quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

2009 - UM ANO SOLAR

“Além disso, não precisamos correr sozinhos o risco da aventura, pois os heróis de todos os tempos a enfrentaram antes de nós. O labirinto é conhecido em toda a sua extensão. Temos apenas de seguir a trilha do herói, e lá, onde temíamos encontrar algo abominável, encontraremos um deus. E lá, onde esperávamos matar alguém, mataremos a nós mesmos. Onde imaginávamos viajar para longe, iremos ter ao centro da nossa própria existência. E lá, onde pensávamos estar sós, estaremos na companhia do mundo todo.”
Joseph Campbell - O Poder do Mito.

Depois de 2 anos encontrando nossos desafios externos, com a regência de Júpiter em 2007 e de Marte em 2008, vamos agora encontrar aquilo que nos dá vitalidade interna em 2009, com a regência do Sol para esse ano.

O Sol, como centro do sistema em que vivemos, é símbolo do nosso desenvolvimento mais pessoal, da nossa busca por expressar no mundo o que temos de melhor. Na consciência solar encontramos nosso herói, que se sabe único e destinada a algo especial. O herói, no início, não se reconhece heróico, apesar de uma sensação de ser diferente daqueles que o cercam. Mesmo assim, responde ao chamado da aventura e acaba desenvolvendo esse potencial durante o caminho. Olhando para o Sol, no nosso mapa, podemos ver que tipo de aventura e desafio nosso herói encontra nesse processo.

Em um ano solar recebemos “inspiração”, digamos assim, para tomarmos consciência dessa dimensão interna. Prestar atenção às situações em que somos chamados para a aventura de nos tornarmos nós mesmos e desenvolvermos o potencial criativo que nossos desejos intuem, é a melhor maneira de aproveitar essa inspiração.

Mas, mesmo com todas as promessas de Luz e encontro com o centro criativo que esse ano promete, o primeiro passo a ser dado para aproveitar essa força é aceitar a solidão que ela implica. Ser “especial”, significa compreender que estamos sozinhos quando decidimos seguir nosso próprio caminho. Recebemos muita ajuda de todas as dimensões para cumprirmos nossas tarefas, mas a decisão é solitária, e sem nenhuma garantia para o ego de que conseguiremos conquistar esse prêmio tão valioso, apenas uma vaga sensação de destino a ser cumprido. A percepção disso ajuda a diferenciar o impulso solar do impulso lunar: através da Lua nos sentimos fazendo parte do nosso entorno, da família, da sociedade, buscamos a segurança de nos sentirmos amados e protegidos, vamos atrás daquilo que nos nutre; através do Sol nos sentimos únicos e buscamos a aventura da vida, projetando o melhor que podemos dar ao mundo. Essa escolha de se separar daquilo que é conhecido por causa de algo que nos chama interiormente não é, portanto, um ato de rebeldia e sim um ato de amor, e é por isso que receberemos tanta ajuda e força para nossa jornada.

Aproveitemos esse ano solar para iluminar, ou seja, colocar consciência, em todas as crenças errôneas que nos enchem de medo de atender ao chamado da aventura da vida, da busca por nós mesmos. É sempre possível recusar esse apelo interno, pois a nobreza e integridade solar implicam em escolher livremente esse caminho e aceitar seus riscos, em vez de culpar os outros e/ou o mundo pelas dificuldades encontradas. Mas, como nos diz Joseph Campbell: “Com freqüência na vida real, e com não menos freqüência nos mitos e contos populares, encontramos o triste caso do chamado que não obtém resposta; pois sempre é possível desviar a atenção para outros interesses. A recusa à convocação converte a aventura em sua contraparte negativa. Aprisionado pelo tédio, pelo trabalho duro ou pela “cultura”, o sujeito perde o poder da ação afirmativa dotada de significado e se transforma em uma vítima a ser salva. Seu mundo florescente torna-se um deserto cheio de pedras e sua vida dá uma impressão de falta de sentido - mesmo que, tal como o rei Minos, ele possa, através de esforço tirânico, construir um renomado império. Qualquer que seja a casa por ele construída, será uma casa da morte; um labirinto de paredes ciclópicas construído para esconder dele seu Minotauro. Tudo que ele pode fazer é criar novos problemas para si próprio e aguardar a gradual aproximação de sua desintegração.”

Esse é um trecho do livro O Herói de Mil Faces - Ed. Cultrix/Pensamento - SP - 10ª edição - 1997 - e eu recomendo calorosamente a leitura e releitura desse livro para esse ano solar que vamos entrar. Aliás, ótima pedida para amigos secretos e demais demandas de presentes de Natal.

Esse fim de ano de Marte ainda pode ser aproveitado para energizar nossa psique e abrir os caminhos que faltaram. Sasportas chama Marte de “capanga do Sol”, e se conseguimos aproveitar 2008 para encontrar nosso inimigo interno e abrir novas trilhas de ação, em 2009 será mais fácil o Sol caminhar com toda a sua majestade para nossa aventura de ser. Então, que venha o Sol, tão aguardado aqui em Santa Catarina, e que possamos ser especiais, e, assim, fazer a diferença.
Em janeiro volto às publicações regulares, e esse ano pretendo falar mais sobre a dança dos planetas. Até lá.