sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sua Vida em 12 Casas

Pelo retorno que ando tendo, vejo que é preciso compreender melhor o que são as casas astrológicas antes de retomar os trânsitos. Vamos começar com uma pequena introdução.

Os astrólogos não concordam entre si sobre vários assuntos, mas a questão da divisão das casas parece ser a que cria mais discussões. Isso por que existem mais de trinta formas de se apresentar essa divisão, e não há um sistema que seja mais “correto”, pois cada um tem seus méritos e suas desvantagens, sendo que cada astrólogo acaba escolhendo seu sistema conforme suas próprias idiossincrasias. Esses vários sistemas podem ser divididos em três tópicos: os sistemas eclípticos, os de espaço e os de tempo. No método de divisão de casas eclíptica a cúspide é determinada pela órbita aparente do sol em torno da Terra - órbita ecliptica -, e começa-se, a partir do grau do ascendente, a dividir-se as 12 casas em partes iguais de 30°. O bom desse método é sua simplicidade e sua forma clara de refletir a divisão em doze partes dos signos zodiacais, além de não apresentar signos interceptados. O problema é que nesse sistema há ênfase apenas no ascendente e no sol, perdendo-se muito do valor das outras casas e dos outros astros. Os quatro sistemas mais conhecidos desse método são: de Casas Iguais (o mais popular e antigo, datado de 3000 a.C.), de Casas Porphirius, de Casas de Graduação Natural e o Método M-Casa. Nos sistemas Espaciais, em vez de se pegar a eclíptica para determinar as cúspides, se escolhe outros círculos possíveis da esfera celestial - como o equador celeste, o horizonte ou a primeira vertical - e depois projeta-se essa divisão na faixa eclíptica zodiacal. Esses sistemas levam em maior conta a localidade, o espaço central em que o indivíduo se encontra, criando um mapa quase que tridimensional. Não sendo mais o movimento aparente do sol, mas o movimento da Terra, que orienta esse método de divisão das casas, a lua acaba tendo uma influência muito maior nos mapas assim construídos. O problema aqui é que o zodíaco em si acaba perdendo um pouco sua importância ao se aumentar o destaque sobre as casas e os astros. Os sistemas desse tipo de divisão de casas mais conhecidos são o de Casas Campanus, o Regionamontanus, o Morinus e o Ponto Leste. Nos sistemas de Tempo as cúspides das casas são traçadas à partir do tempo que determinado ponto (o Asc ou o MC) leva para perfazer um arco na esfera terrestre. Esse método é o mais complicado matematicamente de ser calculado, e constrói o mapa trisseccionando o tempo que qualquer grau da elíptica leva para ir do Asc ao MC - encontrando assim as cúspides das casas XI e XII e seus opostos - e depois o tempo que cada grau leva para ir do FC ao Asc e também trisseccionando para achar as cúspides das casas II e III e seus opostos. Esses sistemas enfatizam mais as metas de vida e dá respostas mais significativas quando se faz perguntas temporais e mundanas, sendo utilizados principalmente pela ala psicológica da astrologia. Os sistemas temporais mais usados são os de Casas Alcabitus, de Casas Plácidus, de Casas Knoch e Topocêntrico de Casas. A maioria utiliza o Sistema de Casas Placidus, onde é possível haver signos interceptados em algumas casas, ou seja, há signos que estão completamente contidos em alguma casa sem que nenhuma cúspide passe por ele. Quando isso ocorre teremos duas influências naquela área da vida, sendo que o signo da cúspide dará a cor da casa e o signo contido dará um tom diferenciado a ela.


Para entender como funciona cada casa, vamos construir uma estrutura mítica através dos signos para contar a história de um herói genérico. Áries é o nascimento do herói, o pioneiro que abre o caminho nunca dantes trilhado, matando dragões e enfrentando bruxas. Depois que o caminho é aberto, precisamos de Touro para nos estabelecer no novo lugar, construir um abrigo, cultivar a terra, para que as conquistas feitas não se esvaziem, já que a Terra é redonda e se sairmos abrindo caminhos infinitamente acabaremos no mesmo lugar que começamos e o caminho já terá nos esquecido. Gêmeos, então, nos ensinará a entrar em contato com os outros seres que vivem à nossa volta, aprendendo a língua local e fazendo trocas de informações com a comunidade vizinha, dançando com lobos e descobrindo quais plantas matam e quais curam. É possível, aí, criar raízes, estabelecer família, formar uma comunidade, como Câncer, numa uroxilocalidade que mostra de onde vem aquela nova existência, dando segurança, abrigo e a certeza de uma continuidade. Leão surge como a autoridade paterna que inicia os jovens heróis e lhes mostra a necessidade de criar algo novo, pois somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Assim, o homem aprende a criar a si mesmo e a dar filhos ao mundo. Passamos então a Virgem, para aprender a trabalhar dando o melhor de si, cuidar da propria saúde e do corpo, e criamos os rituais de purificação. Com isso nos instrumentalizamos e conseguimos nos sustentar sozinhos. Só aí a criatividade e a expressão pessoal podem ganhar forma. Agora é possível separar-se do clã em que se foi criado, e o herói vai ao encontro do Outro, com quem ele se une através de Libra, não mais através da identidade que lhe era outorgada em sua comunidade, mas para crescer para além de si mesmo. Na intimidade com o outro de Escorpião ele descobrirá os demônios que eram impedidos de se manifestar na proteção infantil que tinha em casa, e ele terá medo, pois achará que será destruído. Mas quando não tiver mais para onde fugir, terá que enfrentar seus monstros e se tornará seu senhor. Com isso ele se sentirá mais forte e procurará horizontes maiores e mais divinos, onde Sagitário será o grande guia, e o ensinará a ser mais sábio e ver mais longe, podendo encontrar um sentido para sua vida. Em meio a essa viagem, Capricórnio lhe mostrará uma montanha que é só sua, que lhe foi destinado para subir desde todo o sempre. A montanha poderá parecer grande demais, mas ele acaba tendo que subi-la se quiser continuar seu caminho. Será muito difícil, e muitas vezes ele pensará em desistir. Mas quando vê que essa subida é o que ele precisa fazer nessa vida, entenderá também que se desistir dela nada mais fará sentido em sua existência. Ele aprenderá o valor do tempo e da paciência, e quando menos esperar, estará no topo. Então olhará para trás e verá todo o caminho percorrido, e entenderá o sentido dos sonhos que tinha quando criança. Se sentará com Capricórnio no topo daquela escalada e contemplará sua vida, seus esforços, sua história única, descobrindo outro segredo da vida: não se pode permanecer para sempre no topo. Lá de cima Aquário lhe mostrará a humanidade, sua evolução, sua capacidade heróica de construir um mundo melhor, e seu coração se encherá de esperança de que a humanidade, assim como ele mesmo, consiga criar um mundo em que todos cresçam, independente de sua origem, cultura, gênero, idade ou religião. Descendo de sua montanha e compartilhando a vida com seus irmãos, o herói percebe que faz parte de algo muito maior que ele mesmo. Então ele estará preparado para se despir de suas roupas, de suas pequenas vontades, de sua pequena razão, que ele acreditava terem-no guiado até ali, e seguirá com Peixes para um outro mundo, ampliando seu coração e ligando-se a Deus, pois agora já não é parte de algo, mas o próprio todo.


No mapa astrológico temos esse ciclo individual, que mostra o caminho de cada um para descobrir seu verdadeiro tesouro, através das casas astrológicas. Nelas, vemos como a pessoa atravessa cada uma dessas fases e como ela vivencia cada uma dessas áreas da existência humana. A analogia entre as casas e os signos é feita através dessa dinâmica simbólica, onde percebemos que a busca do signo é análoga à necessidade vivida na casa. No desenvolvimento seqüencial das casas observamos um movimento do pessoal para o interpessoal e desse para o universal. Se dividirmos o mapa ao meio à partir do eixo Asc/Desc., o lado Sul mostra nosso encontro conosco mesmos e o lado Norte mostra nosso encontro com o mundo. Por isso as casas de I a VI são chamadas de pessoais e as de VII a XII de coletivas. Se traçarmos também uma linha entre o MC e o FC observaremos quatro fases de desenvolvimento: no primeiro quadrante (casas de I a III) temos o autodesenvolvimento, onde o indivíduo cria o sentido de identidade pessoal; no segundo quadrante (casas de IV a VI) temos o desenvolvimento da auto-expressão, onde o indivíduo se molda e se mostra; no terceiro quadrante (casas de VII a IX) temos a auto-expansão, onde o indivíduo cresce à partir do encontro com o outro que lhe é externo; e no quarto quadrante temos as áreas de autotranscendência do indivíduo, onde se ampliam e superam as fronteiras pessoais para se incluir não só um outro, mas todos os outros. A concentração de planetas em um desses quadrantes fará com que o tipo específico de desenvolvimento representado tenha maior importância na vida da pessoa.


Esse é o primeiro olhar que devemos dar ao mapa. Olhe para o desenho do seu e veja onde há maior concentração, quais casas abrigam maior número de astros, pois ali estarão as áreas da sua vida mais dinamizadas. Se há muita força nas casas pessoais, a auto expressão exige maior consciência, e se há mais agitação nas casas coletivas, os desafios estarão muito mais concentrados na auto expansão.


Pense nisso essa semana, que na próxima publicação vamos deixar as coisas mais complexas um pouco.

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