terça-feira, 23 de setembro de 2008

Astrologia de Boteco do SUS: Descubra Seu Quiron e Converse Com Seu Médico

Quirón está nos trazendo a possibilidade de reconciliar nossos instintos e nossa espiritualidade que, desde a Antigüidade, foram dissociadas. A cura prometida por esse planeta envolve nossa capacidade de agir de modo integral, com o coração, a mente e o espírito, através da compaixão. O signo e a casa onde se encontra nos mostra como essa dissociação nos tornou mais frágeis e, por isso abertos para a ferida incurável. Para se encontrar um equilíbrio onde temos Quiron, precisamos aprender a liberar o passado e ter coragem para nos abrirmos a uma nova consciência que se esforça para encontrar o caminho até nós. Só assim podemos deixar a dor para trás e encontrar a cura, para nós e para quem estamos conectados.


Quiron em Áries
Quando associado ao Guerreiro de Fogo, Quiron irá criar dificuldades para a afirmação pessoal, o que acaba causando medo com relação às coisas novas e à ambientes estranhos. Ao mesmo tempo, há um impulso para agir heroicamente, como se precisasse cumprir alguma missão para justificar sua existência. Nesse abismo que se abre entre o medo de se expor e a “obrigação” de agir se encontra a ferida e a dor intolerável de se saber sozinho e sem proteção para expressar o que realmente se sente e se deseja. Geralmente se tenta fugir desse buraco lutando pelos desejos e necessidades dos outros, o que só faz com que o vazio da falta de motivação interior cresça. Quiron em Áries ensina a pessoa a olhar para o Universo, descobrindo e aceitando o tamanho de sua insignificância. E como a cura de Quiron se apresenta sempre como um koan zen, é assim que se pode mergulhar no vazio e encontrar a imensa vitalidade que se encontra na essência existencial de Áries.

Quiron em Touro
Touro é o signo do prazer e da segurança que nos dá o plano físico, através do qual podemos concretizar nossos valores internos. Quiron aqui geralmente se associa a uma sensação de inadequação e fragilidade com relação ao corpo físico e aos recursos pessoais. Os instintos sexuais e territoriais parecem perigosos, e, na tentativa de controlá-los, a pessoa vai se afastando cada vez mais de seus instintos básicos e se sentindo mais e mais sem valor ao tentar corresponder aos valores de outras pessoas, estranhos à sua própria natureza. Uma dificuldade comum de se encontrar quando Quiron está em Touro é o da compreensão simbólica das coisas, o que leva a pessoa a ver tudo de maneira muito concreta e paralisante. E assim, a vida material e o corpo físico parecem ser fonte de dor e sofrimento, e a pessoa acaba se limitando porque tem que estar sempre acumulando recursos externos para sobreviver ou rejeitando o prazer que a vida material pode fornecer. Esses dois caminhos levam à avareza e aprofundam o vazio da ferida. É preciso que se aceite a dor por ser rejeitado ao não corresponder aos valores dos outros e por muitas vezes não conseguir concretizar as coisas exatamente como gostaria, para então reconhecer o valor dos diferentes dons ao seu redor e juntar vários recursos para construir algo no mundo material. Assim é possível se curar encontrando segurança interna por participar da construção de um mundo melhor e mais bonito e não por se possuir algo externo sem ressonância interna.

Quiron em Gêmeos
Quando Quiron encontra com os Dioscuros, ele separa os irmãos, não há alguém para conversar e a sensação de isolamento é profunda. Ninguém parece escutar ou entender a pessoa, e se busca desordenadamente absorver todas as informações ao redor na tentativa de compreender o mundo e ligar todos os fragmentos de pensamentos dispersos dentro de si. E assim, se perde tanto a percepção do que são pensamentos pessoais quanto do poder das palavras, deixando que padrões de pensamentos destrutivos confirmem crenças errôneas. Isso muitas vezes leva ao medo de se perder a cabeça e desenvolver algum tipo de patologia mental. Assim como Santo Agostinho teve que aprender que é impossível fazer com que o oceano caiba em um buraco na areia da praia, Quiron mostra em Gêmeos que por mais que se saiba, por mais que se compreenda, nossa cabecinha humana ainda é muito pequena para entender sequer a superfície do Infinito, mas, mesmo assim, esse é nosso principal instrumento para buscar a verdade. Ao aceitar a frustração e a dor de não poder expressar o que há de mais profundo e significativo da alma é possível conhecer o poder curador de expressar o que se sente, não para que os outros nos entendam, mas para podermos tocar a solidão dos outros com nossa expressão e pensamentos. A solidão compartilhada pode se tornar menos opressora.

Quiron em Câncer
Câncer mostra nossa capacidade de dar e receber amor, criando vínculos afetivos capazes de nos dar segurança emocional em nossa caminhada pelo mundo. Quando Quiron está em Câncer, as raízes não são capazes de nutrir, às vezes porque a própria raiz está doente, às vezes porque o solo onde nascemos já não tem mais nutrientes para oferecer. Como esse aprendizado em geral é feito através da mãe em uma fase do desenvolvimento em que ainda não temos consciência de sermos um ser separado daquilo que nos nutre, quando Quiron intervêm nessa relação a incapacidade nutritiva da mãe ou do ambiente em que nascemos é incorporada à alma, e assim a pessoa se sente sempre faminta, mesmo quando cercada de abundância. É comum achar insuportável entrar em contato com as próprias necessidades afetivas de nutrição, então se passa muito tempo aprendendo a controlar as emoções e sentimentos - que são vistas como “sentimentalismos” ou “bobagens” - ou criando vínculos pouco saudáveis por não conseguir diferenciar o que é veneno do que é nutrição real. Busca-se nutrir ao outro como maneira de fugir ao buraco nutritivo interno, mas qualquer ameaça de separação acaba fazendo com que a ferida doa ainda mais. É preciso de muito cuidado e carinho para se achegar à zona dolorida de Quiron em Câncer, encontrar a criança ferida e subnutrida e conquistar a sua confiança para que expresse seus sentimentos espontâneos e pueris de modo a que se possa começar um lento processo de auto nutrição verdadeira. O reconhecimento da própria fragilidade emocional aplaca a dor da solidão que existe em nosso âmago, e então é possível tocar e ser tocado pela sutil força da vida, capacitando a reconhecer e recuperar a magia da existência ao seu redor e em todas as pessoas que encontrar pelo caminho, sem apegos, com amor, pois se aprendeu o verdadeiro valor dos vínculos afetivos.

Quiron em Leão
Em Leão encontramos a força de sermos filhos do Deus, herdeiros legítimos de nosso lugar único no mundo, geradores de vida e de paixão pela vida. Quiron rompe dolorosamente a conexão com o centro divino e criativo, e não há como reconhecer-se naquilo que se cria, nem há um pai divino que proteja e mostre o caminho. Assim a auto expressão é sempre acompanhada por dor e insegurança, e se deixada livre pode gerar bastante destruição. O conflito interior gerado por essa ferida pode criar muito ressentimento, pois por mais técnica que a pessoa desenvolva para se auto expressar, sempre faltará a alegria, a espontaneidade e o amor pela vida que deveria acompanhar essa expressão. É preciso desenvolver coragem para expor a alma ferida para então descobrir como recriar essa conexão profunda com o Deus também ferido que habita sua alma. Então se será capaz de encontrar o divino em todos que encontra, e ajudar a que cada um descubra esse caminho interno.

Quiron em Virgem
Esse é o signo da colheita, onde se conquista a independência e a autonomia através do trabalho útil e da percepção inteligente de como aproveitar melhor a si mesmo para produzir bons frutos no mundo. Pois quando Quiron age através de Virgem, sempre há uma enorme inundação ou uma terrível seca quando o trigo está prestes a ser colhido. Assim, ao mesmo tempo que não se consegue parar de plantar, a esperança de conseguir usufruir do próprio esforço parece cada vez mais utópica, e, é preciso parar o trabalho automatizado e começar a escutar o que os deuses estão querendo, pois não vai adiantar tentar controlar a vida, por mais esforço que se dispense nisso. Através dessa ferida, Quiron mostra a diferença entre um emprego, automatizado e que visa apenas a sustentação física, e um trabalho vocacionado, onde a pessoa se dá por inteiro, aceitando as próprias imperfeições e dificuldades, além de todo o caos inerente aos movimentos da vida. As dissociações básicas de Virgem entre corpo e mente, puta e santa, espiritual e material, precisam encontrar sua síntese em nome de uma maior integridade para se encontrar alívio da dor. Nesse trabalho alquímico consigo é que se encontrará a compaixão capaz de fazer frutificar até as terras mais desérticas.

Quiron em Libra
A Balança, em busca de harmonia com aquilo que é diferente de si mesmo, tem que aprender a lidar com os conflitos inerentes à relação com o Outro quando Quiron está aqui. Esse planeta carrega em si a dor de conciliar opostos, e em Libra isso é feito através dos relacionamentos. O mais comum é que se atraia exatamente o oposto daquilo que se acredita ser: se a pessoa se identifica com a Vítima, vai atrair o Carrasco, se se identifica com o Salvador, vai atrair o Marginalizado, se se identifica com o Curador, vai atrair o Doente. Essas relações, porém, são desiguais, e a pessoa se sente solitária e infeliz, repetindo sempre o mesmo padrão de relacionamento até começar a perceber que está projetando no outro aquilo que não quer ver em si mesmo. Muitas vezes a pessoa com Quiron em Libra acredita que pode evitar a tensão emocional e a dor que acompanham o confronto desses relacionamentos se colocando como um observador neutro, o que só irá criar mais dor e fazer crescer o isolamento que se tenta escapar. A estratégia de diplomacia libriana para manter uma aparência harmônica não funciona aqui, e é preciso assumir os próprios sentimentos negativos, as raivas e medos, além de entender que é preciso momentos de solidão e encontro consigo mesmo quando envolvido em um relacionamento com um Outro, para poder ser honesto emocionalmente em lugar de projetar o que não se quer ver em si mesmo. O processo de construir uma relação onde as individualidades são assumidas e respeitadas pode fazer com que a ferida seja curada, pois o lado sombrio de cada um é entendido e honrado, em vez de se tentar, sem sucesso, simplesmente eliminá-lo.

Quiron em Escorpião
Escorpião traz em si os segredos de nascer e morrer inerentes à vida, e Quiron aqui trará as pulsões de Eros e de Thanatos para a consciência, nos obrigando a encarar toda a dor que a vulnerabilidade de nossa existência na dualidade causa. É comum em momentos de mudança, quando algumas coisas têm que morrer e ficar para trás para que algo novo comece, que a pessoa fique obcecada pela própria morte. Nos envolvimentos emocionais e sexuais Quiron em Escorpião também trará esse conflito doloroso de amor e morte, onde os impulsos destrutivos e os amorosos entram em combate e a pessoa tem que reconhecer toda a raiva, ciúmes, medo e outras coisas tenebrosas que surgem na intimidade com o outro, mesmo que apenas em fantasia. Escorpião é um signo hiper sensível ao lado mais obscuro do Ser Humano, e Quiron aqui exige o reconhecimento e a integração desse lado para aliviar a dor das feridas profundas causadas por abusos - físicas ou emocionais - sofridas na infância, e assim aprender a lidar com o poder dessas energias sem manipular nem se tornar impotente ao lado destrutivo do outro, pois as duas distorções causarão dor. Quando se consegue penetrar nas trevas sem se identificar com elas nem tentar modificá-la, é possível também entrar em contato com toda a alegria, esperança e positividade de maneira mais intensa sem o medo de perdê-la, pois se descobre que a vida é impermanente e enfrentar as dificuldades do nascer, morrer e renascer nos tornam mais profundos e inteiros. Ajudar outras pessoas a percorrer esse caminho faz com que a essa dor seja mais tolerável.

Quiron em Sagitário
A busca pelo significado da vida sagitariana é mostrada em toda a sua solidão quando Quiron faz seu altar aqui. Geralmente o ambiente religioso ou filosófico em que se cresce é muito distante da profunda devoção interna por algo maior que a consciência. As incoerências entre o que as pessoas pregam e a maneira como agem também vai criando a ferida de Quiron em Sagitário, e a pessoa se sente como que “ferida por Deus”. Não vai adiantar tentar divinizar algo externo - seja um deus, uma crença, um lugar, uma coisa ou uma filosofia -, pois isso só fará com que a ferida seja aprofundada. Não há como fazer barganhas com Deus quando precisamos passar por Quiron para chegar a Ele. Os aspectos limitadores e doloridos de nossa existência humana precisam ser incorporados à busca pelo significado da vida, se conscientizando de todos os preconceitos e sofrimentos que foram impostos ao Ser Humano em nome de Deus, todas as ameaças à vida que foram construídas pelos dogmas religiosos, toda a sombra humana que foi projetada no divino. A ferida que o Homem fez a Deus precisa ser reconhecida e sentida por Quiron em Sagitário para que, na compaixão por Deus nasça a compaixão por si e por toda a Humanidade, e se consiga alívio da dor.

Quiron em Capricórnio
Esse é o signo da Autoridade, do mestre que, através da experiência de vida, é capaz de mostrar o melhor caminho para se alcançar o alto da montanha. Com Quiron aqui, a figura de autoridade com a qual se cresce não pode mostrar o caminho e ter que se contrapor a essa figura traz toda a dor do planeta. O medo por essa figura de autoridade destrutiva acaba fazendo com que se despreze a própria vulnerabilidade e sensibilidade, que acaba tendo que se esconder em um quarto escuro, criando uma paralisia interna dolorosa. Essa perversão pode criar a fantasia de que assim se pode vencer a vida, seja endurecendo e acumulando poder a qualquer custo, seja se abstendo dos valores sociais aceitos. Assim a dor vai aumentando até se tornar insuportável e se tem que buscar o caminho interno da cura. Só quando se pode assumir a responsabilidade pela parte machucada e expressar toda a raiva e medo que estava guardado ali, é que se pode também construir a verdadeira estrutura que se busca, não mais para sobreviver, mas para crescer de verdade. Nessa busca interna se encontra a falta de amor e orientação que existe na base social que criamos, e só mesmo um Quiron em Capricórnio é capaz de assumir com seriedade a importância que isso tem para a transformação da nossa espécie.

Quiron em Aquário
Aquário é o guardião das nossas esperanças em um sociedade justa, livre e fraterna. Pois com Quiron aqui descobrimos toda a dor de não conseguirmos isso, e nos sentimos ameaçados pelos nossos iguais. Há uma hiper sensibilidade aos ideais do inconsciente coletivo com esse posicionamento, e isso significa que tanto os desejos coletivos de paz quanto a agressividade com relação ao que é diferente ou que ameace o status quo estarão se debatendo no interior da pessoa. Geralmente não há eco para as idéias inovadoras e se tem a tentação de se submeter àquilo que a sociedade acredita. Adotar alguma ideologia externa ou se transformar em um marginal social só fará a ferida ficar maior, como sempre. É no mergulho interno na própria mente, nas próprias ideologias, que se encontrará a ferida que não se cura no nível coletivo e que nos impede de sermos o que somos potencialmente. Estudar as várias sociedades humanas pode mostrar que cada grupo tem uma contribuição importante a dar ao todo, e então o “não se encaixar” perde a importância individual para ganhar a dimensão coletiva de que sempre vamos estar perdendo enquanto não respeitarmos as diferenças, que cada ser humano que morre em uma luta estúpida é um potencial a menos de crescimento que todos perdem. Carregar essa ferida na alma é sempre muito doloroso, mas pode ajudar a fazer com que da desilusão com a Humanidade nasça uma nova consciência coletiva, mais próxima das nossas novas necessidades.

Quiron em Peixes
Peixes traz o anseio emocional pelo retorno à Unidade, possível apenas através da transcendência daquilo que é individual em nós. Quiron aqui vai deixar bem claro que somos um barquinho sem motor em meio às tempestades de um oceano imprevisível. Não vai adiantar agarrar-se ao barquinho e se manter separado do todo, nem tão pouco se atirar ao mar e desistir da viagem. Aqui temos a ferida de Quiron, que não consegue se curar nem morrer. A dor só se alivia através do sacrifício da vontade pessoal, de modo a penetrar nesse oceano para compreendê-lo e não mais combatê-lo. Assim, tempestades externas podem ser reconhecidas internamente, e então acalmadas. Com isso, aprende-se a reconhecer e aproveitar os ventos favoráveis, a ter paciência nas calmarias, a ir mais fundo nas tempestades, acompanhando as tramas da vida com todo o seu caos e sofrimento. Se pode, então, deixar de ser a vítima da vida para ser co-criadora dela, pois podemos aceitar seus mistérios. Como disse o mestre pisciano, Jesus Cristo, quando a tempestade amedrontou seus discípulos, “porque esse medo, gente de pouca fé?” É só levantar-se, dar ordens aos ventos e ao mar para produzir a calmaria. A fração que somos carrega em si uma imagem preciosa do Todo, e a ilusão da separação tem que ser vivida sem se esquecer disso.

domingo, 7 de setembro de 2008

Quiron: A Visita do Sábio

Como já falei de Mercúrio quando tratei de Gêmeos, aqui vou expôr um pouco sobre Quiron, esse astro que chegou ao nosso sistema solar trazendo novidades do espaço exterior para astrônomos e astrólogos.
No dia 1 de novembro de 1977 o astrônomo americano Charles Kowal descobriu na constelação de Touro, entre Saturno e Urano, um pequeno corpo celeste muito brilhante e de cor avermelhada que recebeu o nome de Quiron. Primeiro os astrônomos o classificaram como asteróide, mas nos anos 80 descobriram que Quiron possuía uma névoa de gás ao seu redor e passaram a considerá-lo um cometa capturado. Mais tarde, com as observações do telescópio Hubble, verificaram que essa névoa de gás de Quiron estava firmemente preso a ele e não era empurrada para trás quando o corpo celeste se aproximava do Sol, como ocorria com os cometas. Além disso, Quiron era muito maior que um cometa comum, com cerca de 160 km de diâmetro (o cometa Harlley tem cerca de 10 km de diâmetro atualmente, para se ter uma idéia), e então criaram uma nova categoria de corpo celeste, os asteróide-centauros, que já possui cerca de 29 corpos registrados. Esse recém chegado também possui uma órbita bem excêntrica, se aproximando ora de Saturno, ora de Urano, em uma revolução em torno do Sol de aproximadamente 50 anos. Muitos astrônomos e astrólogos consideram Quiron um “visitante”, que não pertence realmente ao nosso sistema solar e um dia irá nos deixar como um cometa. Mas enquanto isso não ocorre, astrólogos estão constando influências muito interessantes desse asteroide-centauro nos mapas astrais.
Desde o avistamento de Urano constatamos que a descoberta de um novo astro está associado a alguma mudança na consciência humana. Como se trata de algo que surge do inconsciente e Quiron leva 50 anos para completar sua volta pelo zodíaco, ainda levará algum tempo para termos uma compreensão mais completa do seu real significado, mas observando o que estava acontecendo durante o fim dos anos 70 podemos começar a pensar a respeito. Em 1978 nasce o primeiro bebê de proveta, Louise Brown, e o vírus SV40 tem seu genoma determinado, começando a caçada atrás do genoma humano. A maioria dos astrólogos associam a chegada de Quiron ao desenvolvimento das terapias alternativas, da medicina natural e da visão holística da saúde com bases empíricas e científicas, diferente da visão holística do Renascimento, que o fazia sob uma base mais filosófica e mística. Isso mostra que Quiron nos trouxe uma necessidade de maior compreensão a respeito do que é o Ser Humano, penetrando em suas estruturas mais básicas.
A primeira questão que surge é a respeito de qual signo regeria o novo astro. Devido sua forma de centauro e sua condição de mestre, muitos associam Quiron a Sagitário, mas Júpiter ainda parece muito mais apropriado à natureza expansionista do mutável de fogo. Já vi argumentos ligando Quiron a Touro, por sua conexão com a natureza corpórea e instintiva, mas acho muito difícil ver na busca por prazer taurino, tão bem representado por Vênus, a dor e sofrimento de Quiron. E há aqueles que associam Quiron a Virgem, entre os quais tendo a me incluir. Além da associação mais imediata entre Quiron, a saúde e a sabedoria prática, o fato central que parece ligar o astro no mapa astral, a mitologia e a nova consciência que surge é a ferida criada por uma cisão entre nossa natureza corpórea e nossa busca por expressão divina, que também faz parte do processo de Virgem. Polêmicas à parte, para se saber algo sobre Quiron precisamos nos voltar para a mitologia tentando descobrir suas características arquetípicas, para então deduzir seus efeitos na astrologia e na carta natal.
Do grego Kheíron, seu nome significa “que trabalha ou age com as mãos”, que era a maneira como eram conhecidos os cirurgiões, e esse centauro era aclamado pelos poetas principalmente por sua capacidade médica. Filho de Cronos (Saturno) e de Fílira, uma das filhas de Oceano, Quiron é concebido quando o Titã assume a forma de um cavalo para se unir com a oceânida, e por isso a criança nasce com essa dupla natureza, metade humana, metade eqüina. Ao dar à luz, Fílira fica tão perturbada que roga aos deuses que a livrassem da responsabilidade pelo filho de qualquer maneira; e eles a atenderam levando a criança e transformando-a num limoeiro ou em uma tília, segundo outras versões. Educado pelos deuses, Quiron vivia em uma gruta, no monte Pélion, e se torna uma espécie de gênio benfazejo, amigo de deuses e homens. Sábio e mestre, ensinava música, mântica, arte da guerra e da caça, moral e, sobre tudo, medicina aos seus discípulos, sendo que todos os heróis, como Teseu, Jasão, Hércules e Asclépio, passaram por suas mãos. Ele sempre foi considerado um médico ferido - pela estranheza de sua forma, pela rejeição de sua mãe -, que compreendia seus pacientes por conhecer sua própria ferida. Mas é quando Hércules, sem querer, fere seu pé, que seu mito ganha a dimensão trágica que o caracteriza. Quando do massacre dos centauros feito pelo filho de Alcmea, Quiron acaba sendo ferido por uma flecha envenenada pelo sangue da Hidra, e, por mais que o centauro aplicasse ungüentos e tentasse utilizar seu conhecimento para se curar, a ferida se mostra incurável. Recolhido à sua gruta, ele deseja morrer, mas nem isso consegue, por ser imortal. Cheio de dor, Quiron roga aos deuses pela benção da morte, e eles concordam com que Prometeu, que nascera mortal e estava amarrado à uma pedra tendo seu fígado comido por ter dado o fogo aos Homens, fosse solto por Hércules e cedesse a sua mortalidade ao centauro, e assim ele pode finalmente descansar.
A primeira coisa que podemos tentar associar ao posicionamento de Quiron na carta natal, é uma maior sensibilidade à rejeição, onde fomos feridos ou machucados de alguma forma e que, através dessa experiência, obtemos uma sensibilidade à dor e um autoconhecimento que nos capacita a entender e ajudar os outros. Outra observação imediata é a respeito da dupla natureza de Quiron, metade humana, metade animal, que provoca estranheza e é a razão da perturbação materna. Simbolicamente todos nós possuímos esse conflito, entre uma natureza animal, física e instintiva - que fica doente, que tem necessidade básicas quotidianas, que tem raivas e paixões - e uma natureza humana ou divina, que se preocupa com a existência mais abstrata, que caminha pelas idéias e pela imaginação, que não se prende a espaço e tempo. Quiron pode estar mostrando, nesse sentido, onde a consciência de estar num corpo físico distinto, portanto com uma consciência separada da unidade total com a vida, pode ser conflituosa; ou seja, onde os desejos e anseios do nosso corpo terrestre e os impulsos da alma se encontram na forma de angústia. Em um livro sobre a formação do terapeuta - Poder e a Ajuda Profissional -, Adolf Craig afirma “que o paciente tem um médico dentro dele mesmo, mas (...) também o médico tem um paciente dentro de si”. Essa parece ser a melhor linha de raciocínio para a compreensão do Quiron na carta astral, onde ele é símbolo do curador que está em contato com a própria dor e fraqueza, e por isso é capaz de ajudar seus pacientes ao direcioná-los para o curador que existe dentro deles. Nas primeiras pesquisas sobre o novo planeta, muitas vezes ele foi encontrado com destaque em mapas de terapeutas e também em pessoas incapacitadas fisicamente que acabaram direcionando suas vidas para ajudar outras pessoas a superar as próprias limitações.
Outra característica do mítico centauro Quiron é a sua função de mestre formador dos heróis, não só quanto às habilidades práticas, mas também quanto à formação religiosa ou moral, ou seja ele era também um educador da alma. Isso nos faz pensar que uma das função do Quiron astrológico é de iniciador, fazendo nos passar por uma série de ritos que, assim como o futuro herói, fazem com que se adquira a indumentária espiritual necessária para poder enfrentar todos os monstros e criaturas que surgirão pelo caminho. Mitólogos como Junito de Souza Bradão, Joseph Campbell e Micea Eliade vêm nas histórias heróicas os reflexos dessa iniciação, onde temos coisas como o corte de cabelo, a mudança de nome, o mergulho ritual no mar, a passagem pela água e pelo fogo, a descida ao Hades e o penetrar no Labirinto, a hierogamia como alguns exemplos. Lembramos, então, que Quiron é um transaturnino, portanto um planeta que traz informações do inconsciente coletivo e nos mostra algo que vai além das ilusões individuais. Liz Greene observou que as crises e dificuldades da casa onde se encontra Quiron parecem estar totalmente fora do controle do indivíduo, e as mudanças que ocorrem em seus trânsitos e progressões acabam por expandir a consciência da pessoa que se encontra sob sua ação. Crise, para os chineses, é traduzida como uma combinação de perigo com oportunidade, pois envolve tanto elementos desconhecidos quanto a possibilidade de crescimento. A doença parece ser o fator mais freqüente nas crises regidas por Quiron, e geralmente o tipo de doença que pede uma compreensão profunda de suas origens e significados. É comum também crises religiosas e espirituais, e já se observou que algumas vezes Quiron está associado à morte dos pais. Essas coisas parecem estar ligadas diretamente à face de iniciador de Quiron. Nas iniciações sempre se perde algo - o cabelo, o nome de nascimento - e se é obrigado a enfrentar o medo - entrando no Labirinto ou indo ao Hades, mergulhando no mar ou atravessando o fogo - como formas de se adquirir uma nova personalidade capaz de enfrentar os perigos do caminho. Essa perspectiva simbólica mostra que os acontecimentos exteriores são mais reflexos de profundas transformações interiores do que causas, mas só podemos realmente compreendê-las quando a vivemos através de um acontecimento externo que transforma o padrão de vida. Quiron nos capacita a encontrar significado em nossas dores e sofrimentos de modo a nos tornarmos mais sábios, pois sentimos que há um profundo significado que precisamos entender para continuar caminhando. Com Quiron, porém, mesmo com esse aumento de consciência, a ferida, o buraco existencial que penetramos, não se fecha, e de tempos em tempos dói novamente e nos obriga a novo mergulho em nós mesmos. Esse processo de penetrar na nossa dor nos torna mais sensíveis à dor do outro, e desenvolvemos a verdadeira compaixão - que não tem nada a ver com pena - e podemos realmente ajudar o nosso próximo que sofre.
Certa vez li que o contrário de Morte não é Vida, é Nascimento: nascer e morrer fazem parte da Vida. Acredito que Quiron vem nos ensinar a vivenciar esses opostos sem julgamentos de valor, e isso pode nos ajudar a sair de uma existência dual em conflito para uma totalidade amorosa. Esse é o caminho para a Iluminação que anunciam os budistas, e talvez Quiron esteja nos fazendo trilhar o caminho do Bodisathiva, que fez o voto de, mesmo se iluminando, não entrar no Nirvana enquanto todos os seres não se iluminarem também, pois em sua Compaixão faz do sofrimento de todos os seres seu próprio sofrimento. Afinal, hoje sabemos que habitamos todos o mesmo planeta, e ou nos salvamos todos, ou nossa espécie pode ser extinta.

terça-feira, 2 de setembro de 2008

As Deusas - Mitos Para Virgem

Assim como Buda tem seu nascimento colocado durante o trajeto do Sol em Touro e Jesus Cristo em Capricórnio, o Avathar com o Sol em Virgem é a Virgem Maria, que tem seu nascimento comemorado dia 8 de setembro. O elemento Terra é aquele que concretiza, que traz para o plano material, e por isso esses seres iluminados são representados por esses signos. Mas enquanto Buda e Jesus Cristo têm que passar por um longo processo para se iluminarem, Maria é “concebida sem pecado” e se “eleva aos céus” no fim da sua vida, sem ter que passar pela morte. A missão de Maria é trazer Deus ao mundo, servindo de veículo ao Deus que quer se materializar. No capítulo 12 do Apocalipse de São João, a luta final entre o Bem e o Mal é representado por uma “mulher vestida com o Sol e com a Lua debaixo de seus pés“, com uma coroa de 12 estrelas que envolve sua cabeça. Ela está grávida daquele que “regerá o mundo com cedro de ferro”, e que tenta escapar de um dragão com 7 cabeças, 10 chifres e 7 diademas sobre as cabeças. A mulher e a criança são perseguidos pelo dragão que, em uma batalha cósmica, é finalmente vencido pelos anjos de Miguel. A criança foi levada para o céu logo após o nascimento, enquanto a mãe encontrou abrigo no deserto. Não cabe aqui analisar toda a simbologia astrológica que envolve essas - e outras - passagens do Apocalipse, mas interpretações antigas do signo de Virgem o colocam como “parteira do Cosmos”, que dá à luz o redentor divino, se reportando à história da Isis Egípcia, que também possuía o título de Rainha do Céu (Regina Caeli), como Nossa Senhora, e através dessa associação essa luta fica muito mais clara. A representação de Isis sentada em seu trono tendo seu filho Horus no colo também serviu de modelo para as posteriores representações icnográficas de Maria como o “trono” de Jesus menino. Os mitos associados ao signo de Virgem remontam a uma consciência muito antiga do Ser Humano, e resurgem de tempos em tempos com novas roupagens.
Como se pode notar, a simbologia ligada a Virgem é mais complexa do que a simplificação superficial se vê nos almanaques astrológicos. As representações mais antigas desse signo estão associadas à Mãe Terra, às Grandes Deusas pré helênicas, de seios fartos ou muitos seios, bem distantes da idéia de castidade distorcida posteriormente. Na verdade, o conceito de virgindade não está ligado à castidade sexual e sim ao controle que mantêm intacto. Um bom exemplo disso é a estátua de Ártemis de Eféso, com cinqüenta seios, mostrando a deusa virgem como símbolo de fertilidade, como aquela que nutre. Antes da invasão patriarcal helênica, a Deusa Mãe Virgem era aquela que não tinha seus poderes e sua posição ligados a nenhum consorte, pois ela reinava sozinha oferecendo sua feminilidade a quem escolhesse: ela era esposa da vida. Dessas deusas maternais ligadas à Terra, Deméter foi a única que conseguiu sobreviver na Antigüidade, graças à ligação que o mito, seu e de sua filha Core, tinha com os Mistérios de Eleusis. Divindade da colheita, a filha de Crono-Saturno e Réia é essencialmente a deusa virgem do trigo, e seria a responsável pelo conhecimento que o homem adquiriu para cultivá-lo, colhê-lo e fabricar o pão. Os segredos e significados mais profundos dos Mistérios de Eleusis acabaram se perdendo, mas sabemos que seus iniciados buscavam a possibilidade de, ao morrer, descer ao Hades sem perder a memória, que, para os gregos, é a alma do Homem, e sem a qual ele se torna um eídola, um fantasma. Os virginianos, normalmente, possuem duas características básicas que podemos ver nesses fragmentos: uma independência desconcertante e uma memória significativa. Assim, é comum vermos pessoas com forte presença desse signo capazes de permanecer independentes mesmo quando casados, e que esquecem seu nome, mas não esquecem a história que você contou sobre o enterro do seu cachorrinho na infância. As vestais, sacerdotisas da deusa Vesta, senhora da fecundidade e da reprodução feminina, nos dá outra pista desse signo: elas eram conhecidas como prostitutas sagradas e eram designadas pelo termo “virgem”, em seu sentido original, pois não podiam se casar e, comprometidas com o serviço à deusa, tinham sua feminilidade dedicada ao propósito superior de trazer o poder fertilizador da deusa para o contato efetivo com a vida dos seres humanos. Nas estatísticas de Gauquelin, as prostitutas têm grande incidência de Virgem, seja através do Sol, do Ascendente ou da Lua. Partindo desses dados poderemos entender o que nos diz o mito de Deméter e sua filha Core/Perséfone, denominadas nos Mistérios de Eleusis simplesmente as Deusas
A deusa da colheita tinha uma filha de Zeus chamada Core, ou seja “a eternamente jovem”, que, mesmo depois de adulta, vivia como uma menina, inocente e feliz. Seu tio Hades/Plutão a vê e a deseja, raptando Core quando ela se aproxima de um narciso colocado na beira do abismo por seu pai Zeus. Deméter corre ao encontro da filha quando ouve seu grito, mas não encontra ninguém e se desespera, passando a vagar pela Terra em busca da filha. Hélio, o condutor do sol, que sabe de tudo que se passava sobre a Terra, compadecido da pobre e desesperada mãe, conta-lhe sobre a rapto feito por Hades e da ajuda que esse recebeu de Zeus. Magoada e se sentindo traída, Deméter se refugia em um de seus templos e abdica de suas funções divinas, enquanto não devolvessem sua filha. Com isso a Terra perde sua vegetação, as colheitas se interrompem e o equilíbrio das estações acaba, gerando a fome entre os Homens. Zeus manda uma série de mensageiros à Deméter pedindo a ela que voltasse ao Olimpo, mas a deusa se recusava a voltar a conviver com os imortais e a permitir que vegetação crescesse. Vendo que a ordem do mundo estava em perigo, Zeus ordena que seu irmão Hades devolvesse Core. O senhor dos mortos tem que se curvar à vontade soberana do irmão, mas antes faz com que sua amada coma uma semente de romã - símbolo da sedução e da fertilidade -, e com isso a transforma em Perséfone, sua esposa e rainha, o que a obriga a ter que voltar para seus braços. É feito, então, um acordo, onde Perséfone passaria quatro meses com o esposo e oito com a mãe. Reencontrada a filha, Deméter retorna ao Olimpo e a Terra volta a florir. Antes de regressar, porém, as deusas ensinam seus mais profundos segredos ao rei Céleo e seus filhos, que abrigaram Deméter no templo construído em sua homenagem, nascendo, assim, os Mistérios de Eleusis.
O virginiano, homem ou mulher, vive uma relação complexa consigo, dominada principalmente pela figura materna, pois, logo que nasce, tem uma sensibilidade inconsciente para a relação corporal dessa mãe, em uma fase difícil fisicamente, cheio de mudanças, desgostos e depressões. Isso acaba por cindir profundamente esse signo, pois a forte sensualidade típica dos signos de Terra é bloqueada por uma sensação de inadequação. Como resultado, Virgem desenvolve uma racionalização que o afasta das vivências corporais, tentando, com isso, se manter imune aos apelos da vida. Com isso ele acaba dificultando o amadurecimento da sua sexualidade e de seu emocional, sendo comum encontrarmos pessoas adultas desse signo com um raciocínio brilhante, um físico saudável, mas com uma inocência de adolescente no campo afetivo. É desconcertante quando vemos essa criança que tem medo da vida por baixo da máscara adulta racional de Virgem. Mas sempre chega um momento do destino desse signo em que a vida, como Hades, irrompe do abismo e o obriga a enfrentar a experiência vital de forma mais plena, pois, assim como Core tem que se transformar em Perséfone, o virginiano tem que amadurecer plenamente para ser o adulto autônomo que almeja. O custo da recusa de crescimento geralmente é uma fase desértica que esse signo tem que passar, onde as coisas perdem o sentido e a capacidade de criar parece ter desaparecido. Podemos observar que homens e mulheres com forte influência de Virgem passam por três fases de amadurecimento: na primeira mantêm-se distantes da própria capacidade de amar e viver, tendo como pano de fundo um alto grau de crítica e de afastamento das próprias sensações corpóreas que fazem com que a pessoa duvide de si mesma e se incline para relações do tipo “muito trabalho e pouca paga” - seja na área profissional ou emocional-afetiva; a força da deusa, porém, pressiona por manifestar-se, levando esse signo a vivenciar o que Freitas chama de “papel da Sereia”, quando acaba se envolvendo num ritual narcísico de sedução em que o amor se confunde com desejo e não se consegue diferenciar a sua capacidade de amar do desejo que tem de que os outros o satisfaçam - por isso a analogia com as Sereias, seres míticos com corpo de mulher e rabo de peixe que passavam a vida a se olhar no espelho e a cantar para seduzir os viajantes, que acabavam morrendo nos rochedos na tentativa de amá-las; o amadurecimento virginiano virá quando houver coragem para passar pela terceira fase, onde entra em cena a sacerdotisa a serviço da Deusa, capaz de vivenciar a sexualidade e o instinto como coisas sagradas e cuja experiência é inestimável. Só aí Virgem conseguirá desempenhar seu verdadeiro papel de “parteira Cósmica” e fecundadora, apresentando-se como Ishtar (deusa Babilônica análoga a Deméter/Perséfone): “Uma prostituta compassiva eu sou”, pois compaixão é a verdadeira força de purificação que percorre esse signo, e é o que Virgem descobre ao se transformar em Perséfone. Aí sim ele conseguirá, em suas tentativas de ordenar e sintetizar o mundo, fazer a transmutação alquímica da vida. E a vida, se descobrirá no afinal das contas, é ele mesmo.