sexta-feira, 15 de novembro de 2019

Os Conflitos astrológicos podem revelar onde a personalidade resiste ao fluxo natural rumo à união interna e externamente. Essa é uma oficina para, através do mapa astral, buscar uma visão maior que traga Luz e supere o medo do impulso cósmico de união. E vamos para São Paulo! Espaço super especial em Pinheiros. Bem vindos todos!  Possibilidade de parcelamento para inscrições antecipadas 

domingo, 6 de outubro de 2019

Netuno Enquadrado Com Júpiter


"Quem dentre a legião dos anjos me ouviria, se eu gritasse?"



Estamos vivendo um período de conflito entre Netuno e Júpiter, os dois planetas que falam de nossas necessidades de expansão e transcendência que estão em seus domicílios, respectivamente Peixes e Sagitário, o que afeta diretamente qualquer coisa que estiver nos signos Mutáveis nesse ano.

A quadratura costuma ser o aspecto mais difícil de integrar, pois carrega uma força que exige que se concretize aquilo que é abstrato, em geral sentido como uma verdadeira crucificação do espírito. E quando falamos de dois Planetas que expandem nossas buscas espirituais, temos aqui a oportunidade de mobilizar forças nesse sentido. Como a conjunção Plutão/Saturno em Capricórnio está exigindo muita atenção em nossa vida material, essa quadratura pode passar despercebida como fruto dos nossos desafios financeiros e estruturais, mas uma análise mais atenta mostra que estamos tendo que lidar com uma crise que diz respeito também à nossa vida interior, onde devemos encontrar as pedreiras para ‘extrair as pedras e construir com elas as paredes perpendiculares do futuro edifício’, como dizia Dane Rudhyar. A quantidade de medicamentos para acalmar nossa psique que anda sendo distribuido para qualquer modulação emocional que dificulte nossa produção material também ajudam a esconder e tirar a força dos movimentos do espírito, já que as emoções são o principal instrumento do inconsciente para conversar conosco. Tanto Netuno quanto Júpiter não reconhecem os limites mundanos e não têm nenhum pudor em passar por cima das barreiras que limitam nossa realidade para nos fazer ir além, e não confiar nas próprias emoções pode dificultar o trabalho que precisamos fazer nesse momento.

Como é fácil perceber, essa oportunidade que a quadratura Netuno/Júpiter está nos oferecendo não será aproveitada através das ferramentas utilizadas para nossas questões cotidianas, pois planejamento, análise racional e trabalho duro podem criar mais obstáculos do que caminhos. Netuno distorcido cria ilusões e Júpiter distorcido cria exageros, então se quisermos dominar essa quadratura de maneira utilitária o mais provável será sermos dominados por ilusões exageradas que esgotam nossas forças e complicam mais ainda nossas vidas. Se nossa vida externa possui limites claros, nossa vida interior não obedece essa lógica, portanto precisamos silenciar nossas mentes e sintonizar essa outra dimensão. Meditações e orações são as maneiras clássicas para adentrar nesse outro mundo, mas música, dança, contemplação de obras de arte ou de paisagens naturais, e mesmo caminhar sem destino determinado podem oferecer momentos de conexão úteis para trazer a expansão que essa quadratura necessita. Se você possui papel e lápis de cor em casa, vale a pena tentar colocar em imagens e/ou cores aquilo que você anda sentindo, sem se preocupar com aquilo que aparecer, se é bonito ou feio, bom ou mal, já que o inconsciente não trabalha com essas categorias. Os sonhos também são uma fonte clássica de informações inconscientes, então é importante dar-lhes atenção devida, seja anotando, desenhando ou mesmo contando para alguém de confiança. 

Sagitário representa o Fogo Sagrado, o fogo utilizado para queimar as oferendas materiais para que elas cheguem à divindade. Peixes é o oceano, a Água com profundidades abissais e superfícies férteis. Júpiter em Sagitário traz o Fogo Sagrado para mais perto nos fazendo acreditar mesmo sem ver. Na fé católica é o momento em que Jesus sobe aos céus e deixa com seus seguidores o Espírito Santo: “Não vos pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e Samaria e até os confins do mundo’’ (Ato dos Apóstolos 1.7-8). Júpiter traz a fé que nos é dada para crermos em algo maior que nos acompanha e dá a força para espalhar a boa nova, superando as dificuldades e traumas que nos paralisa e inibe, revelando a verdade que aprendemos e expandindo nosso horizonte de atuação. Netuno retrata o momento de elevação da divindade, quando ela sobe aos céus e desaparece da vista dos seres humanos (Atos dos Apóstolos 1. 9-11): “Dizendo isso, elevou-se (da terra) à vista deles, e uma nuvem o ocultou aos seus olhos. Enquanto o acompanhavam com seus olhares, vendo-O afastar-se para o céu, eis que lhes aparecem dois homens vestidos de branco, que lhes disseram: ‘Homens da Galiléia, por que ficais aí a olhar para o céu? Esse Jesus que acaba de vos ser arrebatado para o céu voltará do mesmo modo que o vestes subir para o céu’”. Netuno traz esse olhar de abandono dos discípulos para os céus em busca do Mestre que ensine o caminho. O conflito entre esse vazio netuniano e a força jupiteriana é propício aos fanatismos se continuarmos esperando a volta do Mestre olhando para os céus em vez de O realizarmos na terra, por isso é tão importante transformarmos essa inspiração em algo concreto em nossas vidas, mesmo que isso signifique abrir mão de valores muito concretos que cultivamos ao longo do tempo.  É preciso verdadeira coragem para seguir as orientações do inconsciente sem se deixar dominar pelas ilusões e grandiosidades prometidas por falsos profetas. Uma das maneiras que funciona bem para mim é lembrar que qualquer grandiosidade que encontre em mim nas minhas conversas com o inconsciente, pertencem na verdade à toda Humanidade, portanto não me dá nenhum privilégio ou direito especial sobre os outros. Qualquer desejo ou ideologia que nos coloca em um lugar especial e separado dos Outros, vistos como inimigos, tem certamente uma contaminação arquetípica cheia de distorções Netuno/Júpiter, pois, como disse o profeta Joel (Jl 3, 1-3): “Derramarei do meu Espírito sobre todo ser vivo; profetizarão os vossos filhos e vossas filhas. Os vossos jovens terão visões e vossos anciãos sonharão”. Esse trecho de Joel me lembra o discurso de Greta Thumberg na ONU dizendo : ”Como vocês ousam falar de lucro quando a vida no planeta está em risco?” Para quem não ouviu, segue o link:




Ou seja, você não precisa entrar para uma Igreja ou se encontrar em alguma religião ou filosofia ou ideologia para aproveitar a necessidade de crescimento interior que o céu nos apresenta nesse momento, apesar de você poder também aproveitar os instrumentos oferecidos por essas coisas. Basta ouvir as visões corajosas dos jovens e os sonhos dos anciãos, os internos e os externos. Para quem tem olhos para ver e ouvidos para ouvir. Há mais de 30 anos a Ciência vem nos avisando que caminhamos para um abismo sem retorno, quem sabe agora, ouvindo os sonhos e visões conseguimos fazer as mudanças internas que se fazem cada dia mais urgente para construir um edifício mais amplo de futuro. Sem dúvida as saídas para o que vivemos hoje precisarão ser buscadas no inconsciente.

domingo, 7 de abril de 2019

E vamos fazer a Oficina dos CONFLITOS ASTROLÓGICOS 2!!!!


É com grande alegria que convido a todos os meus queridos leitores, para a Oficina que vem crescendo no mundo desde o ano passado.


Será um sábado inteiro e vamos trabalhar 2 mapas apenas, mas com a possibilidade de participação como representante. 

Com o Conflitos 1, vi que era importante um pouco de aula e vivência com os planetas antes de trabalhar o mapa todo, então teremos uma manhã para olhar e experimentar os próprios planetas, para de tarde vivenciarmos mapas natais por inteiro, com suas complexidades, conflitos e possibilidades de integração.

Será dia 29/07/2019, aqui em Floripa. Mais informações e reservas no e-mail CONFLITOSASTROLOGICOS@GMAIL.COM,
ou pelo Whatsapp +55 (48) 98829-6064


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Urano em Touro


"Pela casa da Vida eu vagueio
Pelo caminho do pólen,
Com um deus de nuvem eu vagueio
Até um lugar sagrado"


The Blessing Chant, citado por Margareth Schevill Link em O Caminho do Pólen

Imagem de Daniel Merriam  https://bubblestreetgallery.com/ 
 
Urano começou seu passeio através do signo de Touro dia 15 de maio de 2018. De novembro de 2018 até março de 2019 ele volta para Áries para fazer uns acabamentos e depois segue por Touro até 2025. Enquanto Áries, o Fogo Cardinal, traz o nascimento do novo através do rompimento com o que está indiferenciado, Touro, a Terra Fixa, traz a consolidação daquilo que rompeu a barreira para vir ao mundo. E vamos combinar que o que veio não foi assim algo que nos dê esperança de progressos civilizatórios. Mas ninguém pode reclamar de ter ficado parado. O processo de Urano em Áries esteve trabalhando em quadratura com Plutão em Capricórnio, e com isso a inovação ariana veio junto com um estouro do cano do esgoto humano em suas estruturas capricornianas. Não é algo bonito de se ver, mas não acredito que haja alguém que duvide da necessidade que tínhamos - e temos ainda – dessa mudança estrutural para transformar os paradigmas que está nos fazendo destruir o planeta.  É verdade que tem gente propagando a Terra Plana, mas ai já estamos em outro patamar de sanidade. Touro e Capricórnio estão conectados pelo elemento Terra, portanto nos falam dos recursos materiais que nos sustenham, simbólica e materialmente. Nossos recursos, posses e valores, nosso talento em ver e fazer as belezas venusianas se tornarem reais, são um guia para a criação de nossos mundos orientados por Touro, mas sendo esse um signo instintivo, como seu complementar oposto, Escorpião, quando bloqueamos a possibilidade de viver essa natureza de forma harmônica, em geral por medo, isolamento e desconfiança de nossa natureza básica, podemos criar muita crueldade . Urano em Touro vai mexer nesses recursos para liberar novas possibilidades, e se for bloqueado pode causar grande frustração, dor e raiva.

Urano trabalha sobre tudo com a força das ideias, com a mudança trazida do inconsciente coletivo que invade nossos pensamentos. Quando essas mudanças envolvem recursos, podemos inventar novas maneiras de utiliza-los, interna e externamente, para nos tornarmos mais livres e desenvolvermos mais nosso potencial humano criativo. Isso gera mudanças geniais, capazes inclusive de transformar a imagem que temos de nós mesmos. O grande inimigo das mudanças – sempre - é o medo, pois associamos mudança com morte e acreditamos que vamos deixar de ser se as coisas mudarem. Aí podemos nos tornar bem mesquinhos e pequenos, adotando a crença de que “farinha pouca, meu pirão primeiro”, encarando o Outro como aquele que rouba os recursos que eu desejo. O sofrimento vem dessa crença. Qual caminho iremos escolher? Faites vos jeux, mesdames et messieurs... Para Urano, que vive além do cinturão de asteroides, tanto faz.

Podemos esperar desse processo uraniano o rompimento das fronteiras, e, apesar das migrações fazerem parte da história humana desde sempre (o historiador Klaus J. Bade, da Universidade de Osnabrück, autor do livro Migration in European History, diz que “o 'homo migrantes' existe há tanto tempo quanto o homo sapiens (...), a migração é uma parte da condição humana tanto quanto o nascimento, a reprodução, a doença e a morte.”), será importante observar as migrações desse período. Isso porque a nossa necessidade de recursos nos leva a busca de novos horizontes, e sendo assim, nos obriga a transformar nossa forma de existir. Urano em Touro promete desenraizamentos para nos fazer mudar. Isso é algo significativo quando olhamos para outros períodos de Urano em Touro.

Urano, desde que foi avistado, esteve em Touro de 1850 a 1857 (conjunção com Plutão de 1848 a 1853, antes do avistamento de Plutão) e de 1934 a 1941, quando se armou e detonou a segunda Guerra na Europa. Esse planeta traz a ruptura com estruturas e hierarquias que impedem o desenvolvimento da liberdade individual, e não é raro que isso se associe a muita destruição, seja porque grupos se sentem no direito de se apropriar dos recursos do vizinho, seja porque os recursos se tornam escassos e se é obrigado a deixar o conhecido em busca de mais recursos. Nos períodos de Urano em Touro temos uma migração europeia em massa para os continentes americano e australiano, principalmente, forçada pela guerra e pela fome. Números consolidados por diferentes historiadores estimam que entre 50 e 60 milhões de europeus deixaram seus países em direção a lugares tão distantes como Brasil, Estados Unidos, Sibéria e Austrália entre 1815 e 1950. Uma parte deles chegou a voltar para a Europa, mas a maioria se estabeleceu de vez no novo mundo, passando a ter uma influência decisiva na construção desses países. A migração realizada nesses períodos de Urano em Touro tem o diferencial de ser feita por pessoas com um anseio de realizar uma mudança de vida, não apenas pelos excluídos socialmente, mas por aqueles que de alguma maneira querem um tipo de vida diferente daquela que domina sua própria sociedade.

Uma boa ilustração para essa diferença é a migração alemã para o Brasil. A primeira leva de imigrantes para o Brasil a partir de 1824 (Urano em Capricórnio), vindos da Prússia, eram recrutados entre presidiários alemães em cadeias e casas de correção de Mecklenburg e de alemães indigentes que, ao saberem que o Brasil estava oferecendo terras, foram para Bremen e Hamburgo em busca de uma passagem para serem mandados para São Leopoldo. O naturalista Theodor Bösche, que fez parte de uma dessas primeiras viagens organizadas por Schäffer - amigo da imperatriz Leopoldina -, na qual havia 90 ex prisioneiros de Macklenburgo, observou: "O nosso navio tomou várias centenas de pessoas. Tremi ao avistar aquela gentalha rota, de que muitos malogram encobrir a nudez e cuja atitude trazia o cunho da rudeza e da bestialidade". Era uma troca onde a Prússia fazia uma higienização social e o Brasil um branqueamento da sua população.

Após 1850, enquanto Urano transitava de Áries para Touro, mudanças fundamentais foram feitas, e as despesas com demarcação de lotes e assentamentos de colonos foram transferidas do governo imperial para as províncias. Visando diminuir suas despesas, o Estado permitiu a atuação de companhias particulares de colonização, que compravam as terras e as revendiam aos imigrantes. Em 1850, a Lei de Terras estabeleceu que os colonos apenas poderiam ter a posse da terra por meio da compra e não da simples posse como ocorria anteriormente. Isso significa que os imigrantes desse período precisavam ter alguma posse para investir nessa nova vida. Os que não tinham condições para isso vinham trabalhar em fazendas de café em São Paulo, mas as denúncias contra o sistema de parceria em São Paulo, materializadas com a revolta dos colonos da fazenda Ibicaba contra as péssimas condições de trabalho, fizeram com que a Prússia proibisse a imigração para o Brasil em 1859. Mais tarde, essa restrição seria revogada apenas para os três estados sulinos.  Esse também e o período de migração irlandesa para os EUA, onde chegaram em massa após a grande fome de 1845-1852, e que se tornaram uma face importante da identidade de lá.   

No outro período de trânsito uraniano por Touro, de 1934 a 1941, época da ascensão do Nazismo na Alemanha e II Guerra na Europa, temos um grande contingente de alemães imigrando para o Oriente Médio: segundo dados do Museu do Holocausto dos EUA, cerca de 60 mil alemães de origem judaica migraram nesse período para a Palestina, na área que viria a formar o Estado de Israel. A ascensão do nazismo na Alemanha em 1933 e a guerra que se seguiu, porém, criou grande onda migratória europeia, não só de judeus, mas também de opositores políticos e religiosos, assim como artistas perseguidos pelo regime. Cerca de 16 mil conseguiram vistos de entrada para o Brasil. Entre eles estavam políticos alemães, como Johannes Hoffmann, que após o fim da Segunda Guerra voltou para a Alemanha e se tornou governador do estado do Sarre, onde fundou o Partido Popular Cristão do Sarre. Nem a Alemanha, nem Hoffmann, nem o Brasil eram os mesmos.

A constante migração humana durante nossa história no planeta ganha cores dramáticas nesse novo período de Urano em Touro, já que atualmente, além dos conflitos humanos, também temos que dar conta do aquecimento global que coloca em risco nossos recursos. Uma das consequências desse deslocamento é a mistura de culturas e o rompimento das fronteiras, reais e simbólicas. Parece que caminhamos dolorosamente para a consciência planetária de que somos conectados e não há como salvar alguns se não salvarmos a todos. Mesmo que haja essa onda antidemocrática, xenófoba, racista, misógina que, sabemos com certeza comprovada, manipula as massas para que acreditem em uma prisão confortável e isolada, não há mais como negar que estamos em uma situação limite.  Urano é difícil da mesma maneira que ser livre é difícil, pois implica em ter consciência das escolhas e assumir a responsabilidade por elas sem delegar esse privilégio a ninguém. Economistas e estudiosos da situação global falam de maneiras muito simples e práticas de resolvermos as questões que nos afligem, inclusive com exemplos de muito sucesso. Um desses economistas e o brasileiro Ladislau Dowbor, que tem um site incrível e super didático que ensina economia para quem se interessar: www.dowbor.org.  Para isso teremos que parar de buscar privilégios para focar em direitos, e parece que essa ainda é uma grande barreira. Sabemos que a semente do nazismo alemão foi plantada pela ambição e mesquinharia dos países aliados da I Guerra na Europa, que, ao vencerem a disputa, deixaram a Alemanha na miséria e cheia de dividas, criando uma população com necessidades básicas não atendidas que se deixou seduzir pela fantasia de uma gloria utópica e exclusiva que a tiraria do sofrimento. Oitenta anos depois, com todo o avanço tecnológico desenvolvido, com a consciência global criada, com o conhecimento que acumulamos, estaremos preparados para dar uma resposta melhor, maior e mais inteligente para a passagem de Urano em terras taurinas? Condições para isso, temos de sobra.