domingo, 22 de fevereiro de 2009

Trânsitos de Mercúrio

“Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão. Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro. Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá. (...) Na casa de Oxalá, Exu se distraía vendo o velho fabricando os seres humanos. Muitos e muitos vinham visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco (...). Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos. Exu prestava muita atenção na modelagem e aprendeu como Oxalá fabricava as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens, (...), a vagina das mulheres. Exu não perguntava. Exu observava. Exu prestava atenção. Exu aprendeu tudo.”
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi

Se você olhar para um esquema do sistema solar, vai ver que Mercúrio parece um satélite do Sol, e no céu está sempre ou no mesmo signo, ou no anterior ou no posterior da nossa estrela. Em seu movimento direto caminha 1°30’ por dia, mas a cada 3 meses ele vai, aparentemente, parar e “andar para trás” - o que chamamos de movimento retrógrado - por cerca de 20 dias. É por isso que, apesar de seu movimento ser mais rápido que do Sol, ele completa seu caminho em torno do zodíaco mais ou menos junto com ele.

O mensageiro dos deuses é rápido demais para que possa ter alguma influência mais profunda em seus passeios pelo zodíaco. Mas, assim como o Sol e a Lua, a observação do seu movimento sobre nosso mapa pode ajudar na compreensão do nosso funcionamento cotidiano e ajuda muito no planejamento do dia-a-dia. A palavra chave para Mercúrio é comunicação, e seu trânsito estará trabalhando nessa dimensão. Quando em Fogo, esse planeta excita a mente a ficar mais extrovertida e direta, deixando as conversas entusiasmadas e acaloradas; quando em Água se conversa mais sobre relacionamento e disposições emocionais; quando em Terra os planejamentos e ambições concretas ganham maior destaque; se em Ar, as especulações e teorias mais abstratas e o encontro social parecem ter maior interesse. De forma bem semelhante à Lua, Mercúrio acaba refletindo as disposições gerais, o que pode ser levado em conta quando se planeja um dia específico. Esse deus é o protetor dos ladrões, do comércio e das encruzilhadas, e prestar atenção nele pode ajudar a entender muitos dos truques que nossa mente nos prega. Assim, por exemplo, se você precisa “discutir a relação” com alguém em um dia que Mercúrio está em signo de Fogo, seria bom que antes fosse à academia malhar bastante ou ao estádio assistir o jogo de futebol do seu time do coração, pois aí pode gastar um pouco dessa energia mais individualista que Mercúrio estará irradiando, evitando discussões inúteis. Do mesmo modo, se, por exemplo, é preciso tomar uma decisão sobre mudança de emprego em um dia que Mercúrio está mergulhado em signo de Água, é bom conversar antes com alguém sobre suas motivações inconscientes e suas necessidades emocionais para ter um pouco mais de clareza a respeito do que se está fazendo. Observando por onde anda esse planeta, você poderá aproveitar sua estada em Terra para analisar e colocar em movimento suas necessidades concretas ou aproveitar os momentos em que ele passeia pelo Ar para se dedicar à parte mais complexa da sua tese de mestrado ou se encontrar com amigos e conseguir novas motivações mentais.

Esse planeta tem muito do Mago do Tarô, e isso quer dizer que ele tem muitos truques. Um momento particularmente importante de se observar isso é quando ele está retrógrado, pois a comunicação se torna confusa, as ordens são mal interpretadas, os planos dão errado, as cartas postas no correio não chegam no destino, se fala sem pensar, somos mal compreendidos e também compreendemos mal os outros, fazendo com que muitos mal-entendidos ocorram por motivos fúteis. Saber quando Mercúrio está retrógrado pode nos ajudar a evitar alguns desses problemas, já que temos consciência de estarmos num momento potencial de mal-entendidos e devemos dedicar mais tempo no planejamento de uma viagem, ler com mais cuidado os contratos, assim como levar em conta a possibilidade de ser inevitável certas confusões na comunicação. É bom contar com atrasos e com ter que refazer alguma coisa nesses períodos. Os movimentos parecem truncados quando Mercúrio está retrogrado, e não vai adiantar tentar fugir do engarrafamento pegando um atalho, pois a rua paralela está mais parada ainda. Então, ligue o rádio, relaxe e tenha paciência.

Outra coisa interessante de observar no movimento mercuriano no céu é quando ele entra em aspecto com algum planeta de nosso mapa natal, pois sua energia comunicante pode nos mostrar como aquele ponto funciona em nós e criar sincronicidades que permitem vislumbrar novas soluções para as tensões internas representadas pelos planetas em conflito no mapa. Lembre-se que Mercúrio é rápido, e os aspectos com os pontos de nosso mapa duram apenas 4 ou 5 dias, então é sempre bom registrar os insights que vêm à mente nesses momentos para não perdê-los.

Observar Mercúrio nos ajuda a perceber os movimentos de nossa mente e como criamos a partir dela. Mercúrio é análogo a Exu, o mais jovem dos Orixás na mitologia dos povos iorubás, mas que é o primeiro a ser saudado. “No princípio era o Verbo“, nos conta São João. A curiosidade, a capacidade de compreender e de comunicar ligadas a esse planeta podem nos ajudar a construir nosso cotidiano de maneira mais consciente. Nossa mente pode não ser a única coisa responsável pelas nossas criações, mas é uma auxiliar muito importante. Aqui vai uma história para ilustrar isso:

“Bem no princípio, durante a criação do universo, Olofim-Olodumare reuniu os sábios do Orum para que o ajudassem no surgimento da vida e no nascimento dos povos sobre a face da Terra. Entretanto, cada um tinha uma idéia diferente para a criação e todos encontravam algum inconveniente nas idéias dos outros, nunca entrando em acordo. (...). Então, quando os sábios e o próprio Olofim já acreditavam que era impossível realizar tal tarefa, Exu veio em auxílio de Olofim-Olodumare. Exu disse que para obter sucesso em tão grandiosa obra era necessário sacrificar cento e um pombos como ebó. Com o sangue dos pombos se purificariam as diversas anormalidades que perturbam a vontade dos bons espíritos. Ao ouvi-lo, Olofim estremeceu, porque a vida dos pombos está muito ligada à sua própria vida. Mesmo assim, pouco depois, sentenciou: ‘Assim seja, pelo bem de meus filhos’. (...) Exu foi guiando Olofim por todos os lugares onde se deveria verter o sangue dos pombos para que tudo fosse purificado e para que seu desejo de criar o mundo assim fosse cumprido. Quando Olofim realizou tudo que pretendia, convocou Exu e lhe disse: ‘Muito me ajudaste e eu bendigo teus atos por toda a eternidade. Sempre será reconhecido, Exu, serás louvado sempre antes do começo de qualquer empreitada’.”
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi

Esse é um planeta que, em seu caminhar pelo zodíaco, pode nos dar preciosas dicas para entender o que perturba os bons espíritos que nos ajudam a criar nosso mundo.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sua Vida em 12 Casas II

Para entender melhor o tipo de vivencia ligada a cada casa podemos associar a expressão vivida em cada área com as modalidades dos signos. Assim, as casas angulares , ou seja, o Ascendente, o Fundo do Céu (casa IV) -, o Descendente (casa VII) - e Meio do Céu (casa X) serão análogas aos signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio); as casas sucedentes (II, V, VIII, XI) serão análogas aos signos Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário); e as casas cadentes (III, VI, IX, XII), análogas aos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes).

As casas angulares são aquelas que ficam após os quatro ângulos do mapa: a primeira casa começa com o ascendente (Asc.), a quarta com o fundo do céu (FC), a sétima com o descendente (Desc.) e a décima como o meio do céu (MC). Como em uma bússola, essas casas funcionam como pontos cardeais, e é através delas que todo o mapa é calculado e desenhado. Os signos cardeais geram e desencadeiam novas energias e, do mesmo modo, as casas angulares nos estimulam para a ação e representam áreas básicas da vida, tendo forte impacto sobre nossa noção de individualidade: identidade pessoal (Asc), o lar e o ambiente familiar (FC), relacionamentos pessoais (Desc.), carreira e projeção social (MC). Os signos que formam essa cruz se enquadram ou se opõem figurativamente uns com os outros, pois essas casas representam quatro esferas da vida que estão potencialmente em conflito umas com as outras. A oposição (separação de 180°) entre Asc e Desc. mostra que alguma condição de identidade e liberdade pessoal tem que ser sacrificada para funcionar num relacionamento, ou seja, mostra o equilíbrio que precisa haver entre nossa própria identidade (Asc) e o quanto precisamos nos ajustar àquilo que os outros necessitam e querem de nós (Desc). A oposição entre FC e MC mostra o conflito entre participar da união familiar e sair de casa para se tornar alguém no mundo. Já as quadraturas (separação de 90°), mostram uma pressão moral e emocional entre as casas. Assim, a quadratura entre Asc e FC mostra que o impulso para a independência e a liberdade pessoal (Asc) é inibida pela pressão do que é seguro e conhecido (FC), muitas vezes representada pela família. Na quadratura entre FC e Desc. vemos que problemas mal resolvidos com os pais ou padrões estabelecidos na família (FC) podem obscurecer nossa habilidade de ver claramente o parceiro ou outras pessoas com quem nos associamos (Desc.). Quando olhamos para a quadratura entre Desc. e MC percebemos que o tempo dedicado ao crescimento de uma parceria e o crescimento da própria carreira podem exercer pressões distintas e criar conflitos internos. A quadratura entre o MC e o Asc mostra que muitas vezes somos classificados somente pelo que fazemos no mundo, deixando de lado outras qualidades que temos, pois aquilo que a sociedade acha válido e aprova e a autodisciplina necessária para desenvolver uma carreira (MC), limita nossa liberdade e espontaneidade pessoal, restringindo o que somos naturalmente inclinados a fazer (Asc).

As forças colocadas em movimento nas casas angulares são concentradas, adornadas e desenvolvidas nas casas sucedentes. Essas casas (II, V, VIII e XI) são associadas aos signos fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), que consolidam a energia gerada nos signos cardeais. A casa II adiciona substância à identidade pessoal gerada pelo Asc, definindo nossas posses, recursos, condições e limites pessoais. Na casa V nos afirmamos e reforçamos o sentido de quem somos e de como impressionar os outros a partir da purificação feita no lugar de onde viemos (FC). Na atividade de nos relacionarmos com os outros do Desc., nos aprofundamos em nós mesmos e aumentamos nossos recursos através dos outros na casa VIII. Participando da manutenção e do funcionamento da sociedade no MC, ampliamos o conhecimento de nós mesmos como seres sociais e formamos a base para expandir nosso sentido de identidade através da casa XI, e desse modo englobamos maior e mais livres noções de ser. Aqui também teremos esferas da vida potencialmente conflituosas. Vamos exercitar um pouco os neurônios agora: a casa II mostra o valor explícito das coisas e a casa VIII os valores ocultos: como e porque isso pode entrar em oposição? Na casa V descobrimos o que queremos fazer e na casa XI como ajudamos o grupo a crescer: faço o grupo concordar comigo ou aceito o consenso dele? Na casa II temos nossa necessidade de segurança material e de entrada regular de dinheiro e na casa V nossa necessidade de sermos criativos, de nos divertirmos, de plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho: que tipo de situação cria um conflito interno dessas áreas na vida de alguém? Se na casa V compreendemos a necessidade de sermos vistos como pessoas brilhantes, positivas, criativas e especiais, na casa VIII temos necessidade de sermos profundos e de aceitar o lado sombrio de nós mesmos: como as crises associadas à casa VIII podem incomodar o entusiasmo de viver da casa V e vice-versa? Se na casa VIII vivemos fortes emoções e paixões, na casa XI temos a visão de uma sociedade humana maior e melhor, onde temos nossos amigos e nosso grupo de afinidade: quando é que essas duas vivências entram em conflito? E finalmente, quando é que nossas necessidades pessoais concretas e nossas fronteiras individuais reais de casa II contradizem nossos ideais sociais e nossas esperanças de uma sociedade mais justa e equânime?

Enquanto as casas angulares geram energia e as casas sucedentes concentram energia, as casas cadentes (III, IV, IX e XII) distribuem e reorganizam a energia, e por isso são análogas aos signos mutáveis de Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes. Em casas cadentes nos reconsideramos, reajustamos e reorientamos, baseados no que vivemos na casa sucedente anterior. Na casa III aprendemos mais sobre o que somos, comparando e contrastando-nos com aqueles que nos cercam, pois à medida que as capacidades mentais se desenvolvem entramos em um mundo que vai além dos sentidos corporais e das necessidades de sobrevivência da casa II. A casa VI refletirá o bom ou mal uso das criações da casa V através dos cuidados com o próprio corpo e da aplicação dessa criatividade no trabalho prático. As explorações interpessoais e as lutas da casa VIII conduzem às reflexões da casa IX, criando leis mais profundas e nos fazendo conhecer os processos que governam a existência e as regras que nela se emaranham. A amplitude de visão criada para o indivíduo na casa XI é aumentada ao infinito pela casa XII, fazendo com que se perca completamente o significado da vontade pessoal. As estatísticas de Gauquelin sugerem que essas casas são mais importantes na determinação de caráter e de carreira, no mapa pessoal, do que as angulares, como prega a astrologia tradicional. Isso por que as casas cadentes mostram a ânsia de nos ligarmos a algo maior e de dar significado a nossas existências (casas IX e XII) e a ânsia de caracterizar nossa identidade específica (casas III e VI). As cadentes se opõem e enquadram por que mostram visões de vida e métodos diversos de se adquirir e processar informações. A casa III descreve a natureza da mente analítica e concreta, que procura o significado das partes, enquanto a casa IX mostra o processo de pensamento abstrato e intuitivo que olha primeiro para o todo. Como essas duas compressões podem se opor na vida de alguém? Na casa VI somos discriminativos e seletivos, buscando formas para utilizar nossos recursos de modo prático e direcionado para a realidade do dia-a-dia da vida. Na casa XII incluímos tudo que nos cerca, as fronteiras são dissolvidas e transcendemos tudo que é mundano, pois lá estamos cientes das ilusões da vida, e compreendemos que ela é desconhecida e misteriosa em suas bases. De que modo o planejamento da vida da casa VI pode entrar em oposição com a vida que flui pela casa XII? Nas quadraturas dessas casas veremos os conflitos e pressões internas na busca dos diversos conhecimento que precisamos na vida. Na casa III gostamos de saber um pouco de tudo, enquanto na casa VI queremos saber o máximo de algo para poder utilizá-lo com eficiência na prática. Como essas duas buscas podem se atrapalhar? Na prática casa VI, que olha cada coisa em particular para achar seu lugar adequado, buscamos formas indutivas de investigação científica, e na expansiva casa IX buscamos a verdade que aflora da fé, da habilidade que temos de perceber os significados cósmicos das coisas. Quais as maneiras que ciência e religião se pressionam? Tanto na casa IX quanto na XII perdemos os limites que restringem as fronteiras mundanas, abrindo nossos olhos para realidades além do alcance da vista dos pensamentos cotidianos. Mas na casa IX buscamos modelos e princípios básicos que nos façam compreender a vida e a existência, nos fazendo escalar novas alturas, enquanto na casa XII sentimos que há muitas coisas insondáveis e desconhecidas, encontrando inspiração não só nas alturas, mas também nas profundezas, pois percebemos que êxtase e dor, bem aventurança e sofrimento, estão intimamente ligados. De que modo essas inspirações transpessoais podem divergir? Na quadratura entre casa XII e casa III podemos falar das complicações geradas pela mente inconsciente, dominada por aquilo que é desconhecido e invisível, em contraponto com a mente consciente, que percebe aquilo que é imediato e está disponível no ambiente, mostrando que podemos ter uma compreensão gerada por aquilo que vemos e ouvimos (casa III) e outra gerada pelo que sentimos e percebemos (casa XII). Que tipo de brigas internas isso gera?

Outra forma de agruparmos as casas é por sua analogia com os elementos: há três casas de Fogo (Asc, V e IX), três de Terra (II, VI e MC), três de Ar (III, VII e XI) e três de Água (FC, VIII e XII). Elas mostram o desenvolvimento significativo e seqüencial dos princípios de cada elemento ligados a cada grupo de casas. Essas casas geralmente criam trígonos (distância de 120°), mostrando que as casas angulares trazem a natureza de um elemento a tona e o personifica, a casa sucedente diferencia e define esse princípio, e a casa cadente organiza, universaliza e dá expressão ao princípio.

As casa de Fogo mostrarão as ânsias de querer ser e de se exprimir num mundo externo, e são chamadas casas da Identidade. O Asc, enquanto casa angular, mostra o movimento inicial de sermos uma pessoa separada e distinta, e desenvolvê-la significa se vitalizar e vivificar. A segunda casa de Fogo é a sucedente casa V, onde a energia gerada para se ser uma pessoa única é focalizada, fixada e direcionada: reforçamos o senso de identidade dado pelo ascendente, criando soluções e interesses que nos façam sentir mais vivos e estampando nossa individualidade naquilo que fazemos e criamos. A casa cadente de Fogo (IX) reajusta e reorienta a maneira como focalizamos nossa energia de ser, de modo que nosso senso de identidade possa se expandir em um contexto mais amplo, e assim incorporamos nossas criações pessoais às leis que orientam toda a vida.

Nas casa de Terra teremos o plano da existência material, onde o espírito de Fogo se incorpora a formas concretas, sendo chamadas de casas da Produtividade. A casa II é a sucedente de Terra, mostrando a matéria em busca de segurança e estabilidade através dos próprios recursos e de um corpo concreto. Podemos dizer que aqui entendemos como lidamos com o nosso capital pessoal. Na casa VI temos a área cadente desse elemento, onde o princípio da matéria é reajustado e reorganizado de modo a aprimorar e aperfeiçoar nossas habilidades pessoais. Essa casa nos fala da saúde e do trabalho, já que o corpo físico necessita de atenção para funcionar de modo eficiente (quando adoecemos podemos observar as tentativas do corpo se reajustar), e é no trabalho que transformamos nossos capitais e recursos físicos na produção de força de trabalho - como diria o taurino Carl Marx. A última casa de Terra é o MC, uma casa angular, onde há a necessidade de gerar matéria, de produzir algo concreto no mundo material, por isso podemos dizer que essa casa representa as forças que ativamente organizam e supervisionam o capital e o trabalho, mostrando o capitalista de nós mesmos que todos temos. Por isso o MC está associado à carreira, ambição e a forma como queremos ser vistos pelo mundo, pois mostra como estruturamos e direcionamos propositadamente nossos recursos e habilidades para resultados concretos e definitivos.

Nas casas de Ar teremos a triplicidade do relacionamento humano, mostrando nossa capacidade de destacar e comparar as idéias pessoais e ver as coisas objetivamente à distância e em perspectiva. Essas são as casas relacionais e de interações. Começamos esse trígono com a casa cadente (III), onde o movimento e o desenvolvimento intelectual nos capacita a reajustar e redefinir nossa posição pessoal de modo a compreender o que nos cerca. A mente e a perspectiva de vida pessoal da casa III encontra a mente e perspectiva do Outro na angular casa VII e cria um relacionamento gerador de energia, sendo que os fracassos e sucessos dos relacionamentos pessoais irão influenciar enormemente o modo como nos entendemos e como compreendemos o mundo que nos cerca. Na casa XI teremos a forma, a estabilização e o reforço de nosso ponto de vista olhando para os outros que compartilham de nossas idéias, pois será a aqui que as mentes se encontrarão para que os relacionamentos sejam ampliados e aplicados à sociedade mais geral de modo a atingirem o maior número possível de pessoas, terminando esse triângulo com uma casa sucedente.

Já as casas de água são conhecidas como triângulo da alma, ou berço da identidade, onde vemos as razões sentimentais e as emoções criadas abaixo da superfície. A primeira das casas de Água é o angular FC, que descreve o ambiente e as influências familiares que geram nossa identidade e nossos condicionamentos afetivos e sentimentais de infância. Na casa VIII encontraremos o ambiente sucedente de Água, onde nosso sentimentos diferenciados e reconhecidos na casa angular fluem para dentro de outra pessoa e vice-versa, concentrando nossa energia emocional de modo a explorar os pontos obscuros de nossa alma. Na casa XII nossas energias emocionais são transformadas, diluídas e ampliadas de modo a progredirmos da união com uns poucos selecionados na casa VIII para um sentimento de unidade com toda a vida, de modo que, através da casa cadente de Água, tomamos conhecimento do coletivo do qual todos nós emergimos e que compartilhamos com tudo e com todos. Resumindo, no FC sentimos nossa própria alegria e dor, na casa VIII a alegria e dor do outro, e na XII sentimos a alegria e a dor do mundo.

É isso. Agora podemos voltar a falar dos Trânsitos á partir da próxima semana. Até lá.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sua Vida em 12 Casas

Pelo retorno que ando tendo, vejo que é preciso compreender melhor o que são as casas astrológicas antes de retomar os trânsitos. Vamos começar com uma pequena introdução.

Os astrólogos não concordam entre si sobre vários assuntos, mas a questão da divisão das casas parece ser a que cria mais discussões. Isso por que existem mais de trinta formas de se apresentar essa divisão, e não há um sistema que seja mais “correto”, pois cada um tem seus méritos e suas desvantagens, sendo que cada astrólogo acaba escolhendo seu sistema conforme suas próprias idiossincrasias. Esses vários sistemas podem ser divididos em três tópicos: os sistemas eclípticos, os de espaço e os de tempo. No método de divisão de casas eclíptica a cúspide é determinada pela órbita aparente do sol em torno da Terra - órbita ecliptica -, e começa-se, a partir do grau do ascendente, a dividir-se as 12 casas em partes iguais de 30°. O bom desse método é sua simplicidade e sua forma clara de refletir a divisão em doze partes dos signos zodiacais, além de não apresentar signos interceptados. O problema é que nesse sistema há ênfase apenas no ascendente e no sol, perdendo-se muito do valor das outras casas e dos outros astros. Os quatro sistemas mais conhecidos desse método são: de Casas Iguais (o mais popular e antigo, datado de 3000 a.C.), de Casas Porphirius, de Casas de Graduação Natural e o Método M-Casa. Nos sistemas Espaciais, em vez de se pegar a eclíptica para determinar as cúspides, se escolhe outros círculos possíveis da esfera celestial - como o equador celeste, o horizonte ou a primeira vertical - e depois projeta-se essa divisão na faixa eclíptica zodiacal. Esses sistemas levam em maior conta a localidade, o espaço central em que o indivíduo se encontra, criando um mapa quase que tridimensional. Não sendo mais o movimento aparente do sol, mas o movimento da Terra, que orienta esse método de divisão das casas, a lua acaba tendo uma influência muito maior nos mapas assim construídos. O problema aqui é que o zodíaco em si acaba perdendo um pouco sua importância ao se aumentar o destaque sobre as casas e os astros. Os sistemas desse tipo de divisão de casas mais conhecidos são o de Casas Campanus, o Regionamontanus, o Morinus e o Ponto Leste. Nos sistemas de Tempo as cúspides das casas são traçadas à partir do tempo que determinado ponto (o Asc ou o MC) leva para perfazer um arco na esfera terrestre. Esse método é o mais complicado matematicamente de ser calculado, e constrói o mapa trisseccionando o tempo que qualquer grau da elíptica leva para ir do Asc ao MC - encontrando assim as cúspides das casas XI e XII e seus opostos - e depois o tempo que cada grau leva para ir do FC ao Asc e também trisseccionando para achar as cúspides das casas II e III e seus opostos. Esses sistemas enfatizam mais as metas de vida e dá respostas mais significativas quando se faz perguntas temporais e mundanas, sendo utilizados principalmente pela ala psicológica da astrologia. Os sistemas temporais mais usados são os de Casas Alcabitus, de Casas Plácidus, de Casas Knoch e Topocêntrico de Casas. A maioria utiliza o Sistema de Casas Placidus, onde é possível haver signos interceptados em algumas casas, ou seja, há signos que estão completamente contidos em alguma casa sem que nenhuma cúspide passe por ele. Quando isso ocorre teremos duas influências naquela área da vida, sendo que o signo da cúspide dará a cor da casa e o signo contido dará um tom diferenciado a ela.


Para entender como funciona cada casa, vamos construir uma estrutura mítica através dos signos para contar a história de um herói genérico. Áries é o nascimento do herói, o pioneiro que abre o caminho nunca dantes trilhado, matando dragões e enfrentando bruxas. Depois que o caminho é aberto, precisamos de Touro para nos estabelecer no novo lugar, construir um abrigo, cultivar a terra, para que as conquistas feitas não se esvaziem, já que a Terra é redonda e se sairmos abrindo caminhos infinitamente acabaremos no mesmo lugar que começamos e o caminho já terá nos esquecido. Gêmeos, então, nos ensinará a entrar em contato com os outros seres que vivem à nossa volta, aprendendo a língua local e fazendo trocas de informações com a comunidade vizinha, dançando com lobos e descobrindo quais plantas matam e quais curam. É possível, aí, criar raízes, estabelecer família, formar uma comunidade, como Câncer, numa uroxilocalidade que mostra de onde vem aquela nova existência, dando segurança, abrigo e a certeza de uma continuidade. Leão surge como a autoridade paterna que inicia os jovens heróis e lhes mostra a necessidade de criar algo novo, pois somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Assim, o homem aprende a criar a si mesmo e a dar filhos ao mundo. Passamos então a Virgem, para aprender a trabalhar dando o melhor de si, cuidar da propria saúde e do corpo, e criamos os rituais de purificação. Com isso nos instrumentalizamos e conseguimos nos sustentar sozinhos. Só aí a criatividade e a expressão pessoal podem ganhar forma. Agora é possível separar-se do clã em que se foi criado, e o herói vai ao encontro do Outro, com quem ele se une através de Libra, não mais através da identidade que lhe era outorgada em sua comunidade, mas para crescer para além de si mesmo. Na intimidade com o outro de Escorpião ele descobrirá os demônios que eram impedidos de se manifestar na proteção infantil que tinha em casa, e ele terá medo, pois achará que será destruído. Mas quando não tiver mais para onde fugir, terá que enfrentar seus monstros e se tornará seu senhor. Com isso ele se sentirá mais forte e procurará horizontes maiores e mais divinos, onde Sagitário será o grande guia, e o ensinará a ser mais sábio e ver mais longe, podendo encontrar um sentido para sua vida. Em meio a essa viagem, Capricórnio lhe mostrará uma montanha que é só sua, que lhe foi destinado para subir desde todo o sempre. A montanha poderá parecer grande demais, mas ele acaba tendo que subi-la se quiser continuar seu caminho. Será muito difícil, e muitas vezes ele pensará em desistir. Mas quando vê que essa subida é o que ele precisa fazer nessa vida, entenderá também que se desistir dela nada mais fará sentido em sua existência. Ele aprenderá o valor do tempo e da paciência, e quando menos esperar, estará no topo. Então olhará para trás e verá todo o caminho percorrido, e entenderá o sentido dos sonhos que tinha quando criança. Se sentará com Capricórnio no topo daquela escalada e contemplará sua vida, seus esforços, sua história única, descobrindo outro segredo da vida: não se pode permanecer para sempre no topo. Lá de cima Aquário lhe mostrará a humanidade, sua evolução, sua capacidade heróica de construir um mundo melhor, e seu coração se encherá de esperança de que a humanidade, assim como ele mesmo, consiga criar um mundo em que todos cresçam, independente de sua origem, cultura, gênero, idade ou religião. Descendo de sua montanha e compartilhando a vida com seus irmãos, o herói percebe que faz parte de algo muito maior que ele mesmo. Então ele estará preparado para se despir de suas roupas, de suas pequenas vontades, de sua pequena razão, que ele acreditava terem-no guiado até ali, e seguirá com Peixes para um outro mundo, ampliando seu coração e ligando-se a Deus, pois agora já não é parte de algo, mas o próprio todo.


No mapa astrológico temos esse ciclo individual, que mostra o caminho de cada um para descobrir seu verdadeiro tesouro, através das casas astrológicas. Nelas, vemos como a pessoa atravessa cada uma dessas fases e como ela vivencia cada uma dessas áreas da existência humana. A analogia entre as casas e os signos é feita através dessa dinâmica simbólica, onde percebemos que a busca do signo é análoga à necessidade vivida na casa. No desenvolvimento seqüencial das casas observamos um movimento do pessoal para o interpessoal e desse para o universal. Se dividirmos o mapa ao meio à partir do eixo Asc/Desc., o lado Sul mostra nosso encontro conosco mesmos e o lado Norte mostra nosso encontro com o mundo. Por isso as casas de I a VI são chamadas de pessoais e as de VII a XII de coletivas. Se traçarmos também uma linha entre o MC e o FC observaremos quatro fases de desenvolvimento: no primeiro quadrante (casas de I a III) temos o autodesenvolvimento, onde o indivíduo cria o sentido de identidade pessoal; no segundo quadrante (casas de IV a VI) temos o desenvolvimento da auto-expressão, onde o indivíduo se molda e se mostra; no terceiro quadrante (casas de VII a IX) temos a auto-expansão, onde o indivíduo cresce à partir do encontro com o outro que lhe é externo; e no quarto quadrante temos as áreas de autotranscendência do indivíduo, onde se ampliam e superam as fronteiras pessoais para se incluir não só um outro, mas todos os outros. A concentração de planetas em um desses quadrantes fará com que o tipo específico de desenvolvimento representado tenha maior importância na vida da pessoa.


Esse é o primeiro olhar que devemos dar ao mapa. Olhe para o desenho do seu e veja onde há maior concentração, quais casas abrigam maior número de astros, pois ali estarão as áreas da sua vida mais dinamizadas. Se há muita força nas casas pessoais, a auto expressão exige maior consciência, e se há mais agitação nas casas coletivas, os desafios estarão muito mais concentrados na auto expansão.


Pense nisso essa semana, que na próxima publicação vamos deixar as coisas mais complexas um pouco.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Lunação nas Casas do Mapa Natal: Reabrindo o Boteco

Aqui vão umas dicas básicas para ajudar a acompanhar as Lunações através do seu mapa, lembrando que nesse boteco falamos de generalidades para ajudar na hora de conhecer sua carta astral.

A Astrologia divide a vida da pessoa em 12 áreas, que chamamos casas. Pretendo escrever com mais detalhes a respeito, mas aqui vai um esquema geral de cada uma e de como elas se organizam através dos eixos opostos, para podermos falar com um pouco de propriedade das Lunações. Para quem precisa de legenda, Asc = Ascendente (casa I); Desc = Descendente (casa VII); FC = Fundo do Céu (casa IV); MC = Meio do Céu (casa X).

Casa I (Asc) - Como sou - analogia com Áries
Casa II - O que tenho - analogia com Touro
Casa III - Como me comunico - analogia com Gêmeos
Casa IV (FC) - De onde venho - analogia com Câncer
Casa V - O que quero- analogia com Leão
Casa VI - Como sirvo - analogia com Virgem
Casa VII - Com quem me relaciono- analogia com Libra
Casa VIII - Trocas íntimas e transformadoras - analogia com Escorpião
Casa IX - Minha busca por compreensão - analogia com Sagitário
Casa X (MC) - Minhas ambições (para onde vou) - analogia com Capricórnio
Casa XI - Meu grupo- analogia com Aquário
Casa XII - Meu universo espiritual- analogia com Peixes

Eixos
Asc (Eu) - Desc (Tu) – forças que criam
II (Recurso Pessoal) - VIII (Recursos do outro) - matéria criada
III (Conhecimento Imediato) - IX (Conhecimento Superior) – lei da evolução
FC (Reino da Mãe) - MC (Reino do Pai) - missão ancestral
V (Criação Pessoal) - XI (Criação Social) – o amor
VI (Purificação/Trabalho) - XII (Contaminação/Transcendência) – sabedoria universal

Alguns lembretes são importantes. As Lunações, em geral, estarão mobilizando um eixo do mapa, mas pode acontecer também da Lua Nova ocorrer em uma casa e a Lua Cheia estar plena na casa seguinte da oposta por eixo. Isso significa que o eixo mobilizado naquele mês pode ter seus resultados vistos em outra área de vida também. É bem interessante acompanhar como isso acontece. É bom prestar atenção também na Lunação que acontece no seu mês de aniversário, pois ela irá mobilizar sua natureza solar, onde está sua fonte de energia e amor vital. O mês em que o Sol está no seu signo lunar trará a mobilização do seu centro emocional, e é uma época boa para ver como suas emoções e seus vínculos afetivos estão sendo trabalhados.

Lunações no Ascendente/Descendente
Essa lunação costuma ser a mais intensa do ano, pois mostra muito da necessidade de se agir no mundo de modo individualizado e da busca por companheiros de vida, que são dois aspectos muito mobilizadores da personalidade. Quando a Lua Nova ocorre no Ascendente temos energia para agir e ir atrás daquilo que somos de verdade. Esse é um bom momento para se começar coisas novas e para mudar comportamentos que percebemos que atrapalham nosso caminho. Nos dois dias que antecedem essa conjunção de Sol e Lua e nos dois dias posteriores, é bom avaliar o que é preciso ser feito e assumir a responsabilidade por aquilo em vez de esperar que o Outro, ou o Mundo, faça isso por você. Nessa Lua Cheia teremos o Sol no Asc. e a Lua no Desc. e aquilo que plantamos com nossas ações vão refletir nas nossas parcerias. Lembrando que na Lua Cheia temos uma oposição de luminares, aqui você vai perceber os desequilíbrios entre a sua ação individual e os ajustes necessários para a convivência com o Outro. Essa é a Lua Cheia boa para namorar e encontrar com @(s) parceir@(s), pois nosso satélite iluminado estará trazendo os frutos das iniciativas tomadas em favor da própria individualidade e permitindo que estejamos mais inteiros no contato com o Outro. Se nossas dissociações são muito intensas nessas áreas, porém, as discussões com nossos parceiros ou as dificuldade de se encontrar uma boa parceria trazem muita confusão e brigas.
No mês “contrário”, quando a Lua Nova acontece no Desc. e a Lua Cheia está no Asc, é o momento de ficar atento para aquilo que precisamos fazer em nossos relacionamentos pessoais para que eles sejam verdadeiros e bons para ambas as partes, tomando a iniciativa de alimentar nossas boas parcerias ou irmos atrás delas. Acredito que não exista nada na vida que mostre tanto de nós mesmos como nossos relacionamentos pessoais, sejam eles amorosos, de trabalho, de viagem ou do que seja. Nessa Lua Cheia nosso satélite estará iluminando nossa porta de entrada, digamos assim, e isso irá refletir muito dos nossos desejos de ação. Se você começar a brigar muito com seus parceiros nesse período, veja internamente se não está criando a expectativa de que o Outro faça por você coisas que você tem preguiça ou medo de desenvolver, ou se o relacionamento está exigindo limites demais de sua individualidade e você está se perdendo. Essas dissociações estarão sublinhadas nessa lunação, e, se não estamos muito inconscientes delas, pode ser exatamente o momento em que nossos parceiros reconhecem o valor da nossa individualidade e podemos fazer os reajustes necessários.

Lunações nas casas II e VIII
Nesse eixo nossos luminares vão trazer luz para a maneira como lidamos com nossos valores conscientes e de que modo interagimos com os valores inconscientes, que podem ser explorados na intimidade com o Outro. Isso muitas vezes se traduz através do dinheiro que recebemos por nosso trabalho, pois vivemos em um mundo capitalista que criou esse parâmetro de valor. Se subestimamos nosso valor, cobramos menos do que merecemos, e se nos sobreestimamos culpamos os Outros por não recebermos o que acreditamos que merecemos. Tanto em um como no outro caso, ficamos insatisfeitos com os recursos que temos disponíveis. Quando a Lua Nova acontece em nossa casa II temos energia para ir atrás daquilo que é nosso e modificar as coisas que nos impedem de reconhecer nosso verdadeiro valor. É um bom momento para olhar para nossa vida material e ver o que falta, tomando a iniciativa para conseguir isso. Se há algum dinheiro sobrando, veja se ele pode comprar aquilo que você está desejando e compre, ou avalie se o que você quer mesmo vale mais, e aplique esse dinheiro para que ele se multiplique e você possa ter aquilo que quer em vez de aceitar algo de menor valor e que não trará a mesma satisfação. Na Lua Cheia estaremos colhendo os frutos de nossas aplicações pessoais através daquilo que recebemos do Outro. Quando prestamos atenção nessa Lunação vemos o quão verdadeira é a Lei que diz que recebemos aquilo que damos. Quando a Lua Cheia ilumina nossa casa VIII temos um reflexo daquilo que plantamos na nossa auto valoração e percebemos todas as coisas que precisamos nos desfazer para abrir espaço para que novos recursos possam surgir. Quando a Lua Cheia mostra os valores inconscientes abrigados na casa VIII, é possível ver o quanto nossos valores pessoais estão distorcidos ou não, pois iremos colher no campo do Outro aquilo que plantamos no nosso quintal. Se plantamos nos sobreestimamos ou subestimando na Lua Nova, vamos querer que o Outro nos dê seus recursos para taparmos nossos buracos, mas se conseguirmos avaliar com clareza nosso valor, poderemos fazer uma troca equilibrada com o Outro de modo a nos desapegar daquilo que não nos serve mais e recebendo o que precisamos, não só no nível material mas também - ou talvez, principalmente - no nível emocional e transpessoal. Na Lua Nova contrária teremos essa energia concentrada ativando nossas trocas íntimas com o Outro, e é exatamente quando temos luz disponível para entrar no nosso porão para avaliar o que nos serve e o que está na hora de jogar fora. É o melhor momento para arrumar armários e olhar o que se guarda em casa, jogando fora o que não tem mais utilidade e passando para frente o que não usamos a muito tempo e provavelmente nunca mais vamos usar. Nesse sentido é também um bom momento para olharmos nosso porão emocional, e avaliar as mágoas que permanecem mais por orgulho do que por dor real, as vinganças que acalentamos no inconsciente e não têm mais sentido, as invejas e ciúmes que não temos coragem de admitir conscientemente. Se conseguimos separar esse lixo psíquico que guardamos no inconsciente, podemos abrir espaço para novas energias, alem de poder usá-lo como adubo para plantar coisas novas. Os frutos disso podem ser vistos na Lua Cheia que iluminará a casa II, pois quanto menos lixo carregamos, mais claros se tornam nossos valores pessoais, e podemos utilizar nossos recursos para adquirir aquilo que precisamos e queremos em vez de gastar compulsivamente aquilo que temos para alimentar as obsessões e cegueiras que travamos no inconsciente. Essa lunação serve para entendermos na pele que na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Lunação nas Casas III e IX
Esse eixo fala muito a respeito da nossa capacidade intelectual, e durante essa lunação teremos energia para avaliar nossas formas de comunicação e de busca por novos conhecimentos. Esse é o eixo em que percebemos como nos transformamos através do saber. Quando a Lua Nova ativa nossa casa III temos uma concentração de forças para nos comunicarmos e negociarmos aquilo que sabemos. Todas as atividades de troca são potencializadas, e se temos consciência de onde estão nossos problemas de comunicação com o entorno, podemos aproveitar para melhorar essa área de nossa vida. Desde aquele workshop de oratória ou aquela conversa que queríamos ter com o vizinho, até o bazar que queríamos organizar para vender o que não usamos mais ou a feira que sempre pensamos em ir para encontrar o que queremos por um preço mais baixo, são atividades propiciadas por essa conjunção de Sol e Lua. Esse também é um bom momento para retomar a comunicação conosco mesmo, voltando a escrever aquele diário no fim do dia ou a anotar os sonhos pela manhã. Na Lua Cheia que ilumina nossa casa IX vamos perceber como nosso horizonte se expandiu através das trocas pessoais, pois quanto mais e melhor conseguimos trocar informações com as pessoas - e conosco mesmos, claro! - mais facilidades teremos na hora de planejar uma viagem, buscar uma especialização ou mesmo transmitir e exercitar nossa filosofia de vida. Os problemas de dissociação dessas áreas em nós podem trazer muita confusão nessa Lua Cheia, e ninguém entende o que falamos, nosso orientador diz que nossa tese é um equívoco e lemos o mapa ao contrário, indo parar no lado oposto de onde queríamos ir naquela viagem. O que quero dizer é que a Lua Cheia na casa IX vai mostrar o quanto os nossos Grandes Conhecimentos (que vemos assim, com letras maiúsculas), são resultado também de nossa comunicação cotidiana, e por isso não pode estar dissociada dela. Já durante a Lua Nova em nossa casa IX temos energia para retomar aquele estudo ou grupo de estudos, começar um curso superior ou planejar aquela viagem para o exterior, e nos arriscarmos a expor aquilo que sabemos e acreditamos ser importante. Nossa necessidade de novos horizontes é energizado por essa conjunção de luminares, e podemos aproveitar essa força para iniciar nossos desejos nesse sentido. Os resultados do que foi plantado aqui poderão ser colhidos na nossa vida cotidiana durante a Lua Cheia que iluminará a casa III. O aumento de nossos conhecimentos faz com que tenhamos mais figurinhas para trocar com mais tipos de pessoas, se conseguimos sincronizar essas duas áreas de nossa vida. Mas se essas áreas estão dissociadas, você pode ficar bem irritados por estar cercado de pessoas que querem discutir a novela das 8 enquanto você está interessado mesmo é na República de Platão - ou vice-versa -, o que acaba provocando isolamento e/ou críticas destrutivas. Assim, aprendemos que não compramos flores no açougue ou carne no florista, e isso não é culpa nem do açougueiro nem do florista. Se conseguimos perceber isso, essa Lua Cheia pode trazer muito prazer de se sentar no bar e beber sem se preocupar com a profundidade relativa da conversação. Muitas vezes é através do comentário bobo feito sobre uma cena da novela que temos um grande insigh a respeito daquela parte da tese de doutorado que parecia sem saída.

Lunação no Fundo do Céu e no Meio do Céu
Essa também é uma lunação bem importante no nosso ano, pois energiza as nossa origem familiar e aquilo que queremos objetivar e construir na nossa vida social. Se colocarmos a imagem de uma árvore nesse eixo, essa Lunação mostrará o quanto a beleza da floração no alto da copa de nossa árvore está diretamente ligada à saúde das nossas raízes, assim como a força das raízes tem muito da sua vitalidade através da energia solar recolhida pela copa. Quando a Lua Nova energiza nossa casa IV temos oportunidade de, olhando para nossos vínculos familiares, perceber melhor como nos sentimos na intimidade com aqueles que partilhamos nossa casa - a família que construímos - e também aquilo que trazemos de nossa família de origem. É interessante estar percebendo como você se sente com a idéia de família, o que ela abrange em sua vida, e como ela te traz segurança emocional ou não. Esse é um bom momento para finalmente cumprir a promessa de ir ao Parque com as crianças ou de ir ver os pais no domingo. Se você puder visitar aquela tia avó velhinha e cheia de histórias a respeito dos seus avós e de seus pais adolescentes, isso pode te dar um monte de insights que melhorem os vínculos com os seus. E mesmo que você more em uma comunidade de amigos, esse pode ser um bom dia para fazer um churrasco e perceber o quanto há nos seus amigos traços de sua família de origem. A Lua Cheia trará os resultados da maneira como tratamos nossas raízes, e claro que os problemas que temos com nossos pais acabarão aparecendo em nossos chefes e também na maneira como nos vêem nossos subordinados. Quando a Lua Cheia está ativando o ponto mais alto de nosso mapa podemos ver as influências emocionais inconscientes atuando na estrutura que estamos construindo no mundo. É por isso que, se nos nutrimos de maneira saudável através de nossos vínculos familiares, poderemos colher nessa Lua Cheia uma maior tranqüilidade na hora de expressar nossa autoridade e, muitas vezes, é nesse momento que vamos ser reconhecidos pelo trabalho duro e consciente que fizemos para alcançar aquilo que queremos no mundo. Do mesmo modo, se estamos muito dissociados por essas duas áreas de nossa vida e temos a fantasia que podemos escapar dos problemas de nossa vida familiar através da autoridade que conquistamos no mundo, essa Lua Cheia pode ser particularmente difícil, já que os resultados dessa dissociação costumam trazer confusões emocionais e brigas no trabalho capazes de derrubar muitas das coisas que estávamos construindo em nossa escalada social. Já na Lua Nova que energiza nosso Meio do Céu, o Sol e a Lua estarão potencializando nossos objetivos mais altos, portanto é o momento para iniciar os projetos mais ambiciosos e plantar aquilo que queremos ver reconhecido pela sociedade que fazemos parte. Isso pode significar desde se sentir capaz de aceitar mais responsabilidade no trabalho ou enviar o paper para o Congresso que se quer participar, até mandar para um editor o manuscrito daquele livro escrito e arquivado na gaveta que você encontrou sem querer essa semana. Quando a Lua Cheia brilhar na sua casa IV, e mostrar os reflexos inconscientes do que você plantou no mundo, você poderá curtir sua família com a consciência de estar fazendo a sua parte na construção da sociedade, trazendo momentos muito gostosos e nutridores com aqueles que você ama. Caso contrário, se você estava plantando a fuga do seus vínculos afetivos, as Eríneas, protetoras da honra do clã, irão reclamar seu quinhão, e você se verá sem lugar para descansar da labuta no mundo. As lunações que envolvem nosso FC e nosso MC ensinam que a alegria de conquistar o mundo é proporcional à alegria de ter um lugar para descansar depois da vitória.

Lunação nas Casas V e XI
Nesse eixo vemos tanto a nossa necessidade de nos sentirmos únicos e criativos, nos divertindo com aquilo que gostamos independentes do que os outros gostam ou querem, e como participamos dos nossos grupos de amigos e de interesses comuns, onde temos que pensar no bem coletivo mesmo que isso não concorde com nossos gostos pessoais. Um bom exemplo para entender essa dinâmica é se imaginar jogando bola: se você está jogando com a parede, pode ficar o tempo todo com a posse de bola, mas se jogar uma pelada com os amigos na praia e ficar segurando a bola, vai acabar prejudicando o jogo e perdendo os amigos, por mais criativas que sejam as suas jogadas. Quando a Lua Nova traz força para nossa casa V, nossa energia criativa pode ser aproveitada para nos divertimos com a vida, sendo utilizada de maneira artística material, criando pinturas, esculturas, música ou o que seja, ou simplesmente fazendo coisas que dão alegria, como sair para jantar à luz de velas e depois dançar com @ namorad@, ir viajar ou escalar uma montanha, tirar o dia para ficar surfando ou lendo na praia. O signo que rege nossa casa V pode dar muitas dicas sobre o que fazer. Muitas pessoas - inclusive astrólogos - não dão a devida importância para essa área da vida, mas é através das coisas que gostamos e temos prazer em fazer que nossa identidade ganha substancia e sustentação. Hobbes, romances e filhos - os atributos tradicionais da casa V -, são as coisas que ganham a nossa assinatura - sim, filhos também - e que temos orgulho de mostrar. É exatamente porque temos o prazer de brincar nessa casa, que vamos dar aquilo que temos de melhor na sua realização. As dissociações e dificuldades que plantamos nessa área de nossa vida irão aparecer nos reflexos da Lua Cheia em nossa casa XI. Se não oferecemos oportunidade para nutrir nossa necessidade de diversão e criatividade, reconhecendo e valorizando nossa individualidade, vamos querer que o grupo faça isso por nós, e essa Lua trará o sentimento de que todo mundo é muito egoísta por não nos dar a oportunidade para nos expressarmos, fazendo do encontro social algo que gera tensão em vez da oportunidade de compartilhar nossa humanidade comum. Se temos essa questão melhor resolvida, porém, essa Lua traz exatamente o desejo de compartilhar o que temos de melhor com aqueles que qualificamos como iguais e que alimentam aquilo que realmente somos. Sair com os amigos se torna não apenas divertido, mas também ajuda em nossa fé na Humanidade. Na Lua Nova da nossa casa XI temos energia para investir em nossos grupos sociais, o que significa força para começar desde aquele trabalho voluntário que tanto se queria fazer, quanto ir buscar aquele amigo que as tarefas cotidianas acabaram afastando do convívio mas que você sente falta de quando se encontravam e tinham tanta coisa para conversar. Essa é uma conjunção de luminares que possibilita olhar para os grupos que freqüentamos de modo a perceber onde queremos investir mais energia e onde perdemos o interesse e não vale mais a pena estar. Quando a Lua Cheia refletir e iluminar nossa casa V veremos de que modo estamos utilizando os nossos grupos inconscientemente, e, se esse eixo estiver equilibrado internamente, teremos mais prazer em ser quem somos e em dar nossa contribuição pessoal, de modo que os encontros sociais podem ser bem prazerosos. Do contrário, se ainda não conseguimos equilibrar essas duas esferas de vida, na Lua Cheia vamos cobrar aquilo que demos para a coletividade, muitas vezes nos tornando irresponsáveis como uma criança birrenta. Aí podemos querer seduzir @ líder do grupo para conseguir vantagens, faltar na reunião importante para ir pescar ou simplesmente nos isolarmos porque ninguém nos entende mesmo.

Lunação nas Casas VI e XII
Essa é uma lunação muito interessante de ser observada, e pode ser usada para todos os tipos de purificação que queremos fazer conosco. Quando temos a Lua Nova em casa VI há uma concentração de forças para fazermos as desintoxicações físicas que necessitamos. Tradicionalmente se atribui a essa casa as questões de trabalho e saúde, por serem as duas coisas que nos dão autonomia na vida. A lunação que começa em casa VI, então, pode ser aproveitada para iniciar o combate àquilo que nos aprisiona, como vícios ou noites mal dormidas, kilos a mais ou ingestão de muitas bobagens alimentares. O mais interessante nesses dias é prestar atenção no que se come, buscando coisas mais leves e saudáveis, dormir bem e ficar atento para como se cuida e se utiliza o corpo físico. Geralmente temos também mais energia para o trabalho e conseguimos focar nossas tarefas de maneira a conseguir maior eficiência. Já na Lua Cheia que iluminará a casa XII, teremos os resultados “internos”, daquilo que plantamos na casa VI, que virá em forma de confusão, stress e sobrecarga emocional, se não nos cuidamos ou trabalhamos demais, ou da possibilidade de entender e aprofundar o contato com nosso Self, se estamos olhando para nós mesmos com maior cuidado. Essa é uma boa Lua Cheia para se fazer uma fogueira na praia e praticar mantras. Já na Lua Nova que concentra forças na nossa casa XII, temos energizada nossa área mais inconsciente e é um bom dia para se começar ou voltar a praticar meditação. Mesmo que não se seja adepto de nenhuma prática desse tipo, é bom se dar um tempo para ficar sozinho e em silêncio para ver como vai sua vida espiritual, colocar um incenso na casa, acender uma vela para Aquilo que se acredita ou fazer um pequeno ritual honrando as forças invisíveis que nos sustentam. Na Lua Cheia que ilumina a casa VI podemos ter insights em nosso trabalho advindos do inconsciente honrado na Lua Nova, ou ficarmos muito sem foco e não conseguirmos nos concentrar, criando bastante confusão no nosso cotidiano, comendo mal, dormindo pouco e nos apegando mais ainda aos nossos vícios.

domingo, 25 de janeiro de 2009

Trânsitos de Sol e Lua: O Passeio dos Luminares

Quando fazemos a leitura de um mapa e verificamos os trânsitos, geralmente desprezamos os movimentos de Sol e Lua por eles serem muito rápidos e difíceis de se lidar de maneira consciente. A Lua muda de signo a cada 2 dias mais ou menos e o Sol a cada mês. Nesse sentido, seus trânsitos não ajudam a entender ou resolver problemas de longo prazo, mas podem nos revelar muito a respeito de nossos estados de espírito e ajudar no movimento cotidiano. É interessante notar principalmente as Lunações, ou seja, os momentos em que Lua e Sol se encontram em conjunção - Lua Nova - e em oposição - Lua Cheia. Essa dança de encontro e oposição entre os luminares no céu, onde o Lua funciona como mediadora da luz solar para a Terra, vai marcando o ritmo de nossa vida durante o ano. É por isso que temos tantos rituais marcando as luas novas e cheias em todas as culturas durante a história humana, e ainda em nossos dia encontramos reflexos disso em rituais esotéricos. Podemos entender muito sobre a dualidade em que vivemos - masculino/feminino, certo/errado, saúde/doença, ativo/passivo, etc. - através das lunações, percebendo que hora estamos mais fechados, hora mais abertos, hora estamos plantando, hora buscamos a colheita. Sabendo em que áreas de nossa vida as lunações estão acontecendo, é possível planejar esse movimento de maneira a obter maior consciência, principalmente naquelas lunações que envolvem outros planetas de nosso mapa Natal.

Amanhã, por exemplo, dia 26 de janeiro, estamos tendo uma Lua Nova a 6°30’ de Aquário, onde, além do Sol e da Lua, temos também Júpiter em conjunção. Veja no mapa em que área da sua vida essa conjunção está ocorrendo e tente ver como você lida com as questões dessa casa e o que você gostaria de modificar ali. Na área de nossa vida regida pelo signo de Aquário, temos uma tendência a ser “coletivos”, gostar de trocar idéias com nossos grupos de amigos, e onde temos esperança na Humanidade e em nossa capacidade de resolver as coisas de maneira racional. Na Lua Nova temos uma grande concentração de energia, que podemos usar para mudar aquilo que não nos satisfaz naquela área específica de nossa vida, empreendendo novos começos. Toda Lua Nova é uma fase de renovação, que estimula a casa em que se realiza. A ativação de planetas pela Lua Nova é especialmente importante, seja através de conjunção, oposição, quadratura ou trígono, principalmente, e um ótimo momento para conscientizar e reorientar esses pontos ativados de maneira benéfica. Então, se você tem algum astro em signo de Ar (em Gêmeos, Libra ou Aquário) ou em signos Fixos (Touro, Escorpião, Aquário ou Leão) preste atenção no seu estado de humor e tente perceber como funciona a dinâmica das áreas de sua vida envolvidas nessa lunação. Lua Nova é o momento de agir. Assim sendo, se você tem algo novo para começar nessa área de sua vida, esse é o momento. A Conjunção do nosso luminar emocional e inconsciente com o luminar da consciência individual traz um momento de força para nossa integração interior, e é por isso que a possibilidade de renovação e de uma nova forma de encarar a vida pode ser plantada nesse momento. Se você for acompanhando as lunações através do seu mapa natal, com certeza vai poder perceber uma continuidade nas decisões tomadas na Lua Nova ou sendo postas em prática nesses momentos, até que essa nova postura se torne algo natural.

Já na Lua Cheia temos uma dispersão de energia, e o que você irá ver nesse momento será aquilo que, conscientemente ou não, foi plantado na Lua Nova. Na Lua Cheia esse luminar parece ser do mesmo tamanho que o Sol, e as forças do inconsciente ganham tanta força quanto as do consciente. Esse é um momento propício para meditações e reflexões que levem a um encontro com essas forças inconscientes disponíveis. Porém, aqui, temos a oposição entre o Sol e a Lua, um aspecto de tensão entre os luminares, e por isso nos confrontamos com questões de áreas que aparecem como dual em nossa vida, e podem trazer estresses quando olhadas desde o ponto de vista individual. A dificuldade em se lidar com essa dissociação aparece em muitas das estatísticas feitas em Lua Cheia, onde se vê um aumento da violência e de surtos psicopatológicos, cuja melhor imagem é a do Lobo escondido que vêm para fora e transforma aquele tranqüilo cidadão em Lobisomem. Esse é um momento em que podemos ver aquilo que estivemos guardando no inconsciente, e quanto mais agudas forem as divisões internas e a falta de integração, mais difícil será lidar com a Lua Cheia, que acaba ativando o isolamento e o medo interno. Entretanto se conseguirmos olhar para nossos problemas de integração de maneira holística e reflexiva, podemos ver soluções novas e aproveitar os insights vindos do inconsciente. Oposição é um aspecto que fala de relacionamento com um Outro, e por é isso que temos mais vontade de sair e realizar encontros sociais nesses dias quando estamos bem nas áreas iluminadas pela Lua Cheia.

Retomando o exemplo desse mês, na próxima Lua Cheia, dia 9 de fevereiro, teremos o Sol em Aquário, agora em conjunção com Netuno, em oposição à Lua em Leão, a 21° desses signos. Se você conseguiu ver as questões da área da sua vida regidas por Aquário na Lua Nova, na Lua Cheia você vai estar vendo como essas questões são refletidas na área oposta, regida por Leão. Se na casa onde temos Aquário queremos ter nosso grupo de amigos e afins para compartilhar nosso caminho Humano, na casa onde temos Leão queremos desenvolver nossa capacidade de sermos únicos e reconhecidos como especiais. Como podemos conciliar essas duas energias? Essa é uma Lunação em que podemos perceber as dificuldades de estar integrando a nossa individualidade no grupo, e também entender que o que dá movimento no grupo é o encontro de várias individualidades únicas e especiais em si mesmas. Preste atenção nisso na próxima Lua Cheia.

Semana que vêm vamos reabrir o boteco para falar das lunações nas casas.

terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Contatos de Primeiro Grau: Primeiro Precisamos Entender os Aspectos


Estive verificando que não é possível falar dos Trânsitos antes de entender os aspectos entre os planetas. Então aqui vamos entender como os planetas em contato estarão tentando se comunicar. Isso é importante porque quando falamos de um trânsito sobre o Sol, por exemplo, se no mapa natal ele está em contato com outro astro, o aspecto será ativado, portanto é preciso olhar para esse diálogo para saber como se estará funcionando nesse momento. Então aproveite que você está com seu mapa à mão, e verifique como os astros estão se relacionando em sua carta natal. Esse olhar é um pouco mais trabalhoso, mas vale muito à pena entender como isso funciona em você.

Quando se olha o zodíaco através das modalidades astrológicas - Cardeal, Fixa e Mutável - os signos se apresentam em cruzes, sendo cada signo de um elemento diferente. Assim, na cruz Cardeal temos Áries (Fogo)/Libra (Ar) e Câncer (Água)/Capricórnio (Terra); na cruz Fixa, Touro (Terra)/Escorpião (Água) e Leão (Fogo)/Aquário (Ar); e na Mutável Gêmeos (Ar)/Sagitário (Fogo) e Virgem (Terra)/Peixes (Água). Cada dupla está numa relação de oposição no zodíaco. Podemos traduzir isso como vibrações do mesmo tipo, ações do mesmo tipo, mas com objetivos e motivações diferentes. Áries/Libra, por exemplo, agem em uma direção definida e criam de modo direto, mas Áries baseia-se em sua própria identidade e valor pessoal - Fogo -, enquanto Libra age em função de sua percepção e de sua elaboração mental das associações com as outras pessoas - Ar. No outro eixo de opostos temos Câncer/Capricórnio, o primeiro agindo de modo direto através de suas emoções e valores (Água), e o segundo agindo de modo direto através de sua percepção da realidade material (Terra). O que se opõe nos eixos, portanto, é o tipo de percepção da vida. Desse modo, quando dois elementos do mapa - envolvendo planetas, o Sol, a Lua, ou o Ascendente e o MC - estão em oposição, a pessoa terá características de uma mesma vibração percebendo o mundo através de pontos distintos. Isso fica mais claro quando notamos que Fogo sempre faz oposição a Ar e Terra sempre faz oposição a Água. O princípio motivador de Fogo é a fantasia a respeito do mundo e de si mesmo, a expressão pessoal, heróica, livre e única; o princípio da harmonia coletiva é que orienta Ar, que se motiva pela percepção ideal e abstrata que constrói do mundo e do relacionamento humano. Esses princípios se opõem na hora de agir, pois Fogo buscará as manifestações únicas de sua vida e o Ar buscará as manifestações coletivas e abstratas. Do mesmo modo, o princípio motivador de Água será a realidade emocional que percebe, fazendo-o buscar as verdades da alma em suas ações, enquanto a Terra agirá através da realidade concreta e prática que percebe no mundo compartilhado. Observando mais de perto vemos que, muito mais do que opostos, esses princípios são complementares. Quando uma pessoa tem elementos de seu mapa em oposição ela pode se sentir confusa entre dois tipos de percepção, pois suas motivações parecem se opor, e é preciso um trabalho de conscientização para que possa agir de modo equilibrado, nem tanto à terra, nem tanto ao céu. A oposição envolve elementos harmônicos mas que sofrem de sobrestimulação, criando falta de objetividade, já que a dificuldade de se conciliar opostos internamente faz com que se projete um dos pontos no mundo ao mesmo tempo que há uma identificação em excesso com o outro ponto. Por isso dizemos que a oposição é um desafio na área das relações pessoais, onde precisa haver um esforço extra para se distinguir o que é pessoal e o que pertence realmente ao outro, incorporando aspectos distintos da personalidade. A oposição acontece sempre que dois pontos do mapa estão à uma distância de 180°, com uma margem de 8° a mais ou a menos.
Já a quadratura (ângulo de 90°) é um aspecto entre elementos "desarmônicos" (Fogo e Ar com Terra e Água e vice-versa), exigindo muito mais energia para integrar aspectos tão divergentes, sendo que o sentimento mais comum envolvido é o de frustração. Se voltarmos às cruzes das modalidades, lembraremos que dentro de cada vibração existe um modo diferente de expressão, simbolizado pelos elementos. Na cruz cardeal, por exemplo, Áries se põe como único, Câncer como familiar, Libra como sócio e Capricórnio como autoridade. Se exigirmos de Áries, que quer ser único, que se oriente também pelos laços familiares, ele irá se frustrar; se exigirmos que ele se mostre como autoridade, que tenha sua identidade justificada pelo coletivo, teremos tensão. Vejamos Libra, que quer se associar de modo pessoal e igualitário com alguém de fora: a base emocional familiar pode prendê-lo e a ambição pessoal pode precisar de uma autoridade e determinação que tenciona a necessidade de relação entre iguais. Se pensarmos em Câncer e Capricórnio teremos os problemas contrários. As dores e dificuldades das quadraturas parecem estar ligadas a uma dificuldade interna para entender os erros e consertá-los, por isso acabam gerando repetidamente situações onde as coisas - dependendo dos astros e das casas envolvidos - parecem não funcionar como deveriam, e por isso se é forçado a agir de modo consciente para alterar as condições insatisfatórias - sejam interiores ou exteriores. Se não enfrentamos esse desafio, vivemos num estado conturbado de frustração que esgota as energias.
As dificuldades das oposições e quadraturas podem ser compreendidas através das formulações feitas por Jung a respeito dos arquétipos da sombra e do par anima/animus, que, em sua experiência, mais nitidamente influenciam e perturbam o eu, a personalidade consciente, e que, por não serem integradas, são projetadas no mundo: “uma pesquisa mais acurada dos traços obscuros do caráter, isto é, das inferioridades do indivíduo que constituem a sombra, mostra-nos que esses traços possuem uma natureza emocional, uma certa autonomia e, conseqüentemente, são do tipo obsessivo, ou melhor, possessivo. A emoção, com efeito, não é uma atividade, mas um evento que sucede a um indivíduo. Os afetos, via de regra, ocorrem sempre que os ajustamentos são mínimos e revelam (...) uma certa inferioridade e a existência de um nível baixo da personalidade. Nessa faixa mais profunda o indivíduo se comporta (...) não só (como) vítima abúlica (que sofre de patologia caracterizada pela perda da vontade) de seus afetos, mas revela uma incapacidade considerável de julgamento moral. Com compreensão e boa vontade, a sombra pode ser integrada de algum modo na personalidade, enquanto alguns traços, (...), opõem obstinada resistência ao controle moral, escapando portanto a qualquer influência. De modo geral, estas resistências se ligam a projeções que não podem ser reconhecidas como tais e cujo conhecimento implica um esforço moral que ultrapassa os limites habituais do indivíduo. (...). Suponhamos que um determinado indivíduo não revele tendência alguma para tomar consciência de suas projeções. Nesse caso, o fator gerador de projeções tem livre curso para agir, e, se tiver algum objetivo, poderá realizá-lo ou provocar o estado subseqüente que caracteriza sua atividade. (...) Não é o sujeito que provoca a projeção, mas o inconsciente. A conseqüência da projeção é um isolamento do sujeito em relação ao mundo exterior, pois em vez de uma relação real o que existe é uma relação ilusória. As projeções transformam o mundo externo na concepção própria, mas desconhecida (inconsciente). Por isso, no fundo, as projeções levam a um estado de auto-erotismo ou autismo, em que se sonha com um mundo cuja realidade é inatingível. O sentimento de incompletude que daí resulta, bem como a sensação mais incômoda ainda de esterilidade são explicados, de novo, como maldades do mundo ambiente e, com este círculo vicioso, se acentua ainda mais o isolamento”. Essa é a forma mais comum que as quadraturas e oposições acabam tomando e por isso o trabalho de conscientização se torna tão importante, pois, de outro modo, a pessoa irá sofrer um isolamento que pode ser esmagador.
Outro aspecto importante e desafiador em um mapa é a conjunção, principalmente se estão envolvidos planetas pessoais - Sol, Lua, Vênus, Mercúrio e Marte - ou o Ascendente, pois indica uma intensa fusão e interação de energias vitais. As conjunções com elementos pessoais irão caracterizar uma dimensão da vida muito mais consistente e que necessita mais de expressão significativa do que qualquer outro aspecto, sendo que a chave para isso costuma ser a ação e a autoprojeção, já que esse fluxo concentrado de energia se dará através da expressão pessoal. Esse, porém é o aspecto que mais depende daquilo que está envolvido, pois enquanto a conjunção de Vênus e Júpiter, por exemplo, pode significar um charme expansivo e uma fé nos relacionamentos afetivos, a conjunção de Vênus e Saturno poderá significar exatamente o contrário.
O quincúncio - também chamado de inconjunção - é a distância de 150° entre dois pontos do mapa e está ligado à experiências de compulsão com relação às energias envolvidas, que precisam ser disciplinadas para que a pessoa se transforme nas áreas indicadas. Com freqüência a expressão de um fator envolvido depende da expressão do outro, e a pessoa pode sentir que é difícil satisfazer uma necessidade sem ter que enfrentar também a outra. Para destrinchar essas energias é necessário um sutil ajustamento da perspectiva pessoal. Como esse aspecto, porém, age de modo mais discreto, é mais difícil de ser percebido, e a pessoa costuma não se dar conta, principalmente se houverem outros aspectos mais fortes. O quincúncio costuma ser um aspecto bem irritante, porque, de alguma maneira, acontece uma atração. Os signos em quincúncio têm, cada um, o que falta no outro, então, subitamente, eles passam a se repelir, mais ou menos como uma amizade em que duas pessoas tentam realmente se gostar e algumas vezes chegam até a conseguir, mas, de alguma forma, sempre restam algumas lembranças desagradáveis no fim da noite. Um bom exercício para se entender isso é imaginar uma conversa entre os signos em quincuncio: Áries com Virgem e Escorpião; Touro com Libra e Sagitário; Gêmeos com Escorpião e Capricórnio; Câncer com Sagitário e Aquário; Leão com Capricórnio e Peixes; Virgem com Aquário; Libra com Peixes. Eles até serão capazes de se compreender, mas sairão bem irritados da conversa.
Esses são os quatro aspectos considerados desafiadores ou dinâmicos, chamados maléficos pela astrologia tradicional por trazerem dificuldades. Eles correspondem à experiências de tensão interior e levam, regra geral, à construção de um tipo de ação definida ou, pelo menos, ao desenvolvimento de uma maior consciência das áreas envolvidas, pois é necessário assumir responsabilidades e trabalho consciente para absorver a intensidade total das energias libertadas. Daremos agora algumas linhas de orientação geral para os cinco astros pessoais e para Júpiter e Saturno em aspectos desafiadores, como indicadores de tendências, dependências e ligações que eles apresentam sob tensão:
- Sol : demasiada preocupação em ser alguém especial;
- Lua : demasiada ligação com o passado e com a família e ilusões no sentido de esperar que o mundo e as pessoas sejam perfeitas - Maia;
- Mercúrio: demasiado orgulho intelectual e mental, dificuldade de entender outros pontos de vista;
- Vênus: demasiada dependência do conforto físico, da satisfação emocional e dos outros em geral;
- Marte: demasiada tendência para a ação e para a competição com o outro, dificuldade para perceber quando parar e para desistir do que não vale mais a pena lutar;
- Júpiter: exagero, falta de humildade, ênfase exagerada na idéia de liberdade;
- Saturno: demasiada dependência da aprovação social, do poder, da autoridade e da reputação.
Na astrologia tradicional o trígono (distância de 120°) e o sextil (distância de 60°) são os aspectos entre dois pontos do mapa que fluem de modo benéfico, ou seja, funcionam como conservadores de formas (enquanto os aspectos “maléficos” são destruidores de formas). Isso significa que, enquanto os aspectos desafiadores e dinâmicos funcionam como libertadores de energia, que criam mudanças na vida das pessoas, os aspectos harmônicos de trígono e sextil trazem estabilidade no fluxo energético. Isso por que esses aspectos se dão entre pontos do mapa em signos do mesmo elemento (trígono) ou entre elementos compatíveis (sextil) - Fogo com Ar e Terra com Água. Um trino representa um fluxo de energia fácil (e às vezes indisciplinado) por canais estabelecidos de expressão, por tanto mostram onde não há necessidade de ajustamentos ou novas estruturas para se utilizar a energia de modo criativo. Os astros e pontos do mapa envolvidos em trino revelam dimensões da vida e energias específicas que são naturalmente integradas e fluem sem necessidade de maior consciência. Contudo isso pode significar muito mais uma forma de ser do que de fazer, já que, geralmente, a pessoa confia nas capacidades e talentos mostradas no aspecto de modo meio mágico, e não se sente estimulada para fazer o esforço necessário ao uso construtivo da energia envolvida, podendo permanecer completamente inconsciente da própria riqueza se não for encorajado pelos outros a usá-las. Essa facilidade de fluxo dão indicações sobre o que o indivíduo faz para se divertir e se tranqüilizar, e, para a astrologia kármica, mostra o que foi desenvolvido através de muitas vidas, o que explicaria essa facilidade no presente. Na prática, esse aspecto pode ajudar em momentos de crises ou acontecimentos muito difíceis na vida de alguém, pois quando estamos muito cansados dos esforços de conscientização, o trino mostra onde buscar energia e tranqüilidade. O sextil, por sua vez, é um aspecto de flexibilidade, de compreensão potencial e de abertura para o novo, sendo um aspecto basicamente mental, embora os planetas envolvidos devam ser levados em conta quanto a isso. O mais importante desse aspecto é que ele mostra áreas da vida onde a pessoa pode cultivar não só um novo nível de compreensão, mas também um profundo grau de objetividade a respeito de si e do mundo, o que leva a um sentimento importante de liberdade.

Resumindo, podemos dizer que as energias harmônicas são conservadoras das formas dadas pelos elementos compatíveis entre si (Fogo reforça Fogo e Ar, Ar reforça Ar e Fogo, Terra reforça Terra e Água, e Água reforça Água e Terra), pois se pensarmos em termos simbólicos os elementos, o Fogo dá mais energia ao Fogo e torna o Ar quente, ou seja, mais leve; o Ar ganha força com mais Ar e alimenta o Fogo; a Água ganha volume com mais Água e é canalizada pela Terra; a Terra se torna mais sólida com mais Terra e fica fértil com a Água. Já nos aspectos dinâmicos, quando envolvem signos Cardeais, a energia liberada manifesta-se em desassossegos e impulsos irrefreáveis para a ação e para o enfrentamento de crises, fazendo com que a pessoa se encha de planos e persiga uma direção até que consiga se definir. Quando estão presentes signos Fixos temos a indicação de modelos de hábitos profundamente enraizados que geram teimosia, mas também uma capacidade única de concentração e uma determinação invulgar para se resolver as coisas. Quando estão envolvidos signos Mutáveis a energia se liberará principalmente através da variedade de interesses e de experiências que são buscadas para satisfazer a ânsia individual de novos conhecimentos.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Trânsitos - A Dança dos Planetas

Estamos de volta às postagens regulares, apesar de Mercúrio estar retrógrado e isso atrapalhar bastante atividades mentais, trabalhos com papéis e burocracias em geral, além de ter dado alguns problemas no meu computador. Mas são coisas que se resolvem com paciência e cuidado. Esse ano, depois de ter falado de todos os signos, planetas e da maioria dos pontos fixos, vamos fazer o mapa se mexer, vendo os trânsitos dos astros, as progressões e direções.

Os trânsitos nos falam dos movimentos dos astros sobre o nosso mapa, e, desse modo, como o “céu está agindo sobre nós”, influenciando nossas vidas e nos mostrando formas de crescimento. Quando olhamos para o passado e lembramos das fases de crise e/ou mudanças em nossas vidas, veremos que no céu havia um ou mais planetas ativando nossa carta natal e nos fazendo tomar consciência de partes de nossa personalidade mais energizadas naquele momento. Por isso os trânsitos marcam momentos de crescimento e de crise. A maioria das teorias pedagógicas e psicológicas, que pensam sobre o desenvolvimento humano, falam de fases de crescimento, dos “terríveis” 2 anos, das processos de 7 anos, da crise dos 30 e dos 40 anos, etc. Astrologicamente, falamos do ciclo de Marte ou de Saturno, quando Marte ou Saturno voltam a passar no mesmo ponto em que estavam no dia no nascimento, da oposição de Urano no céu com o Urano do mapa e da quadratura de Netuno no céu com o Netuno natal, etc. Além dessas fases pré-determinadas, que todos nós passamos e vamos passar nas mesmas idades, temos também nossas crises “individuais”, digamos assim, quando os astros ativam pontos do mapa diferentes deles mesmos, o que pode ocorrer em qualquer idade. Esse ano, por exemplo, temos Júpiter entrando em Aquário, energisando e expandindo qualquer coisa que se encontre nesse signo. Assim, os que têm Sol ou Lua em Aquário vão se sentir mais otimista e com mais fé na vida, que se traduz em necessidade de expansão e algum exagero também; quem tem Marte nesse signo pode sentir mais força para agir e conseguir superar os obstáculos para ação com maior facilidade; etc. Além disso, todos temos o signo de Aquário no mapa, e a casa onde esse signo se encontra também estará em expansão, mostrando uma área de nossa vida onde também teremos as influências desse planeta durante o ano.

O movimento celeste, então, mostra como os planetas, a Lua e o Sol, passando sobre a carta natal e fazendo aspectos (conjunção, sextil -30° -, trígono - 120°, quadratura - 90° - e oposição 180°) com elementos do nosso mapa, nos faz lidar com as energias em movimento dos processos de crescimento e de compreensão de nós mesmos e do mundo. Uma metáfora usada para mostrar a ação de um trânsito é a de uma plantação, onde primeiro se ara a terra, depois se espalha a semente, então cuidamos daquilo que está nascendo e colhemos seus frutos. Nesse sentido, utiliza-se uma órbita aproximada de 10 graus antes do aspecto exato para efeito de plantio, e uma órbita de 10 graus após o aspecto exato para efeito de colheita.

Os astros conhecidos como pessoais têm ciclos, ou seja, passam por todos os signos do zodíaco, rapidamente: A Lua tem um ciclo aproximado de 28 dias e o Sol de um ano. Mercúrio acompanha o Sol, e seu ciclo é de pouco mais de 1 ano. Vênus tem um ciclo de um ano e meio aproximadamente, e Marte completa sua volta pelo zodíaco em mais ou menos 2 anos.

Júpiter e Saturno são planetas que falam de nossa individualidade no contexto social, e costumam ser bem mais sentidos e mais conscientemente expressos por demorarem mais tempo em cada signo, o que dá tempo suficiente para se entender e trabalhar com eles: Júpiter fica cerca de 1 ano em cada signo, em um ciclo de 12 anos, e Saturno cerca de 2 anos e meio em cada signo, com seu famosíssimo ciclo de 29 anos.

Os planetas coletivos, Urano, Netuno e Plutão, têm ciclos bem longos, estão ligados à transformação de consciência de toda a humanidade, e são sentidos individualmente através de crises realmente transformadoras, normalmente acompanhadas de medo e insegurança do ego, pois se sente a necessidade de mudança mas não se sabe o que vai resultar disso. Apenas o ciclo de Urano, de 84 anos, é possível de ser acompanhado inteiro em uma vida humana. Tanto Netuno, com um ciclo de 168 anos, quanto Plutão, com ciclo de 248 anos, geram momentos únicos em nossas vidas. E garanto que são suficientes para mudar toda uma existência.

Então, à partir da semana que vêm, mapa na mão para entender o que está acontecendo na sua vida hoje e assim aproveitar bem as luzes planetárias.