domingo, 22 de fevereiro de 2009

Trânsitos de Mercúrio

“Exu não tinha riqueza, não tinha fazenda, não tinha rio, não tinha profissão, nem artes, nem missão. Exu vagabundeava pelo mundo sem paradeiro. Então um dia, Exu passou a ir à casa de Oxalá. (...) Na casa de Oxalá, Exu se distraía vendo o velho fabricando os seres humanos. Muitos e muitos vinham visitar Oxalá, mas ali ficavam pouco (...). Exu ficou na casa de Oxalá dezesseis anos. Exu prestava muita atenção na modelagem e aprendeu como Oxalá fabricava as mãos, os pés, a boca, os olhos, o pênis dos homens, (...), a vagina das mulheres. Exu não perguntava. Exu observava. Exu prestava atenção. Exu aprendeu tudo.”
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi

Se você olhar para um esquema do sistema solar, vai ver que Mercúrio parece um satélite do Sol, e no céu está sempre ou no mesmo signo, ou no anterior ou no posterior da nossa estrela. Em seu movimento direto caminha 1°30’ por dia, mas a cada 3 meses ele vai, aparentemente, parar e “andar para trás” - o que chamamos de movimento retrógrado - por cerca de 20 dias. É por isso que, apesar de seu movimento ser mais rápido que do Sol, ele completa seu caminho em torno do zodíaco mais ou menos junto com ele.

O mensageiro dos deuses é rápido demais para que possa ter alguma influência mais profunda em seus passeios pelo zodíaco. Mas, assim como o Sol e a Lua, a observação do seu movimento sobre nosso mapa pode ajudar na compreensão do nosso funcionamento cotidiano e ajuda muito no planejamento do dia-a-dia. A palavra chave para Mercúrio é comunicação, e seu trânsito estará trabalhando nessa dimensão. Quando em Fogo, esse planeta excita a mente a ficar mais extrovertida e direta, deixando as conversas entusiasmadas e acaloradas; quando em Água se conversa mais sobre relacionamento e disposições emocionais; quando em Terra os planejamentos e ambições concretas ganham maior destaque; se em Ar, as especulações e teorias mais abstratas e o encontro social parecem ter maior interesse. De forma bem semelhante à Lua, Mercúrio acaba refletindo as disposições gerais, o que pode ser levado em conta quando se planeja um dia específico. Esse deus é o protetor dos ladrões, do comércio e das encruzilhadas, e prestar atenção nele pode ajudar a entender muitos dos truques que nossa mente nos prega. Assim, por exemplo, se você precisa “discutir a relação” com alguém em um dia que Mercúrio está em signo de Fogo, seria bom que antes fosse à academia malhar bastante ou ao estádio assistir o jogo de futebol do seu time do coração, pois aí pode gastar um pouco dessa energia mais individualista que Mercúrio estará irradiando, evitando discussões inúteis. Do mesmo modo, se, por exemplo, é preciso tomar uma decisão sobre mudança de emprego em um dia que Mercúrio está mergulhado em signo de Água, é bom conversar antes com alguém sobre suas motivações inconscientes e suas necessidades emocionais para ter um pouco mais de clareza a respeito do que se está fazendo. Observando por onde anda esse planeta, você poderá aproveitar sua estada em Terra para analisar e colocar em movimento suas necessidades concretas ou aproveitar os momentos em que ele passeia pelo Ar para se dedicar à parte mais complexa da sua tese de mestrado ou se encontrar com amigos e conseguir novas motivações mentais.

Esse planeta tem muito do Mago do Tarô, e isso quer dizer que ele tem muitos truques. Um momento particularmente importante de se observar isso é quando ele está retrógrado, pois a comunicação se torna confusa, as ordens são mal interpretadas, os planos dão errado, as cartas postas no correio não chegam no destino, se fala sem pensar, somos mal compreendidos e também compreendemos mal os outros, fazendo com que muitos mal-entendidos ocorram por motivos fúteis. Saber quando Mercúrio está retrógrado pode nos ajudar a evitar alguns desses problemas, já que temos consciência de estarmos num momento potencial de mal-entendidos e devemos dedicar mais tempo no planejamento de uma viagem, ler com mais cuidado os contratos, assim como levar em conta a possibilidade de ser inevitável certas confusões na comunicação. É bom contar com atrasos e com ter que refazer alguma coisa nesses períodos. Os movimentos parecem truncados quando Mercúrio está retrogrado, e não vai adiantar tentar fugir do engarrafamento pegando um atalho, pois a rua paralela está mais parada ainda. Então, ligue o rádio, relaxe e tenha paciência.

Outra coisa interessante de observar no movimento mercuriano no céu é quando ele entra em aspecto com algum planeta de nosso mapa natal, pois sua energia comunicante pode nos mostrar como aquele ponto funciona em nós e criar sincronicidades que permitem vislumbrar novas soluções para as tensões internas representadas pelos planetas em conflito no mapa. Lembre-se que Mercúrio é rápido, e os aspectos com os pontos de nosso mapa duram apenas 4 ou 5 dias, então é sempre bom registrar os insights que vêm à mente nesses momentos para não perdê-los.

Observar Mercúrio nos ajuda a perceber os movimentos de nossa mente e como criamos a partir dela. Mercúrio é análogo a Exu, o mais jovem dos Orixás na mitologia dos povos iorubás, mas que é o primeiro a ser saudado. “No princípio era o Verbo“, nos conta São João. A curiosidade, a capacidade de compreender e de comunicar ligadas a esse planeta podem nos ajudar a construir nosso cotidiano de maneira mais consciente. Nossa mente pode não ser a única coisa responsável pelas nossas criações, mas é uma auxiliar muito importante. Aqui vai uma história para ilustrar isso:

“Bem no princípio, durante a criação do universo, Olofim-Olodumare reuniu os sábios do Orum para que o ajudassem no surgimento da vida e no nascimento dos povos sobre a face da Terra. Entretanto, cada um tinha uma idéia diferente para a criação e todos encontravam algum inconveniente nas idéias dos outros, nunca entrando em acordo. (...). Então, quando os sábios e o próprio Olofim já acreditavam que era impossível realizar tal tarefa, Exu veio em auxílio de Olofim-Olodumare. Exu disse que para obter sucesso em tão grandiosa obra era necessário sacrificar cento e um pombos como ebó. Com o sangue dos pombos se purificariam as diversas anormalidades que perturbam a vontade dos bons espíritos. Ao ouvi-lo, Olofim estremeceu, porque a vida dos pombos está muito ligada à sua própria vida. Mesmo assim, pouco depois, sentenciou: ‘Assim seja, pelo bem de meus filhos’. (...) Exu foi guiando Olofim por todos os lugares onde se deveria verter o sangue dos pombos para que tudo fosse purificado e para que seu desejo de criar o mundo assim fosse cumprido. Quando Olofim realizou tudo que pretendia, convocou Exu e lhe disse: ‘Muito me ajudaste e eu bendigo teus atos por toda a eternidade. Sempre será reconhecido, Exu, serás louvado sempre antes do começo de qualquer empreitada’.”
Mitologia dos Orixás - Reginaldo Prandi

Esse é um planeta que, em seu caminhar pelo zodíaco, pode nos dar preciosas dicas para entender o que perturba os bons espíritos que nos ajudam a criar nosso mundo.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Sua Vida em 12 Casas II

Para entender melhor o tipo de vivencia ligada a cada casa podemos associar a expressão vivida em cada área com as modalidades dos signos. Assim, as casas angulares , ou seja, o Ascendente, o Fundo do Céu (casa IV) -, o Descendente (casa VII) - e Meio do Céu (casa X) serão análogas aos signos Cardeais (Áries, Câncer, Libra e Capricórnio); as casas sucedentes (II, V, VIII, XI) serão análogas aos signos Fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário); e as casas cadentes (III, VI, IX, XII), análogas aos signos mutáveis (Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes).

As casas angulares são aquelas que ficam após os quatro ângulos do mapa: a primeira casa começa com o ascendente (Asc.), a quarta com o fundo do céu (FC), a sétima com o descendente (Desc.) e a décima como o meio do céu (MC). Como em uma bússola, essas casas funcionam como pontos cardeais, e é através delas que todo o mapa é calculado e desenhado. Os signos cardeais geram e desencadeiam novas energias e, do mesmo modo, as casas angulares nos estimulam para a ação e representam áreas básicas da vida, tendo forte impacto sobre nossa noção de individualidade: identidade pessoal (Asc), o lar e o ambiente familiar (FC), relacionamentos pessoais (Desc.), carreira e projeção social (MC). Os signos que formam essa cruz se enquadram ou se opõem figurativamente uns com os outros, pois essas casas representam quatro esferas da vida que estão potencialmente em conflito umas com as outras. A oposição (separação de 180°) entre Asc e Desc. mostra que alguma condição de identidade e liberdade pessoal tem que ser sacrificada para funcionar num relacionamento, ou seja, mostra o equilíbrio que precisa haver entre nossa própria identidade (Asc) e o quanto precisamos nos ajustar àquilo que os outros necessitam e querem de nós (Desc). A oposição entre FC e MC mostra o conflito entre participar da união familiar e sair de casa para se tornar alguém no mundo. Já as quadraturas (separação de 90°), mostram uma pressão moral e emocional entre as casas. Assim, a quadratura entre Asc e FC mostra que o impulso para a independência e a liberdade pessoal (Asc) é inibida pela pressão do que é seguro e conhecido (FC), muitas vezes representada pela família. Na quadratura entre FC e Desc. vemos que problemas mal resolvidos com os pais ou padrões estabelecidos na família (FC) podem obscurecer nossa habilidade de ver claramente o parceiro ou outras pessoas com quem nos associamos (Desc.). Quando olhamos para a quadratura entre Desc. e MC percebemos que o tempo dedicado ao crescimento de uma parceria e o crescimento da própria carreira podem exercer pressões distintas e criar conflitos internos. A quadratura entre o MC e o Asc mostra que muitas vezes somos classificados somente pelo que fazemos no mundo, deixando de lado outras qualidades que temos, pois aquilo que a sociedade acha válido e aprova e a autodisciplina necessária para desenvolver uma carreira (MC), limita nossa liberdade e espontaneidade pessoal, restringindo o que somos naturalmente inclinados a fazer (Asc).

As forças colocadas em movimento nas casas angulares são concentradas, adornadas e desenvolvidas nas casas sucedentes. Essas casas (II, V, VIII e XI) são associadas aos signos fixos (Touro, Leão, Escorpião e Aquário), que consolidam a energia gerada nos signos cardeais. A casa II adiciona substância à identidade pessoal gerada pelo Asc, definindo nossas posses, recursos, condições e limites pessoais. Na casa V nos afirmamos e reforçamos o sentido de quem somos e de como impressionar os outros a partir da purificação feita no lugar de onde viemos (FC). Na atividade de nos relacionarmos com os outros do Desc., nos aprofundamos em nós mesmos e aumentamos nossos recursos através dos outros na casa VIII. Participando da manutenção e do funcionamento da sociedade no MC, ampliamos o conhecimento de nós mesmos como seres sociais e formamos a base para expandir nosso sentido de identidade através da casa XI, e desse modo englobamos maior e mais livres noções de ser. Aqui também teremos esferas da vida potencialmente conflituosas. Vamos exercitar um pouco os neurônios agora: a casa II mostra o valor explícito das coisas e a casa VIII os valores ocultos: como e porque isso pode entrar em oposição? Na casa V descobrimos o que queremos fazer e na casa XI como ajudamos o grupo a crescer: faço o grupo concordar comigo ou aceito o consenso dele? Na casa II temos nossa necessidade de segurança material e de entrada regular de dinheiro e na casa V nossa necessidade de sermos criativos, de nos divertirmos, de plantar uma árvore, escrever um livro e ter um filho: que tipo de situação cria um conflito interno dessas áreas na vida de alguém? Se na casa V compreendemos a necessidade de sermos vistos como pessoas brilhantes, positivas, criativas e especiais, na casa VIII temos necessidade de sermos profundos e de aceitar o lado sombrio de nós mesmos: como as crises associadas à casa VIII podem incomodar o entusiasmo de viver da casa V e vice-versa? Se na casa VIII vivemos fortes emoções e paixões, na casa XI temos a visão de uma sociedade humana maior e melhor, onde temos nossos amigos e nosso grupo de afinidade: quando é que essas duas vivências entram em conflito? E finalmente, quando é que nossas necessidades pessoais concretas e nossas fronteiras individuais reais de casa II contradizem nossos ideais sociais e nossas esperanças de uma sociedade mais justa e equânime?

Enquanto as casas angulares geram energia e as casas sucedentes concentram energia, as casas cadentes (III, IV, IX e XII) distribuem e reorganizam a energia, e por isso são análogas aos signos mutáveis de Gêmeos, Virgem, Sagitário e Peixes. Em casas cadentes nos reconsideramos, reajustamos e reorientamos, baseados no que vivemos na casa sucedente anterior. Na casa III aprendemos mais sobre o que somos, comparando e contrastando-nos com aqueles que nos cercam, pois à medida que as capacidades mentais se desenvolvem entramos em um mundo que vai além dos sentidos corporais e das necessidades de sobrevivência da casa II. A casa VI refletirá o bom ou mal uso das criações da casa V através dos cuidados com o próprio corpo e da aplicação dessa criatividade no trabalho prático. As explorações interpessoais e as lutas da casa VIII conduzem às reflexões da casa IX, criando leis mais profundas e nos fazendo conhecer os processos que governam a existência e as regras que nela se emaranham. A amplitude de visão criada para o indivíduo na casa XI é aumentada ao infinito pela casa XII, fazendo com que se perca completamente o significado da vontade pessoal. As estatísticas de Gauquelin sugerem que essas casas são mais importantes na determinação de caráter e de carreira, no mapa pessoal, do que as angulares, como prega a astrologia tradicional. Isso por que as casas cadentes mostram a ânsia de nos ligarmos a algo maior e de dar significado a nossas existências (casas IX e XII) e a ânsia de caracterizar nossa identidade específica (casas III e VI). As cadentes se opõem e enquadram por que mostram visões de vida e métodos diversos de se adquirir e processar informações. A casa III descreve a natureza da mente analítica e concreta, que procura o significado das partes, enquanto a casa IX mostra o processo de pensamento abstrato e intuitivo que olha primeiro para o todo. Como essas duas compressões podem se opor na vida de alguém? Na casa VI somos discriminativos e seletivos, buscando formas para utilizar nossos recursos de modo prático e direcionado para a realidade do dia-a-dia da vida. Na casa XII incluímos tudo que nos cerca, as fronteiras são dissolvidas e transcendemos tudo que é mundano, pois lá estamos cientes das ilusões da vida, e compreendemos que ela é desconhecida e misteriosa em suas bases. De que modo o planejamento da vida da casa VI pode entrar em oposição com a vida que flui pela casa XII? Nas quadraturas dessas casas veremos os conflitos e pressões internas na busca dos diversos conhecimento que precisamos na vida. Na casa III gostamos de saber um pouco de tudo, enquanto na casa VI queremos saber o máximo de algo para poder utilizá-lo com eficiência na prática. Como essas duas buscas podem se atrapalhar? Na prática casa VI, que olha cada coisa em particular para achar seu lugar adequado, buscamos formas indutivas de investigação científica, e na expansiva casa IX buscamos a verdade que aflora da fé, da habilidade que temos de perceber os significados cósmicos das coisas. Quais as maneiras que ciência e religião se pressionam? Tanto na casa IX quanto na XII perdemos os limites que restringem as fronteiras mundanas, abrindo nossos olhos para realidades além do alcance da vista dos pensamentos cotidianos. Mas na casa IX buscamos modelos e princípios básicos que nos façam compreender a vida e a existência, nos fazendo escalar novas alturas, enquanto na casa XII sentimos que há muitas coisas insondáveis e desconhecidas, encontrando inspiração não só nas alturas, mas também nas profundezas, pois percebemos que êxtase e dor, bem aventurança e sofrimento, estão intimamente ligados. De que modo essas inspirações transpessoais podem divergir? Na quadratura entre casa XII e casa III podemos falar das complicações geradas pela mente inconsciente, dominada por aquilo que é desconhecido e invisível, em contraponto com a mente consciente, que percebe aquilo que é imediato e está disponível no ambiente, mostrando que podemos ter uma compreensão gerada por aquilo que vemos e ouvimos (casa III) e outra gerada pelo que sentimos e percebemos (casa XII). Que tipo de brigas internas isso gera?

Outra forma de agruparmos as casas é por sua analogia com os elementos: há três casas de Fogo (Asc, V e IX), três de Terra (II, VI e MC), três de Ar (III, VII e XI) e três de Água (FC, VIII e XII). Elas mostram o desenvolvimento significativo e seqüencial dos princípios de cada elemento ligados a cada grupo de casas. Essas casas geralmente criam trígonos (distância de 120°), mostrando que as casas angulares trazem a natureza de um elemento a tona e o personifica, a casa sucedente diferencia e define esse princípio, e a casa cadente organiza, universaliza e dá expressão ao princípio.

As casa de Fogo mostrarão as ânsias de querer ser e de se exprimir num mundo externo, e são chamadas casas da Identidade. O Asc, enquanto casa angular, mostra o movimento inicial de sermos uma pessoa separada e distinta, e desenvolvê-la significa se vitalizar e vivificar. A segunda casa de Fogo é a sucedente casa V, onde a energia gerada para se ser uma pessoa única é focalizada, fixada e direcionada: reforçamos o senso de identidade dado pelo ascendente, criando soluções e interesses que nos façam sentir mais vivos e estampando nossa individualidade naquilo que fazemos e criamos. A casa cadente de Fogo (IX) reajusta e reorienta a maneira como focalizamos nossa energia de ser, de modo que nosso senso de identidade possa se expandir em um contexto mais amplo, e assim incorporamos nossas criações pessoais às leis que orientam toda a vida.

Nas casa de Terra teremos o plano da existência material, onde o espírito de Fogo se incorpora a formas concretas, sendo chamadas de casas da Produtividade. A casa II é a sucedente de Terra, mostrando a matéria em busca de segurança e estabilidade através dos próprios recursos e de um corpo concreto. Podemos dizer que aqui entendemos como lidamos com o nosso capital pessoal. Na casa VI temos a área cadente desse elemento, onde o princípio da matéria é reajustado e reorganizado de modo a aprimorar e aperfeiçoar nossas habilidades pessoais. Essa casa nos fala da saúde e do trabalho, já que o corpo físico necessita de atenção para funcionar de modo eficiente (quando adoecemos podemos observar as tentativas do corpo se reajustar), e é no trabalho que transformamos nossos capitais e recursos físicos na produção de força de trabalho - como diria o taurino Carl Marx. A última casa de Terra é o MC, uma casa angular, onde há a necessidade de gerar matéria, de produzir algo concreto no mundo material, por isso podemos dizer que essa casa representa as forças que ativamente organizam e supervisionam o capital e o trabalho, mostrando o capitalista de nós mesmos que todos temos. Por isso o MC está associado à carreira, ambição e a forma como queremos ser vistos pelo mundo, pois mostra como estruturamos e direcionamos propositadamente nossos recursos e habilidades para resultados concretos e definitivos.

Nas casas de Ar teremos a triplicidade do relacionamento humano, mostrando nossa capacidade de destacar e comparar as idéias pessoais e ver as coisas objetivamente à distância e em perspectiva. Essas são as casas relacionais e de interações. Começamos esse trígono com a casa cadente (III), onde o movimento e o desenvolvimento intelectual nos capacita a reajustar e redefinir nossa posição pessoal de modo a compreender o que nos cerca. A mente e a perspectiva de vida pessoal da casa III encontra a mente e perspectiva do Outro na angular casa VII e cria um relacionamento gerador de energia, sendo que os fracassos e sucessos dos relacionamentos pessoais irão influenciar enormemente o modo como nos entendemos e como compreendemos o mundo que nos cerca. Na casa XI teremos a forma, a estabilização e o reforço de nosso ponto de vista olhando para os outros que compartilham de nossas idéias, pois será a aqui que as mentes se encontrarão para que os relacionamentos sejam ampliados e aplicados à sociedade mais geral de modo a atingirem o maior número possível de pessoas, terminando esse triângulo com uma casa sucedente.

Já as casas de água são conhecidas como triângulo da alma, ou berço da identidade, onde vemos as razões sentimentais e as emoções criadas abaixo da superfície. A primeira das casas de Água é o angular FC, que descreve o ambiente e as influências familiares que geram nossa identidade e nossos condicionamentos afetivos e sentimentais de infância. Na casa VIII encontraremos o ambiente sucedente de Água, onde nosso sentimentos diferenciados e reconhecidos na casa angular fluem para dentro de outra pessoa e vice-versa, concentrando nossa energia emocional de modo a explorar os pontos obscuros de nossa alma. Na casa XII nossas energias emocionais são transformadas, diluídas e ampliadas de modo a progredirmos da união com uns poucos selecionados na casa VIII para um sentimento de unidade com toda a vida, de modo que, através da casa cadente de Água, tomamos conhecimento do coletivo do qual todos nós emergimos e que compartilhamos com tudo e com todos. Resumindo, no FC sentimos nossa própria alegria e dor, na casa VIII a alegria e dor do outro, e na XII sentimos a alegria e a dor do mundo.

É isso. Agora podemos voltar a falar dos Trânsitos á partir da próxima semana. Até lá.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Sua Vida em 12 Casas

Pelo retorno que ando tendo, vejo que é preciso compreender melhor o que são as casas astrológicas antes de retomar os trânsitos. Vamos começar com uma pequena introdução.

Os astrólogos não concordam entre si sobre vários assuntos, mas a questão da divisão das casas parece ser a que cria mais discussões. Isso por que existem mais de trinta formas de se apresentar essa divisão, e não há um sistema que seja mais “correto”, pois cada um tem seus méritos e suas desvantagens, sendo que cada astrólogo acaba escolhendo seu sistema conforme suas próprias idiossincrasias. Esses vários sistemas podem ser divididos em três tópicos: os sistemas eclípticos, os de espaço e os de tempo. No método de divisão de casas eclíptica a cúspide é determinada pela órbita aparente do sol em torno da Terra - órbita ecliptica -, e começa-se, a partir do grau do ascendente, a dividir-se as 12 casas em partes iguais de 30°. O bom desse método é sua simplicidade e sua forma clara de refletir a divisão em doze partes dos signos zodiacais, além de não apresentar signos interceptados. O problema é que nesse sistema há ênfase apenas no ascendente e no sol, perdendo-se muito do valor das outras casas e dos outros astros. Os quatro sistemas mais conhecidos desse método são: de Casas Iguais (o mais popular e antigo, datado de 3000 a.C.), de Casas Porphirius, de Casas de Graduação Natural e o Método M-Casa. Nos sistemas Espaciais, em vez de se pegar a eclíptica para determinar as cúspides, se escolhe outros círculos possíveis da esfera celestial - como o equador celeste, o horizonte ou a primeira vertical - e depois projeta-se essa divisão na faixa eclíptica zodiacal. Esses sistemas levam em maior conta a localidade, o espaço central em que o indivíduo se encontra, criando um mapa quase que tridimensional. Não sendo mais o movimento aparente do sol, mas o movimento da Terra, que orienta esse método de divisão das casas, a lua acaba tendo uma influência muito maior nos mapas assim construídos. O problema aqui é que o zodíaco em si acaba perdendo um pouco sua importância ao se aumentar o destaque sobre as casas e os astros. Os sistemas desse tipo de divisão de casas mais conhecidos são o de Casas Campanus, o Regionamontanus, o Morinus e o Ponto Leste. Nos sistemas de Tempo as cúspides das casas são traçadas à partir do tempo que determinado ponto (o Asc ou o MC) leva para perfazer um arco na esfera terrestre. Esse método é o mais complicado matematicamente de ser calculado, e constrói o mapa trisseccionando o tempo que qualquer grau da elíptica leva para ir do Asc ao MC - encontrando assim as cúspides das casas XI e XII e seus opostos - e depois o tempo que cada grau leva para ir do FC ao Asc e também trisseccionando para achar as cúspides das casas II e III e seus opostos. Esses sistemas enfatizam mais as metas de vida e dá respostas mais significativas quando se faz perguntas temporais e mundanas, sendo utilizados principalmente pela ala psicológica da astrologia. Os sistemas temporais mais usados são os de Casas Alcabitus, de Casas Plácidus, de Casas Knoch e Topocêntrico de Casas. A maioria utiliza o Sistema de Casas Placidus, onde é possível haver signos interceptados em algumas casas, ou seja, há signos que estão completamente contidos em alguma casa sem que nenhuma cúspide passe por ele. Quando isso ocorre teremos duas influências naquela área da vida, sendo que o signo da cúspide dará a cor da casa e o signo contido dará um tom diferenciado a ela.


Para entender como funciona cada casa, vamos construir uma estrutura mítica através dos signos para contar a história de um herói genérico. Áries é o nascimento do herói, o pioneiro que abre o caminho nunca dantes trilhado, matando dragões e enfrentando bruxas. Depois que o caminho é aberto, precisamos de Touro para nos estabelecer no novo lugar, construir um abrigo, cultivar a terra, para que as conquistas feitas não se esvaziem, já que a Terra é redonda e se sairmos abrindo caminhos infinitamente acabaremos no mesmo lugar que começamos e o caminho já terá nos esquecido. Gêmeos, então, nos ensinará a entrar em contato com os outros seres que vivem à nossa volta, aprendendo a língua local e fazendo trocas de informações com a comunidade vizinha, dançando com lobos e descobrindo quais plantas matam e quais curam. É possível, aí, criar raízes, estabelecer família, formar uma comunidade, como Câncer, numa uroxilocalidade que mostra de onde vem aquela nova existência, dando segurança, abrigo e a certeza de uma continuidade. Leão surge como a autoridade paterna que inicia os jovens heróis e lhes mostra a necessidade de criar algo novo, pois somos feitos à imagem e semelhança de Deus. Assim, o homem aprende a criar a si mesmo e a dar filhos ao mundo. Passamos então a Virgem, para aprender a trabalhar dando o melhor de si, cuidar da propria saúde e do corpo, e criamos os rituais de purificação. Com isso nos instrumentalizamos e conseguimos nos sustentar sozinhos. Só aí a criatividade e a expressão pessoal podem ganhar forma. Agora é possível separar-se do clã em que se foi criado, e o herói vai ao encontro do Outro, com quem ele se une através de Libra, não mais através da identidade que lhe era outorgada em sua comunidade, mas para crescer para além de si mesmo. Na intimidade com o outro de Escorpião ele descobrirá os demônios que eram impedidos de se manifestar na proteção infantil que tinha em casa, e ele terá medo, pois achará que será destruído. Mas quando não tiver mais para onde fugir, terá que enfrentar seus monstros e se tornará seu senhor. Com isso ele se sentirá mais forte e procurará horizontes maiores e mais divinos, onde Sagitário será o grande guia, e o ensinará a ser mais sábio e ver mais longe, podendo encontrar um sentido para sua vida. Em meio a essa viagem, Capricórnio lhe mostrará uma montanha que é só sua, que lhe foi destinado para subir desde todo o sempre. A montanha poderá parecer grande demais, mas ele acaba tendo que subi-la se quiser continuar seu caminho. Será muito difícil, e muitas vezes ele pensará em desistir. Mas quando vê que essa subida é o que ele precisa fazer nessa vida, entenderá também que se desistir dela nada mais fará sentido em sua existência. Ele aprenderá o valor do tempo e da paciência, e quando menos esperar, estará no topo. Então olhará para trás e verá todo o caminho percorrido, e entenderá o sentido dos sonhos que tinha quando criança. Se sentará com Capricórnio no topo daquela escalada e contemplará sua vida, seus esforços, sua história única, descobrindo outro segredo da vida: não se pode permanecer para sempre no topo. Lá de cima Aquário lhe mostrará a humanidade, sua evolução, sua capacidade heróica de construir um mundo melhor, e seu coração se encherá de esperança de que a humanidade, assim como ele mesmo, consiga criar um mundo em que todos cresçam, independente de sua origem, cultura, gênero, idade ou religião. Descendo de sua montanha e compartilhando a vida com seus irmãos, o herói percebe que faz parte de algo muito maior que ele mesmo. Então ele estará preparado para se despir de suas roupas, de suas pequenas vontades, de sua pequena razão, que ele acreditava terem-no guiado até ali, e seguirá com Peixes para um outro mundo, ampliando seu coração e ligando-se a Deus, pois agora já não é parte de algo, mas o próprio todo.


No mapa astrológico temos esse ciclo individual, que mostra o caminho de cada um para descobrir seu verdadeiro tesouro, através das casas astrológicas. Nelas, vemos como a pessoa atravessa cada uma dessas fases e como ela vivencia cada uma dessas áreas da existência humana. A analogia entre as casas e os signos é feita através dessa dinâmica simbólica, onde percebemos que a busca do signo é análoga à necessidade vivida na casa. No desenvolvimento seqüencial das casas observamos um movimento do pessoal para o interpessoal e desse para o universal. Se dividirmos o mapa ao meio à partir do eixo Asc/Desc., o lado Sul mostra nosso encontro conosco mesmos e o lado Norte mostra nosso encontro com o mundo. Por isso as casas de I a VI são chamadas de pessoais e as de VII a XII de coletivas. Se traçarmos também uma linha entre o MC e o FC observaremos quatro fases de desenvolvimento: no primeiro quadrante (casas de I a III) temos o autodesenvolvimento, onde o indivíduo cria o sentido de identidade pessoal; no segundo quadrante (casas de IV a VI) temos o desenvolvimento da auto-expressão, onde o indivíduo se molda e se mostra; no terceiro quadrante (casas de VII a IX) temos a auto-expansão, onde o indivíduo cresce à partir do encontro com o outro que lhe é externo; e no quarto quadrante temos as áreas de autotranscendência do indivíduo, onde se ampliam e superam as fronteiras pessoais para se incluir não só um outro, mas todos os outros. A concentração de planetas em um desses quadrantes fará com que o tipo específico de desenvolvimento representado tenha maior importância na vida da pessoa.


Esse é o primeiro olhar que devemos dar ao mapa. Olhe para o desenho do seu e veja onde há maior concentração, quais casas abrigam maior número de astros, pois ali estarão as áreas da sua vida mais dinamizadas. Se há muita força nas casas pessoais, a auto expressão exige maior consciência, e se há mais agitação nas casas coletivas, os desafios estarão muito mais concentrados na auto expansão.


Pense nisso essa semana, que na próxima publicação vamos deixar as coisas mais complexas um pouco.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Lunação nas Casas do Mapa Natal: Reabrindo o Boteco

Aqui vão umas dicas básicas para ajudar a acompanhar as Lunações através do seu mapa, lembrando que nesse boteco falamos de generalidades para ajudar na hora de conhecer sua carta astral.

A Astrologia divide a vida da pessoa em 12 áreas, que chamamos casas. Pretendo escrever com mais detalhes a respeito, mas aqui vai um esquema geral de cada uma e de como elas se organizam através dos eixos opostos, para podermos falar com um pouco de propriedade das Lunações. Para quem precisa de legenda, Asc = Ascendente (casa I); Desc = Descendente (casa VII); FC = Fundo do Céu (casa IV); MC = Meio do Céu (casa X).

Casa I (Asc) - Como sou - analogia com Áries
Casa II - O que tenho - analogia com Touro
Casa III - Como me comunico - analogia com Gêmeos
Casa IV (FC) - De onde venho - analogia com Câncer
Casa V - O que quero- analogia com Leão
Casa VI - Como sirvo - analogia com Virgem
Casa VII - Com quem me relaciono- analogia com Libra
Casa VIII - Trocas íntimas e transformadoras - analogia com Escorpião
Casa IX - Minha busca por compreensão - analogia com Sagitário
Casa X (MC) - Minhas ambições (para onde vou) - analogia com Capricórnio
Casa XI - Meu grupo- analogia com Aquário
Casa XII - Meu universo espiritual- analogia com Peixes

Eixos
Asc (Eu) - Desc (Tu) – forças que criam
II (Recurso Pessoal) - VIII (Recursos do outro) - matéria criada
III (Conhecimento Imediato) - IX (Conhecimento Superior) – lei da evolução
FC (Reino da Mãe) - MC (Reino do Pai) - missão ancestral
V (Criação Pessoal) - XI (Criação Social) – o amor
VI (Purificação/Trabalho) - XII (Contaminação/Transcendência) – sabedoria universal

Alguns lembretes são importantes. As Lunações, em geral, estarão mobilizando um eixo do mapa, mas pode acontecer também da Lua Nova ocorrer em uma casa e a Lua Cheia estar plena na casa seguinte da oposta por eixo. Isso significa que o eixo mobilizado naquele mês pode ter seus resultados vistos em outra área de vida também. É bem interessante acompanhar como isso acontece. É bom prestar atenção também na Lunação que acontece no seu mês de aniversário, pois ela irá mobilizar sua natureza solar, onde está sua fonte de energia e amor vital. O mês em que o Sol está no seu signo lunar trará a mobilização do seu centro emocional, e é uma época boa para ver como suas emoções e seus vínculos afetivos estão sendo trabalhados.

Lunações no Ascendente/Descendente
Essa lunação costuma ser a mais intensa do ano, pois mostra muito da necessidade de se agir no mundo de modo individualizado e da busca por companheiros de vida, que são dois aspectos muito mobilizadores da personalidade. Quando a Lua Nova ocorre no Ascendente temos energia para agir e ir atrás daquilo que somos de verdade. Esse é um bom momento para se começar coisas novas e para mudar comportamentos que percebemos que atrapalham nosso caminho. Nos dois dias que antecedem essa conjunção de Sol e Lua e nos dois dias posteriores, é bom avaliar o que é preciso ser feito e assumir a responsabilidade por aquilo em vez de esperar que o Outro, ou o Mundo, faça isso por você. Nessa Lua Cheia teremos o Sol no Asc. e a Lua no Desc. e aquilo que plantamos com nossas ações vão refletir nas nossas parcerias. Lembrando que na Lua Cheia temos uma oposição de luminares, aqui você vai perceber os desequilíbrios entre a sua ação individual e os ajustes necessários para a convivência com o Outro. Essa é a Lua Cheia boa para namorar e encontrar com @(s) parceir@(s), pois nosso satélite iluminado estará trazendo os frutos das iniciativas tomadas em favor da própria individualidade e permitindo que estejamos mais inteiros no contato com o Outro. Se nossas dissociações são muito intensas nessas áreas, porém, as discussões com nossos parceiros ou as dificuldade de se encontrar uma boa parceria trazem muita confusão e brigas.
No mês “contrário”, quando a Lua Nova acontece no Desc. e a Lua Cheia está no Asc, é o momento de ficar atento para aquilo que precisamos fazer em nossos relacionamentos pessoais para que eles sejam verdadeiros e bons para ambas as partes, tomando a iniciativa de alimentar nossas boas parcerias ou irmos atrás delas. Acredito que não exista nada na vida que mostre tanto de nós mesmos como nossos relacionamentos pessoais, sejam eles amorosos, de trabalho, de viagem ou do que seja. Nessa Lua Cheia nosso satélite estará iluminando nossa porta de entrada, digamos assim, e isso irá refletir muito dos nossos desejos de ação. Se você começar a brigar muito com seus parceiros nesse período, veja internamente se não está criando a expectativa de que o Outro faça por você coisas que você tem preguiça ou medo de desenvolver, ou se o relacionamento está exigindo limites demais de sua individualidade e você está se perdendo. Essas dissociações estarão sublinhadas nessa lunação, e, se não estamos muito inconscientes delas, pode ser exatamente o momento em que nossos parceiros reconhecem o valor da nossa individualidade e podemos fazer os reajustes necessários.

Lunações nas casas II e VIII
Nesse eixo nossos luminares vão trazer luz para a maneira como lidamos com nossos valores conscientes e de que modo interagimos com os valores inconscientes, que podem ser explorados na intimidade com o Outro. Isso muitas vezes se traduz através do dinheiro que recebemos por nosso trabalho, pois vivemos em um mundo capitalista que criou esse parâmetro de valor. Se subestimamos nosso valor, cobramos menos do que merecemos, e se nos sobreestimamos culpamos os Outros por não recebermos o que acreditamos que merecemos. Tanto em um como no outro caso, ficamos insatisfeitos com os recursos que temos disponíveis. Quando a Lua Nova acontece em nossa casa II temos energia para ir atrás daquilo que é nosso e modificar as coisas que nos impedem de reconhecer nosso verdadeiro valor. É um bom momento para olhar para nossa vida material e ver o que falta, tomando a iniciativa para conseguir isso. Se há algum dinheiro sobrando, veja se ele pode comprar aquilo que você está desejando e compre, ou avalie se o que você quer mesmo vale mais, e aplique esse dinheiro para que ele se multiplique e você possa ter aquilo que quer em vez de aceitar algo de menor valor e que não trará a mesma satisfação. Na Lua Cheia estaremos colhendo os frutos de nossas aplicações pessoais através daquilo que recebemos do Outro. Quando prestamos atenção nessa Lunação vemos o quão verdadeira é a Lei que diz que recebemos aquilo que damos. Quando a Lua Cheia ilumina nossa casa VIII temos um reflexo daquilo que plantamos na nossa auto valoração e percebemos todas as coisas que precisamos nos desfazer para abrir espaço para que novos recursos possam surgir. Quando a Lua Cheia mostra os valores inconscientes abrigados na casa VIII, é possível ver o quanto nossos valores pessoais estão distorcidos ou não, pois iremos colher no campo do Outro aquilo que plantamos no nosso quintal. Se plantamos nos sobreestimamos ou subestimando na Lua Nova, vamos querer que o Outro nos dê seus recursos para taparmos nossos buracos, mas se conseguirmos avaliar com clareza nosso valor, poderemos fazer uma troca equilibrada com o Outro de modo a nos desapegar daquilo que não nos serve mais e recebendo o que precisamos, não só no nível material mas também - ou talvez, principalmente - no nível emocional e transpessoal. Na Lua Nova contrária teremos essa energia concentrada ativando nossas trocas íntimas com o Outro, e é exatamente quando temos luz disponível para entrar no nosso porão para avaliar o que nos serve e o que está na hora de jogar fora. É o melhor momento para arrumar armários e olhar o que se guarda em casa, jogando fora o que não tem mais utilidade e passando para frente o que não usamos a muito tempo e provavelmente nunca mais vamos usar. Nesse sentido é também um bom momento para olharmos nosso porão emocional, e avaliar as mágoas que permanecem mais por orgulho do que por dor real, as vinganças que acalentamos no inconsciente e não têm mais sentido, as invejas e ciúmes que não temos coragem de admitir conscientemente. Se conseguimos separar esse lixo psíquico que guardamos no inconsciente, podemos abrir espaço para novas energias, alem de poder usá-lo como adubo para plantar coisas novas. Os frutos disso podem ser vistos na Lua Cheia que iluminará a casa II, pois quanto menos lixo carregamos, mais claros se tornam nossos valores pessoais, e podemos utilizar nossos recursos para adquirir aquilo que precisamos e queremos em vez de gastar compulsivamente aquilo que temos para alimentar as obsessões e cegueiras que travamos no inconsciente. Essa lunação serve para entendermos na pele que na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma.

Lunação nas Casas III e IX
Esse eixo fala muito a respeito da nossa capacidade intelectual, e durante essa lunação teremos energia para avaliar nossas formas de comunicação e de busca por novos conhecimentos. Esse é o eixo em que percebemos como nos transformamos através do saber. Quando a Lua Nova ativa nossa casa III temos uma concentração de forças para nos comunicarmos e negociarmos aquilo que sabemos. Todas as atividades de troca são potencializadas, e se temos consciência de onde estão nossos problemas de comunicação com o entorno, podemos aproveitar para melhorar essa área de nossa vida. Desde aquele workshop de oratória ou aquela conversa que queríamos ter com o vizinho, até o bazar que queríamos organizar para vender o que não usamos mais ou a feira que sempre pensamos em ir para encontrar o que queremos por um preço mais baixo, são atividades propiciadas por essa conjunção de Sol e Lua. Esse também é um bom momento para retomar a comunicação conosco mesmo, voltando a escrever aquele diário no fim do dia ou a anotar os sonhos pela manhã. Na Lua Cheia que ilumina nossa casa IX vamos perceber como nosso horizonte se expandiu através das trocas pessoais, pois quanto mais e melhor conseguimos trocar informações com as pessoas - e conosco mesmos, claro! - mais facilidades teremos na hora de planejar uma viagem, buscar uma especialização ou mesmo transmitir e exercitar nossa filosofia de vida. Os problemas de dissociação dessas áreas em nós podem trazer muita confusão nessa Lua Cheia, e ninguém entende o que falamos, nosso orientador diz que nossa tese é um equívoco e lemos o mapa ao contrário, indo parar no lado oposto de onde queríamos ir naquela viagem. O que quero dizer é que a Lua Cheia na casa IX vai mostrar o quanto os nossos Grandes Conhecimentos (que vemos assim, com letras maiúsculas), são resultado também de nossa comunicação cotidiana, e por isso não pode estar dissociada dela. Já durante a Lua Nova em nossa casa IX temos energia para retomar aquele estudo ou grupo de estudos, começar um curso superior ou planejar aquela viagem para o exterior, e nos arriscarmos a expor aquilo que sabemos e acreditamos ser importante. Nossa necessidade de novos horizontes é energizado por essa conjunção de luminares, e podemos aproveitar essa força para iniciar nossos desejos nesse sentido. Os resultados do que foi plantado aqui poderão ser colhidos na nossa vida cotidiana durante a Lua Cheia que iluminará a casa III. O aumento de nossos conhecimentos faz com que tenhamos mais figurinhas para trocar com mais tipos de pessoas, se conseguimos sincronizar essas duas áreas de nossa vida. Mas se essas áreas estão dissociadas, você pode ficar bem irritados por estar cercado de pessoas que querem discutir a novela das 8 enquanto você está interessado mesmo é na República de Platão - ou vice-versa -, o que acaba provocando isolamento e/ou críticas destrutivas. Assim, aprendemos que não compramos flores no açougue ou carne no florista, e isso não é culpa nem do açougueiro nem do florista. Se conseguimos perceber isso, essa Lua Cheia pode trazer muito prazer de se sentar no bar e beber sem se preocupar com a profundidade relativa da conversação. Muitas vezes é através do comentário bobo feito sobre uma cena da novela que temos um grande insigh a respeito daquela parte da tese de doutorado que parecia sem saída.

Lunação no Fundo do Céu e no Meio do Céu
Essa também é uma lunação bem importante no nosso ano, pois energiza as nossa origem familiar e aquilo que queremos objetivar e construir na nossa vida social. Se colocarmos a imagem de uma árvore nesse eixo, essa Lunação mostrará o quanto a beleza da floração no alto da copa de nossa árvore está diretamente ligada à saúde das nossas raízes, assim como a força das raízes tem muito da sua vitalidade através da energia solar recolhida pela copa. Quando a Lua Nova energiza nossa casa IV temos oportunidade de, olhando para nossos vínculos familiares, perceber melhor como nos sentimos na intimidade com aqueles que partilhamos nossa casa - a família que construímos - e também aquilo que trazemos de nossa família de origem. É interessante estar percebendo como você se sente com a idéia de família, o que ela abrange em sua vida, e como ela te traz segurança emocional ou não. Esse é um bom momento para finalmente cumprir a promessa de ir ao Parque com as crianças ou de ir ver os pais no domingo. Se você puder visitar aquela tia avó velhinha e cheia de histórias a respeito dos seus avós e de seus pais adolescentes, isso pode te dar um monte de insights que melhorem os vínculos com os seus. E mesmo que você more em uma comunidade de amigos, esse pode ser um bom dia para fazer um churrasco e perceber o quanto há nos seus amigos traços de sua família de origem. A Lua Cheia trará os resultados da maneira como tratamos nossas raízes, e claro que os problemas que temos com nossos pais acabarão aparecendo em nossos chefes e também na maneira como nos vêem nossos subordinados. Quando a Lua Cheia está ativando o ponto mais alto de nosso mapa podemos ver as influências emocionais inconscientes atuando na estrutura que estamos construindo no mundo. É por isso que, se nos nutrimos de maneira saudável através de nossos vínculos familiares, poderemos colher nessa Lua Cheia uma maior tranqüilidade na hora de expressar nossa autoridade e, muitas vezes, é nesse momento que vamos ser reconhecidos pelo trabalho duro e consciente que fizemos para alcançar aquilo que queremos no mundo. Do mesmo modo, se estamos muito dissociados por essas duas áreas de nossa vida e temos a fantasia que podemos escapar dos problemas de nossa vida familiar através da autoridade que conquistamos no mundo, essa Lua Cheia pode ser particularmente difícil, já que os resultados dessa dissociação costumam trazer confusões emocionais e brigas no trabalho capazes de derrubar muitas das coisas que estávamos construindo em nossa escalada social. Já na Lua Nova que energiza nosso Meio do Céu, o Sol e a Lua estarão potencializando nossos objetivos mais altos, portanto é o momento para iniciar os projetos mais ambiciosos e plantar aquilo que queremos ver reconhecido pela sociedade que fazemos parte. Isso pode significar desde se sentir capaz de aceitar mais responsabilidade no trabalho ou enviar o paper para o Congresso que se quer participar, até mandar para um editor o manuscrito daquele livro escrito e arquivado na gaveta que você encontrou sem querer essa semana. Quando a Lua Cheia brilhar na sua casa IV, e mostrar os reflexos inconscientes do que você plantou no mundo, você poderá curtir sua família com a consciência de estar fazendo a sua parte na construção da sociedade, trazendo momentos muito gostosos e nutridores com aqueles que você ama. Caso contrário, se você estava plantando a fuga do seus vínculos afetivos, as Eríneas, protetoras da honra do clã, irão reclamar seu quinhão, e você se verá sem lugar para descansar da labuta no mundo. As lunações que envolvem nosso FC e nosso MC ensinam que a alegria de conquistar o mundo é proporcional à alegria de ter um lugar para descansar depois da vitória.

Lunação nas Casas V e XI
Nesse eixo vemos tanto a nossa necessidade de nos sentirmos únicos e criativos, nos divertindo com aquilo que gostamos independentes do que os outros gostam ou querem, e como participamos dos nossos grupos de amigos e de interesses comuns, onde temos que pensar no bem coletivo mesmo que isso não concorde com nossos gostos pessoais. Um bom exemplo para entender essa dinâmica é se imaginar jogando bola: se você está jogando com a parede, pode ficar o tempo todo com a posse de bola, mas se jogar uma pelada com os amigos na praia e ficar segurando a bola, vai acabar prejudicando o jogo e perdendo os amigos, por mais criativas que sejam as suas jogadas. Quando a Lua Nova traz força para nossa casa V, nossa energia criativa pode ser aproveitada para nos divertimos com a vida, sendo utilizada de maneira artística material, criando pinturas, esculturas, música ou o que seja, ou simplesmente fazendo coisas que dão alegria, como sair para jantar à luz de velas e depois dançar com @ namorad@, ir viajar ou escalar uma montanha, tirar o dia para ficar surfando ou lendo na praia. O signo que rege nossa casa V pode dar muitas dicas sobre o que fazer. Muitas pessoas - inclusive astrólogos - não dão a devida importância para essa área da vida, mas é através das coisas que gostamos e temos prazer em fazer que nossa identidade ganha substancia e sustentação. Hobbes, romances e filhos - os atributos tradicionais da casa V -, são as coisas que ganham a nossa assinatura - sim, filhos também - e que temos orgulho de mostrar. É exatamente porque temos o prazer de brincar nessa casa, que vamos dar aquilo que temos de melhor na sua realização. As dissociações e dificuldades que plantamos nessa área de nossa vida irão aparecer nos reflexos da Lua Cheia em nossa casa XI. Se não oferecemos oportunidade para nutrir nossa necessidade de diversão e criatividade, reconhecendo e valorizando nossa individualidade, vamos querer que o grupo faça isso por nós, e essa Lua trará o sentimento de que todo mundo é muito egoísta por não nos dar a oportunidade para nos expressarmos, fazendo do encontro social algo que gera tensão em vez da oportunidade de compartilhar nossa humanidade comum. Se temos essa questão melhor resolvida, porém, essa Lua traz exatamente o desejo de compartilhar o que temos de melhor com aqueles que qualificamos como iguais e que alimentam aquilo que realmente somos. Sair com os amigos se torna não apenas divertido, mas também ajuda em nossa fé na Humanidade. Na Lua Nova da nossa casa XI temos energia para investir em nossos grupos sociais, o que significa força para começar desde aquele trabalho voluntário que tanto se queria fazer, quanto ir buscar aquele amigo que as tarefas cotidianas acabaram afastando do convívio mas que você sente falta de quando se encontravam e tinham tanta coisa para conversar. Essa é uma conjunção de luminares que possibilita olhar para os grupos que freqüentamos de modo a perceber onde queremos investir mais energia e onde perdemos o interesse e não vale mais a pena estar. Quando a Lua Cheia refletir e iluminar nossa casa V veremos de que modo estamos utilizando os nossos grupos inconscientemente, e, se esse eixo estiver equilibrado internamente, teremos mais prazer em ser quem somos e em dar nossa contribuição pessoal, de modo que os encontros sociais podem ser bem prazerosos. Do contrário, se ainda não conseguimos equilibrar essas duas esferas de vida, na Lua Cheia vamos cobrar aquilo que demos para a coletividade, muitas vezes nos tornando irresponsáveis como uma criança birrenta. Aí podemos querer seduzir @ líder do grupo para conseguir vantagens, faltar na reunião importante para ir pescar ou simplesmente nos isolarmos porque ninguém nos entende mesmo.

Lunação nas Casas VI e XII
Essa é uma lunação muito interessante de ser observada, e pode ser usada para todos os tipos de purificação que queremos fazer conosco. Quando temos a Lua Nova em casa VI há uma concentração de forças para fazermos as desintoxicações físicas que necessitamos. Tradicionalmente se atribui a essa casa as questões de trabalho e saúde, por serem as duas coisas que nos dão autonomia na vida. A lunação que começa em casa VI, então, pode ser aproveitada para iniciar o combate àquilo que nos aprisiona, como vícios ou noites mal dormidas, kilos a mais ou ingestão de muitas bobagens alimentares. O mais interessante nesses dias é prestar atenção no que se come, buscando coisas mais leves e saudáveis, dormir bem e ficar atento para como se cuida e se utiliza o corpo físico. Geralmente temos também mais energia para o trabalho e conseguimos focar nossas tarefas de maneira a conseguir maior eficiência. Já na Lua Cheia que iluminará a casa XII, teremos os resultados “internos”, daquilo que plantamos na casa VI, que virá em forma de confusão, stress e sobrecarga emocional, se não nos cuidamos ou trabalhamos demais, ou da possibilidade de entender e aprofundar o contato com nosso Self, se estamos olhando para nós mesmos com maior cuidado. Essa é uma boa Lua Cheia para se fazer uma fogueira na praia e praticar mantras. Já na Lua Nova que concentra forças na nossa casa XII, temos energizada nossa área mais inconsciente e é um bom dia para se começar ou voltar a praticar meditação. Mesmo que não se seja adepto de nenhuma prática desse tipo, é bom se dar um tempo para ficar sozinho e em silêncio para ver como vai sua vida espiritual, colocar um incenso na casa, acender uma vela para Aquilo que se acredita ou fazer um pequeno ritual honrando as forças invisíveis que nos sustentam. Na Lua Cheia que ilumina a casa VI podemos ter insights em nosso trabalho advindos do inconsciente honrado na Lua Nova, ou ficarmos muito sem foco e não conseguirmos nos concentrar, criando bastante confusão no nosso cotidiano, comendo mal, dormindo pouco e nos apegando mais ainda aos nossos vícios.