quarta-feira, 31 de outubro de 2007

PLUTÃO



Vamos começar falando de mais essa polêmica que algumas pessoas gostam de fazer entre astronomia e astrologia. Em 2006 a União Astronômica Internacional resolveu mudar a sua classificação de corpos celestes acrescentando a categoria “Planeta Anão” a ela. O que diferencia um planeta de um planeta anão é que nesse último “a vizinhança ao longo de sua órbita não é limpa de outros objetos celestes”. Ponto. Como depois de Netuno existe uma série de objetos celestes de difícil definição astronômica e que penetram na órbita de Plutão, resolveram chama-lo de planeta anão. Se você quiser saber mais sobre essas definições e resoluções, vá ao link http://www.astronomy2006.com/press-release-24-8-2006-2.php que fala do encontro em Praga onde se apresentaram essas definições e tem uma série de outros links para pesquisar.

A palavra planeta vem do grego planetés, que quer dizer errante, e foi como se começou a definir os corpos de luz que passeavam pelo céu. Astrologicamente essa definição continua válida, portanto aqui nada mudou com relação a Plutão: ele ainda tem uma rotação de 6,4 dias e uma translação de 248 anos, rege Escorpião, tem exílio em Touro, exaltação em Sagitário e queda em Gêmeos. Mas não é a toa que os astrônomos têm dificuldades para classificá-lo, pois seu movimento é absolutamente irregular, e, por sua órbita ser elíptica e estar tão distante do Sol, ele fica em Escorpião +/- 18 anos, e cerca de 30 anos em Touro, além de ter momentos em que está mais próximo da Terra do que Netuno, como ocorreu entre 1979 e 1989. Esse é um planeta realmente desconcertante em sua peregrinação ao redor do Sol. Bem, astrologicamente falando, ele também não é nada fácil.

Plutão, quer dizer “riquezas”, o que é a maneira educada usada pelos romanos para designar o senhor das profundezas para onde iam os mortos. Ésquilo o apresenta como: “Hades, o deus da morte, (que) preside o julgamento/ sobre as ações de um homem depois que ele morre./ O deus da morte, Hades, não se esquecerá das matanças e das dívidas de sangue”. Quando falamos de Plutão em astrologia o mais comum é usarmos as palavras “transformação” e “crise”, que também são maneiras educadas com jeito de profunda intenção espiritual ou psicológica, mas que não chegam a explicar realmente o que acontece ao se vivenciar algum aspecto desafiador ou trânsito/progressão difícil dele. Com esse deus tudo fica muito vago ou meramente intelectual para se falar do sofrimento envolvido em seus processos. A idéia de “sofrimento necessário” também não ajuda muito, já que os sentimentos mais comuns que ele gera são raiva e impotência. Aqui se trata de descobrir o que mantêm a vida quando a vontade pessoal não tem mais condições de fazer suas escolhas habituais e o discernimento não pode poupar o sofrimento, apenas evitar que ele seja completamente irracional. Os nossos sentimentos cotidianos não estão de acordo com a lei implacável de Plutão, e é bem difícil simplesmente assistir a toda perda e desintegração que ele gera.

Na mitologia, Hades vêm à superfície em duas ocasiões apenas: quando adoece e quando se apaixona. Paixão vem do latim passione, e quer dizer sofrimento. Daí a Paixão de Cristo ou dos Santos martirizados. É a paixão que aparece na literatura do movimento romântico, e seus finais são sempre trágicos. Esse sofrimento excessivo e afeto violento, que surge como uma alucinação ou um vício dominador, causador de mágoas profundas, aparece em nossas vidas como algo do Destino. Morte e paixão, os dois escudeiros desse deus, deixam mudanças irrevogáveis atrás de si, seja num nível físico ou psíquico, e o que findou não pode ser reposto de novo: “Às vezes pode-se ter a impressão de que a lei do destino concede algum bem positivo aos homens; no entanto, do conjunto de suas funções, não pode haver dúvida de que seu caráter não é positivo e sim negativo. Ela estabelece uma fronteira para limitar a duração, uma catástrofe para limitar a prosperidade, a morte para limitar a vida. Catástrofe, cessação, limitação, todas as formas ‘até aqui e não mais além’, são formas de morte (...), e a morte é ela própria o sentido primordial do destino. Sempre que o nome de Moira é pronunciado, o primeiro pensamento que surge é o da morte, e é na inevitabilidade da morte que a idéia de Moira está enraizada.” (cit. in A Astrologia do Destino - Greene, Liz – 1989: 43 - Otto, W.F. - “Os Deuses Homéricos”).

A casa onde encontramos Plutão em um horóscopo torna-se o lugar em que se tem de lidar com as limitações da natureza punitiva, associada à Ananque grega, a deusa da Necessidade. Os confrontos com o poder e a impotência, a perda e o desejo frustrado, mais a cura virtual que advém da aceitação da Necessidade, são características de Plutão em qualquer área da vida. Ananque significa um vínculo fisicamente opressivo de servidão a um poder inevitável. Os relacionamentos familiares e os laços que mantemos em nossos mundos pessoais são modos pelos quais vivenciamos a força da Necessidade, e nossas tentativas para nos livrarmos de obrigações pessoais são tentativas de escapar ao círculo fechado de Ananque. Quando se discute as várias posições de Plutão no mapa astral, o método psicológico de trazer elementos do inconsciente para a consciência não faz tanta diferença, mas se consegue interiorizar o dilema de modo a que esse deus não seja mais encontrado tão cegamente nas pessoas e nos acontecimentos exteriores. Quando desenterramos as experiências básicas que formaram a teia de dependência com relação ao passado, liberando uma sensação de significado, o destino não desaparece, mas a compulsão de busca das raízes de um problema acaba introduzindo a pessoa à realidade da Moira e das Erínias, que comandam o Destino. Isso quer dizer que, uma vez que se tenha ido até o fundo do poço, contatado os ultrajes, rancores, dores, venenos, separações e mágoas pessoais de infância, tendo-os expresso e inclusive perdoadoando-os, existe ainda o próprio poço: se se está preso a um destino e a cobertura da mãe e do pai, das condições e condicionamentos de infância, dos ensinamentos morais incutidos, etc., são retirados, já não será possível disfarçar a rígida e premeditada natureza da corrente que nos move.

Não se pode evitar ou escapar de uma força dessas. Atena, para proteger Orestes, consegue abrandar a cólera das Erínias concedendo-lhes um lugar de honra na hierarquia divina, ouvindo-as, sendo receptiva e aguardando sem julgamento. Essa parece ser a melhor maneira de se lidar com os processos de Plutão. Ele irá destruir velhos padrões para que se assuma a responsabilidade pela própria vida, fazendo com que os alicerces despenquem sobre nossas cabeças. Plutão não nos persuade a mudar, se assegura de que chegaremos lá, eliminando drasticamente as velhas formas até que não reste nada, ordenando que um velho ciclo termine e um outro comece, não nos deixando nenhuma escolha entre mudar ou morrer. Onde Plutão monta seu altar no mapa os acontecimentos não são fáceis, principalmente por que o ego - isolado e cheio de hibris - não está interessado em supervisionar sua própria destruição. Quando a onipotência do ego e da vontade pessoal é posto à prova dessa maneira, ficamos com medo de sermos destruídos e, de acordo com isso, tentamos nos proteger controlando cruel e deslealmente tudo que ocorre na casa de Plutão, sem saber que quanto mais compulsivos e obsessivos ficamos, mais força damos a essa misteriosa corrente, maior que nós mesmos, nos tornando catalisadores de nossa própria morte.

sábado, 27 de outubro de 2007

Mitos para Escorpião


Todos os heróis precisam passar uma temporada no Reino dos Mortos para conseguir alcançar sua divindade. Psiquê e Hércules, Orfeu e Jesus Cristo, Odin e Merlin passaram por essa iniciação. Dionísio virou sopa de Gigantes antes de renascer da coxa de Zeus e Osíris foi estraçalhado por seus inimigos para ser reconstruído por sua esposa Ísis. Core tem que ser raptada pelo Senhor dos Mortos para se tornar a Rainha Perséfone. Desenhos rupestres em cavernas, resíduos de práticas iniciáticas de civilizações antigas, como os Mistérios de Elêusis, e práticas atuais em sociedades indígenas, nos falam da importância desse sacrifico para se alcançar uma outra dimensão da existência. Há um ensaio de Schopenhauer onde o filósofo se pergunta o que leva alguém a sacrificar a própria vida por outra pessoa, anulando a primeira lei da natureza, que é a autopreservação. Sua resposta é que tal crise psicológica representa a abertura para a consciência metafísica de que você e o outro são um e que nossa verdadeira realidade consiste na nossa identidade e unidade com a vida total.

Um mito que fala muito bem do processo de Escorpião e sua descida aos reinos mais profundos, é o de Inana e Ereshkigal, deusas irmãs dos Sumérios. Inana era a Rainha do Céu e da Terra, que acolhia todas as criaturas em seu manto brilhante e possuía um trono feito de estrelas. Sua irmã, Ereshkigal, reina sobre os Sete Infernos do Submundo e é casada com Gugalana, o enorme e violento touro celeste que foi parar no submundo como castigo pelas atrocidades que havia cometido. Quando o marido de Ereshkigal morre, Inana decide visitar a irmã no mundo inferior para acompanhar o funeral, mas a deusa infernal, em vez de receber a irmã com as honras que essa merecia, a sujeita ao mesmo tratamento que todas as almas recebiam e a faz passar por sete portais, sendo que a cada portal a Rainha do Céu e da Terra tem que se desfazer de uma peça de roupa ou ornamento e ir se abaixando cada vez mais. Inana chega em frente de sua irmã completamente nua e de joelhos. Não contente com isso, Ereshkigal ainda a mata e dependura num gancho de açougue para apodrecer no mundo inferior. Quando Inana não retorna ao mundo dos vivos depois de 3 dias, deuses e homens se apavoram por ficar sem sua rainha, mas ninguém tem coragem de ir atrás dela e resgata-la. É então que dois seres andróginos chamados “os pranteadores”, que serviam a Inana, resolvem penetrar no grande espaço abaixo sem serem notados e se aproximam de Ereskigal num momento em que ela está em grande sofrimento, não só pela morte do marido, mas também por estar grávida e ter que enfrentar um parto difícil - algo morreu, mas algo está nascendo. Os pranteadores foram ensinados por Inana a afirmar a força da vida, principalmente quando esta se manifestar como miséria, escuridão e sofrimento. Quando se aproximam de Ereshkigal, se comiseram com sua condição e lhe dão a chance de lamentar-se e refletir sua desgraça e dor sem julgamentos ou culpas:

"Ai, está doendo dentro de mim!", diz Ereskigal.
Eles respondem:
"Ai, Tu que gemes, nossa Rainha. Ai! Está doendo dentro de ti!
Quando ela diz:
"Ai, está doendo fora de mim."
"Ai! tu que gemes, nossa Rainha. Ai! Está doendo fora de ti", eles lamentam.

Assim, a dor vai se transformando em oração até que Ereshkigal consiga completar seu parto e sair da dor. Seu desejo de destruição se transforma em gratidão, e ela oferece aos pranteadores um desejo. Eles pedem que Inana volte à vida e ao mundo superior, o que lhes é concedido desde que alguém viesse substituí-la, já que não há como burlar a contabilidade de almas no reino inferior. Chegando ao seu Reino, Inana vê seu trono usurpado por Damuzzi, seu marido, e num acesso de raiva manda que os demônios de sua irmã o levem para pagar a dívida. Os Reinos Superior e Inferior encontram um novo equilíbrio. Não só Erishkigal ganha luz em seu reino, através da compaixão que recebe dos pranteadores, mas Inana ganha poder e força com sua morte e renascimento.

Rosane Volpatto, pesquisadora de mitos femininos, tem um ótimo poema que resume esse processo:

Fui até lá de livre vontade.
Fui até lá com meu vestido mais lindo, minhas jóias mais preciosas e minha coroa de Rainha do Céu.
No Inferno, diante de cada um dos sete portões, fui desnuda sete vezes de tudo o que pensava ser, até que fiquei nua daquilo que de fato sou.
Então eu a vi:
Ela era enorme e escura e peluda e cheirava mal.
Tinha cabeça de leoa, patas de leoa e devorava tudo que estivesse à sua frente.
Ereshkigal, minha irmã
Ela é tudo o que eu não sou
Tudo o que eu escondi
Tudo o que eu enterrei
Ela é o que eu neguei
Ereshkigal, minha irmã,
Ereshkigal, minha sombra,
Ereshkigal, meu eu.

Escorpião é um signo com uma força interior que pode ser surpreendente até para a própria pessoa. Sendo regido por Plutão, um dos planetas que vêm depois de Saturno e da estruturação do ego, possui como “guia” uma energia que o leva para além da própria existência, pois tem uma conexão com os processos coletivos da Humanidade. Cada vez que um Escorpião tem a coragem de ir aos reinos inferiores para resgatar suas sombras, e faz isso armado de toda a sua capacidade amorosa e compaixão, algo novo, mais verdadeiro e mais precioso, pode vir à consciência. Nesse processo temos que perder muitos dos ornamentos que mantínhamos para aparentar uma posição ou força. Em troca conquistamos a verdadeira inocência, não mais aquela vinda da ignorância e da inexperiência, mas aquela que está ligada à origem da palavra, que quer dizer “aquele que cura o dano causado a si mesmo”. Como diz Clarissa Pinkola Estes, em Mulheres que Correm com Lobos: “Ser inocente significa ser capaz de ver com nitidez qual é o problema e corrigi-lo. (...) Ela é considerada não só uma atitude de evitar o dano aos outros ou ao próprio Self, mas também a capacidade de curar e recuperar a si mesmo (e aos outros). Pense nisso. Imagine as vantagens para todos os ciclos do amor.”


Filmes para entender Escorpião:

Constantine – (Idem) – 2005 – EUA - Direção: Francis Lawrence.
Sherek – (Idem) – 2001 – EUA - Dream Work – Paramount Pictures
O Iluminado – The Shining – 1980 – Reino Unido – Direção: Stanley Kubrick
Cheiro do Ralo – 2007 – Brasil – Direção: Heitor Dhalia

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Escorpião - Entre Luz e Sombra


“Sempre no meu amor a noite rompe.
Sempre dentro de mim meu inimigo.
E sempre no meu sempre a mesma ausência.”
Carlos Drummond de Andrade – Poeta escorpiniano


Apesar da fama de ser perigoso e sexual, Escorpião é um ser altamente afetivo como todo signo de Água. Misterioso sim, mas também como todos os signos de Água, que convivem com uma percepção mais sutil da realidade. Liz Greene diz que esse elemento trabalha com o Princípio da Verdade, pois são signos capazes de ver além da realidade dos cinco sentidos, percebendo coisas que não são apreendidas por conceito ou idéia mas que falam muito sobre o que está acontece a cada momento. Sendo da modalidade fixa desse elemento, o que acontece é que Escorpião tem consciência de todo o material emocional a ser trabalhado nessa nossa existência humana, e isso não é pra qualquer um. Não existem efeumismos quando lidamos com Escorpião: sem essa de inveja boa, ciúme como sinal de amor ou isso dói mais em mim que em você. Aqui falamos das coisas como são, e inveja é uma merda, ciúme é posse e traição dói em quem é traído. Saímos da relação equilibrada e compreensiva de Libra, onde as diferenças fazem partem de um aprendizado de tolerância e totalidade, e entramos na intimidade que vem depois do “viveram felizes para sempre”. Como diz o ditado espanhol, “donde hay confianza, da asco”. Coisas nojentas acontecem na intimidade.

Diz a lenda que um xamã cherokee explicava a um antropólogo que tinha dentro de si dois cachorros que estavam sempre em guerra, sendo que um era bom e outro era mal. O antropólogo pergunta então qual dos dois iria vencer a luta, e o xamã responde: “aquele que eu alimentar”. Freud falava de duas forças em luta dentro do Ser Humano: Eros e Tânatos, o impulso de vida e o de morte. Escorpião sabe que não basta boas intenções para apaziguar essas forças que todo ser humano tem internamente. Nossos instintos destrutivos também estão conectados com o Princípio do Prazer e podem, inclusive, ser apresentados em público como atos honrosos ou bondosos. Escorpião não só sabe disso como é confrontado seguidamente com o lado negro e inferior de si mesmo e dos outros sem ter para onde fugir. Por isso um dos traços mais impressionantes desse signo costuma ser sua capacidade de controle e sua intensidade emocional. Claro que isso pode gerar também muita paranóia.

O processo de desenvolvimento de Escorpião passa pelo enfrentamento da esfera mais escura da vida para daí renascer mais forte e mais belo, como diria Nietzsche. E medo não é desculpa suficiente para fugir dessa tarefa. Teólogos e espiritualistas afirmam que o que nos diferencia dos anjos e demônios é nosso Livre Arbítrio, nossa capacidade de fazer escolhas livres. Escorpião sabe que essa liberdade não depende do que você pensa, mas da sua capacidade de enfrentar a luta interna sobre seus sentimentos mais profundos. Os nossos vícios provam isso. Não só os vícios químicos, mais claros e de combate mais direto, mas principalmente nossos vícios emocionais e comportamentais, que nos mantêm presos a coisas e situações que intelectualmente sabemos ser prejudiciais. Porque mulheres inteligentes se mantêm em relacionamentos destrutivos, ou porque homens racionais cometem atos cruéis? Atire a primeira pedra quem nunca sentiu ciúmes, inveja ou vontade de machucar alguém, mesmo que por um instante. Junto com esse lado negro há uma sensação de poder difícil de resistir. E porque resistir? Essa é uma batalha profundamente interna e solitária, e Escorpião geralmente passa por períodos em que tem que mergulhar em estados emocionais muito difíceis para se confrontar com essas forças. Isso pode ser como uma morte, mas é por isso que esse signo sabe a diferença entre viver à partir da alma e viver superficialmente à partir das aparências, não havendo como negar a grandiosidade e abundância da primeira. O orgulho pode ser o seu maior inimigo nessa luta, por dar uma forma “nobre” ao seu medo e sofrimento e impedindo-o de ir mais além e mesmo sair desse campo escuro. E do que adiantaria tanto esforço se não houvesse como compartilhar depois essa vitória? A força que capacita Escorpião a empreender essa viagem e voltar é aquela dada por seus vínculos amorosos.

Uma vez li - infelizmente não me recordo onde - que o contrário de Morte não é Vida, e sim Nascimento. A Vida é feita de vários ciclos de morte e nascimento, de excessos seguindo-se de faltas, de desgastes seguidos de abundância. Os relacionamentos afetivos que se mantêm vivos depois de muitos anos conhecem esse segredo. Escorpião conhece esse segredo, e por isso é capaz de amar profundamente, sem medo de se relacionar com a beleza da ferocidade, com a beleza do desconhecido, com a beleza do não belo. Essa é a chave da sexualidade de Escorpião, um amante que perdeu a inocência, e que, por isso mesmo, é capaz de dar e sentir prazer mesmo ao contemplar as cicatrizes mais terríveis. Com certeza essa é uma benção que pode curar as dores mais profundas.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Astrologia de Boteco: Encontre sua Vênus e Descubra Seu Prazer


Atendendo aos pedidos, aqui segue uma lista de significados sobre a Vênus nos signos. A primeira coisa a fazer é ter seu mapa em mãos e descobrir onde esse planeta se encontra. No link ao lado você pode fazer isso de graça. Depois faça o mapa das suas parcerias e ganhe subsídios para discutir a relação. E agora, divirta-se.

Vênus em Áries:
Essa é uma deusa guerreira como a Iansã Afro-Brasileira, a comandante da força dos elementos: casada com o Trovão (Xangô), teve nove filhos com o amante e ainda tinha tempo para tecer o manto de Egum, Senhor dos Mortos. Que fôlego! A Vênus ariana mostra uma forma ardente e entusiasta de se relacionar, como se corresse em direção aos outros, sendo a mais impulsiva do zodíaco. A pessoa costuma experimentar uma grande necessidade de paixão, tanto nos casos amorosos - muitas vezes cheios de aventuras e dificuldades - quanto nas amizades. O instinto amoroso aqui representado se baseia no ideal heróico e na necessidade de livre expressão emocional. Áries é o deus da guerra e o amante de Afrodite – que era casada com Hefesto, aliás - e essa combinação costuma lançar muito calor sobre o ambiente. A Vênus ariana tem uma sinceridade direta e também adora competir com qualquer pessoa que entre em seu círculo de relações.
Charles Darwin tinha uma Vênus ariana. Não sei como era seu casamento e nem imagino o que aconteceu nos descansos das viagens do Beagle, mas com certeza a idéia de que a Terra não sustenta todo e qualquer indivíduo, mas apenas aqueles que vencem a competição por comida e abrigo, foi inspirada por sua Vênus.

Vênus em Touro:
É também entre as deusas Afro que encontramos Oxum, esposa preferida de Xangô (o mesmo do Trovão), que é sensual e bela, adora jóias e roupas bonitas. Essa deusa é irresistível como a Vênus taurina. Aqui ela ama dinheiro, não só por causa da segurança que ele pode proporcionar, mas por permitir ter tudo que é bonito, valioso e confortável. A Vênus taurina tem um olho clínico para tudo que é de bom gosto e “estiloso”, que tenha beleza física e valor material. Ela se relaciona tomando posse da pessoa amada, geralmente preparando um ninho de amor maravilhoso e não deixando a pessoa nunca mais escapar de lá. Mas não se preocupe: você vai adorar ficar pres@. Os parceiros costumam ser muito bem escolhidos através de um estudo minucioso, pois tudo que se manifesta em Touro é expresso com calma, reserva e paciência. A necessidade de beleza e harmonia aqui precisa banhar os sentidos, o que significa uma busca interna de tranqüilidade e segurança e uma busca externa de coisas e pessoas graciosas e sensuais.
A Vênus de Hitler era taurina, e com certeza ela ajudou a levar esse homem à loucura. Mas não se assuste, pois também Charles Chaplin tinha essa Vênus, e mesmo que ele não seja o melhor exemplo da fidelidade taurina, deixou um legado de estilo que dura até hoje.

Vênus em Gêmeos:
A Vênus aqui lembra a deusa Saraswati hindu, inventora do sânscrito e inspiradora dos comunicadores daquelas terras Esse posicionamento recebe um ar de amorosa receptividade que faz com que as pessoas achem fácil e agradável se comunicar com essa Vênus. Há um prazer com as palavras e com o conhecimento, o que cria uma tendência a buscar esse tipo intelectual de expressão artística. É importante para a Vênus geminiana encontrar parceiros com quem possa trocar idéias, por isso ela buscará pessoas capazes de se unir tanto emocional quanto intelectualmente. A amizade e a comunhão de mentes são tão importantes quanto uma união emocional. Essa Vênus se relaciona de maneira mentalmente ágil, e espera uma resposta semelhante, fazendo com que a variedade, possibilitada pelas mudanças de relacionamento e pela multiplicidade de amizades, seja muito prazerosa. Essa deusa adora falar e seduz pelo encanto de suas idéias.
Um ótimo exemplo da Vênus geminiana é Chico Buarque. Que outra Vênus poderia representar tantas mulheres ao mesmo tempo?

Vênus em Câncer:
Essa Vênus é como a Iemanjá dos iorubás, oferecendo o mar como colo regenerador. Câncer indica qualidades arraigadas na pessoa, e a Vênus com cores lunares buscará prazer na beleza e na harmonia do ambiente afetivo em que vive. Seus valores serão emocionais, havendo necessidade de se sentir próximo dos outros e, como suas relações e ações amorosas estão baseadas na empatia com tudo que a cerca, há uma tendência a estar sempre dando apoio emocional a quem estiver por perto. A grande sensibilidade canceriana e sua capacidade de perceber o ambiente fazem com que essa Vênus seja capaz de criar verdadeiros abrigos afetivos, onde os outros se sentem acolhidos e amados. Na verdade ela precisa de ambientes amigáveis onde possa manifestar suas emoções de modo relaxado e íntimo. Assim, tanto o prazer quanto a sedução estarão ligados à sua capacidade - muitas vezes desconcertante - de sentir aquilo que se passa no interior das pessoas. Como Câncer é um signo que se volta muito para o passado em suas construções, existe sempre o perigo dela se prender em relações que já não tem significado quando fica com medo da solidão.
Carl Gustav Jung era cercado de mulheres que cuidavam dele e teve um casamento muito rico intelectualmente, o que com certeza deve ter-lhe dado muito prazer. Jung tinha essa Vênus canceriana, que estava em conjunto com Mercúrio, e quem conviveu com ele fala da maneira especial com que conseguia criar o ambiente amoroso e confortável para que seus pacientes pudesse realmente abrir suas almas.

Vênus em Leão:
A deusa suprema do Japão, Amaterasu, é representada pelo próprio Sol, e sua beleza produz o brilho que ilumina o Céu e a Terra. Grandiosa como só uma Vênus leonina consegue ser. Essa Vênus seduz e se relaciona afetivamente brincando, sendo criativa e romântica. O bem-estar da pessoa está vinculado ao estabelecimento de um canal criativo de expressão, pois esse é seu modo de conseguir equilíbrio. É claro que a Vênus leonina vai exigir muita atenção e confirmação de seu charme, e buscará isso sendo ardente, intensa, viva e egocêntrica em seus relacionamentos, muitas vezes cultivando um charme nobre que dificilmente passará despercebido. E como resistir a isso? Egocêntrica, sim, mas não egoísta, pois essa combinação costuma resultar em ações calorosas e cheias de boa vontade para com os outros que entram em seu círculo de relacionamentos. Leão é um signo capaz de incrível generosidade, e a Vênus leonina sabe dar amor como uma verdadeira dádiva.
O que você achou de Laranja Mecânica, 2001 Uma Odisséia no Espaço ou o Iluminado? Não importa muita para a Vênus leonina de Stanley Kubrick se você gostou ou não das suas obras, mas se você ficou impressionado. E alguém aí pode me dizer o que era aquele pênis gigante de porcelana na Laranja Mecânica?

Vênus em Virgem:
Deméter
casa bem com essa Vênus, sendo a deusa que ensinou os seres humanos a arar a terra e trabalhar duro. O caráter realista de Virgem faz com que as necessidades venusianas de conforto, harmonia e beleza envolvam coisas úteis. Ela tem grande prazer em juntar coisas e pessoas e em ajudar de modo prático aos outros. Os serviços chamados “menores” - geralmente por quem não os faz - são feitos amorosa e harmoniosamente por essa deusa. Aliás, essa é uma Vênus que adora trabalhar, e mesmo que você a encontre numa dona de casa, tenha certeza que ela encara os serviços domésticos como trabalho. A forma analítica de Virgem abordar o mundo faz com que a expressão amorosa e a maneira de se relacionar da deusa possa parecer um tanto contida e tímida. Essa não é uma cortesã que goste de aparições públicas. Um dos seus grandes prazeres será o de conversar e muitas vezes ela irá preferir amizades a paixões, pois preza muito sua autonomia e precisa ter certeza de que o outro não vai querer roubar sua alma. Virgem é terra, e, como todos os signos desse elemento, tem uma grande apreciação pelos prazeres físicos. Seu prazer estético está nas coisas pequenas e bonitas, simples mas com detalhes significativos que só a ela não passarão desapercebidos.
Responda rápido: o que John Lennon, Brigitte Bardot e Pablo Picasso têm em comum? Uma Vênus virginiana para se divertir. Realmente essa deusa tem bem pouco das descrições castas da astrologia de manual. E se você tem alguma dúvida de que muito trabalho e atenção aos detalhes podem dar prazer, é só ver o Gene Kelly dançando, pois esse também tinha a Vênus em Virgem.

Vênus em Libra:
Aqui temos a própria Afrodite grega, com suas proporções perfeitas e cinturão irresistível. Essa Vênus está realmente em casa e com isso o poder de sua beleza é bem claro. A sensação de estar vivo, feliz, satisfeito e completo é conseguida com o envolvimento em relacionamentos, pois a própria beleza e valor são vistos através do reflexo produzido pelos parceiros. A Vênus libriana tem grande habilidade em construir parcerias, e a pessoa costuma se mostrar amigável e agradável em seus contatos pessoais, buscando harmonia até nas brigas amorosas. Essa Vênus é uma grande negociadora, com uma capacidade ímpar para desfazer pontos de tensão. Ela se preocupa com que as coisas e pessoas de que se cerca tenham boa aparência. A busca pela bela imagem pode criar alguns problemas quando se evita dar uma olhada um pouco mais aprofundada no caráter do ser amado, mas isso costuma ser um problema que se cura com a idade. Essa Vênus tem um incrível bom gosto, e ela sempre irá criar um ambiente belo onde quer que construa seu templo.
Um exemplo bem claro de Vênus libriana é Grace Kelly. Quer mais do que ser atriz de Hollywood e depois ser rainha de Mônaco? Ah, essa Vênus é um charme mesmo, n’est pas?.

Vênus em Escorpião:
Existem muitas deusas subterrâneas que equivalem a uma Vênus em Escorpião, mas a Lilith hebraica, que teve sua origem na Suméria, com sua recusa em ser dominada por um homem, a exemplifica bem. A Vênus aqui irá preocupar-se com o que acontece entre as pessoas, e quer ter certeza de que tudo que é compartilhado seja lindo, apropriado e valioso. Dizem os manuais de astrologia que essa posição costuma favorecer o ganho de dinheiro através de casamentos e heranças. Essa deusa, na verdade, aprende desde cedo a lidar com situações de pressão. Ela tem um coração aberto para os segredos mais bem guardados, mas não abrirá mão de ter a conta bancária em seu nome. A psicanálise ensina que só temos consciência de uma necessidade depois que experimentamos o sentido de uma falta, e a experiência de falta de uma Vênus no Hades geralmente a faz ter uma necessidade muito grande de segurança emocional. Essa é uma deusa possessiva. A Vênus escorpiniana tem uma forma de receber e responder aos outros que os relaxa e os deixa seguros para que percam suas inibições e restrições, e assim ela consegue que as pessoas se dêem inteiras. Com certeza essa é uma Vênus que se expressa com sussurros e carícias de amor, íntimos e à meia luz.
Elementar, meu caro Watson: Agatha Christie, que devia se divertir um monte criando aqueles crimes e escondendo o criminoso até o fim, tinha a Vênus em Escorpião.

Vênus em Sagitário:
Essa Vênus é como a Uzume japonesa, deusa da dança e da alegria, capaz de perder o amigo mas não perder a piada Aqui se tem felicidade contemplando e compartilhando o significado e o propósito da vida, pois não se fica brigando com sistemas filosóficos e religiosos e sim experimentando a existência de Deus de todas as maneiras que a vida se apresenta. Em Sagitário a necessidade de harmonia, beleza, conforto e de um relacionamento amoroso são expressos de um modo vivo, quente, aberto, aventureiro e inconstante, cheio de ideais e fantasias. É comum essa Vênus se apaixonar por estrangeiros, em viagens ou por professores e outras figuras que representem sabedoria. O prazer está vinculado a novos e constantes estímulos capazes de criar mudança, por isso a Vênus sagitariana precisa de relacionamentos dinâmicos e de parcerias ativas que proporcionem variedade dentro da união. Enquanto ela não encontrar isso em uma pessoa, verá a área amorosa como um campo de caça, passando de uma conquista para a outra sem satisfação completa em nenhuma. Mas seu grande charme é a capacidade que tem de alegrar e estimular qualquer ambiente em que se encontre. Como resistir a essa aventura?
Hannah Arendth tinha essa Vênus, que devia ser bem feliz com todas aquelas viagens e conferências. É só ver as fotos dela enquanto ensinava para perceber isso.

Vênus em Capricórnio:
Lakshmi é a deusa hindu que auxilia na conquista de uma vida segura materialmente e no sucesso profissional. Casada com Vishnu, o Preservador, tem muito da Vênus em Capricórnio. A Vênus aqui não vai admitir sair de casa mal arrumada ou sem seu cinturão. Essa deusa precisa muito do mundo para se expressar, e o desejo capricorniano de ser alguém faz com que ela use todo seu charme e poder de sedução para causar a melhor impressão possível, de modo concreto e direto. Assim, ela gostará de coisas clássicas, e saberá qual a maquiagem e o perfume correto para cada momento, como se portar bem em todas as ocasiões, e qual a melhor forma estética para os ambientes, para os objetos e para as pessoas. No relacionamento amoroso essa Vênus é um tanto quanto defensiva, e considera a rejeição do outro como “mau comportamento”, o que pode deixá-la desconcertada. Nas suas uniões vai precisar do sentimento de segurança e confiança, para que consiga se soltar. Porém, como tudo em Capricórnio, a segurança não virá de fora e sim do mérito que a pessoa tem em ganhar uma afeição verdadeira, e isso precisa de tempo para ser construído. Ela tem um grande prazer com antiguidades e outras coisas que o tempo provou o valor. Essa Vênus é capaz de construir parcerias que duram a vida inteira e sempre proporcionará segurança para quem for capaz de conquista-la.
Indira Gandhi é a portadora de uma Vênus capricorniana, e digamos que encarar a responsabilidade de ser filha de Nehru, ditadora na Índia, mandar fazer esterilização em massa para combater a explosão demográfica, permitir as primeiras experiências atômicas na Índia e ainda pregar a não-violência não é trabalho para uma deusa frágil. Seu casamento não durou muito, mas aposto que ela adorava essa vida pública.

Vênus em Aquário:
É difícil encontrar nos mitos tradicionais uma deusa que tenha a liberdade e modernidade aquariana. Ceridwen, da mitologia da Gália, com sua belíssima filha e seu filho feioso que ela quer tornar sábio, tem muito do senso de justiça dessa Vênus e pode trazer alguma luz para entende-la. A Vênus aquariana tem um dom natural para unir e cooperar com as pessoas em suas amizades e grupos de afinidades. Ela é agradável, comunicativa e boa de conversa. A Vênus em Aquário consegue ver a harmonia e a beleza dos relacionamentos sociais por mais diferente que sejam os seus parceiros. Ela gosta de coisas diferentes e pode parecer bem exêntrica. Nos relacionamentos íntimos, porém, essa Vênus espera muito do outro, pois precisa de alguém que satisfaça sua mente para construir uma união estável. O ideal dessa deusa é encontrar alguém com quem discuta - de maneira equilibrada e mental - os papeis e a contribuição de cada um para o crescimento mútuo. Sim, ela vai querer discutir a relação, mas sempre de maneira mental, sem acusações, culpas ou outras manifestações muito emocionais. É difícil que sucumba a uma união pela paixão, mas se divertirá com flertes ocasionais e com amizades afetivas. Entretanto, ela tem um senso de justiça muito apurado, e será capaz de cumprir um acordo firmado mesmo que isso lhe custe. O segredo aqui é fazer a Vênus aprender a soltar as rédeas de vez em quando, tanto nos processos mentais quanto nos aspectos emocionais, mesmo que em alguns momentos isso signifique certa dose de violência. Então ela conseguirá trazer à tona a verdadeira maravilha que é se relacionar amorosamente com alguém que é antes de tudo um grande amigo.
Bons exemplos de Vênus aquariana são Janis Joplin e Yoko Ono. Tem também os filmes do Tarantino para apreciar a estética dessa Vênus, que só não agüenta ser convencional.

Vênus em Peixes:
Essa é a própria Kwan Yin, deusa da Compaixão Profunda, “que ouve o choro do mundo”, cultuada na China, Japão e Coréia. Om Mani Padme Hum! A Vênus pisciana é capaz de ensinar que muitas vezes é através do ferimento, da perda e dos conflitos internos que nos tornamos mais bonitos, ternos, equilibrados e amorosos, pois só assim transcendemos os limites da vontade e emergimos em algo maior. Essa deusa acha difícil determinar o que está procurando, tendo apenas uma profunda necessidade de se tornar envolvida e integrada, de prestar assistência e serviços aos outros. É importante encontrar - e ter coragem de procurar - relacionamentos em que ela possa não só ajudar e absorver a outra pessoa mas também deixar-se absorver pelo outro. Como o senso de identidade dessa deusa não é muito grande, muitas vezes ela acaba assimilando demais as necessidades alheias e se perdendo internamente, o que distorce seu desejo de tornar-se um só com os outros através da experiência emocional comum. Há uma atmosfera mágica em torno dessa Vênus, que tem um charme capaz de deixar a todos encantados. É comum a Vênus pisciana idealizar os outros como deuses ou deusas plenos de perfeição, o que é muito complicado num relacionamento real. Depois que ela passa a reforçar sua vida emocional interior, geralmente após alguns desapontamentos com essas imagens divinas do ser amado, ela pode descobrir que a entrega total que tanto anseia não visa uma redenção ou salvação externa, mas está na imensa capacidade de viver o prazer e a beleza da união com algo maior que nós mesmos, e esse poder é seu.
Quer Vênus pisciana mais feliz do que a da Shirley Maclaine depois que descobriu as suas Muitas Vidas? Airton Senna também tinha uma Vênus dessas, e é só lembrar as suas declarações sobre os êxtases que experimentava com os exercícios físicos para ter uma boa dica de como lidar com uma Vênus tão etérea.

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

VÊNUS








Esse planeta apresenta a órbita mais circular, com una excentricidade menor que 1%, e com ciclo de 407 dias aproximadamente – movimento médio diário de 1°12’, ficando 43 dias em cada signo. É o regente de Libra e de Touro, tem exílio em Escorpião e Áries, exaltação em Peixes e queda em Virgem.

Deusa romana do Amor e da Beleza - a Afrodite grega -, na astrologia simboliza o nosso prazer com os relacionamento, com o Belo e com o conforto. Seu símbolo mostra como esse planeta está ligado às nossas representações femininas, e para entende-lo precisamos definir um pouco melhor o conceito de “feminino”, que tem causado tantas polêmicas ao longo da história humana e que ainda hoje podemos encontrar dividido em Mãe x Prostituta em muitos lugares e pessoas. Vênus é a Grande Cortesã do zodíaco, mas não é uma prostituta, pois enquanto essa se põe à venda para sobreviver, a cortesã tem cultura, estilo e perícia nas artes eróticas: ela pode até estar a venda, mas por um preço elevado e apenas para homens de fino trato. A figura feminina da cortesã era sagrada nas culturas antigas - sumérios, babilônicos, gregos, indianos, etc - sendo que na Grécia eram sacerdotisas, educadas para servir nos templos como veículos mortais da alegria e do êxtase divinos da deusa, iniciando os homens aos mistérios dos domínios de Afrodite. Na Babilônia todas as mulheres tinham que representar a meretriz sagrada uma vez na vida, como virgens, ao primeiro estrangeiro que entrasse no templo e oferecesse um donativo em frente ao altar. Só então elas podiam casar e se tornar mães.

Essa é a imagem feminina equivalente ao arquétipo do rei sacerdote, por ser aquela que serve como pontifex entre o terreno e o divino, o veículo terrestre para o poder da divindade solar, e está presente tanto em homens quanto em mulheres. Vênus é a personificação e a canalização da essência de Eros, uma enorme dádiva que os deuses deram à humanidade. Apesar do moralismo que cerca o erotismo - ainda hoje no século 21 - esse serviço à deusa realiza uma tarefa honrosa, e simboliza o estranho paradoxo que encontramos em Vênus, a misteriosa mistura de sexualidade sagrada e profana que desafia as interpretações morais comuns. No mito, ela nasce dos testículos de Urano caídos no mar, quando de sua castração por seu filho Cronos- Saturno. Vênus surge vinculada ao sacrifício da fertilidade do deus, que engendrava filhos em Gaia para depois rejeita-los, mantendo-a presa. Quando olhamos os rituais das deusas venusianas - como o ritual babilônico da iniciação pessoal da virgem oferecendo seu corpo para servir ao estrangeiro -, entendemos que aqui estamos tratando da natureza transpessoal do ato sexual, onde não há elos matrimoniais, vínculos românticos ou reclamações posteriores. Assim também, Vênus não está preocupada com compromissos duradouros - como Saturno - nem reflete sentimentos idealizados de romance - como Netuno. Isso pode soar estranho quando pensamos na lealdade taurina ou no idealismo libriano - os dois signos regidos por Vênus. Percebemos, então, um segredo desses dois signos: a base da lealdade taurina nos relacionamentos não está nas promessas morais abstratas ou nos códigos sociais, mas na necessidade de tornar permanente qualquer situação que ofereça prazer; o idealismo sobre os relacionamentos librianos está baseado numa situação de beleza e simetria que traz prazer, satisfação e auto-estima a esse signo, não no encontro de um príncipe ou princesa.

Psicologicamente falando, o despertar dos sentimentos eróticos traz uma profunda separação, tanto psíquica quanto física, da fusão com os pais, e é à partir daí que a pessoa se torna não apenas moral, mas livre, pois começa a construir os próprios valores. Quando nos defrontamos com Vênus, devemos nos perguntar: o que mais valorizo? Ninguém pode amar a todos ou valorizar tudo - apesar do que pensam alguns aquarianos ou piscianos - e todos nós procuramos parceiros e amigos com os quais sejamos “compatíveis”, ou seja, com os quais possamos partilhar ao menos alguns de nossos valores pessoais mais queridos. A Vênus astrológica é o símbolo da nossa capacidade de formar e identificar aquilo que valorizamos, portanto é a base da autenticidade em nossas escolhas pessoais. Talvez esse seja o ponto que os dois signos regidos por Vênus tem em comum, pois Libra se preocupa com o processo de aprender a escolher, e Touro com o desenvolvimento de força e recursos interiores que podem dar permanência aos valores pessoais. Muitos de nós tentamos fazer escolhas com base em fórmulas intelectuais ou através daquilo que os outros acham que devemos fazer, e existe também quem prefira nem mesmo fazer escolhas, sendo impelido a agir em certa direção pelos medos e anseios. Isso tudo significa desligar-se da função venusiana. A noção de valor e prazer individual é que nos faz sair da apatia da mera sobrevivência. Mesmo se criarmos uma camada superficial e artificial de valores copiados daquilo que é aceitável perante a família ou o círculo social ao qual pertencemos, acabamos sem um belo pedaço da nossa identidade essencial se nos separamos do que realmente nos dá prazer. A conseqüência inevitável disso é uma falta de solidez interior, mesmo quando há uma filosofia ou ideologia que justifique a falta de desejos pessoais.

Em Fedro (Fédon), Platão diz: “o amor foi enviado ao amante e ao amado, não em virtude de sua utilidade material, mas, ao contrário, (...) esse delírio lhes foi incutido pelos deuses para sua felicidade. Esta prova exitará o desdém dos maus, mas persuadirá os sábios”. É através de Vênus que “vemos refletido no rosto do ser amado um lampejo do deus a qual nossa alma pertence”, como disse o Sócrates platônico a seu jovem amigo. Esse é o significado mais profundo de Vênus: aquilo que amamos, seja uma pessoa, um objeto ou uma idéia, é como um espelho de nossa própria alma.

domingo, 14 de outubro de 2007

Mitos para Libra


Os egípcios têm uma imagem muito boa de Libra no mito de Maat. Quando um egípcio morria e era conduzido ao Reino dos Mortos, passava por um confronto com esse deus, que era chamado o senhor da Verdade. A alma tinha que confessar todos os seus pecados e depois era colocado em um prato de balança, colocando-se Maat no prato oposto. Se a alma tivesse confessado todos os pecados, e com isso se purificado, os pratos da balança se equilibrariam, caso contrário o prato de Maat seria mais pesado e a alma seria destruída, pois a Verdade sempre pesa mais. Maat, neste caso, personifica a Lei da Verdade e da Ordem que Libra persegue.
Já os gregos podem nos dar acesso aos significados mais profundos de Libra por meio do mito de Páris. Também conhecido como Alexandre - “o protetor dos homens” -, Páris era filho do rei de Tróia, Príamo, e de sua esposa Hécuba. Ele havia sido criado por pastores pois sua mãe sonhou, pouco antes da criança nascer, que dava à luz uma tocha que incendiava a cidade, o que foi interpretado como a destruição de Tróia pelo filho do rei que iria nascer. Páris cresce forte e belo como pastor, ganhando fama de ser um homem bom e elegante em suas relações. Certo dia, no monte Pelion, durante as comemorações de núpcias da nereida Tetis com o herói mortal Peleu, Eris, deusa que personifica a Discórdia, deixa cair uma maça de ouro entre os deuses, com um recado destinando o pomo à mais bela entre as deusas presentes. Lá estavam Hera, Atená e Afrodite. O Pomo da Discórdia levanta grande disputa e polêmica entre as três deusas, mas nenhum dos deuses quer assumir a responsabilidade da escolha. Zeus encarrega Hermes de conduzir as três imortais ao monte Ida, para serem julgadas por Páris. Primeiro o pastor tentou se negar a arbitrar a disputa, mas Zeus não é deus de aceitar negações. Depois ele tenta dividir o prêmio igualmente entre as três deusas, mas aí são elas que recusam. Essas geralmente são as atitudes de Libra quando se vê frente a escolhas: ou se nega a fazê-la ou tenta uma divisão eqüitativa. Mas nem sempre essas decisões diplomáticas são possíveis, e as deusas partem para o suborno: Hera, se vencedora, assegura a Páris o império sobre a Ásia; Atená oferece-lhe sua sabedoria e a vitória em todos os combates; Afrodite promete a ele o amor da mais bela mortal do mundo, Helena, que era esposa de Menelau, rei de Esparta. E aqui começa a Guerra de Tróia.
Assim como Páris, Libra acaba tendo que se defrontar com a necessidade de julgamentos onde tem que levar em conta seus valores pessoais e seus valores éticos. Principalmente nos relacionamentos afetivos, as escolhas librianas costumam ser confusas e difíceis, sendo freqüente vê-los em triângulos amorosos criadores de situações de dilema e insegurança. Esse tipo de problema acontece por seu medo de fazer a escolha “errada”, pois não quer abrir mão de uma coisa em proveito de outra. Essa propensão à ficar acuado entre duas ou mais tentativas (seja profissional, afetiva ou espiritual) indica um padrão geral de desenvolvimento do signo: algo dentro de Libra parece forçá-lo a se dividir dolorosamente entre os opostos que ele deseja harmonizar e pacificar, até que consiga descobrir a própria identidade, em um processo de valorização afetiva e de responsabilidade pelas escolhas pessoais.

É comum que essa dificuldade libriana surja de um ambiente familiar de separação, seja por que os pais não se separam “por causa” dos filhos, seja por que o casal se desfez quando a criança era muito pequena e só se encontram em função dela. O pequeno libriano acaba apegando-se em demasia aos dois pais, como se fosse sua a responsabilidade - e possibilidade - de mantê-los unidos. Assim, ao mesmo tempo que lapida sua diplomacia nata, para conseguir sobreviver às tempestades emocionais desarmônicas do lar, e se torna hiper sensível à aparência e à aceitação social, acaba desenvolvendo uma raiva profunda por ambos os pais, o que ele irá reprimir e se agigantará no inconsciente. Essa raiva reprimida e destrutiva impede o libriano de entrar em contato pleno com outros sentimentos e emoções, e só quando ele se vir obrigado a enfrentar corajosamente essa Sombra é que poderá começar a descobrir seus reais valores pessoais, para então tomar suas decisões de forma harmoniosa, sejam elas éticas, estéticas ou afetivas, para a qual tem verdadeiro dom.
Filmes para entender Libra:
Legalmente Loira - Legally Blonde, 2001- Direção: Robert Luketic
Legalmente Loira 2 - Legally Blonde 2: Red, White & Blonde, 2003 - Direção: Charles Herman-Wurmfeld
Dogville - Dogville, 2003 - Direção: Lars Von Trier

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Hannah Arendt e o Outro Filosófico


Quando analisamos o mapa de uma pessoa damos conta de vários fatores ao mesmo tempo. Além do Sol, o Ascendente, a Lua, os planetas e pontos fornecem varias informações para que se entenda aquele ser. Lendo a biografia de Hannah Arendt é possível ver todo o seu mapa. Aqui, porém vou fazer a ousadia de destacar alguns pontos de sua biografia para mostrar o itinerário do Sol em Libra e como essa essência solar foi motriz para sua filosofia. Só as parcerias, amorosas e intelectuais, de Hannah Arendt já dariam ótimos subsídios para isso, mas em lugar de usar as relações amorosas, tão exaltadas nos almanaques sobre Libra, preferi tentar entender seu pensamento libriano. Utilizo o livro Nos Passos de Hannah Arendt, de Laure Adler, Ed. Record – SP – 2007, 3ª edição, com tradução de Tatiana Salem Levy e Marcelo Jacques, como fonte de sua história.

Hannah Arendt nasceu às 21:30 h., do dia 14 de outubro de 1906, em Linden, uma vila que hoje pertence à cidade de Hanover, Alemanha. Filha de pais judeus alemães, cultos e liberais, que vêm de famílias com boa situação financeira, aos 4 anos se muda com eles para Koningsberg por causa da doença do pai: uma sífilis adquirida antes do casamento e que se pensava curada, mas que volta a se manifestar nessa época, impedindo-o de trabalhar e criando um isolamento familiar.

Aos sete anos temos nosso primeiro grande choque com a realidade externa, e algumas teorias pedagógicas modernas colocam essa idade como o inicio da vida consciente individualizada. Na astrologia essa é a época da primeira quadratura de Saturno, um planeta que nos fala dos limites da existência e da necessidade de maestria para viver. Hannah Arendt aos sete anos perde seu pai e seu avô, pai de seu pai, que era sua principal fonte para as vivencias judaicas que irão formar sua identidade. Nos relatos de sua mãe, que mantinha um diário sobre o desenvolvimento de Hannah desde os primeiros meses, vemos que a menina está mais preocupada com a tristeza da mãe do que com seu próprio pesar. Apesar de isso ser comum entre crianças, vemos que há um raciocínio típico dos signos de ar por trás desse comportamento; sua mãe anota o pensamento de sua filha a respeito: “É preciso pensar o menos possível em coisas tristes, pois não faz o menor sentido ficar triste". No enterro, Hannah estará mais interessada nas belas flores e na grande quantidade de pessoas que acompanham o caixão do que na vivencia da morte de pessoas queridas. Ao relembrar essa época, Hannah dirá: “realmente desejei não precisar mais viver, porém sem jamais questionar o sentido da vida” (Jornal de Pensée, maio de 1965). É aqui que Hannah Arendt coloca o início do seu pensar a respeito de Deus, da Autoridade e da vida humana, não como uma crente, mas como filósofa. Essa maneira de elaborar as vivências é tipicamente libriana.

Vênus, o Planeta Regente de Libra, é a deusa do Amor e da Beleza na mitologia romana, correspondente à Afrodite grega. O Planeta Regente é aquele que dá a motivação para o signo. Sendo assim, esse é um signo que precisa de beleza e bom gosto para se movimentar no mundo. Raiva, tristeza, mesquinharia, egoísmo e outros sentimentos desarmônicos, tanto gerados quanto geradores de sofrimento, são dificilmente aceitos e assimilados em um primeiro momento pelos librianos, já que mostram uma face humana que não combina com os ideais de Bem, de Belo e de Verdade que lhe são tão preciosos e que eles estão buscando em sua vida. Como o contato com isso é inevitável, librianos só serão capazes de entender o porquê da existência daquilo se puderem harmonizá-los em um todo maior e mais Belo. Esse é o grande dom e também o grande vício de Libra, pois tanto pode fazer com que se crie realmente maior compreensão e beleza como podem criar uma negação da realidade experimentada, forçando o Mal a se tornar cada vez maior para poder ser visto. Hannah Arendt, tendo vivido todo o horror da II Guerra Mundial, não foi pelo caminho da negação.

O Outro, “aquele que eu não sou”, costuma aparecer bem cedo para os librianos, que em sua busca pela própria identidade vai se espelhando e comparando aos de sua espécie para tentar entender quem é. Crescendo em uma Alemanha pré-nazista, o outro irá aparecer com a face do anti-semitismo. Passando por vários insultos pelo fato de ser judia, principalmente na escola, até o fim da vida Hannah irá se definir como judia antes de ser alemã. Essa auto-definição, porém, não está baseado em uma religiosidade ou sentimento de raça. Quando da formação do Estado de Israel ela não aceita o fato de um Estado que não tenha a participação palestina, o Outro judaico. Todo o pensamento de Arendt irá percorrer esse caminho: o olhar para o outro como um estranho perigoso justifica a barbárie humana, mas esse individualismo egoísta também representa uma responsabilidade individual pelo Mal. Ela se mantém estrangeira, polemizando com seus pares, assumindo que algoz e vítima criam uma totalidade que precisa ser vista como tal se quisermos realmente entender o Ser Humano e viver em sociedade. Hannah tem a coragem de se colocar no lugar desconfortável de ser o Outro, e pensar a partir desse ponto de vista.

Quando Libra entende que ele será sempre o outro e constrói uma ponte amorosa que acolhe a diferença, crescendo nesse intercâmbio, o mundo pode realmente se tornar um lugar melhor, mais Belo e Verdadeiro, senão como um todo, ao menos nas suas relações pessoais.

O último trabalho da vida de Hannah Arendt, A Vida do Espírito, foi organizado e publicado por uma grande parceira sua, Mary McCarthy. Nesse trabalho ela percorre a filosofia de Kant para pensar sobre as faculdades humanas que nos fazem compreender o mundo e nele se orientar: o Pensar, o Querer e o Julgar. Certa vez, Mary MaCarthy perguntou a Hannah o que a impedia de ser uma assassina, e Hannah respondeu que a única pessoa com quem teria que conviver para o resto de sua vida seria ela mesma, e ela odiaria ter que conviver com uma assassina (Entre Amigas – A correspondência de Hannah Arendt e Mary McCarthy 1949-1975 – Ed. Relume Dumará – RJ – 1995). Os signos de Ar nos mostram a importância do pensamento na construção da nossa humanidade, não no sentido utilitarista, mas no sentido do Espírito Humano. Libra faz isso buscando a Beleza da existência. Provavelmente por isso Hannah escolhe um pensamento de Martin Heidegger como epígrafe de sua Vida do Espírito:

“O pensamento não traz conhecimento como as ciências.
O pensamento não produz sabedoria prática utilizável.
O pensamento não resolve os enigmas do universo.
O pensamento não nos dota diretamente com o poder de agir.”

O pensamento nos faz humanos, e pensar criativamente com beleza e amor é um dom libriano.

domingo, 7 de outubro de 2007

Libra e a Arte do Encontro





"A vida é a arte do encontro,
embora haja tantos desencontros pela vida”
Vinícius de Moraes (1913-1980) – Poeta Libriano

Dia 23 de setembro o Sol entra no signo de Libra e inicia-se a Primavera no Hemisfério Sul. As características que se atribuem à balança do zodíaco costumam ser bem primaveris também: beleza, equilíbrio, suavidade, diplomacia. Mas qualquer pessoa que vá um pouco além dessa aparência agradável, pode ver que há muito mais do que flores nesse signo. Hannah Arendt e Friedrich Nietzche são dois filósofos com Sol em Libra, e pela força de seus pensamentos podemos ver que esse é um signo que vai além da graciosidade e boa aparência.

Balança é a modalidade Cardinal do elemento Ar. Os signos Cardinais – Áries, Libra, Câncer e Capricórnio - são aqueles que se voltam para fora na construção de seu mundo interno, criando objetivos externos a serem atingidos e se desenvolvendo nessa busca. O elemento Ar percebe o mundo e se expressa através da mente, dando formas ao pensamento: eles criam valores, conceitos e teorias para racionalizar e compreender o mundo. Gêmeos, Libra e Aquário, os signos de Ar, habitam um mundo com outras pessoas, sendo o único grupo de signos que não possui nenhuma representação animal. Eles acreditam que o Ser Humano é gregário e que a melhor maneira de se viver é em sociedade, por isso o caminho de Ar se desenvolve através da conquista de uma compreensão compartilhada da existência. Libra vai ao mundo em busca de parcerias para realizar seus ideais de relacionamento. Mesmo os eremitas desse signo acabam dando um jeito de dividir com outros seres humanos o seu caminho; até o Zaratustra de Nietzche desce de sua montanha para tentar acordar os Homens.

Libra é o signo das associações e passa muito tempo pensando e desenvolvendo idéias sobre o encontro a dois. No mapa astral fazemos analogia entre esse signo e a casa 7, que é a área tradicionalmente chamada dos “casamentos e inimigos declarados”. O que motiva esse signo regido por Vênus é o Outro, aquele que eu não sou, mas com quem compartilho a mesma existência humana. Como é possível que seres diferentes, que buscam seus próprios interesses, vivam no mesmo mundo sem se destruírem? Bom, todos queremos ser felizes e viver em harmonia, certo? E se respeitarmos nossas individualidades podemos compartilhar nossas qualidades de modo que todos possam usufruir do convívio, não é mesmo? E assim começam os problemas librianos, pois não vivemos em uma República platônica, onde os sábios são governantes, os mais fortes são guardiões e os menos capacitados servem aos outros.

Me parece certo dizer que o processo de busca da nossa verdadeira essência se inicia após uma grande queda, onde algo que nos sustentava externamente morre e tem que ser enterrado. Então “cantamos sobre os ossos” que sobram, e renascemos à partir da consciência daquilo que realmente nos estrutura internamente. Para Libra isso ocorre após o encontro com o Outro que lhe mostra o quão longe suas Utopias estão da Realidade. Quando esse signo vê dinamitada suas hipóteses de um ideal metafísico amoroso de convivência, ele pode iniciar sua verdadeira jornada, onde descobrirá mais sobre si, sobre o Outro e sobre a Humanidade. Seja através do rompimento de uma relação amorosa ou de uma sociedade importante, Libra terá que entrar em contato com os distúrbios, desarmonias e sofrimentos da vida com o Outro, que são gerados pela própria condição humana. Como bem explica o Guia do Trabalho do Caminho (Pathwork, terapia canalizada por Eva Broch Pierrakos): “O intelecto e a vontade exteriores não podem resolver o problema do delicado balanceamento entre a auto-expressão e permissão para que o outro se expresse – o acolhimento da expressão do outro. Já que nenhuma regra pode ser determinada sobre o ritmo e intercâmbio dessa mutualidade, o cérebro exterior não consegue lidar com essa matéria” (Palestra 138 – 1965). Só quando Libra aceita isso é que consegue sair do pensamento mecânico e automático, construído pelas crenças colecionadas ao longo da vida, e começar sua verdadeira aventura, onde não há segurança e é preciso criar respostas criativas para um encontro verdadeiro.


Essse mês quero estar falando sobre esse caminho libriano.