terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Contatos de Primeiro Grau: Primeiro Precisamos Entender os Aspectos


Estive verificando que não é possível falar dos Trânsitos antes de entender os aspectos entre os planetas. Então aqui vamos entender como os planetas em contato estarão tentando se comunicar. Isso é importante porque quando falamos de um trânsito sobre o Sol, por exemplo, se no mapa natal ele está em contato com outro astro, o aspecto será ativado, portanto é preciso olhar para esse diálogo para saber como se estará funcionando nesse momento. Então aproveite que você está com seu mapa à mão, e verifique como os astros estão se relacionando em sua carta natal. Esse olhar é um pouco mais trabalhoso, mas vale muito à pena entender como isso funciona em você.

Quando se olha o zodíaco através das modalidades astrológicas - Cardeal, Fixa e Mutável - os signos se apresentam em cruzes, sendo cada signo de um elemento diferente. Assim, na cruz Cardeal temos Áries (Fogo)/Libra (Ar) e Câncer (Água)/Capricórnio (Terra); na cruz Fixa, Touro (Terra)/Escorpião (Água) e Leão (Fogo)/Aquário (Ar); e na Mutável Gêmeos (Ar)/Sagitário (Fogo) e Virgem (Terra)/Peixes (Água). Cada dupla está numa relação de oposição no zodíaco. Podemos traduzir isso como vibrações do mesmo tipo, ações do mesmo tipo, mas com objetivos e motivações diferentes. Áries/Libra, por exemplo, agem em uma direção definida e criam de modo direto, mas Áries baseia-se em sua própria identidade e valor pessoal - Fogo -, enquanto Libra age em função de sua percepção e de sua elaboração mental das associações com as outras pessoas - Ar. No outro eixo de opostos temos Câncer/Capricórnio, o primeiro agindo de modo direto através de suas emoções e valores (Água), e o segundo agindo de modo direto através de sua percepção da realidade material (Terra). O que se opõe nos eixos, portanto, é o tipo de percepção da vida. Desse modo, quando dois elementos do mapa - envolvendo planetas, o Sol, a Lua, ou o Ascendente e o MC - estão em oposição, a pessoa terá características de uma mesma vibração percebendo o mundo através de pontos distintos. Isso fica mais claro quando notamos que Fogo sempre faz oposição a Ar e Terra sempre faz oposição a Água. O princípio motivador de Fogo é a fantasia a respeito do mundo e de si mesmo, a expressão pessoal, heróica, livre e única; o princípio da harmonia coletiva é que orienta Ar, que se motiva pela percepção ideal e abstrata que constrói do mundo e do relacionamento humano. Esses princípios se opõem na hora de agir, pois Fogo buscará as manifestações únicas de sua vida e o Ar buscará as manifestações coletivas e abstratas. Do mesmo modo, o princípio motivador de Água será a realidade emocional que percebe, fazendo-o buscar as verdades da alma em suas ações, enquanto a Terra agirá através da realidade concreta e prática que percebe no mundo compartilhado. Observando mais de perto vemos que, muito mais do que opostos, esses princípios são complementares. Quando uma pessoa tem elementos de seu mapa em oposição ela pode se sentir confusa entre dois tipos de percepção, pois suas motivações parecem se opor, e é preciso um trabalho de conscientização para que possa agir de modo equilibrado, nem tanto à terra, nem tanto ao céu. A oposição envolve elementos harmônicos mas que sofrem de sobrestimulação, criando falta de objetividade, já que a dificuldade de se conciliar opostos internamente faz com que se projete um dos pontos no mundo ao mesmo tempo que há uma identificação em excesso com o outro ponto. Por isso dizemos que a oposição é um desafio na área das relações pessoais, onde precisa haver um esforço extra para se distinguir o que é pessoal e o que pertence realmente ao outro, incorporando aspectos distintos da personalidade. A oposição acontece sempre que dois pontos do mapa estão à uma distância de 180°, com uma margem de 8° a mais ou a menos.
Já a quadratura (ângulo de 90°) é um aspecto entre elementos "desarmônicos" (Fogo e Ar com Terra e Água e vice-versa), exigindo muito mais energia para integrar aspectos tão divergentes, sendo que o sentimento mais comum envolvido é o de frustração. Se voltarmos às cruzes das modalidades, lembraremos que dentro de cada vibração existe um modo diferente de expressão, simbolizado pelos elementos. Na cruz cardeal, por exemplo, Áries se põe como único, Câncer como familiar, Libra como sócio e Capricórnio como autoridade. Se exigirmos de Áries, que quer ser único, que se oriente também pelos laços familiares, ele irá se frustrar; se exigirmos que ele se mostre como autoridade, que tenha sua identidade justificada pelo coletivo, teremos tensão. Vejamos Libra, que quer se associar de modo pessoal e igualitário com alguém de fora: a base emocional familiar pode prendê-lo e a ambição pessoal pode precisar de uma autoridade e determinação que tenciona a necessidade de relação entre iguais. Se pensarmos em Câncer e Capricórnio teremos os problemas contrários. As dores e dificuldades das quadraturas parecem estar ligadas a uma dificuldade interna para entender os erros e consertá-los, por isso acabam gerando repetidamente situações onde as coisas - dependendo dos astros e das casas envolvidos - parecem não funcionar como deveriam, e por isso se é forçado a agir de modo consciente para alterar as condições insatisfatórias - sejam interiores ou exteriores. Se não enfrentamos esse desafio, vivemos num estado conturbado de frustração que esgota as energias.
As dificuldades das oposições e quadraturas podem ser compreendidas através das formulações feitas por Jung a respeito dos arquétipos da sombra e do par anima/animus, que, em sua experiência, mais nitidamente influenciam e perturbam o eu, a personalidade consciente, e que, por não serem integradas, são projetadas no mundo: “uma pesquisa mais acurada dos traços obscuros do caráter, isto é, das inferioridades do indivíduo que constituem a sombra, mostra-nos que esses traços possuem uma natureza emocional, uma certa autonomia e, conseqüentemente, são do tipo obsessivo, ou melhor, possessivo. A emoção, com efeito, não é uma atividade, mas um evento que sucede a um indivíduo. Os afetos, via de regra, ocorrem sempre que os ajustamentos são mínimos e revelam (...) uma certa inferioridade e a existência de um nível baixo da personalidade. Nessa faixa mais profunda o indivíduo se comporta (...) não só (como) vítima abúlica (que sofre de patologia caracterizada pela perda da vontade) de seus afetos, mas revela uma incapacidade considerável de julgamento moral. Com compreensão e boa vontade, a sombra pode ser integrada de algum modo na personalidade, enquanto alguns traços, (...), opõem obstinada resistência ao controle moral, escapando portanto a qualquer influência. De modo geral, estas resistências se ligam a projeções que não podem ser reconhecidas como tais e cujo conhecimento implica um esforço moral que ultrapassa os limites habituais do indivíduo. (...). Suponhamos que um determinado indivíduo não revele tendência alguma para tomar consciência de suas projeções. Nesse caso, o fator gerador de projeções tem livre curso para agir, e, se tiver algum objetivo, poderá realizá-lo ou provocar o estado subseqüente que caracteriza sua atividade. (...) Não é o sujeito que provoca a projeção, mas o inconsciente. A conseqüência da projeção é um isolamento do sujeito em relação ao mundo exterior, pois em vez de uma relação real o que existe é uma relação ilusória. As projeções transformam o mundo externo na concepção própria, mas desconhecida (inconsciente). Por isso, no fundo, as projeções levam a um estado de auto-erotismo ou autismo, em que se sonha com um mundo cuja realidade é inatingível. O sentimento de incompletude que daí resulta, bem como a sensação mais incômoda ainda de esterilidade são explicados, de novo, como maldades do mundo ambiente e, com este círculo vicioso, se acentua ainda mais o isolamento”. Essa é a forma mais comum que as quadraturas e oposições acabam tomando e por isso o trabalho de conscientização se torna tão importante, pois, de outro modo, a pessoa irá sofrer um isolamento que pode ser esmagador.
Outro aspecto importante e desafiador em um mapa é a conjunção, principalmente se estão envolvidos planetas pessoais - Sol, Lua, Vênus, Mercúrio e Marte - ou o Ascendente, pois indica uma intensa fusão e interação de energias vitais. As conjunções com elementos pessoais irão caracterizar uma dimensão da vida muito mais consistente e que necessita mais de expressão significativa do que qualquer outro aspecto, sendo que a chave para isso costuma ser a ação e a autoprojeção, já que esse fluxo concentrado de energia se dará através da expressão pessoal. Esse, porém é o aspecto que mais depende daquilo que está envolvido, pois enquanto a conjunção de Vênus e Júpiter, por exemplo, pode significar um charme expansivo e uma fé nos relacionamentos afetivos, a conjunção de Vênus e Saturno poderá significar exatamente o contrário.
O quincúncio - também chamado de inconjunção - é a distância de 150° entre dois pontos do mapa e está ligado à experiências de compulsão com relação às energias envolvidas, que precisam ser disciplinadas para que a pessoa se transforme nas áreas indicadas. Com freqüência a expressão de um fator envolvido depende da expressão do outro, e a pessoa pode sentir que é difícil satisfazer uma necessidade sem ter que enfrentar também a outra. Para destrinchar essas energias é necessário um sutil ajustamento da perspectiva pessoal. Como esse aspecto, porém, age de modo mais discreto, é mais difícil de ser percebido, e a pessoa costuma não se dar conta, principalmente se houverem outros aspectos mais fortes. O quincúncio costuma ser um aspecto bem irritante, porque, de alguma maneira, acontece uma atração. Os signos em quincúncio têm, cada um, o que falta no outro, então, subitamente, eles passam a se repelir, mais ou menos como uma amizade em que duas pessoas tentam realmente se gostar e algumas vezes chegam até a conseguir, mas, de alguma forma, sempre restam algumas lembranças desagradáveis no fim da noite. Um bom exercício para se entender isso é imaginar uma conversa entre os signos em quincuncio: Áries com Virgem e Escorpião; Touro com Libra e Sagitário; Gêmeos com Escorpião e Capricórnio; Câncer com Sagitário e Aquário; Leão com Capricórnio e Peixes; Virgem com Aquário; Libra com Peixes. Eles até serão capazes de se compreender, mas sairão bem irritados da conversa.
Esses são os quatro aspectos considerados desafiadores ou dinâmicos, chamados maléficos pela astrologia tradicional por trazerem dificuldades. Eles correspondem à experiências de tensão interior e levam, regra geral, à construção de um tipo de ação definida ou, pelo menos, ao desenvolvimento de uma maior consciência das áreas envolvidas, pois é necessário assumir responsabilidades e trabalho consciente para absorver a intensidade total das energias libertadas. Daremos agora algumas linhas de orientação geral para os cinco astros pessoais e para Júpiter e Saturno em aspectos desafiadores, como indicadores de tendências, dependências e ligações que eles apresentam sob tensão:
- Sol : demasiada preocupação em ser alguém especial;
- Lua : demasiada ligação com o passado e com a família e ilusões no sentido de esperar que o mundo e as pessoas sejam perfeitas - Maia;
- Mercúrio: demasiado orgulho intelectual e mental, dificuldade de entender outros pontos de vista;
- Vênus: demasiada dependência do conforto físico, da satisfação emocional e dos outros em geral;
- Marte: demasiada tendência para a ação e para a competição com o outro, dificuldade para perceber quando parar e para desistir do que não vale mais a pena lutar;
- Júpiter: exagero, falta de humildade, ênfase exagerada na idéia de liberdade;
- Saturno: demasiada dependência da aprovação social, do poder, da autoridade e da reputação.
Na astrologia tradicional o trígono (distância de 120°) e o sextil (distância de 60°) são os aspectos entre dois pontos do mapa que fluem de modo benéfico, ou seja, funcionam como conservadores de formas (enquanto os aspectos “maléficos” são destruidores de formas). Isso significa que, enquanto os aspectos desafiadores e dinâmicos funcionam como libertadores de energia, que criam mudanças na vida das pessoas, os aspectos harmônicos de trígono e sextil trazem estabilidade no fluxo energético. Isso por que esses aspectos se dão entre pontos do mapa em signos do mesmo elemento (trígono) ou entre elementos compatíveis (sextil) - Fogo com Ar e Terra com Água. Um trino representa um fluxo de energia fácil (e às vezes indisciplinado) por canais estabelecidos de expressão, por tanto mostram onde não há necessidade de ajustamentos ou novas estruturas para se utilizar a energia de modo criativo. Os astros e pontos do mapa envolvidos em trino revelam dimensões da vida e energias específicas que são naturalmente integradas e fluem sem necessidade de maior consciência. Contudo isso pode significar muito mais uma forma de ser do que de fazer, já que, geralmente, a pessoa confia nas capacidades e talentos mostradas no aspecto de modo meio mágico, e não se sente estimulada para fazer o esforço necessário ao uso construtivo da energia envolvida, podendo permanecer completamente inconsciente da própria riqueza se não for encorajado pelos outros a usá-las. Essa facilidade de fluxo dão indicações sobre o que o indivíduo faz para se divertir e se tranqüilizar, e, para a astrologia kármica, mostra o que foi desenvolvido através de muitas vidas, o que explicaria essa facilidade no presente. Na prática, esse aspecto pode ajudar em momentos de crises ou acontecimentos muito difíceis na vida de alguém, pois quando estamos muito cansados dos esforços de conscientização, o trino mostra onde buscar energia e tranqüilidade. O sextil, por sua vez, é um aspecto de flexibilidade, de compreensão potencial e de abertura para o novo, sendo um aspecto basicamente mental, embora os planetas envolvidos devam ser levados em conta quanto a isso. O mais importante desse aspecto é que ele mostra áreas da vida onde a pessoa pode cultivar não só um novo nível de compreensão, mas também um profundo grau de objetividade a respeito de si e do mundo, o que leva a um sentimento importante de liberdade.

Resumindo, podemos dizer que as energias harmônicas são conservadoras das formas dadas pelos elementos compatíveis entre si (Fogo reforça Fogo e Ar, Ar reforça Ar e Fogo, Terra reforça Terra e Água, e Água reforça Água e Terra), pois se pensarmos em termos simbólicos os elementos, o Fogo dá mais energia ao Fogo e torna o Ar quente, ou seja, mais leve; o Ar ganha força com mais Ar e alimenta o Fogo; a Água ganha volume com mais Água e é canalizada pela Terra; a Terra se torna mais sólida com mais Terra e fica fértil com a Água. Já nos aspectos dinâmicos, quando envolvem signos Cardeais, a energia liberada manifesta-se em desassossegos e impulsos irrefreáveis para a ação e para o enfrentamento de crises, fazendo com que a pessoa se encha de planos e persiga uma direção até que consiga se definir. Quando estão presentes signos Fixos temos a indicação de modelos de hábitos profundamente enraizados que geram teimosia, mas também uma capacidade única de concentração e uma determinação invulgar para se resolver as coisas. Quando estão envolvidos signos Mutáveis a energia se liberará principalmente através da variedade de interesses e de experiências que são buscadas para satisfazer a ânsia individual de novos conhecimentos.

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