada para nos divertimos com a vida, sendo utilizada de maneira artística material, criando pinturas, esculturas, música ou o que seja, ou simplesmente fazendo coisas que dão alegria, como sair para jantar à luz de velas e depois dançar com @ namorad@, ir viajar ou escalar uma montanha, tirar o dia para ficar surfando ou lendo na praia. O signo que rege nossa casa V pode dar muitas dicas sobre o que fazer. Muitas pessoas - inclusive astrólogos - não dão a devida importância para essa área da vida, mas é através das coisas que gostamos e temos prazer em fazer que nossa identidade ganha substancia e sustentação. Hobbes, romances e filhos - os atributos tradicionais da casa V -, são as coisas que ganham a nossa assinatura - sim, filhos também - e que temos orgulho de mostrar. É exatamente porque temos o prazer de brincar nessa casa, que vamos dar aquilo que temos de melhor na sua realização. As dissociações e dificuldades que plantamos nessa área de nossa vida irão aparecer nos reflexos da Lua Cheia em nossa casa XI. Se não oferecemos oportunidade para nutrir nossa necessidade de diversão e criatividade, reconhecendo e valorizando nossa individualidade, vamos querer que o grupo faça isso por nós, e essa Lua trará o sentimento de que todo mundo é muito egoísta por não nos dar a oportunidade para nos expressarmos, fazendo do encontro social algo que gera tensão em vez da oportunidade de compartilhar nossa humanidade comum. Se temos essa questão melhor resolvida, porém, essa Lua traz exatamente o desejo de compartilhar o que temos de melhor com aqueles que qualificamos como iguais e que alimentam aquilo que realmente somos. Sair com os amigos se torna não apenas divertido, mas também ajuda em nossa fé na Humanidade. Na Lua Nova da nossa casa XI temos energia para investir em nossos grupos sociais, o que significa força para começar desde aquele trabalho voluntário que tanto se queria fazer, quanto ir buscar aquele amigo que as tarefas cotidianas acabaram afastando do convívio mas que você sente falta de quando se encontravam e tinham tanta coisa para conversar. Essa é uma conjunção de luminares que possibilita olhar para os grupos que freqüentamos de modo a perceber onde queremos investir mais energia e onde perdemos o interesse e não vale mais a pena estar. Quando a Lua Cheia refletir e iluminar nossa casa V veremos de que modo estamos utilizando os nossos grupos inconscientemente, e, se esse eixo estiver equilibrado internamente, teremos mais prazer em ser quem somos e em dar nossa contribuição pessoal, de modo que os encontros sociais podem ser bem prazerosos. Do contrário, se ainda não conseguimos equilibrar essas duas esferas de vida, na Lua Cheia vamos cobrar aquilo que demos para a coletividade, muitas vezes nos tornando irresponsáveis como uma criança birrenta. Aí podemos querer seduzir @ líder do grupo para conseguir vantagens, faltar na reunião importante para ir pescar ou simplesmente nos isolarmos porque ninguém nos entende mesmo.
Lunação nas Casas VI e XII
Essa é uma lunação muito interessante de ser observada, e pode ser usada para todos os tipos de purificação que queremos fazer conosco. Quando temos a Lua Nova em casa VI há uma concentração de forças para fazermos as desintoxicações físicas que necessitamos. Tradicionalmente se atribui a essa casa as questões de trabalho e saúde, por serem as duas coisas que nos dão autonomia na vida. A lunação que começa em casa VI, então, pode ser aproveitada para iniciar o combate àquilo que nos aprisiona, como vícios ou noites mal dormidas, kilos a mais ou ingestão de muitas bobagens alimentares. O mais interessante nesses dias é prestar atenção no que se come, buscando coisas mais leves e saudáveis, dormir bem e ficar atento para como se cuida e se utiliza o corpo físico. Geralmente temos também mais energia para o trabalho e conseguimos focar nossas tarefas de maneira a conseguir maior eficiência. Já na Lua Cheia que iluminará a casa XII, teremos os resultados “internos”, daquilo que plantamos na casa VI, que virá em forma de confusão, stress e sobrecarga emocional, se não nos cuidamos ou trabalhamos demais, ou da possibilidade de entender e aprofundar o contato com nosso Self, se estamos olhando para nós mesmos com maior cuidado. Essa é uma boa Lua Cheia para se fazer uma fogueira na praia e praticar mantras. Já na Lua Nova que concentra forças na nossa casa XII, temos energizada nossa área mais inconsciente e é um bom dia para se começar ou voltar a praticar meditação. Mesmo que não se seja adepto de nenhuma prática desse tipo, é bom se dar um tempo para ficar sozinho e em silêncio para ver como vai sua vida espiritual, colocar um incenso na casa, acender uma vela para Aquilo que se acredita ou fazer um pequeno ritual honrando as forças invisíveis que nos sustentam. Na Lua Cheia que ilumina a casa VI podemos ter insights em nosso trabalho advindos do inconsciente honrado na Lua Nova, ou ficarmos muito sem foco e não conseguirmos nos concentrar, criando bastante confusão no nosso cotidiano, comendo mal, dormindo pouco e nos apegando mais ainda aos nossos vícios.
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