quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VÊNUS








Esse planeta apresenta a órbita mais circular, com una excentricidade menor que 1%, e com ciclo de 407 dias aproximadamente – movimento médio diário de 1°12’, ficando 43 dias em cada signo. É o regente de Libra e de Touro, tem exílio em Escorpião e Áries, exaltação em Peixes e queda em Virgem.

Deusa romana do Amor e da Beleza - a Afrodite grega -, na astrologia simboliza o nosso prazer com os relacionamento, com o Belo e com o conforto. Seu símbolo mostra como esse planeta está ligado às nossas representações femininas, e para entende-lo precisamos definir um pouco melhor o conceito de “feminino”, que tem causado tantas polêmicas ao longo da história humana e que ainda hoje podemos encontrar dividido em Mãe x Prostituta em muitos lugares e pessoas. Vênus é a Grande Cortesã do zodíaco, mas não é uma prostituta, pois enquanto essa se põe à venda para sobreviver, a cortesã tem cultura, estilo e perícia nas artes eróticas: ela pode até estar a venda, mas por um preço elevado e apenas para homens de fino trato. A figura feminina da cortesã era sagrada nas culturas antigas - sumérios, babilônicos, gregos, indianos, etc - sendo que na Grécia eram sacerdotisas, educadas para servir nos templos como veículos mortais da alegria e do êxtase divinos da deusa, iniciando os homens aos mistérios dos domínios de Afrodite. Na Babilônia todas as mulheres tinham que representar a meretriz sagrada uma vez na vida, como virgens, ao primeiro estrangeiro que entrasse no templo e oferecesse um donativo em frente ao altar. Só então elas podiam casar e se tornar mães.

Essa é a imagem feminina equivalente ao arquétipo do rei sacerdote, por ser aquela que serve como pontifex entre o terreno e o divino, o veículo terrestre para o poder da divindade solar, e está presente tanto em homens quanto em mulheres. Vênus é a personificação e a canalização da essência de Eros, uma enorme dádiva que os deuses deram à humanidade. Apesar do moralismo que cerca o erotismo - ainda hoje no século 21 - esse serviço à deusa realiza uma tarefa honrosa, e simboliza o estranho paradoxo que encontramos em Vênus, a misteriosa mistura de sexualidade sagrada e profana que desafia as interpretações morais comuns. No mito, ela nasce dos testículos de Urano caídos no mar, quando de sua castração por seu filho Cronos- Saturno. Vênus surge vinculada ao sacrifício da fertilidade do deus, que engendrava filhos em Gaia para depois rejeita-los, mantendo-a presa. Quando olhamos os rituais das deusas venusianas - como o ritual babilônico da iniciação pessoal da virgem oferecendo seu corpo para servir ao estrangeiro -, entendemos que aqui estamos tratando da natureza transpessoal do ato sexual, onde não há elos matrimoniais, vínculos românticos ou reclamações posteriores. Assim também, Vênus não está preocupada com compromissos duradouros - como Saturno - nem reflete sentimentos idealizados de romance - como Netuno. Isso pode soar estranho quando pensamos na lealdade taurina ou no idealismo libriano - os dois signos regidos por Vênus. Percebemos, então, um segredo desses dois signos: a base da lealdade taurina nos relacionamentos não está nas promessas morais abstratas ou nos códigos sociais, mas na necessidade de tornar permanente qualquer situação que ofereça prazer; o idealismo sobre os relacionamentos librianos está baseado numa situação de beleza e simetria que traz prazer, satisfação e auto-estima a esse signo, não no encontro de um príncipe ou princesa.

Psicologicamente falando, o despertar dos sentimentos eróticos traz uma profunda separação, tanto psíquica quanto física, da fusão com os pais, e é à partir daí que a pessoa se torna não apenas moral, mas livre, pois começa a construir os próprios valores. Quando nos defrontamos com Vênus, devemos nos perguntar: o que mais valorizo? Ninguém pode amar a todos ou valorizar tudo - apesar do que pensam alguns aquarianos ou piscianos - e todos nós procuramos parceiros e amigos com os quais sejamos “compatíveis”, ou seja, com os quais possamos partilhar ao menos alguns de nossos valores pessoais mais queridos. A Vênus astrológica é o símbolo da nossa capacidade de formar e identificar aquilo que valorizamos, portanto é a base da autenticidade em nossas escolhas pessoais. Talvez esse seja o ponto que os dois signos regidos por Vênus tem em comum, pois Libra se preocupa com o processo de aprender a escolher, e Touro com o desenvolvimento de força e recursos interiores que podem dar permanência aos valores pessoais. Muitos de nós tentamos fazer escolhas com base em fórmulas intelectuais ou através daquilo que os outros acham que devemos fazer, e existe também quem prefira nem mesmo fazer escolhas, sendo impelido a agir em certa direção pelos medos e anseios. Isso tudo significa desligar-se da função venusiana. A noção de valor e prazer individual é que nos faz sair da apatia da mera sobrevivência. Mesmo se criarmos uma camada superficial e artificial de valores copiados daquilo que é aceitável perante a família ou o círculo social ao qual pertencemos, acabamos sem um belo pedaço da nossa identidade essencial se nos separamos do que realmente nos dá prazer. A conseqüência inevitável disso é uma falta de solidez interior, mesmo quando há uma filosofia ou ideologia que justifique a falta de desejos pessoais.

Em Fedro (Fédon), Platão diz: “o amor foi enviado ao amante e ao amado, não em virtude de sua utilidade material, mas, ao contrário, (...) esse delírio lhes foi incutido pelos deuses para sua felicidade. Esta prova exitará o desdém dos maus, mas persuadirá os sábios”. É através de Vênus que “vemos refletido no rosto do ser amado um lampejo do deus a qual nossa alma pertence”, como disse o Sócrates platônico a seu jovem amigo. Esse é o significado mais profundo de Vênus: aquilo que amamos, seja uma pessoa, um objeto ou uma idéia, é como um espelho de nossa própria alma.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sábias palavras... enviadas pela força de Vênus!

Se 10% das pessoas, tirassem os olhos de seus umbigos e olhassem para o universo, ao qual

estamos inseridos, a terra estaria livre de tanta dor,...


Genis
http://g23info.blogspot.com

Teca Dias disse...

Sim, Genis, mas também as pessoas não olham suficientemente para si para saber quem realmente são, e aí não conseguem assumir a responsabilidade pelos proprios atos. O Amor ao próximo é totalmente vinculado ao Amor que se tem por si mesmo, e honrar nossa dimensão venusiana pode nos ensinar isso.
Um abraço e obrigada pelo comentário.
Teca