domingo, 7 de outubro de 2007

Libra e a Arte do Encontro





"A vida é a arte do encontro,
embora haja tantos desencontros pela vida”
Vinícius de Moraes (1913-1980) – Poeta Libriano

Dia 23 de setembro o Sol entra no signo de Libra e inicia-se a Primavera no Hemisfério Sul. As características que se atribuem à balança do zodíaco costumam ser bem primaveris também: beleza, equilíbrio, suavidade, diplomacia. Mas qualquer pessoa que vá um pouco além dessa aparência agradável, pode ver que há muito mais do que flores nesse signo. Hannah Arendt e Friedrich Nietzche são dois filósofos com Sol em Libra, e pela força de seus pensamentos podemos ver que esse é um signo que vai além da graciosidade e boa aparência.

Balança é a modalidade Cardinal do elemento Ar. Os signos Cardinais – Áries, Libra, Câncer e Capricórnio - são aqueles que se voltam para fora na construção de seu mundo interno, criando objetivos externos a serem atingidos e se desenvolvendo nessa busca. O elemento Ar percebe o mundo e se expressa através da mente, dando formas ao pensamento: eles criam valores, conceitos e teorias para racionalizar e compreender o mundo. Gêmeos, Libra e Aquário, os signos de Ar, habitam um mundo com outras pessoas, sendo o único grupo de signos que não possui nenhuma representação animal. Eles acreditam que o Ser Humano é gregário e que a melhor maneira de se viver é em sociedade, por isso o caminho de Ar se desenvolve através da conquista de uma compreensão compartilhada da existência. Libra vai ao mundo em busca de parcerias para realizar seus ideais de relacionamento. Mesmo os eremitas desse signo acabam dando um jeito de dividir com outros seres humanos o seu caminho; até o Zaratustra de Nietzche desce de sua montanha para tentar acordar os Homens.

Libra é o signo das associações e passa muito tempo pensando e desenvolvendo idéias sobre o encontro a dois. No mapa astral fazemos analogia entre esse signo e a casa 7, que é a área tradicionalmente chamada dos “casamentos e inimigos declarados”. O que motiva esse signo regido por Vênus é o Outro, aquele que eu não sou, mas com quem compartilho a mesma existência humana. Como é possível que seres diferentes, que buscam seus próprios interesses, vivam no mesmo mundo sem se destruírem? Bom, todos queremos ser felizes e viver em harmonia, certo? E se respeitarmos nossas individualidades podemos compartilhar nossas qualidades de modo que todos possam usufruir do convívio, não é mesmo? E assim começam os problemas librianos, pois não vivemos em uma República platônica, onde os sábios são governantes, os mais fortes são guardiões e os menos capacitados servem aos outros.

Me parece certo dizer que o processo de busca da nossa verdadeira essência se inicia após uma grande queda, onde algo que nos sustentava externamente morre e tem que ser enterrado. Então “cantamos sobre os ossos” que sobram, e renascemos à partir da consciência daquilo que realmente nos estrutura internamente. Para Libra isso ocorre após o encontro com o Outro que lhe mostra o quão longe suas Utopias estão da Realidade. Quando esse signo vê dinamitada suas hipóteses de um ideal metafísico amoroso de convivência, ele pode iniciar sua verdadeira jornada, onde descobrirá mais sobre si, sobre o Outro e sobre a Humanidade. Seja através do rompimento de uma relação amorosa ou de uma sociedade importante, Libra terá que entrar em contato com os distúrbios, desarmonias e sofrimentos da vida com o Outro, que são gerados pela própria condição humana. Como bem explica o Guia do Trabalho do Caminho (Pathwork, terapia canalizada por Eva Broch Pierrakos): “O intelecto e a vontade exteriores não podem resolver o problema do delicado balanceamento entre a auto-expressão e permissão para que o outro se expresse – o acolhimento da expressão do outro. Já que nenhuma regra pode ser determinada sobre o ritmo e intercâmbio dessa mutualidade, o cérebro exterior não consegue lidar com essa matéria” (Palestra 138 – 1965). Só quando Libra aceita isso é que consegue sair do pensamento mecânico e automático, construído pelas crenças colecionadas ao longo da vida, e começar sua verdadeira aventura, onde não há segurança e é preciso criar respostas criativas para um encontro verdadeiro.


Essse mês quero estar falando sobre esse caminho libriano.

2 comentários:

Federico Rico disse...

Gostei muito desta postagem ao respeito da forma libriana de existir no mundo.

Poderia se resumir no pensamento "eu sou nós"?

Obrigado!

Teca Dias disse...

Federico querido
Na verdade o que Libra costuma fazer é SER o outro, se colocar na lugar do outro para buscar um caminho de encontro que seja harmonioso. Muitas vezes ele pode se perder nisso. Podemos pensar em um "nós" resultante do processo libriano, mas como encontro de duas individualidades distintas.