segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

Peixes



Regido por Netuno, o Senhor das Águas, Peixes é o último signo do zodíaco, e o mais complexo dos signos de Água, capaz de combinar coisas tão paradoxais quanto um Einstein e um sem-teto das ruas de São Paulo. Aqui temos a exaltação da Lua, o astro que rege nossas emoções, e também o exílio de Mercúrio e a queda de Urano, os dois planetas que falam de nosso raciocínio lógico e de nossas ideologias. Assim, não há como abordar Peixes através da mente racional e da lógica. Liz Greene chama esse signo de “senhor das latas de lixo da humanidade“, pois tudo que foi jogado fora, desdenhado ou não compreendido, Peixes acolhe. Ele está à procura de, nada mais nada menos, que o verdadeiro segredo da fonte da vida. Por isso é tão fácil ele se perder e se desiludir com o mundo, acabando por buscar uma via escapista. Peixes tem um pouco de cada um dos outros signos, e observando-o de perto se tem a impressão de estar diante de um ser camaleônico. Não se trata das várias personalidades vividas por Gêmeos, mas de uma espécie de empatia e identificação fluida e complexa com toda a raça humana, que faz com que ele se mimetize com qualquer um que lhe seja próximo, como o herói do filme Zelig, de Wood Allen. Isso trás bastante problemas para os piscianos, principalmente por que os outros acabam subestimando-os. Além disso, eles costumam ficar realmente muito passivos e inertes quando atravessam períodos de crise. O problema maior de Peixes é que lhe é difícil fazer escolhas rápidas, pois todos os caminhos são válidos e contêm alguma verdade, se olhado mais profundamente. Tudo para ele é relativo. Isso faz parte de seus dons, pois é a fonte da sua impressionante tolerância, mas pode gerar uma atitude incrivelmente vaga. Por isso alguns almanaques dizem que Peixes nasceu para servir ou para sofrer, pois é comum encontrar pessoas desse signo que continuam passivos enquanto as coisas ao seu lado desabam. Pode ser desconcertante observar essa total aceitação do infortúnio que Peixes tem, mas parece que ele sabe algo que nenhum outro sabe: que todo esse sofrimento significa pouco se você não estiver fortemente ligado à vida desse mundo.
Peixes é conhecido como signo do misticismo, e isso quer dizer um monte de coisas. Uma delas é um profundo sentimento religioso, não no sentido ortodoxo, mas na idéia de viver Deus, religando-se a uma outra realidade transcendental, mágica e intangível, que faz com que a vida normal seja amorfa, sem significado e um verdadeiro vale de lágrimas. “Morrer ou sofrer”, clamava Santa Tereza D’Ávila para seu Deus. Por outro lado, Peixes tem uma profunda sabedoria a respeito da futilidade de muitos desejos humanos, como ambição frenética, paixão pelo poder ou cobiça e avidez. Ele é tão capaz como qualquer outro de sentir essas emoções, mas no fundo ele não as leva muito à sério, pois sabe que é tudo ilusão. Como seus companheiros de Água, ele é profundamente sensível às correntes invisíveis que estão por trás das máscaras do comportamento das pessoas. É difícil enganar um pisciano. Mas, enquanto Câncer e Escorpião estão fortemente ligados às próprias emoções - por isso, quando acham que alguém não é confiável, Câncer protegerá a si e aos seus e Escorpião atacará o inimigo ou o deixará sozinho depois de mostrar seu desgosto -, Peixes vai olhar, sentir, ficar triste, perdoar e deixar que o outro se aproveite ou o destrate, apesar de toda sua perspicácia. Quando se busca a razão desse comportamento geralmente descobrimos que para ele isso não tem real importância. Esse parece ser um signo de outro mundo, inseguro e não acostumado com as leis que regem o nosso claro e frio mundo de matéria e fatos intelectualmente apreendidos. Peixes parece não conhecer os limites humanos, sendo comum vê-lo comer até passar mal, beber até cair, ou fazer tanta algazarra que ofende todo mundo e depois ficar tão quieto e esquisito que assusta todo mundo. Ele não entende como descriminar, limitar, escolher. Em compensação ele tem uma imaginação também ilimitada, sendo que muitos músicos, pintores e físicos modernos são piscianos. É como se ao nascer ele recebesse a chave para as portas da fonte da vida, do reino dos sonhos, podendo entrar e sair quando quiser. O problema é que às vezes ele não quer sair de lá. A realidade limitada por tempo, espaço, estruturas, fatos e outras pessoas geralmente é irritante para Peixes, fazendo com que ele deixe de ver coisas simples, como a conta de luz que tem de ser paga. Não que eles não tenham senso prático, mas, de vez em quando, podem se mostrar mesquinhos e ter idéias esquisitas de como ganhar dinheiro, se metendo em muitos rolos que deixam pessoas mais convencionais de cabelos em pé. Isso acaba lhes dando fama de irresponsáveis, o que é relativamente injusto, pois Peixes é muito responsável com aquilo que gosta; só que sua concepção de realidade difere, completa e radicalmente, da de outras pessoas. Vivendo tanto em sua imaginação, onde tudo se move constantemente, esse signo se aborrece facilmente com a banalidade do cotidiano em terra firme. Isso também o faz um romântico incurável, não só em relação à casos de amor, mas também à sua casa, que tem que ser um castelo, à sua família, cheia de pessoas nobres, ao carro, que é especial... Bem, tudo ao qual Peixes se ligar ganhará luzes coloridas e especiais. Esse anseio e a intimidade que tem com o mundo dos sonhos fará com que o conceito de realidade ligada ao bem estar social, da comida e teto sobre a cabeça, convênio médico e saída uma vez por semana para jantar fora, não signifique nada. Peixes é tremendamente adaptável, e pode muito bem viver num porão, pois porões são românticos, conjuntos habitacionais, não.

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