sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sua Vida em 12 Casas II

Para entender melhor o tipo de vivencia ligada a cada casa podemos associar a expressão vivida em cada área com as modalidades dos signos. Assim, as casas angulares , ou seja, o Ascendente, o Fundo do Céu (casa IV) -, o Descendente (casa VII) - e Meio do Céu (casa X) serão análogas aos signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio); as casas sucedentes (II, V, VIII, XI) serão análogas aos signos Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário); e as casas cadentes (III, VI, IX, XII), análogas aos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes).

As casas angulares são aquelas que ficam após os quatro ângulos do mapa: a primeira casa começa com o ascendente (Asc.), a quarta com o fundo do céu (FC), a sétima com o descendente (Desc.) e a décima como o meio do céu (MC). Como em uma bússola, essas casas funcionam como pontos cardeais, e é através delas que todo o mapa é calculado e desenhado. Os signos cardeais geram e desencadeiam novas energias e, do mesmo modo, as casas angulares nos estimulam para a ação e representam áreas básicas da vida, tendo forte impacto sobre nossa noção de individualidade: identidade pessoal (Asc), o lar e o ambiente familiar (FC), relacionamentos pessoais (Desc.), carreira e projeção social (MC). Os signos que formam essa cruz se enquadram ou se opõem figurativamente uns com os outros, pois essas casas representam quatro esferas da vida que estão potencialmente em conflito umas com as outras. A oposição (separação de 180°) entre Asc e Desc. mostra que alguma condição de identidade e liberdade pessoal tem que ser sacrificada para funcionar num relacionamento, ou seja, mostra o equilíbrio que precisa haver entre nossa própria identidade (Asc) e o quanto precisamos nos ajustar àquilo que os outros necessitam e querem de nós (Desc). A oposição entre FC e MC mostra o conflito entre participar da união familiar e sair de casa para se tornar alguém no mundo. Já as quadraturas (separação de 90°), mostram uma pressão moral e emocional entre as casas. Assim, a quadratura entre Asc e FC mostra que o impulso para a independência e a liberdade pessoal (Asc) é inibida pela pressão do que é seguro e conhecido (FC), muitas vezes representada pela família. Na quadratura entre FC e Desc. vemos que problemas mal resolvidos com os pais ou padrões estabelecidos na família (FC) podem obscurecer nossa habilidade de ver claramente o parceiro ou outras pessoas com quem nos associamos (Desc.). Quando olhamos para a quadratura entre Desc. e MC percebemos que o tempo dedicado ao crescimento de uma parceria e o crescimento da própria carreira podem exercer pressões distintas e criar conflitos internos. A quadratura entre o MC e o Asc mostra que muitas vezes somos classificados somente pelo que fazemos no mundo, deixando de lado outras qualidades que temos, pois aquilo que a sociedade acha válido e aprova e a autodisciplina necessária para desenvolver uma carreira (MC), limita nossa liberdade e espontaneidade pessoal, restringindo o que somos naturalmente inclinados a fazer (Asc).

As forças colocadas em movimento nas casas angulares são concentradas, adornadas e desenvolvidas nas casas sucedentes. Essas casas (II, V, VIII e XI) são associadas aos signos fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), que consolidam a energia gerada nos signos cardeais. A casa II adiciona substância à identidade pessoal gerada pelo Asc, definindo nossas posses, recursos, condições e limites pessoais. Na casa V nos afirmamos e reforçamos o sentido de quem somos e de como impressionar os outros a partir da purificação feita no lugar de onde viemos (FC). Na atividade de nos relacionarmos com os outros do Desc., nos aprofundamos em nós mesmos e aumentamos nossos recursos através dos outros na casa VIII. Participando da manutenção e do funcionamento da sociedade no MC, ampliamos o conhecimento de nós mesmos como seres sociais e formamos a base para expandir nosso sentido de identidade através da casa XI, e desse modo englobamos maior e mais livres noções de ser. Aqui também teremos esferas da vida potencialmente conflituosas. Vamos exercitar um pouco os neurônios agora: a casa II mostra o valor explícito das coisas e a casa VIII os valores ocultos: como e porque isso pode entrar em oposição? Na casa V descobrimos o que queremos fazer e na casa XI como ajudamos o grupo a crescer: faço o grupo concordar comigo ou aceito o consenso dele? Na casa II temos nossa necessidade de segurança material e de entrada regular de dinheiro e na casa V nossa necessidade de sermos criativos, de nos divertirmos, de plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho: que tipo de situação cria um conflito interno dessas áreas na vida de alguém? Se na casa V compreendemos a necessidade de sermos vistos como pessoas brilhantes, positivas, criativas e especiais, na casa VIII temos necessidade de sermos profundos e de aceitar o lado sombrio de nós mesmos: como as crises associadas à casa VIII podem incomodar o entusiasmo de viver da casa V e vice-versa? Se na casa VIII vivemos fortes emoções e paixões, na casa XI temos a visão de uma sociedade humana maior e melhor, onde temos nossos amigos e nosso grupo de afinidade: quando é que essas duas vivências entram em conflito? E finalmente, quando é que nossas necessidades pessoais concretas e nossas fronteiras individuais reais de casa II contradizem nossos ideais sociais e nossas esperanças de uma sociedade mais justa e equânime?

Enquanto as casas angulares geram energia e as casas sucedentes concentram energia, as casas cadentes (III, IV, IX e XII) distribuem e reorganizam a energia, e por isso são análogas aos signos mutáveis de Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes. Em casas cadentes nos reconsideramos, reajustamos e reorientamos, baseados no que vivemos na casa sucedente anterior. Na casa III aprendemos mais sobre o que somos, comparando e contrastando-nos com aqueles que nos cercam, pois à medida que as capacidades mentais se desenvolvem entramos em um mundo que vai além dos sentidos corporais e das necessidades de sobrevivência da casa II. A casa VI refletirá o bom ou mal uso das criações da casa V através dos cuidados com o próprio corpo e da aplicação dessa criatividade no trabalho prático. As explorações interpessoais e as lutas da casa VIII conduzem às reflexões da casa IX, criando leis mais profundas e nos fazendo conhecer os processos que governam a existência e as regras que nela se emaranham. A amplitude de visão criada para o indivíduo na casa XI é aumentada ao infinito pela casa XII, fazendo com que se perca completamente o significado da vontade pessoal. As estatísticas de Gauquelin sugerem que essas casas são mais importantes na determinação de caráter e de carreira, no mapa pessoal, do que as angulares, como prega a astrologia tradicional. Isso por que as casas cadentes mostram a ânsia de nos ligarmos a algo maior e de dar significado a nossas existências (casas IX e XII) e a ânsia de caracterizar nossa identidade específica (casas III e VI). As cadentes se opõem e enquadram por que mostram visões de vida e métodos diversos de se adquirir e processar informações. A casa III descreve a natureza da mente analítica e concreta, que procura o significado das partes, enquanto a casa IX mostra o processo de pensamento abstrato e intuitivo que olha primeiro para o todo. Como essas duas compressões podem se opor na vida de alguém? Na casa VI somos discriminativos e seletivos, buscando formas para utilizar nossos recursos de modo prático e direcionado para a realidade do dia-a-dia da vida. Na casa XII incluímos tudo que nos cerca, as fronteiras são dissolvidas e transcendemos tudo que é mundano, pois lá estamos cientes das ilusões da vida, e compreendemos que ela é desconhecida e misteriosa em suas bases. De que modo o planejamento da vida da casa VI pode entrar em oposição com a vida que flui pela casa XII? Nas quadraturas dessas casas veremos os conflitos e pressões internas na busca dos diversos conhecimento que precisamos na vida. Na casa III gostamos de saber um pouco de tudo, enquanto na casa VI queremos saber o máximo de algo para poder utilizá-lo com eficiência na prática. Como essas duas buscas podem se atrapalhar? Na prática casa VI, que olha cada coisa em particular para achar seu lugar adequado, buscamos formas indutivas de investigação científica, e na expansiva casa IX buscamos a verdade que aflora da fé, da habilidade que temos de perceber os significados cósmicos das coisas. Quais as maneiras que ciência e religião se pressionam? Tanto na casa IX quanto na XII perdemos os limites que restringem as fronteiras mundanas, abrindo nossos olhos para realidades além do alcance da vista dos pensamentos cotidianos. Mas na casa IX buscamos modelos e princípios básicos que nos façam compreender a vida e a existência, nos fazendo escalar novas alturas, enquanto na casa XII sentimos que há muitas coisas insondáveis e desconhecidas, encontrando inspiração não só nas alturas, mas também nas profundezas, pois percebemos que êxtase e dor, bem aventurança e sofrimento, estão intimamente ligados. De que modo essas inspirações transpessoais podem divergir? Na quadratura entre casa XII e casa III podemos falar das complicações geradas pela mente inconsciente, dominada por aquilo que é desconhecido e invisível, em contraponto com a mente consciente, que percebe aquilo que é imediato e está disponível no ambiente, mostrando que podemos ter uma compreensão gerada por aquilo que vemos e ouvimos (casa III) e outra gerada pelo que sentimos e percebemos (casa XII). Que tipo de brigas internas isso gera?

Outra forma de agruparmos as casas é por sua analogia com os elementos: há três casas de Fogo (Asc, V e IX), três de Terra (II, VI e MC), três de Ar (III, VII e XI) e três de Água (FC, VIII e XII). Elas mostram o desenvolvimento significativo e seqüencial dos princípios de cada elemento ligados a cada grupo de casas. Essas casas geralmente criam trígonos (distância de 120°), mostrando que as casas angulares trazem a natureza de um elemento a tona e o personifica, a casa sucedente diferencia e define esse princípio, e a casa cadente organiza, universaliza e dá expressão ao princípio.

As casa de Fogo mostrarão as ânsias de querer ser e de se exprimir num mundo externo, e são chamadas casas da Identidade. O Asc, enquanto casa angular, mostra o movimento inicial de sermos uma pessoa separada e distinta, e desenvolvê-la significa se vitalizar e vivificar. A segunda casa de Fogo é a sucedente casa V, onde a energia gerada para se ser uma pessoa única é focalizada, fixada e direcionada: reforçamos o senso de identidade dado pelo ascendente, criando soluções e interesses que nos façam sentir mais vivos e estampando nossa individualidade naquilo que fazemos e criamos. A casa cadente de Fogo (IX) reajusta e reorienta a maneira como focalizamos nossa energia de ser, de modo que nosso senso de identidade possa se expandir em um contexto mais amplo, e assim incorporamos nossas criações pessoais às leis que orientam toda a vida.

Nas casa de Terra teremos o plano da existência material, onde o espírito de Fogo se incorpora a formas concretas, sendo chamadas de casas da Produtividade. A casa II é a sucedente de Terra, mostrando a matéria em busca de segurança e estabilidade através dos próprios recursos e de um corpo concreto. Podemos dizer que aqui entendemos como lidamos com o nosso capital pessoal. Na casa VI temos a área cadente desse elemento, onde o princípio da matéria é reajustado e reorganizado de modo a aprimorar e aperfeiçoar nossas habilidades pessoais. Essa casa nos fala da saúde e do trabalho, já que o corpo físico necessita de atenção para funcionar de modo eficiente (quando adoecemos podemos observar as tentativas do corpo se reajustar), e é no trabalho que transformamos nossos capitais e recursos físicos na produção de força de trabalho - como diria o taurino Carl Marx. A última casa de Terra é o MC, uma casa angular, onde há a necessidade de gerar matéria, de produzir algo concreto no mundo material, por isso podemos dizer que essa casa representa as forças que ativamente organizam e supervisionam o capital e o trabalho, mostrando o capitalista de nós mesmos que todos temos. Por isso o MC está associado à carreira, ambição e a forma como queremos ser vistos pelo mundo, pois mostra como estruturamos e direcionamos propositadamente nossos recursos e habilidades para resultados concretos e definitivos.

Nas casas de Ar teremos a triplicidade do relacionamento humano, mostrando nossa capacidade de destacar e comparar as idéias pessoais e ver as coisas objetivamente à distância e em perspectiva. Essas são as casas relacionais e de interações. Começamos esse trígono com a casa cadente (III), onde o movimento e o desenvolvimento intelectual nos capacita a reajustar e redefinir nossa posição pessoal de modo a compreender o que nos cerca. A mente e a perspectiva de vida pessoal da casa III encontra a mente e perspectiva do Outro na angular casa VII e cria um relacionamento gerador de energia, sendo que os fracassos e sucessos dos relacionamentos pessoais irão influenciar enormemente o modo como nos entendemos e como compreendemos o mundo que nos cerca. Na casa XI teremos a forma, a estabilização e o reforço de nosso ponto de vista olhando para os outros que compartilham de nossas idéias, pois será a aqui que as mentes se encontrarão para que os relacionamentos sejam ampliados e aplicados à sociedade mais geral de modo a atingirem o maior número possível de pessoas, terminando esse triângulo com uma casa sucedente.

Já as casas de água são conhecidas como triângulo da alma, ou berço da identidade, onde vemos as razões sentimentais e as emoções criadas abaixo da superfície. A primeira das casas de Água é o angular FC, que descreve o ambiente e as influências familiares que geram nossa identidade e nossos condicionamentos afetivos e sentimentais de infância. Na casa VIII encontraremos o ambiente sucedente de Água, onde nosso sentimentos diferenciados e reconhecidos na casa angular fluem para dentro de outra pessoa e vice-versa, concentrando nossa energia emocional de modo a explorar os pontos obscuros de nossa alma. Na casa XII nossas energias emocionais são transformadas, diluídas e ampliadas de modo a progredirmos da união com uns poucos selecionados na casa VIII para um sentimento de unidade com toda a vida, de modo que, através da casa cadente de Água, tomamos conhecimento do coletivo do qual todos nós emergimos e que compartilhamos com tudo e com todos. Resumindo, no FC sentimos nossa própria alegria e dor, na casa VIII a alegria e dor do outro, e na XII sentimos a alegria e a dor do mundo.

É isso. Agora podemos voltar a falar dos Trânsitos á partir da próxima semana. Até lá.

4 comentários:

Marcia Dib disse...

Teca querida
Parabéns pelo texto!
Só alguém com tanta sensibilidade, amor e curiosidade pelo ser humano e muuuito conhecimento consegue falar de um assunto tão profundo de forma que nós leigos possamos entender.
Uma jóia lapidada!
Beijos com saudades,
Marcia

Teca Dias disse...

Ô, minha querida, obrigada... mas ainda tenho dificuldades para saber se não estou falando demais, se estou conseguindo falar o essencial. Bem importante saber que está dando para entender.
Beijão

Anônimo disse...

Uaaaauu !!! Teca, que máximo sua explicação sobre as casas !!!
Devo confessar que nunca entendi muito bem sobre as casas, excetuando-se o ascendente, que todo mundo conhece. Mas você explicou muito bem, e eu fiquei aqui quebrando a cabeça pra compreender onde se encaixam as minhas casas, uma vez que eu tenho ascendente em Peixes !!! Fica muuuito estranho, mas do modo como você explicou eu consegui entender muito bem. Parabéns pelo texto e pela sensibilidade de mesclar os seus fantásticos conhecimentos de astrologia com o seu conhecimento dos seres humanos !!! Posso te dar uma sugestão ? ESCREVA UM LIVRO !!!
Você tem toda a capacidade pra isso.

Um abraço,
Léo.

Teca Dias disse...

Puxa, Leo, obrigada! Receber um comentário desses vindo da sensibilidade de um pisciano é realmente uma honra, e mostra que estou tomando o caminho certo. Tenho a proposta de fazer um livro do blog, mas percebo uma resistência interna... sua força vai me ajudar a pensar nisso com mais cuidado. Valeu!
Abraço